quinta-feira, 13 de março de 2008

"O PSDB sempre esteve de portas abertas ao PMDB"

Frederico Jotabê

É com a regência de Marconi Perillo, apostam os tucanos, que o PSDB vai tentar redimensionar seu papel político na cidade. O partido quer deixar a tímida participação na vida política de Anápolis - ‘capenga’, como diz Miriam Garcia em entrevista na sede da Tribuna de Anápolis - e estrear no comando do Executivo anapolino com uma boa administração. Para chegar lá, a vereadora mostra que já tem discurso pronto para justificar o mito de que Marconi não transfere votos na disputa a prefeito da cidade. Em 2000 e 2004, candidatos apoiados pelo senador, na época à frente do governo de Goiás, saíram derrotados da disputa. “O compromisso maior do Marconi hoje é com o PSDB, e ele vai estar presente nas ruas da cidade. Aliás, ele já está presente em Anápolis...”, justifica.
Na entrevista abaixo, a parlamentar fala sobre o perfil ideal de um vice para Ridoval Chiareloto, sobre a atuação do partido na Câmara e a declaração do presidente do PP regional, Sergio Caiado, de apoiar Rubens Otoni (PT) na eleição deste ano.

Tribuna de Anápolis – Na semana passada, o presidente do PP no estado, Sérgio Caiado, declarou que o partido pode apoiar o deputado federal Rubens Otoni na disputa pela Prefeitura. Essa declaração incomoda o PSDB, já que os pepistas foram os principais parceiros dos tucanos em 2006?

Miriam Garcia – Eu acho que temos que inverter. O PP não foi o principal parceiro do PSDB em 2006, mas sim o PSDB foi o principal parceiro do PP a levá-lo ao governo do Estado. Nós carregamos a bandeira do PP com muita altivez, trabalhamos para Alcides Rodrigues ser governador. O PSDB foi o principal parceiro do PP. Eu gostaria de relembrar como em nível nacional pode ser feita uma coisa dessa (a aliança entre PP e PT). PP dobradinha com PT?
Mas o PP faz parte da base de sustentação do governo Lula?Bom... É... As coisas mudaram bastante. O PP é o antigo PDS e Arena. Mas não quero discutir isso. O deputado federal Rubens Otoni representa bem em nível federal a cidade e pode ser um bom candidato a prefeito. Porém, uma aliança entre PP e PT não desanima o PSDB. O partido tem um nome e acreditamos que será um bom administrador da cidade, disso nós necessitamos no momento.

Tribuna de Anápolis - PP e PMDB assumem a possibilidade apoiar Rubens Otoni; o PR caminha para lançar candidato próprio e o relacionamento do deputado federal Sandro Mabel com o senador Marconi Perillo não é bom; o PTB deve lançar o deputado Frei Valdair. O PSDB pode ir isolado para disputa à Prefeitura, pode ir com chapa pura?

Miriam Garcia - Eu não acredito que ele vai sair com chapa pura. Talvez não tenhamos outros partidos grandes ao nosso lado, mas vamos ter o apoio de partidos pequenos. Agora, nós devíamos perguntar a opinião do presidente do diretório municipal do PP (Atair Pio) sobre essa aliança com o PT. Eu sei que o sr. Sérgio Caiado, ex-deputado federal, dá sua opinião em nível de estado. Será que o Atair Pio, vice-prefeito, teria essa mesma opinião de compor com o Rubens Otoni e não com Ridoval Chiareloto (pré-candidato do PSDB). Eu acho que eleição se resolve no município.

Tribuna de Anápolis - E a expectativa do PSDB é que o PP venha fazer uma composição?

Miriam Garcia - Nós temos essa expectativa. Eu creio que o nosso candidato tem uma boa aceitação. É um secretário de Estado, nomeado pelo governador Alcides Rodrigues e vai sair do cargo para ser candidato a prefeito. Ele tem um trânsito em Anápolis muito perto da figura maior do PP no Estado, que é o governador.

Tribuna de Anápolis - Na avaliação da sra., Atair Pio seria um bom vice para o Ridoval?

Miriam Garcia - Eu não saberia dizer. Só se realmente o PP fizesse a negociação para ter esse nome ou não. Agora, o PP tem outros excelentes nomes, além do Atair Pio. O partido tem bons nomes, tem boas mulheres em seus quadros.

Tribuna de Anápolis - Caso o partido tenha que lançar chapa pura, a sr. deixaria sua pré-candidatura a vereador para ser vice de Ridoval?

Miriam Garcia - Só se for necessário. Eu acredito que nenhum partido deve caminhar sozinho, até para não tumultuar o processo político. Temos que buscar a união. Se coligarmos com três, quatro ou cinco partidos, com certeza acharemos um nome para vice de Ridoval. Eu acho muito difícil o PSDB sair de chapa pura e acredito que o vice deva sair da nossa coligação.

Tribuna de Anápolis - Qual o perfil ideal de um vice para chapa do Ridoval?

Miriam Garcia - Eu acho que o perfil ideal seria o de uma mulher para fazer a contraposição, o eleitorado confia no trabalho das mulheres. Uma mulher que levasse votos, que somasse ao nosso pré-candidato.

