segunda-feira, 24 de março de 2008

Guerrilha Intelectual Brasileira – A GIB

Camaradas,

Não é mais concebível que cruzemos os braços, enquanto esse desbragado modelo econômico, que faz da miséria sua moeda mais preciosa, marcha célere para o pensamento único, exatamente a acusação que era feita contra o comunismo.
Não!! Chega!! É hora de tirar os ideais e as idéias progressistas do fundo das gavetas e levá-los para onde eles são mais úteis: as ruas, os bares, as salas de bate-papo, as páginas da rede mundial de computadores. Todos os espaços democráticos imagináveis.
É retrógrado pensar-se em luta armada, quando o adversário conta com todas as vantagens possíveis, acumuladas pela pilhagem, pelo neocolonialismo, pelo apoio da indústria armamentista, pela corrupção e pela pura e simples invasão de nações.
A luta agora é outra e precisa de novas armas, portanto, convido as cidadãs e cidadãos para a Guerrilha Intelectual Brasileira, que nasce agora e precisa de todos os que compartilham da ética humana, que está acima das “éticas” artificiais, que apenas justificam a exploração e as mazelas sociais. Na GIB usaremos a mais poderosa munição: a palavra. Mas, não a poderemos usar para discussões estéreis e frívolas. Precisamos, sim, reunir as pessoas no combate aos falsos moralistas, hipócritas e mentirosos, que usam a desinformação do povo para continuar a oprimí-lo, a roubá-lo; seja através de tendências religiosas absurdas, seja pelo predomínio na divulgação da versão dos fatos que mais interessa aos dominadores.
Faremos encontros programados para debates, entraremos na rede para desmascarar adversários, mandaremos milhares de mensagens eletrônicas para destruir conceitos tendenciosos, entraremos nas páginas de políticos, jornalistas, escritores, entidades, enfim, onde se travar qualquer embate de pensamentos; para apresentar os nossos pontos-de-vista. Tomaremos de assalto os grandes eventos que dêem visibilidade aos nossos objetivos; sempre com o apoio de intelectuais ou cientistas que possam nos munir de bons argumentos.
A Guerrilha Intelectual Brasileira está se organizando e é quase óbvio que não há uma coordenação e o assento das linhas básicas de sua organização estatutária, se é que ela terá estatutos.
Essa será uma construção coletiva, como a nova sociedade que almejamos. Não terá, necessariamente, um rótulo ou uma certidão de nascimento, nem será baseada em sistemas fracassados.
As lutas e as necessidades postas, certamente, trarão em si as melhores soluções, para que este trabalho empolgue, mobilize, provoque, espalhe, seja reconhecido e respeitado.
Então, vamos ao que interessa e comecemos, como guerrilheiros responsáveis, a agir, pois a ação nos unirá.


João Aquino Batista
Comando Provisório

quinta-feira, 13 de março de 2008

"O PSDB sempre esteve de portas abertas ao PMDB"

Frederico Jotabê

É com a regência de Marconi Perillo, apostam os tucanos, que o PSDB vai tentar redimensionar seu papel político na cidade. O partido quer deixar a tímida participação na vida política de Anápolis - ‘capenga’, como diz Miriam Garcia em entrevista na sede da Tribuna de Anápolis - e estrear no comando do Executivo anapolino com uma boa administração. Para chegar lá, a vereadora mostra que já tem discurso pronto para justificar o mito de que Marconi não transfere votos na disputa a prefeito da cidade. Em 2000 e 2004, candidatos apoiados pelo senador, na época à frente do governo de Goiás, saíram derrotados da disputa. “O compromisso maior do Marconi hoje é com o PSDB, e ele vai estar presente nas ruas da cidade. Aliás, ele já está presente em Anápolis...”, justifica.
Na entrevista abaixo, a parlamentar fala sobre o perfil ideal de um vice para Ridoval Chiareloto, sobre a atuação do partido na Câmara e a declaração do presidente do PP regional, Sergio Caiado, de apoiar Rubens Otoni (PT) na eleição deste ano.

Tribuna de Anápolis – Na semana passada, o presidente do PP no estado, Sérgio Caiado, declarou que o partido pode apoiar o deputado federal Rubens Otoni na disputa pela Prefeitura. Essa declaração incomoda o PSDB, já que os pepistas foram os principais parceiros dos tucanos em 2006?

Miriam Garcia – Eu acho que temos que inverter. O PP não foi o principal parceiro do PSDB em 2006, mas sim o PSDB foi o principal parceiro do PP a levá-lo ao governo do Estado. Nós carregamos a bandeira do PP com muita altivez, trabalhamos para Alcides Rodrigues ser governador. O PSDB foi o principal parceiro do PP. Eu gostaria de relembrar como em nível nacional pode ser feita uma coisa dessa (a aliança entre PP e PT). PP dobradinha com PT?
Mas o PP faz parte da base de sustentação do governo Lula?Bom... É... As coisas mudaram bastante. O PP é o antigo PDS e Arena. Mas não quero discutir isso. O deputado federal Rubens Otoni representa bem em nível federal a cidade e pode ser um bom candidato a prefeito. Porém, uma aliança entre PP e PT não desanima o PSDB. O partido tem um nome e acreditamos que será um bom administrador da cidade, disso nós necessitamos no momento.

Tribuna de Anápolis - PP e PMDB assumem a possibilidade apoiar Rubens Otoni; o PR caminha para lançar candidato próprio e o relacionamento do deputado federal Sandro Mabel com o senador Marconi Perillo não é bom; o PTB deve lançar o deputado Frei Valdair. O PSDB pode ir isolado para disputa à Prefeitura, pode ir com chapa pura?

