quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Marconi: sem culpa!

DIÁRIO DA MANHÃ

Política & Justiça


Marconi leva ao altar filha de perueiro morto em 1999 

Alexandre Bittencourt 

Na noite do último sábado, em frente a centenas de convidados, a jovem estudante de Psicologia das Faculdades Alfa, Nayane Ferreira Viana desfilou de braços dados com o senador Marconi Perillo (PSDB) até o altar onde a aguardava o futuro esposo, José Augusto. A cerimônia religiosa do casamento de Nayane ocorreu no DM Club Eventos, no Recreio São Joaquim. 

À reportagem, Nayane se dizia emocionada por dois motivos. Em primeiro lugar, por realizar o sonho de iniciar uma nova vida com o marido. Em segundo, por ter Marconi ao seu lado, desempenhando o papel que caberia ao seu falecido pai. 

Há poucos dias do casamento, a noiva procurou Marconi e o convidou para com ela entrar no local da cerimônia. "Algumas pessoas, quando souberam que ela iria convidar o Marconi, chegaram a rir. Mas ela fez o convite e ele aceitou na hora. Determinou à sua assessoria, inclusive, que desmarcasse compromissos que pudessem se chocar com o horário do casamento", conta a irmã, Natália Ferreira Viana. 

Nayane é filha de Marcos Ferreira da Silva, morto por um disparo feito por um soldado da Polícia Militar em 19 de maio de 1999, por volta das 12h30, quando tentava socorrer um amigo que estava sendo agredido por um soldado durante protesto de perueiros em favor da regularização do transporte alternativo de Goiânia. O perueiro foi ferido no tórax por um disparo de bala de borracha que o atingiu à queima-roupa. 

Governador de Goiás na época, Marconi procurou a família do perueiro para oferecer ajuda. Lá encontrou a viúva Marizete Ferreira Viana e suas três filhas menores. "Ele se mostrou muito sensibilizado com a fatalidade que havia ocorrido. Naquele nosso primeiro encontro, o Marconi disse que iria me ajudar a formar as filhas", conta Marizete. 

Oito anos após a tragédia, com a primeira filha em idade de entrar na universidade, Marizete fez chegar a Marconi um bilhete em que cobrava a ajuda prometida. "Entreguei o bilhete a um assessor dele e uma hora depois o meu celular tocou. Era o próprio Marconi dizendo que estava pronto para me ajudar. E graças a ele, que pagou as mensalidades da minha faculdade, consegui me formar em Direito", conta Natália. 

A segunda a ser ajudada foi Nayara Ferreira Viana. Para ela, Marconi custeou todo o curso de Administração de Empresas. A recém-casada Nayane também está tendo o curso de Psicologia integralmente pago pelo senador. "Ele não só pagou a minha faculdade como também ajudou na nossa festa de formatura. E agora deu mais esta demonstração de carinho e amizade com a nossa família ao fazer o papel de pai de minha irmã durante o seu casamento", comenta Natália. 

A viúva Marizete se emociona ao falar do vínculo de amizade que a família tem com Marconi. "A gente sempre ouve falar que político não tem palavra. Quando o Marconi me procurou, achei que ele estava apenas querendo ser solidário naquele momento de dor. Não esperava que ele pudesse ser tão prestativo e importante para a nossa família". 

Marizete completa: "Se não fosse ele, eu não teria a felicidade de ver minhas filhas hoje bem encaminhadas na vida. Ele tem um coração muito bom. Não tinha a obrigação de fazer o que fez por nós. Fez porque é um homem de Deus, que tem compaixão pelas pessoas. Ele nunca usou a ajuda que nos deu para se promover politicamente. Só nossa família sabia que ele estava nos ajudando". 

Oposição usa tragédia na tentativa de atacar governos do PSDB 

A ligação entre Marconi e a família do perueiro Marcos Ferreira só veio a público agora, por decisão da viúva Marizete e suas três filhas. Elas procuraram a coordenação de campanha de Marconi dispostas a defender o candidato da coligação Goiás Quer Mais, a quem a candidata do PCB Marta Jane quis responsabilizar pela morte do perueiro Marcos durante o último debate realizado na TBC. 

"Faltou sensibilidade por parte daquela candidata. Ele mexeu em uma ferida que estamos tentando cicatrizar há 11 anos. Ela não tinha o direito de tentar ganhar votos usando essa fatalidade que aconteceu com a nossa família. Nem mesmo o Marconi, que foi a pessoa que mais nos ajudou desde o falecimento do meu pai, fala sobre esse assunto. O que ocorreu foi uma fatalidade. Esta mulher nunca nos procurou para saber como estávamos vivendo. Ela deveria ao menos procurar se informar sobre a nossa vida para falar da morte do meu pai. Ela desrespeitou a memória do meu pai, nos causou indignação e ainda por cima tentou prejudicar a pessoa que mais tem nos estendido a mão", indignou-se a advogada Natália. 

Na opinião de Marizete, ao tentar conquistar apoio eleitoral através da desconstrução da imagem do adversário, a candidata não pesou o impacto negativo que sua ação poderia causar à sua própria candidatura. "Ela foi para o debate disposta a usar a dor de uma família na tentativa de sensibilizar os eleitores para a sua causa que, sendo a mesma causa do partido que defende, não serviu de exemplo de respeito ao ser humano para o mundo". 

Marizete se diz grata ao comportamento que Marconi teve com a família uma semana após a morte do marido Marcos. "Ele sentou-se ao nosso lado. Olhou minhas filhas pequenas, órfãs de pai tão novas. Em alguns momentos ele olhava para o chão e ficava em silêncio. Eu senti que ele estava tão abalado quanto a gente. Ele falou calmo, com a voz bem triste que tinha duas filhas. E que ele não queria que elas passassem pelo sofrimento que nossa família passava. Eu percebi ali que ele estava se colocando na nossa situação. Naquele instante tive certeza que ele era diferente", disse Marizete. "Vi sinceridade naquela tristeza que ele sentia. Vi que ele estava falando a verdade quando disse que ia nos ajudar. Que pena que essa candidata não tenha tido a oportunidade para saber de tudo isso. No mínimo ela teria ficado calada". A reportagem apurou que Marconi presenteou Nayane com a noite de núpcias no Castro’s Park Hotel, em Goiânia.

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