Tribuna de Anápolis - Então falta de confiança e densidade eleitoral são pontos negativos na pré-candidatura do Ridoval?

Miriam Garcia - Não, de forma alguma. Não são pontos negativos. Ele tem uma pretensão eleitoral, o seu nome já está sendo divulgado nas ruas como pré-candidato a prefeito. O melhor é que possamos agrupar, nunca se pode dispersar em política, nunca se pode jogar fora nada em política. Hoje, temos excelentes pré-candidatos e pré-candidatas, mas esses nomes precisam ser afunilados ao longo do processo. No momento, estamos muito no campo das suposições. Temos suposições a partir de uma notinha publicada em um jornal em Goiânia, temos outras suposições que são faladas aqui. Mas decisões, nós apenas veremos no mês de junho.

Tribuna de Anápolis - Entre as suposições estavam a possibilidade de uma composição com PMDB. Onaide Santillo seria um bom nome para vice do Ridoval, já que é mulher e tem densidade eleitoral?

Miriam Garcia - Não quer dizer que será Onaide Santillo, não sei os caminhos que o PMDB vai tomar, mas o PSDB sempre esteve de portas abertas ao PMDB. Onaide Santillo seria uma excelente vice. Ela tem uma história em Anápolis, tem densidade eleitoral e um perfil político definido na cidade. Eu acho que ela poderia somar muito. Mas essa é uma decisão do PMDB, porque quando ela vier como vice o partido vai estar junto com PSDB na disputa.

Tribuna de Anápolis - Na opinião da sra., qual o papel o senador Marconi Perillo terá na eleição aqui em Anápolis?

Miriam Garcia - O partido vê Marconi Perillo como grande maestro dessa eleição. Não se tem ilusão de que qualquer coligação com outro partido não terá a figura do senador. Eu acho que o PSDB tem uma boa dependência de Marconi Perillo, tanto que Anápolis já provou diversas vezes na urna que admira o senador Marconi Perillo. Não tenham duvida, a escolha dos candidatos a prefeito e vereadores vai passar por ele.

Tribuna de Anápolis - Apesar da aprovação nas urnas, Marconi Perillo, ainda governador, apoiou candidatos que não venceram as eleições para prefeito em Anápolis. Isso não preocupa o partido?

Miriam Garcia - Quando você é gestor de um estado, não pode atuar, ir às ruas, com um candidato, você precisa respeitar. Foi o que ocorreu na eleição de Ernani de Paula, na de Pedro Sahium – quando o PSDB saiu com PT. Nelas, Marconi era governador. Hoje ele é senador do PSDB. O compromisso maior do Marconi hoje é com o PSDB. E ele vai estar presente nas ruas da cidade. Alias, ele já está presente em Anápolis, mostrando que o partido tem projeto político para administração de Anápolis, para Câmara Municipal e, além disso, um projeto político para 2010. Nós fazemos parte da caminhada do PSDB em Goiás e no Brasil. Então é isso que o Marconi tem dito. Ele tem visitado lideranças, sejam lideranças religiosas, políticas e empresarias e tem mostrado o projeto do PSDB.

Tribuna de Anápolis - Em Anápolis, o PSDB não ficou a desejar em comparação com que representa no estado?

Miriam Garcia - Eu acho que o PSDB em alguns momentos foi falho para exigir o seu espaço. Ele não soube ocupar o espaço que tem direito em nível de município e de estado. Ainda estamos capengando nesse sentido de mostrar a importância do nosso partido. Queremos esse quadro nessa eleição municipal, queremos começar a mudar a história do PSDB no nosso município. Queremos transformar o PSDB em um partido grande na cidade. E é por isso que cito as nossas andanças, as nossas visitas. Em algumas, tenho acompanhado o senador e o secretário de Indústria e Comércio. Além do projeto político para o Executivo e Legislativo, nós temos um projeto partidário. O PSDB pode crescer com bastante qualidade em nosso município.

Tribuna de Anápolis - No Legislativo municipal, o partido assume uma posição de aliado ou oposição ao prefeito Pedro Sahium?

Miriam Garcia - Bom, eu sou uma vereadora de oposição do prefeito Pedro Sahium. Deixei isso bem claro desde 1ª de janeiro de 2005. Não gostaria de ser da oposição, mas fatos como a implantação da Taxa do Lixo (TSU – Taxa de Serviços Urbanos) – chegamos a impetrar um mandato de segurança e uma ação popular contra esse tributo –, o aumento do IPTU e a falta de melhorias nos bairros nos levou à oposição. Não queria tomar essa posição, mas foi minha forma de honrar os votos conquistados.

Tribuna de Anápolis - Mas e o partido, qual é a posição dele? Afinal, o outro vereador do PSDB é da base de sustentação do prefeito.

Miriam Garcia - Aqui não se teve uma ordem do partido. Aqui não existiu nenhuma normatização na qual se defina a posição do partido quanto a isso. O partido deixou os que foram eleitos seguirem suas consciências, seus modos de agir e de pensar conforme o eleitorado que representam. Eu sei que muitas pessoas da direção do partido acompanham meu posicionamento.

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