Miriam Garcia - Eu não acredito que ele vai sair com chapa pura. Talvez não tenhamos outros partidos grandes ao nosso lado, mas vamos ter o apoio de partidos pequenos. Agora, nós devíamos perguntar a opinião do presidente do diretório municipal do PP (Atair Pio) sobre essa aliança com o PT. Eu sei que o sr. Sérgio Caiado, ex-deputado federal, dá sua opinião em nível de estado. Será que o Atair Pio, vice-prefeito, teria essa mesma opinião de compor com o Rubens Otoni e não com Ridoval Chiareloto (pré-candidato do PSDB). Eu acho que eleição se resolve no município.

Tribuna de Anápolis - E a expectativa do PSDB é que o PP venha fazer uma composição?

Miriam Garcia - Nós temos essa expectativa. Eu creio que o nosso candidato tem uma boa aceitação. É um secretário de Estado, nomeado pelo governador Alcides Rodrigues e vai sair do cargo para ser candidato a prefeito. Ele tem um trânsito em Anápolis muito perto da figura maior do PP no Estado, que é o governador.

Tribuna de Anápolis - Na avaliação da sra., Atair Pio seria um bom vice para o Ridoval?

Miriam Garcia - Eu não saberia dizer. Só se realmente o PP fizesse a negociação para ter esse nome ou não. Agora, o PP tem outros excelentes nomes, além do Atair Pio. O partido tem bons nomes, tem boas mulheres em seus quadros.

Tribuna de Anápolis - Caso o partido tenha que lançar chapa pura, a sr. deixaria sua pré-candidatura a vereador para ser vice de Ridoval?

Miriam Garcia - Só se for necessário. Eu acredito que nenhum partido deve caminhar sozinho, até para não tumultuar o processo político. Temos que buscar a união. Se coligarmos com três, quatro ou cinco partidos, com certeza acharemos um nome para vice de Ridoval. Eu acho muito difícil o PSDB sair de chapa pura e acredito que o vice deva sair da nossa coligação.

Tribuna de Anápolis - Qual o perfil ideal de um vice para chapa do Ridoval?

Miriam Garcia - Eu acho que o perfil ideal seria o de uma mulher para fazer a contraposição, o eleitorado confia no trabalho das mulheres. Uma mulher que levasse votos, que somasse ao nosso pré-candidato.

Tribuna de Anápolis - Então falta de confiança e densidade eleitoral são pontos negativos na pré-candidatura do Ridoval?

Miriam Garcia - Não, de forma alguma. Não são pontos negativos. Ele tem uma pretensão eleitoral, o seu nome já está sendo divulgado nas ruas como pré-candidato a prefeito. O melhor é que possamos agrupar, nunca se pode dispersar em política, nunca se pode jogar fora nada em política. Hoje, temos excelentes pré-candidatos e pré-candidatas, mas esses nomes precisam ser afunilados ao longo do processo. No momento, estamos muito no campo das suposições. Temos suposições a partir de uma notinha publicada em um jornal em Goiânia, temos outras suposições que são faladas aqui. Mas decisões, nós apenas veremos no mês de junho.

Tribuna de Anápolis - Entre as suposições estavam a possibilidade de uma composição com PMDB. Onaide Santillo seria um bom nome para vice do Ridoval, já que é mulher e tem densidade eleitoral?

Miriam Garcia - Não quer dizer que será Onaide Santillo, não sei os caminhos que o PMDB vai tomar, mas o PSDB sempre esteve de portas abertas ao PMDB. Onaide Santillo seria uma excelente vice. Ela tem uma história em Anápolis, tem densidade eleitoral e um perfil político definido na cidade. Eu acho que ela poderia somar muito. Mas essa é uma decisão do PMDB, porque quando ela vier como vice o partido vai estar junto com PSDB na disputa.

Tribuna de Anápolis - Na opinião da sra., qual o papel o senador Marconi Perillo terá na eleição aqui em Anápolis?

Miriam Garcia - O partido vê Marconi Perillo como grande maestro dessa eleição. Não se tem ilusão de que qualquer coligação com outro partido não terá a figura do senador. Eu acho que o PSDB tem uma boa dependência de Marconi Perillo, tanto que Anápolis já provou diversas vezes na urna que admira o senador Marconi Perillo. Não tenham duvida, a escolha dos candidatos a prefeito e vereadores vai passar por ele.

Tribuna de Anápolis - Apesar da aprovação nas urnas, Marconi Perillo, ainda governador, apoiou candidatos que não venceram as eleições para prefeito em Anápolis. Isso não preocupa o partido?

Miriam Garcia - Quando você é gestor de um estado, não pode atuar, ir às ruas, com um candidato, você precisa respeitar. Foi o que ocorreu na eleição de Ernani de Paula, na de Pedro Sahium – quando o PSDB saiu com PT. Nelas, Marconi era governador. Hoje ele é senador do PSDB. O compromisso maior do Marconi hoje é com o PSDB. E ele vai estar presente nas ruas da cidade. Alias, ele já está presente em Anápolis, mostrando que o partido tem projeto político para administração de Anápolis, para Câmara Municipal e, além disso, um projeto político para 2010. Nós fazemos parte da caminhada do PSDB em Goiás e no Brasil. Então é isso que o Marconi tem dito. Ele tem visitado lideranças, sejam lideranças religiosas, políticas e empresarias e tem mostrado o projeto do PSDB.

