sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Demóstenes Torres: política poética!





Opinião

A esquina poética de Demóstenes Torres

Elizabeth Caldeira Brito

Em meio à poluição visual e sonora dos cabos eleitorais e dos candidatos, uma surpresa: poesia à vista, com o projeto "Poesia em doses". Um espaço poético oferecido pelo senador Demóstenes Torres, aos transeuntes da dinâmica Alameda Ricardo Paranhos, no Setor Marista, em Goiânia.

Poesia em doses, de autoria da escritora Lêda Selma, visa democratizar e disponibilizar, nos caminhos da jovem metrópole, leves gotas de poesia. O projeto leva lirismo ao encontro dos cidadãos incautos. Suaviza o caos urbano. Torna conhecidos da comunidade o criador e a criatura, ou seja, o autor e os textos poéticos. Teve seu grande apogeu entre 1998 e 2000, quando foi instalado em clínicas, hospitais, escolas e empresas. Por sua criatividade, originalidade e grande alcance lítero-cultural, foi matéria na revista IstoÉ e nos jornais Hoje e Nacional.

Convidados por Lêda Selma, integrante da elite de cronistas do Diário da Manhã, 15 poetas e oito poetisas expõem seus poemas ou fragmentos de poesias, ao longo do muro que cerca a nobre esquina da Alameda. O céu desce à terra. Um límpido azul celeste, ao alcance das mãos, disponibiliza, ao horizonte, brancas nuvens poéticas. Escritores, em instantes de sensibilidade terna, derramam cantos líricos à amada Goiânia. Momentos que instigam os apressados a reduzirem a marcha, para seguirem devagar, divagando os signos dos poemas.

Os autores inundam de poesia os lépidos olhos do trânsito goianiense. As mensagens reverenciam a jovem metrópole. Imune, a balzaquiana capital, inspiradora de versos e trovas, observa a vastidão de seus horizontes humanos e geográficos. Surpreende-se com o seu perfil dinâmico de mudanças assustadoras e inusitadas.

O poeta Almáquio – alucina a primavera. Veste de sensualidade a natureza: “Esperta foi a abelha / que se travestiu de operária / só pra ver a intimidade da flor.”

Laércio Majadas - menestrel das manhãs goianas: “A neblina mansa / o lago no seu manto / de sombra. / Arromba o leito como fórceps. / O sol, holofote do amanhecer.”

Lygia de Moura Rassi - racionaliza a indiferença: “Dói muito / a cor do frio / em noite sem lua / e dia sem nome.”

Belinha Neves - nega esquecimentos, enquanto semeia esperanças: “Lembre-se de mim / quando nascer o sol / e espalhar esperança / em cada chaga do mundo.”

Delermano Vieira - vislumbra ternura em melodia harmoniosa: “São névoas de pétalas / (em xaxim) / tuas mãos de avencas e marfim!”.

Valdivino Braz - burla a razão e decifra enigmas: “O texto é só uma sombra / das formas da noite, / como lacre das portas secretas / e perguntas sem respostas.”

Edival Lourenço - lenitivo aos tempos modernos: “Para este tempo louco / o correto é a loucura / a retidão só revela o torto / do que é mesmo tortura.”

Elizabeth Caldeira Brito - busca no ontem a alegria sofrida: “Quando pequena queria ser outra. / Sendo eu mesma me sentia ninguém. / Cresci, evoluí, mas virei ostra, / buscando em mim, outrora, aquele alguém.”

Heloisa Helena de Campos Borges - brinda o saber e o conhecimento: “O tempo da sabedoria / é tempo soberbo: / mesmo se calada a voz, ouve... / Mesmo se fechados os olhos, vê...”

Alice Spíndola - no enlevo de ser par: “Amor na tua mão / permanece a minha mão / doce ofício de ternura.”

Maria Helena Chein - clama o parco tempo ao amor: “Foi tão intenso e tão pouco / o tempo de nós dois / que te faço um poema, / não de amor mas de pena.”

José Fernandes - felicita as palavras e suas ausências: “Contai-me um segredo com suas pontas / de sussurros e ensombrarei o silêncio / e sua caverna de noites e enigmas.”

Gilberto Mendonça Teles - ternura a Eros: “Libertino não sei, mas gilbertino / com certeza se diz, enviando setas / contra o meu jeito arisco de menino, / contra as minhas manias prediletas.”

José Mendonça Teles - tenaz amor por Goiás: “Trago o Araguaia dentro de mim / trago um trago de cachaça / e um cheiro de mata / desses barrancos sem fim.”

Edmar Guimarães - fez-se guardião de horizontes: “Pupilas-vitrais / a mosca sobre uma rosa / a ver roseirais.”

Lêda Selma - sortilégios de palavras e silêncios: “Mesmo os corações blindados, / as palavras ferem como baionetas. / São devastadoras se infames, / e mortais quando silenciosas.”

Luiz de Aquino - ávido encontro consigo: “Eu sou o que melhor te completa / e tu me cabes melhor que ninguém / Podemos ser felizes?”

Brasigóis Felício – fatídica busca nas entrelinhas do silêncio de se dizer: “Não me procurem, / nem me definam: / já me perdi nesta busca inútil / do mundo nu e sem muros / e do poema sem dor e sem palavras.”

Genaura Tormin – tormentas dos amores idos: “Desnudo de adereços, / o vento ainda canta para mim. / Parece que ouço o rumorejo / daquele vento gostoso, / que me bordava de beijos.”

Fausto Valle - velejante na ventura de se dar: “Em ditoso dia, no afã de enliçar-me, / vieste com olhos-ímãs azuis-mar, / envolvi-me de pronto no seu charme / e disse: não perco este manjar.”

J.G.A. Júnior - jirau de afetos na espera de horizontes: “Eu queria o céu / para ser dono das estrelas, / do vento e da lua.”

Cinthia Regina - recônditos sombrios na ânsia de ser só:“Vieste, na profundidade do vento, / antes daquele outono. / ... E continuas atalho e resposta / em noites de lua e vinho.”

Getúlio Targino - terna essência de ser par e ser só: “Danço sozinho e finjo ser contigo, / ouço canções e finjo ouvir-te a voz. / Olho p'ra imensidão mas não consigo / pensar de outra maneira: é sempre nós.”

Miguel Jorge - janelas do tempo na bucólica Goiânia: “Não me procurem Goiânia: / menina, moça, balzaquiana / de muitos quilates, sítio alado por onde / dormitam sombras das mais tênues lembranças.”

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e candidato à reeleição, senador Demóstenes Torres, atuante parlamentar no combate à corrupção e à pedofilia, tornou-se o relator de maior trabalho, nos 185 anos do Senado. Por suas mãos passaram 1.103 projetos. Consagrado pela revista Época, um dos 100 brasileiros mais influentes de 2009; e pela ONU, uma das 1.000 pessoas capazes de melhorar a qualidade de vida da humanidade. Os jornalistas que atuam no Legislativo Federal o elegeram, por votação, o segundo melhor senador, em pesquisa realizada pelo site Congresso em Foco.

Demóstenes demonstrou sensibilidade na escolha do tema, ao compor de poemas a esquina azulínea da linda avenida. A poesia, enaltecida, agradece ao senador pela visibilidade e acesso irrestrito. Resgatada do aconchego dos livros, desnuda-se aos casuais transeuntes. Basta um olhar e o universo poético expande-se e enleva os desavisados sentimentos.


Elizabeth Caldeira Brito é escritora da Academia de Letras do Brasil (bethcbrito@gmail.com)

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