terça-feira, 21 de setembro de 2010

FACE A FACE






SABATINA - MARCONI

Minhas propostas são factíveis

Núbia Lôbo

Em cerca de uma hora e meia de entrevista ao Face a Face Sabatina, o candidato a governador Marconi Perillo (PSDB) falou ontem da viabilidade financeira de suas propostas para o Estado, item bastante ressaltado pelos leitores. No bloco de respostas aos jornalistas do POPULAR, Marconi destacou que em seu governo não entrará "ficha-suja" (leia na 21), referindo-se ao secretariado, caso seja eleito.
O tucano destacou suas propostas para saúde, educação e inclusão social e alfinetou a atual gestão, dizendo que o governador Alcides Rodrigues (PP), ex-vice de Marconi, não deu continuidade a compromissos feitos também pelo pepista.


PERGUNTAS DOS LEITORES:

Flávio Santos - O senhor não acha que está fazendo propostas demais e difíceis de serem cumpridas diante da situação do Estado?

Quando fui candidato, em 1998, me disseram a mesma coisa, que haviam muitas promessas difíceis de serem resgatadas. Felizmente, nós cumprimos praticamente todos os compromissos de 1998 e 2002, especialmente no que diz respeito à inclusão social, mas também metas de geração de emprego, desenvolvimento e infraestrutura. Os compromissos que fazemos hoje são muito menores e são todos factíveis. É claro que isso vai exigir uma engenharia financeira inteligente, buscar fontes de incremento de receita, alternativas no sentido de reduzir as despesas correntes. Fiz o compromisso em relação ao passe livre para estudantes pobres nas regiões metropolitanas, fiz o compromisso do notebook - primeiro para os professores e, após a qualificação, preparo e definição de todo o conteúdo pedagógico, repassar o laptop para os alunos. Todos esses cálculos estão feitos, no caso do laptop (será usada) uma parcela do que era investido no salário escola. Teremos recursos suficientes para bancar em quatro anos o programa de um computador por aluno. As outras políticas de saneamento, por exemplo, temos um compromisso de que os recursos da Saneago serão rigorosamente investidos em água, rede de distribuição, melhoria de estações de tratamento de água. Recursos para saneamento básico vamos buscar no BNDES, CEF, parcerias público-privada (PPPs), recursos do Tesouro, Orçamento Geral da União. Infraestrutura, vamos fazer a mesma coisa. Vamos investir muito nas PPPs e definir as obras que são prioritárias, começando pela conclusão das obras que já estão em construção, para evitar desperdício. Depois, investindo em obras que são estratégicas para o escoamento da produção. Estamos fazendo o compromisso em relação à construção do Credeq (Centro de Recuperação para Dependentes Químicos), Hospital da Mulher e hospital da Região Noroeste de Goiânia. Dentro da previsão de recursos constitucionalmente já definidos para a saúde, é perfeitamente possível não só melhorar as unidades já existentes - como Hugo, HGG, Hugo de Aparecida, outras unidades -, mas também construir, equipar e fazer funcionar bem essas novas unidades hospitalares.


José de Paula - Não seria uma "propaganda enganosa" a sua afirmação de que a União irá financiar o projeto de metrô de superfície em Goiânia, mesmo com a vitória da Dilma (PT), segundo as pesquisas?