Tribuna de Anápolis - Em Anápolis, o PSDB não ficou a desejar em comparação com que representa no estado?

Miriam Garcia - Eu acho que o PSDB em alguns momentos foi falho para exigir o seu espaço. Ele não soube ocupar o espaço que tem direito em nível de município e de estado. Ainda estamos capengando nesse sentido de mostrar a importância do nosso partido. Queremos esse quadro nessa eleição municipal, queremos começar a mudar a história do PSDB no nosso município. Queremos transformar o PSDB em um partido grande na cidade. E é por isso que cito as nossas andanças, as nossas visitas. Em algumas, tenho acompanhado o senador e o secretário de Indústria e Comércio. Além do projeto político para o Executivo e Legislativo, nós temos um projeto partidário. O PSDB pode crescer com bastante qualidade em nosso município.

Tribuna de Anápolis - No Legislativo municipal, o partido assume uma posição de aliado ou oposição ao prefeito Pedro Sahium?

Miriam Garcia - Bom, eu sou uma vereadora de oposição do prefeito Pedro Sahium. Deixei isso bem claro desde 1ª de janeiro de 2005. Não gostaria de ser da oposição, mas fatos como a implantação da Taxa do Lixo (TSU – Taxa de Serviços Urbanos) – chegamos a impetrar um mandato de segurança e uma ação popular contra esse tributo –, o aumento do IPTU e a falta de melhorias nos bairros nos levou à oposição. Não queria tomar essa posição, mas foi minha forma de honrar os votos conquistados.

Tribuna de Anápolis - Mas e o partido, qual é a posição dele? Afinal, o outro vereador do PSDB é da base de sustentação do prefeito.

Miriam Garcia - Aqui não se teve uma ordem do partido. Aqui não existiu nenhuma normatização na qual se defina a posição do partido quanto a isso. O partido deixou os que foram eleitos seguirem suas consciências, seus modos de agir e de pensar conforme o eleitorado que representam. Eu sei que muitas pessoas da direção do partido acompanham meu posicionamento.

FARC: A solução passa pela institucionalização política da guerrilha

Escrito por blogdojefferson, em 06 março de 2008

Jefferson Milton Marinho do Blog do Jefferson

Diálogo com as Farc é condição necessária para solucionar a crise na região e resolver o conflito de Equador x Colômbia x Venezuela. Mas como provomer esse diálogo?

Uma questão bastante complexa são as denominações costumeiras que se encontra sobre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia): narcoterroristas, movimento narcotraficante, revolucionários, guerrilha esquerdista, etc. Não gosto desse negócio de pegar em armas por razões políticas. Não é minha praia, mas também não cultivo rancores contra aqueles que fizeram das armas uma opção política. O jogo eleitoral é preferível que ficar empunhando rifles para demarcar território. Porém, houve uma época em que grupos políticos de esquerda principalmente (registre-se, havia grupos direitistas também), pegavam em armas para defender suas idéias. José Genoíno, do PT, participou da Guerrilha do Araguaia. Diversos integrantes do PC do B também. Hoje, representantes dessa época participam do jogo político eleitoral, estão inseridos no sistema político brasileiro. As Farc têm raízes ainda mais antigas. Por razões diversas internas do seu país, elas continuam de fora do jogo político eleitoral.

Classificar as Farc de terroristas ou narcotraficantes é algo muito simplista. É daquelas denominações que viram “moda” por razões políticas óbvias. Por maiores que sejam nossas diferenças com o grupo das Farc, não são narcotraficantes. Os maiores cartéis de droga da Colômbia situam-se em territórios não controlados pela guerrilha. A riqueza dos barões de coca está em empresas e negócios situados nas áreas de influência do governo colombiano. A política colombiana historicamente é financiada pelos traficantes colombianos. Uma prova viva é o próprio presidente Álvaro Uribe, filho de traficante preso em 1982 e quase deportado. Aliás, segundo informações publicadas, o presidente colombiano mantinha relações próximas com Pablo Escobar, o líder do cartel de Medellín morto em 1993 por policiais americanos. Como senador pela Colômbia, Álvaro Uribe esteve na lista negra dos EUA por supostamente ajudar o tráfico de drogas.
A verdade é que os traficantes de droga colombianos não são inimigos das Farc nem do governo colombiano. As Farc é que não irão combatê-los, pois tem outras prioridades como inimigos. Além disso, as atividades do tráfico geram receitas para se manterem na guerrilha - o famoso “pedágio”. É uma espécie de imposto cobrado pelas Farc das atividades econômicas da região. A produção de drogas para exportação é uma delas. Nas outras regiões do país controladas pelo governo, o que funciona é a corrupção de autoridades policiais e políticas para manterem seus negócios de comércio da droga. O governo da Colômbia finge que combate os traficantes, mas seu verdadeiro inimigo é mesmo as Farc. O resto é retórica política.

As drogas são um álibi da direita para falar mal da guerrilha, pois não tem heróis de verdade para defender. O jeito é falar mal dos outros. E desviar o foco das atenções. Assim, ninguém cobra do governo colombiano que acabe antes com seus traficantes, ou seja, aqueles que transportam drogas de dentro de seu território de comando. E, depois, acabam financiando seus políticos.

