segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Marconi: Lula era só elogios a ele!





Política & Justiça


Antes da campanha, Lula elogiava Marconi
Presidente, que não poupou ataques ao tucano em comício, chamou o goiano de amigo e enalteceu programas sociais

José Barbacena
Editor-assistente de Política & Justiça

O presidente Lula, que não poupou ataques ao tucano no comício de Valparaíso, já chamou em outras oportunidades o senador goiano várias vezes de amigo e o agradeceu publicamente por sugerir a unificação dos programas sociais, que resultou no Bolsa Família. Um trecho do Sermão do Mandato, de Padre Antônio Vieira, jesuíta português que viveu no século 17 e que foi um dos mais famosos oradores de seu tempo, ajuda a compreender a mudança radical de discurso do presidente Lula em relação ao candidato ao governo do PSDB. “Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera!”

Há pouco mais de cinco anos, Lula era só elogios a Marconi, que na época governava o Estado, a despeito de os dois pertencerem a partidos rivais. O goiano era sempre citado como “amigo” nos discursos do presidente, que fazia questão de ressaltar sua disposição para celebrar parcerias administrativas com o governo federal em favor de Goiás.

Em 20 de outubro de 2003, durante a solenidade no Palácio do Planalto em que foi lançado o Programa Bolsa Família, Lula atribuiu ao goiano a ideia de criar o Bolsa Família e elogiou rasgadamente a rede de proteção social implantada pelo então governador em Goiás. “Quero também lembrar aqui o governador Marconi Perillo, que, faça-se justiça, além de ser o governador do Estado que mais tem política de renda, foi o companheiro que, na primeira reunião que tivemos de governadores, sugeriu a ideia da unificação das políticas de assistência social neste País.”

Lançando mão de recurso retórico semelhante ao que usou no comício realizado em 6 de setembro, em Valparaíso, no Entorno do Distrito Federal, para exaltar seu atual aliado, Iris Rezende (governadoriável da coligação Goiás Rumo ao Futuro), Lula também já disse que Marconi tinha coragem de “olhar na cara” dos goianos e que isto era prova de sinceridade. “A nossa vinda, aqui, é para demonstrar que os tempos mudaram no Brasil. Já que vocês não podem ir a Brasília, o presidente pode vir aqui, à comunidade kalunga, olhar na cara de cada um de vocês e assumir compromissos como esses que o governador Perillo assumiu”, discursou em 12 de março de 2004 durante o lançamento do Programa Ação Kalunga, em Cavalcante (GO).

O mesmo Lula que hoje, indiretamente, tenta atribuir ao senador responsabilidade pela situação financeira caótica da Celg – relatórios técnicos do Tribunal de Conta do Estado e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Fipe, ligada à USP, já provaram que a venda das usinas hidrelétricas de Corumbá e Cachoeira Dourada, em gestões peemedebistas, são as causas preponderantes da quebradeira na estatal energética – foi além nos elogios rasgados a Marconi na mesma solenidade. “Quero ser testemunha, aqui, de que o governador Marconi Perillo tem sido um parceiro exemplar. Em nenhum momento ele tem se negado a fazer todo e qualquer tipo de convênio junto com o governo federal, para que as coisas comecem a andar, seja diretamente com o presidente da República, seja com os ministros”, frisou o presidente.

Os elogios a Marconi só cessaram após o então governador goiano tornar público, em 2005, que um ano antes alertara Lula, em uma conversa reservada, sobre o mensalão – quando líderes ligados ao governo petista ofereceram dinheiro a parlamentares de outros partidos em troca de apoio no Congresso. Desde então, Lula passou a perseguir Marconi e tem usado sua força política contra o goiano. Em 2006, Lula jogou pesado em favor de Maguito Vilela (PMDB), para evitar a vitória de Alcides Rodrigues (PP) na disputa pelo governo do Estado. Por uma dessas ironias do destino, Alcides, que enfrentou o prestígio político de Lula para ser eleito governador com a ajuda inquestionável de Marconi, hoje é aliado do presidente. Padre Vieira continua com a razão.


Os elogios de Lula a Marconi

"Quero também lembrar aqui o governador Marconi Perillo, que, faça-se justiça, além de ser o governador do Estado que mais tem política de renda, foi o companheiro que, na primeira reunião que tivemos de governadores, sugeriu a ideia da unificação das políticas de assistência social neste País”

Lula, 20 de outubro de 2003, lançamento do Bolsa Família em Brasília (DF)


"“Quero ser testemunha, aqui, de que o governador Marconi Perillo tem sido um parceiro exemplar. Em nenhum momento ele tem se negado a fazer todo e qualquer tipo de convênio junto com o governo federal, para que as coisas comecem a andar, seja diretamente com o presidente da República, seja com os ministros”

"A nossa vinda, aqui, é para demonstrar que os tempos mudaram no Brasil. Já que vocês não podem ir a Brasília, o presidente pode vir aqui, à comunidade kalunga, olhar na cara de cada um de vocês e assumir compromissos como esses que o governador Perillo assumiu”

Lula, 12 de março de 2004, lançamento do Programa Ação Kalunga em Cavalcante (GO)

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