Primeiro, eu espero que o (José) Serra (PSDB) vença. Torço para que isso ocorra. Em segundo lugar, vale destacar que um governante não pode ter uma visão míope sobre o futuro. Não é pecado pensar grande, pensar em projetos estruturantes para o nosso Estado e nosso País. O Santillo já pensava em metrô há vinte e tantos anos atrás. Acreditamos que o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é uma solução para regiões metropolitanas mais densas desse País e do mundo. Nós temos aqui em Goiânia a possibilidade de implantação de duas linhas de VLTs: uma no Eixo Anhanguera, que já tem sua plataforma praticamente pronta, e outra no Eixo Norte Sul, ligando o Garavelo até a Região Noroeste de Goiânia. Mas não é só aqui que há necessidade de aporte de recursos federais. Há oito anos estão paralisadas as obras do metrô de Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. No Brasil, só vimos andar o metrô de São Paulo nos últimos anos, porque o Serra jogou muito pesado na melhoria das linhas de trem suburbano, transformou quase todos em VLTs e investiu na construção. Já entregou 19 km de linha de metrô e tem mais 40 km em construção. Tenho convicção de que o governo brasileiro terá de investir fortemente em VLTs nos próximos anos, senão teremos um colapso em relação à mobilidade urbana. Goiânia já começa ter um colapso. Claro que para resolver o problema do transporte não é só VLT, mas também toda uma reengenharia de trânsito e de transporte coletivo. Se eu for eleito governador, vou adotar para mim algumas mudanças em relação à lei da Região Metropolitana de Goiânia. O Serra colocou no plano de governo dele a expansão de linhas de metrô em nove capitais, incluindo Goiânia, onde prevê a construção de 15 km de VLT. Dilma ou o Serra terá de ter uma visão estratégia do País, não uma visão em função de legendas partidárias.


Reilly Rangel - Desde a década de 70, quando surgiu o micro computador, educadores passaram a investigar seus potenciais de uso na escola. Quarenta anos depois, 72% dos professores não se sentem preparados para aplicar tecnologia em sala de aula. Como o senhor vê a preparação dos professores quanto ao domínio das novas tecnologias?

Eu levei para 400 escolas de ensino médio laboratórios de informática. Se não foram universalizados os laboratórios nas escolas, isso tem de ser feito rapidamente e é um compromisso nosso. Mas a primeira preocupação tem de ser com cursos intensivos de preparação de todos os professores da rede estadual de ensino para o manuseio do laptop. Preparar em conjunto com os professores, o conteúdo curricular dos programas que serão inseridos nessa nova forma de levar o ensino às crianças. E terão de receber um adicional a mais por conta desse trabalho intensivo que vão ter para que todos tenham condições de operar essas ferramentas novas. Depois de professores treinados, conteúdos definidos, a gente começa o programa de entrega de laptops nas mãos dos alunos em toda a rede estadual. Esse projeto que estou falando foi desenvolvido em Portugal com quase um milhão de crianças e revolucionou a educação naquele País.


Rafael Martins - Uma de suas plataformas de campanha está em dar passe livre para estudantes da Região Metropolitana de Goiânia. Vale lembrar que o Estado ainda arca com o subsídio do Eixo. O Estado vai dar conta de bancar tanto subsídio?

No mundo inteiro, principalmente nos países mais civilizados e mais democráticos, existe subsídio para tarifa do transporte coletivo. Aqui em Goiás, o compromisso nosso é de manter o subsídio no Eixo Anhanguera e dar o passe livre para os estudantes pobres. Muitos deixam de ir para as escolas por conta da falta do passe livre. Essa é uma realidade. Vamos cumprir esse compromisso e buscar recursos no orçamento anual, como já fizemos em relação a programas como bolsa universitária, salário escola, renda cidadã, cheque moradia e tantos outros dessa natureza. Vamos investir muito com aporte de recursos do Tesouro Estadual na aquisição de veículos novos para o Eixo Anhanguera e na melhoria das plataformas. Esse é um compromisso que estamos fazendo com os usuários. O passe livre segundo cálculos nossos custará aproximadamente R$ 30 milhões por ano e vamos colocar isso no orçamento como política pública voltada para os estudantes pobres que merecem ter oportunidades como os filhos dos ricos têm.


Alexandre de Brito Montes - Qual será a meta do seu governo para a área de saúde pública que ao meu ver está uma vergonha, tanto na capital quanto no interior?