Nem vou perder muito tempo para comentar as denominações de guerrilha esquerdista ou revolucionários. A direita até hoje no Brasil chama o golpe de 1964 de revolução. Então por que perderei tempo discutindo o termo. Terrorismo é outro termo cada vez menos apropriado. Palestinos são terroristas, pois matam israelenses inocentes com suas bombinhas. Israelenses também matam palestinos e libaneses inocentes com seu armamento pesado de primeira geração, mas não são terroristas. Esta divisão ideológica é difícil de ser digerida.

As Farc deram, nos últimos anos, vários indícios que desejam negociação política. No governo anterior, de Andrés Pastrana, as Farc tiveram uma aproximação do governo. Houve significativos avanços. Tem muita gente contra esse tipo de aproximação. O problema é que não aponta a solução.

No governo Uribe, a política endureceu a ação e o discurso contra a guerrilha, com amplo apoio do governo americano, o chamado Plano Colômbia. Isso serve para a direita americana e a colombiana obterem vitórias na batalha política interna. O resultado foi um distanciamento e a intensificação dos seqüestros, principalmente de autoridades colombianas. Os seqüestros atendem a dois objetivos: um político e outro econômico. No primeiro, tornam reféns em peça de negociação política. No segundo, é um meio de arrecadar fundos para financiar a guerrilha.

A posição do governo colombiano é defensável, mas não quer dizer que seja a melhor. No campo político interno, fortalece os apoiadores de Álvaro Uribe. É o fantasma do terceiro mandato. Resta saber como a direita brasileira julgará a pretensão de Uribe. No campo externo, distancia a Colômbia dos demais países da região, enquanto intensifica sua aliança com os EUA. Nesse caso, acaba atraindo para si a impopularidade de Bush. Ninguém quer ficar com a imagem negativa de Bush, só mesmo Uribe. Nesse quesito, Uribe presta um serviço para os republicanos americanos, que fazem do clichê narcotráfico-guerrilha uma forma de manterem no poder o partido de um governo impopular. É a política.

Ultimamente as Farc intensificaram as negociações com governos estrangeiros - Venezuela, Equador, França e certamente desejam aproximação com o Brasil. Um exemplo disso é que o governo francês declarou que o governo de Uribe sabia que o porta-voz internacional das Farc, Raúl Reyes, era interlocutor de negociações para libertação de reféns. O interesse do governo francês é a libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia. A postura negociadora das Farc no plano externo pode ser resultado da intensificação das ações do governo colombiano. Mas também pode ser que acreditem que há interlocutores confiáveis no plano externo. O que as Farc desejam é serem reconhecidas internacionalmente como organização política, não como terroristas. Por maiores resistências que se possa ter à idéia, isso pode representar um início de uma solução.

A história tem mostrado que grupos clandestinos, como as Farc, são difíceis de serem eliminados completamente. Por mais efetiva que sejam as ações do governo nesse sentido, haverá sempre resquícios da guerrilha. No plano internacional, há bons exemplos de “pseudo-terroristas” políticos que passaram a participar do jogo eleitoral. No vizinho Peru, na base de sustentação do governo Alan Garcia, há grupos que um dia estiveram na guerrilha clandestina. Na Europa, o famoso grupo terrorista irlandês IRA deixou de ser uma organização clandestina e participa do jogo político eleitoral. Talvez seja a hora de mais negociação entre as Farc e o governo colombiano no sentido de acelerar a libertação de reféns e passarem a integrar a vida política do país. Nessa complicada equação política, o papel do Brasil e também da França, por exemplo, seria ajudar a construir o diálogo que leve à solução pela institucionalização (se essa tornar a opção política do governo colombiano). As Farc se tornariam um partido político, disputariam eleições com a legítima aspiração de chegar ao poder pelo voto. É um caminho.

O povo colombiano precisa de soluções. Uma é para o destino das Farc. Outra é para o problema dos narcotraficantes. Enquanto não resolver o primeiro problema, o governo da Colômbia tenderá a não enfrentar de fato o segundo. A radicalização do conflito com a guerrilha fortalece politicamente Uribe, inclusive para sua pretensão para um terceiro mandato. Mas não resolve o primeiro problema. O confronto nem sempre ajuda na construção de uma “solução”. A negociação é uma porta que não deveria ser fechada. A política sempre envolve conflitos de visões. Partindo do princípio de que a “solução ótima” é dificilmente alcançável, a “solução boa” é sempre aquela resultada do bom senso. É o que se deveria buscar.

Jefferson Milton Marinho: Economista formado pela UFMG e Mestrado na mesma instituição. MBA em Finanças pelo IBMEC-BH. Meus Artigos

Esta entrada foi publicada em março 6, 2008 às 10:51 am e é arquivado abaixo Internacional, Jefferson Milton Marinho. . Você pode seguir qualquer respostas para esta entrada através de RSS 2.0 feed. Você pode deixe uma resposta, ou trackback do seu próprio site.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Anápolis pode ter entreposto da Zona Franca

Secretário da Fazenda do Amazonas diz que estão adiantadas as negociações para que Goiás seja um dos pólos de distribuição de produtos das indústrias instaladas em Manaus. Ele confirma que outras unidades podem ser instaladas em Uberlândia (MG) e Recife (PE).

