quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Marconi Perillo: o povo rejeita ataques de Lula!





Política & Justiça

Eleitor rejeita interferência de Lula na disputa para o governo, dizem analistas
Cientistas políticos afirmam que goiano não aceita ser tutelado por figuras de expressão nacional em questões locais

José Cácio Júnior
Da editoria de Política & Justiça

Mesmo usando a imagem do presidente Lula (PT) em seus programas eleitorais há quase duas semanas, cientistas políticos acreditam que o candidato a governador Iris Rezende (PMDB) não conseguirá pegar carona na popularidade de Lula para virar a eleição e provocar um segundo turno.

O cientista político da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), Wilson Cunha, acredita que o apoio de Lula não neutralizará a popularidade de Marconi Perillo (PSDB), líder nas pesquisas, porque, mesmo no Senado, o tucano conseguiu manter o diálogo estreito com os formadores de opinião do Estado nestes últimos quatro anos.

Na opinião de Wilson, há três fatores que explicam porque a onda vermelha não pega em Goiás, ao contrário do que acontece na maioria dos outros Estados do Brasil. Em primeiro lugar, pelo fato de ter havido um petista goiano envolvido no escândalo do mensalão – o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o que arranhou a imagem do partido no Estado.

Em segundo lugar, porque o eleitor não enxerga Lula e Marconi como dois polos opostos, que disputam o mesmo espaço. “Na cabeça da população, quem é adversário de Marconi é o governador Alcides (Rodrigues, PP)”, avalia Wilson.

Em terceiro lugar, o professor da PUC diz que Iris e o PMDB sacrificaram boa fatia de sua credibilidade ao se aliar ao PT, no momento em que acreditou que a influência de Lula seria decisiva para a vitória nas urnas em outubro deste ano. “Político importante para Goiás, Iris errou ao se aliar à face mais arcaica da política nacional, que é o PT. O PT nunca foi legenda partidária significativa para Goiás. O PT é alguma coisa graças ao lulismo.”


Histórico

Com base na análise das últimas eleições para governador de Goiás, o cientista político Luiz Carlos Fernandes conclui que a influência dos candidatos a presidente sobre a disputa em Goiás é muito pequena. “Em 2006, o Lula perdeu em Goiás no primeiro turno, mas venceu no segundo. O mesmo não aconteceu com Maguito (Vilela, do PMDB), que era o candidato apoiado por Lula.” Naquela eleição, Alcides venceu nos dois turnos.

Luiz Carlos defende uma teoria segundo a qual figuras de expressão nacional conseguem transferir apenas 15% de votos para candidatos a governador ou a senador – nem mesmo se esta figura for Lula, com quase 90% de aprovação popular. “As dificuldades que Iris e Pedro Wilson (candidato ao Senado pelo PT) enfrentam nas pesquisas comprovam esta tese”, diz Luiz Carlos.

Na opinião do cientista político, o eleitor não escolhe os seus candidatos em nível nacional e local em um pacote só. Ele diz que, no caso das eleições para governador e prefeito, o que vale é um conceito chamado “renda de utilidade”. De acordo com este conceito, o eleitor vota naquele candidato que pode fazer mais por ele e por seu grupo. Já os candidatos a presidente, por estarem mais afastados dos eleitores, são menos influenciados pela tal “renda de utilidade”.

Luiz Carlos também afirma que Lula, mesmo com índices de popularidade que ultrapassam a casa dos 80%, “não consegue ser o porta-voz do eleitor”. “É claro que o goiano leva em consideração o bom desempenho do Lula como presidente, mas isso não significa que o candidato que ele indicou é o melhor e que o cidadão irá votar nele.”

Por fim, o cientista afirma que o eleitor não consegue assimilar como natural a aliança entre PT e PMDB. Isso por conta das divergências entre os partidos no passado. “Aqui ainda tem uma dissonância, o PT e o PMDB sempre foram rivais. O eleitor estranha essa aliança, mesmo com o Lula pedindo votos para o Iris. Como o Pedro Wilson pode estar junto com o Iris se os dois foram inimigos nas duas eleições passadas? O eleitor não esquece isso não.”

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