Queria só completar uma pergunta, não vejo a situação do Estado como descrita por um dos leitores anteriores. Eu herdei um governo em 1999 com mais de duas folhas de pagamento em atraso, problemas graves no Estado, todas as obras paralisadas, sem nenhuma exceção - mais de 80 obras iniciadas com recursos da usina de Cachoeira Dourada e paradas. Pararam antes das eleições ocorrerem. Muita dívida e conseguimos resolver essas questões num prazo não tão longo. Pelo que percebo, vou receber o governo pelo menos com a folha em dia. Isso já é motivo de uma certa tranquilidade. Não sei como estão as finanças, de modo geral, sei que o Ipasgo está com problemas graves, cerca de cinco meses em atraso, vamos ter de buscar uma equação rápida para isso. Com relação à saude, vamos fazer investimentos na volta dos ambulatórios 24 horas - na minha época, tínhamos cerca de 55 ambulatórios, em parceria com as prefeituras. Vamos investir muito nas parcerias com as prefeituras e o governo federal para o Programa de Saúde da Família, que é fundamental principalmente na prevenção de doenças. Vamos transformar as unidades hospitalares do Estado em unidades com padrão de excelência, como consegui fazer com o CRER e o Hospital de Urgências de Anápolis. Vamos colocar em funcionamento de novo o Hospital de Medicina Alternativa, levar esse padrão de excelência para o Hospital de Urgências de Aparecida, HGG, Hospital de Doenças Tropicais, Materno Infantil, Hugo de Goiânia. Vamos buscar uma parceria com o Hospital de Urgências de Trindade, que está nas mãos do município, mas está fechado atualmente. E vamos colocar para funcionar o Hospital de Urgências de Santa Helena, que já está praticamente pronto, mas não funciona, não tem equipamentos. Esses são alguns dos nossos compromissos: manter e ampliar o padrão de excelência do CRER e do Hugo de Anápolis, e ainda construir três novas unidades, o Hospital de Urgências da Região Noroeste, que será uma referência em atendimento de urgência e emergência para Goiás, o Hospital da Mulher e o Credeq. Pretendo também transformar o HGG num hospital de referência médica de alta complexidade, voltado para neurocirurgias, diabetes, renais crônicos, dentre outros.


Luiz Augusto Chein - Existem determinadas situações em Goiás que exigem atuação imediata e eficaz para sua solução, como o problema das drogas, do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), o centro de convivência na Av. Paranaíba e a dramática situação do Aeroporto Santa Genoveva, que nos envergonha a todos.

Em relação às drogas, já fizemos a proposta de construção do Credeq - vamos definir o conceito e o modelo do projeto, para que ele seja construído num tempo curto. Além disso, quero também estimular instituições a trabalharem com recuperação de dependentes químicos, viabilizando algum tipo de colaboração financeira do Estado para que esses projetos sejam colocados em prática. Com relação ao CCON, se eleito, na primeira semana vamos abrir o Centro Cultural, colocá-lo para funcionar, definir um cronograma de atrações e eventos, debatidos democraticamente com todos os promotores e artistas. Fizemos o Centro Cultural em um ano, tem quatro anos e meio que deixei o governo, o local serviu para algumas apresentações artísticas e exposições, foi fechado porque infelizmente o atual governo não pagou o pouco que precisava pagar para a empresa responsável pela construção. O Centro de Excelência (na Av. Paranaíba) é um dos melhores projetos para preparação de atletas da América Latina. O projeto conceitualmente é perfeito. Fizemos a primeira parte, a segunda parte era a construção de um centro olímpico moderníssimo. Deixei o governo no final de março (de 2006), por volta de junho o atual governo demoliu o Estádio Olímpico e não fez a construção. Infelizmente, não fez. Temos R$ 11 milhões no Orçamento Geral da União, recursos colocados pela bancada de senadores e deputados, e nenhuma providência foi tomada no sentido de resolver pendências do Tribunal de Contas (do Estado) e de outra natureza. Chegando ao governo, vou buscar para mim essa solução rápida. O aeroporto de Goiânia é o pior aeroporto do Brasil. O problema é o mesmo que aconteceu com o aeroporto de Vitoria e de Macapá: licitação viciada, fraudulenta, feita pela Infraero. O que tem de ser feito é uma força-tarefa dos parlamentares de Goiás, junto à Infraero e ao Ministério da Defesa, para cancelar a licitação e fazer uma licitação transparente para construir a obra. E acho, inclusive, que esse projeto precisa ser melhorado, adequado às demandas novas que temos.

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