Em entrevista concedida ao Programa Cá Entre Nós, da Rádio 730 AM, o secretário de Fazenda do Estado do Amazonas, Isper Abrahim Lima, afirmou que existem vários estados pedindo a instalação do entroposto da Zona Franca de Manaus. Ele citou Minas Gerais, Goiás e Pernambuco. Isper Abrahim afirma que mesmo se for instalado um entreposto em Uberlândia (MG) - conforme foi anunciado pela imprensa daquela cidade mineira- , não fica descartada a instalação de um entreposto em Anápolis. Isper diz que os estudos estão bastante avançados neste sentido. Ele diz que as negociações neste sentido estão sendo travadas com o seu colega, o secretário de Fazenda do Estado de Goiás, Jorcelino Braga. "Nosso contato tem sido com o próprio secretário, Doutor Jorcelino Braga, e por sinal nós deveremos estar recebendo nos próximos dias uma equipe técnica, segundo o secretário nos informou, para adiantar muito as negociações técnicas para nós poderemos apresentar ao secretário de Goiás e ao governador - não só de Goiás mas também do Amazonas -, sobre a viabilidade técnica do entreposto aí na cidade. O secretário tem nos ajudado bastante, tem sido realmente altamente interessado na instatação de um entreposto deste, até porque nós entendemos que isto é rentável para o Estado que recebe o entreposto, porque ele gera emprego, gera um pólo muito interessante de atração não só para os produtos da Zona Franca, que eventualmente, futuramente pode evoluir para outros produtos fabricados por outros estados", afirma.

Confira a íntegra da entrevista concedida aos jornalistas Marcelo Heleno, Altair Tavares, Vassil Oliveira e Marcos Cipriano:


Marcelo Heleno - Bom dia secretário.

Isper Abrahim Lima - Bom dia Marcelo, é um prazer conversar este assunto com vocês pela Rádio 730, no Cá Entre Nós.

Marcelo Heleno - A pergunta que mais se fez aqui, em relação a este assunto é se está ou não está definido o entreposto para a cidade de Uberlândia?

Isper Abrahim Lima - Olha, veja bem Marcelo, fizemos uma série de conversas com repórteres da cidade é que na realidade que nós fizemos, pelo Estado do Amazonas, quatro ou cinco propostas em alguns estados para instação de entrepostos, dentre os quais Minas Gerais, Pernambuco, Distrito Federal. Todos eles pleiteando esta condição de entreposto. Este estudo está bastante adiantado, pois há cerca de dois anos que estamos fazendo e chegamos à conclusão de que a instalação de entrepostos em alguns pontos do país são prioritários e muito interessantes para os produtos fabricados na Zona Franca, e, é claro, são interressantes diretamente ao consumidor. A gente identificou alguns pontos, onde se inclui um ponto em Goiás - pelo fato de ser extremamente distante; um ponto em Minas Gerais, onde a cidade de Uberlândia se apresenta como um ponto interessante. Outro ponto em Pernambuco, numa cidade que possa atender a Região Nordeste, e eu diria que os estudos indicam que Uberlândia sim, poderá ser uma cidade que poderá ter um entreposto, mas Goiânia também, assim como Pernambuco. Estes estudos estão na fase de conclusão e estão sendo levados ao governador Gilberto Braga nos próximos 30 ou 45 dias para a equipe técnica, para que possa decidir junto aos governadores o interesse dos Estados em instalar os entrepostos e daí partir para a negociação definitiva.

Marcelo Heleno - Pelo que o senhor está falando a decisão de instalação em Uberlândia ainda não está tomada?

Isper Abrahim Lima - Não só não está tomada em relação a Uberlândia como também em nenhum ponto. Os estudos todos apontam que estas cidades poderão ser agracidadas, desde que, logicamente, os governos dos Estados correspondenntes se mostrem interessados e queiram a instalação de um posto destes.

Marcelo Heleno - Quando o senhor cita Goiânia, se refere a Anápolis?

Isper Abrahim Lima - Anápolis pela localização estratégica, é extremanete equidistante, tem um pólo industrial em torno dela, e ela apresenta toda uma condição de infra-estrutura necessária quando se pensa em instalar um entreposto destes. Até para que tenha uma viabilidade econômica, pois não se pode instalar um posto destes por instalar sem que aja rentabilidade. Até por que este entreposto será explorado por particulares, não são os governos que operam isto.

Marcelo Heleno- Seria então um ponto numa região onde as indústrias da Zona Franca de Manaus distribuiriam os seus produtos ?

Isper Abrahim Lima - Hoje quando qualquer indústria vende o seu produto para qualquer Estado, seja ele localizado na Amazônia ou em qualquer ponto, de imediato ele começa a contar o déficit de ICMS, se a indústria vende no dia 15 ela tem que fazer a apuraçã para fazer o recolhimento no dia dia 10 ou 15 do mês seguinte. No caso do Amazonas, onde se tem uma logística complicada, pois qualquer produto que sai daqui via rodoviária depende de 11 a até 17 dias para chegar, dependendo da característica da região, enfim, há um interregno de tempo muito grande em virtude deste transporte. A idéia deste entreposto é que a fábrica desloque o seu produto com uma nota fiscal especial para o entreposto, e lá permanecer o produto sem o débito do imposto. O imposto só passa a contar para ser debitado na hora em que, eventualmente, aquele produto saia do entreposto até o varejista ou o consumidor final. E com isto, dependendo da distância, você tem um tempo médio de entrega do produto de oito, dez, doze ou 30 horas no máximo. O entreposto que se tem em Resende (RJ), por exemplo, quando ele repassa o produto para São Paulo, ele tem uma demora média de doze ou treze horas para que o atacadista ou varejista receba seu produto, e a pessoa possa vender. Com isto a indústria passa a atender seu consumidor de maneira mais rápida e eficiente e ganha também um tempo razoável no pagamento do seu imposto. Por exemplo, uma fábrica de televisões envia 600 televisores para o entreposto de Rezende (RJ) e 40 dias depois ela vendeu 15 televisores para um determinado consumidor em São Paulo, e aí neste momento passa a contar o prazo para o pagamento do imposto, ele atendeu com uma rapidez de 16 ou 18 horas, ou seja, todo mundo ganha na história. Esta é a filosofia do entreposto, e é onde a fábrica passa a ter um depósito de seus produtos em pontos estratégicos do país.

