quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estadista ou cabo eleitoral?





Opinião

O papel do verdadeiro estadista

Frederico Jayme Filho

Acompanhando as notícias acerca das eleições em todo o território brasileiro, divulgadas nos mais variados veículos de comunicação, pudemos constatar tristemente o excesso do chefe da Nação ao posicionar-se abertamente em favor de determinados candidatos, em especial no que toca aos processos regionais. O presidente Luis Inácio Lula da Silva não está se comportando como um verdadeiro estadista ao interferir nas questiúnculas locais.

A propaganda eleitoreira nesse modo torna-se temerária, pois os interesses nacionais e regionais devem manter-se acima dos partidários, ao que resta salientar que ele deveria abster-se do comprometimento da sua imagem de líder da Nação. É certo que ele tem toda a liberdade de pedir votos para aquela que ele pretende seja sua sucessora. Dilma Rousseff é a candidata de seu partido ao cargo majoritário e divulgar o seu nome, o seu potencial, enfim, o seu trabalho, é aceitável.

Entretanto, se analisarmos que o nosso presidente tem uma popularidade de 77% e a força de influência que esse índice representa, vamos nos deparar com uma situação prejudicial a longo prazo, já que muitos partidos políticos estão se aproveitando do fato para se beneficiarem e essa prática pode ser desastrosa. As alianças oportunistas logo se esfacelam e o jogo pode virar.

É bom ressaltar que o presidente Lula no dia 7 de abril, numa entrevista à Rede Bom Dia e ao jornal Diário de São Paulo falou, entre outros temas, sobre sua participação na campanha eleitoral deste ano. Ele afirmou que a coisa mais importante para ele é ser presidente da república e continuar governando o país porque o povo lhe deu o mandato até 31 de dezembro de 2010, e então, esta seria a sua prioridade. E acrescentou que não trocaria uma atividade da Presidência por uma atividade de campanha. Mas o presidente tem abdicado da postura de chefe da Nação para condenar publicamente políticos regionais que não são filiados a partidos da base do governo federal. E isso é lastimável.

Ora, o país enfrenta sérios problemas nas áreas da segurança, da saúde, da educação e Lula, que jurou cumprir e respeitar a constituição, sendo um estadista, está ocupando seu precioso tempo à frente do Poder Executivo para tecer críticas que não são construtivas e, o que é mais grave, para minimizar assuntos polêmicos como a quebra de sigilo da Receita Federal. O melhor nesta questão seria que ele determinasse uma investigação pela Polícia Federal e, assim, esclarecesse de uma vez o problema.

A expectativa de todos nós brasileiros é que o Brasil seja um país livre e que a democracia, arduamente conquistada, prevaleça. Que os eleitores sigam a sua própria consciência na hora de escolher seus candidatos, pois o voto é um instrumento do poder pessoal de cada um. Ele não pode ser negociado, nem mesmo sob a influência de um líder. Analisar a história é, certamente, a nossa melhor opção.


Frederico Jayme Filho é advogado, ex-presidente da Assembleia Legislativa, ex-secretário estadual de Segurança Pública, ex-presidente do Tribunal de Contas e ex-governador interino do Estado de Goiás

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