Altair Tavares - Como o senhor explica, a instalação do entreposto em Uberlândia não elimina a instalação do entreposto em Anápolis. Isto ficou claro?

Isper Abrahim Lima - Perfeitamente, Altair, ele não é excludente. O fato de instalar um entreposto em Uberlândia não quer dizer que não se vá instalar um entreposto em Recife (PE) ou um entreposto em Goiás. Muito pelo contrário, o que se quer efetivamente, conforme o estudo aponta, é que tenhamos um entreposto efetivamente em Goiás, em Anápolis, no caso; que tenhamos um entreposto em Uberlândia, tenhamos um entreposto em Pernambuco, para que se possa atender ao mercado consumidor brasileiro de forma mais eficiente, e muito mais barata.

Marcos Cipriano- Este entreposto, o consumidor poderá comprar diretamente, tendo as mesmas vantagens fiscais que teria se adquirisse o produto diretamente na Zona Franca de Manaus ?

Isper Abrahim Lima - Não, Marcos, este entreposto é um depósito avançado da indústria e onde é feita a comercialização entre indústria, atacadista e varejista. Ele não é para venda para o consumidor final, apenas atende aos clientes que revendem estes produtos para as indústrias. Hoje se você chegar na indústria você não consegue comprar um aparelho de som, uma televisão. Você tem que se dirigir a uma loja, mas o consumidor final não tem acesso ao entreposto não.

Vassil Oliveira- Com quem o senhor e o governo do Amazonas tem conversado em Goiás para a implantação deste entreposto. Quem são os interlocutores desta conversa para implantação deste entreposto?

Isper Abrahim Lima - Vassil, me desculpa porque está muito baixo, mas me parece que você me questionou com quem nós estamos conversando aí em Goiás?

Vassil Oliveira - Isto mesmo...

Isper Abrahim Lima - Nosso contato tem sido com o próprio secretário, Doutor Jorcelino Braga, e por sinal nós deveremos estar recebendo nos próximos dias uma equipe técnica, segundo o secretário nos informou, para adiantar muito as negociações técnicas para nós poderemos apresentar ao secretário de Goiás e ao governador - não só de Goiás mas também do Amazonas -, sobre a viabilidade técnica do entreposto aí na cidade. O secretário tem nos ajudado bastante, tem sido realmente altamente interessado na instatação de um entreposto deste, até porque nós entendemos que isto é rentável para o Estado que recebe o entreposto, porque ele gera emprego, gera um pólo muito interessante de atração não só para os produtos da Zona Franca, que eventualmente, futuramente pode evoluir para outros produtos fabricados por outros estados. Portanto, acreditamos que todos nós - os dois Estados -, termos sucesso na instalação deste entreposto, acredito eu o mais rápido possível, tão logo concluam-se estes entendimentos entre os fiscos, quer dizer, o Fisco do Amazonas, juntamente com o Fisco de Goiás, pois têm de ser feitos alguns acertos técnicos sobre a remessa e a saída destes produtos, principalmente quando envolve a suspensão do imposto que interessa diretamentamente a cada uma das secretarias.

Marcelo Heleno - Este prazo que o senhor citou de 30 a 40 dias que o senhor citou no início da entrevista para definição em relação a Uberlândia, vale também para nós aqui de Anápolis, para o pessoal de Pernambuco?

Isper Abrahim Lima - Eu diria para você que sim, talvez um pouco mais demorado em relação a Pernambuco e talvez uma ou duas semanas a mais em relação a Goiás. Por que no caso de Uberlândia foi o primeiro ponto e este estudo de Uberlândia já está acontecendo há quase dois anos. Lá estiveram duas missões, os estudos estão bem avançados porqque foi o primeiro com quem foi feito o contato na época. Mas esta eventual demora, de mais 30 ou 40 dias, além dos 30 ou 40 que eu falei incialmente não devem prejudicar o programa como um todo, pois a instalação disto requer, além desta questão, Marcelo, há ainda a questão jurídica e burocrática, pois isto tem de ser feito com uma licitação nacional para que os particulares se habilitem para operar este entreposto, e tem de ser vista a questão de terreno, até porque há algumas exigências técnicas para a instalação ou adequação do local, porque a secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas manterá neste entreposto, de dois a três fiscais permanentes, também procedendo a fiscalização, juntamente com os fiscais da secretaria de Fazenda do Estado onde ele está instalado. Há algumas adaptações técnicas, necessárias de serem feitas, que isto pode se alagar de 45, 60 ou 70 dias, mas não mais do que isto, porque os estudos estão bastante avançados.

Marcelo Heleno - Apenas uma curiosidade para que possamos encerrar esta entrevista. O desenvolvimento da Zona Franca de Manaus - até pela condição de logística que o senhor aqui citou -, só foram possíveis à custa de incentivos concedidos nas várias esferas. E se discute agora a Reforma Tributária onde o governo federal propõe a unificação das alíquotas do ICMS para acabar com políticas de incentivo e de guerra fiscal. Como está sendo feita esta dicussão no Amazonas ? Vocês estão se preparando para esta possibilidade de fim dos incentivos.

Isper Abrahim Lima - Sem dúvida alguma isto está sendo estudado, com uma certa preocupação, mas o que podemos entender é que os incentivos fiscais são mecanismos adotados em todas as partes do mundo. Isto é adotado nos Estados Unidos, pelos produtores da Europa, pois não se consegue proceder o desenvolvimento de uma área se não houver, efetivamente, algum atrativo adicional para que o investidor naquele local se instale. Hoje com a globalização você tem o grande incentivador que é a China, onde aquele governo consegue colocar os produtos deles extremamente mais barato no mundo todo, porque o imposto é jogado para o Estado de uma maneira pequena, você tem a questão das obrigações sociais do trabalhador, que lá não há nenhuma obrigação social, você tem a taxa cambial que é toda ela manipulada pelo governo. E estas situações o que são, senão incentivo entre aspas, que são dados aos investidores estrangeiros que estão lá felizes, pois chegam e não pagam nada. Nós vemos isto com uma certa preocupação, mas digo que estamos adiantando bastante os estudos de nossa economia, para poder realmente enfrentar um novo momento, com a Reforma Fiscal. Não temos dúvidas que os incentivos terão que ser diminuídos em termos de país, e precisamos arranjar uma nova modelagem com um pólo de atração para os investimentos. Manaus e o Estado do Amazonas se servem disto, e o governador Eduardo Braga está bastante preocupado com a situação no sentido de encontrar alternativas para o nosso desenvolvimento, com uma eventual redução dos incentivos. Mas temos a esperança de que serão encontrados mecanismos que permitam o desenvolvimento da área, que é extremamente importante para a nação, inclusive com a preservação de 98% das florestas aqui do Estado. Então acho que todo este debate vai fazer com que se encontrem outros mecanismos para o desenvolvimento da área. Isto é preocupante, mas gratificante, pois a guerra fiscal trava bastante a relação e cria uma competição extremamente danosa aos Estados, e esta guerra deve ter fim com a reforma.

Fonte: Rádio 730 AM (www.radio730.com.br)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Músico defende uso de células-tronco em pesquisas



O Supremo Tribunal Federal (STF) decide nesta quarta-feira se o Brasil poderá ou não fazer pesquisas com células-tronco de embriões humanos. O julgamento, polêmico, divide cientistas de um lado e religiosos de outro; a dúvida é sobre onde começa a vida e termina o sofrimento de portadores de doenças graves. O músico Herbert Vianna, líder dos Paralamas do Sucesso, diz não se lembrar de que o julgamento ocorreria nesta semana. Se em algum momento o discutiu, esqueceu. A falta de memória recente de Herbert é conseqüência do acidente aéreo que sofreu há sete anos, em fevereiro de 2001, que matou sua mulher, a jornalista inglesa Lucy Needham, e o deixou em uma cadeira de rodas.

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Defensor das pesquisas com células-tronco embrionárias e convidado a comentar o assunto, Herbert afirma que se o Supremo proibir as pesquisas, o Brasil condenará "à desesperança completa" pessoas que "batalham com uma dificuldade tão delicada". Para o músico, não é "pecado transcendental" se as células-tronco forem usadas para o bem, para ajudar a vida de outras pessoas.
Herbert reconhece que a vida começa com a fecundação do óvulo, mas reage à declaração de católicos que dizem que o uso de células-tronco embrionárias é um crime contra a vida. Para o músico, a posição dos católicos é uma "hipocrisia rasteira".
"Eu gostaria de lembrar com a maior clareza possível pra eles (católicos), se é mais criminoso você condenar à desesperança e à não-perspectiva pessoas que estão batalhando com dor e com dificuldades, rastejando na sua existência", disse.
O que Herbert reclama é o fato de as pesquisas usarem somente células-tronco com embriões fertilizados in vitro e descartados há três anos e que tenha autorização do casal, conforme estabelece a Lei de Biossegurança, de 2005. A lei foi questionada em uma ação direta de inconstitucionalidade pelo ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles, que tem o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O músico explicou que ainda não faz nenhum tratamento a partir de pesquisas com células-tronco mas está antenado com as informações passadas por seus médicos e pelo seu pai, Hermano Vianna. E mesmo com a limitação da cadeira de rodas, Herbert aproveita sua exposição na mídia para defender as pesquisas, que podem resultar em novos tratamentos para dezenas de pacientes - inclusive ele mesmo.

JB Online

Contra o obscurantismo!

1-) O que são células-tronco?

A célula-tronco é definida como a célula com capacidade de gerar diferentes tipos celulares e reconstituir diversos tecidos. Além disso, a célula-tronco apresenta a propriedade de gerar cópias idênticas dela mesma e também de se mutiplicar inúmeras vezes.
As células-tronco podem ser chamadas de adulta e embrionária. As células-tronco adultas mais utilizadas na clínica são as células-tronco da medula óssea e do sangue de cordão umbilical. As células-tronco embrionárias são derivadas do embrião de até 5 dias que estão congelados nas clínicas de fertilização. Neste caso, os casais podem doar para a pesquisa, com fins terapêuticos, os embriões excedentes que não foram utilizados para a implantação no útero.

2-) Eu gostaria de doar o sangue de cordão de meu filho para o banco público. Como faço?

Não existe necessidade de todas as mães doarem o sangue de cordão de seus filhos, pois com uma quantidade adequada de amostras armazenadas, será possível ter uma variabilidade genética que atenda toda a população, inclusive esta criança.No mundo inteiro os bancos públicos de sangue de cordão umbilical funcionam desta forma: o banco público faz convênio com algumas maternidades e, por ocasião das coletas, as mães que tiverem tendo seus nenês serão questionadas se gostariam de doar o sangue que iria fora. Não há nenhuma necessidade de armazenar o sangue de cordão umbilical de todos os bebês.

3-) Quais as vantagens de um banco público de sangue de cordão umbilical?

Muitas são as vantagens do uso das células do sangue de cordão umbilical como fonte de células-tronco adultas em relação à medula óssea:
a ilimitada oferta de sangue de cordão, uma vez que bebês nascem todos os dias e suas placentas e cordão umbilical são descartados após o parto;
a disponibilidade imediata do mesmo, uma vez que as células encontram-se prontas para o uso, armazenadas nos bancos públicos de sangue de cordão umbilical, e;
o menor risco de rejeição o que também aumenta muito a chance de achar um doador.
No banco público a mãe doa o Sangue do Cordão Umbilical e as células são congeladas e armazenadas para serem usadas por qualquer pessoa no futuro. Os exames para descartar o risco de transmissão de doenças pelo sangue são todos realizados no momento da coleta e repetidos 6 meses após a doação, para garantir a segurança do sangue doado.

4-) O que diz a nova lei de Biossegurança?

Redação final do Substitutivo do Senado ao Projeto de Lei da Câmara nº 9, de 2004 (nº 2.401, de 2003, na Casa de origem).

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

CAPÍTULO I

Disposições Preliminares e Gerais

Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização "in vitro" e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:

I - sejam embriões inviáveis; ou

II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica no crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

Art. 6º Fica proibido:
II - engenharia genética em organismo vivo ou o manejo "in vitro" de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta Lei;
III - engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano;
IV - clonagem humana;

CAPÍTULO VIII

Dos Crimes e das Penas

Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5º desta Lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano ou embrião humano:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 26. Realizar clonagem humana:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Para saber mais sobre a nova lei clique aqui (PL 09 de 2004 Lei de Biossegurança


Fonte: www.celulastroncors.org.br/objetivos.htm

Entenda a polêmica sobre a pesquisa com células-tronco

02/03/2005 - 22h48

Folha Online


Células-tronco são como curingas, ou seja, células neutras que ainda não possuem características que as diferenciem como uma célula da pele ou do músculo, por exemplo. Essa capacidade em se diferenciar em outros tecidos têm chamado a atenção dos cientistas.
Cada vez mais pesquisas mostram que as células-tronco podem recompor tecidos danificados e tratar um infindável número de problemas, como alguns tipos de câncer, o mal de Parkinson e o de Alzheimer, doenças degenerativas e cardíacas ou até mesmo fazer com que pessoas que sofreram lesão na coluna voltem a andar.
Por enquanto, sobram esperanças e faltam pesquisas que, embora aceleradas, ainda estão em estágio inicial. E aí está a briga dos cientistas --obter espaço dentro da lei para manipular embriões em busca de células-tronco. Por que precisa de embrião?
Basicamente, há dois tipos de células-tronco: as extraídas de tecidos maduros de adultos e crianças ou as de embriões. No caso das extraídas de tecidos maduros --como, por exemplo, o cordão umbilical ou a medula óssea--, as células-tronco são mais especializadas e dão origem a apenas alguns tecidos do corpo. Já as células-tronco embrionárias cada vez se mostram mais eficazes para formar qualquer tecido do corpo.
Esta é a razão pela qual os cientistas desejam tanto pesquisar estas células para possíveis tratamentos. O problema é que, para extrair a célula-tronco, o embrião é destruído. Segundo os cientistas, seriam usados apenas embriões descartados pelas clínicas de fertilização e que, mesmo se implantados no útero de uma mulher, dificilmente resultariam em uma gravidez. Ou seja, embriões que provavelmente nunca se desenvolverão.
Porém, essa idéia esbarra na oposição de setores religiosos e grupos anti-aborto que consideram que a vida começa no momento da concepção. Para tornar a questão ética ainda mais complexa, o implante de células-tronco seria mais eficaz se extraído de um embrião clonado do próprio paciente, pois evitaria o risco de rejeição. Esse procedimento só não serviria para pessoas que apresentam doenças genéticas.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Destroços de um povo

Historiadores avaliam que quando o Brasil foi “descoberto”, viviam aqui cerca de cinco milhões de índios, divididos em etnias espalhadas por todo o território da futura colônia portuguesa. Qualquer leigo há de imaginar que eles viviam com suas crenças e seus rituais, sem incorrerem nas penas previstas no código religioso dos “descobridores”. Os jesuítas e seus sucessores católicos, depois reforçados pelos protestantes, levaram aos indígenas a noção de pecado e culpa, destruindo seus deuses e praticamente obrigando-os a vestir roupas, aceitar uma moral “civilizada” e a cultuar o deus cristão.
Se fossem só as doenças e paranóias que os religiosos levaram e levam, já era muito, mas atrás dessa sanha evangelizadora, há o objetivo econômico, pois a noção capitalista está fazendo com as tribos negociem com cientistas e empresários nacionais e estrangeiros, que exploram as riquezas das áreas e deixam um monte de bugigangas nas aldeias, para substituir os espelhinhos.
O governo brasileiro precisa perder esse matiz religioso e tratar as reservas indígenas como unidades autônomas e com direito a autodeterminação e, ao mesmo, restringir o acesso a esses povos, que por “ingenuidade” estão deixando de ser nações para se tornarem escravos de conceitos.