quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lúcia Vânia: maturidade na convivência!





ENTREVISTA

LÚCIA VÂNIA

Nossas divergências são aparadas a cada conversa

Renato Queiroz

A menos de duas semanas das eleições, a candidata à reeleição ao Senado Lúcia Vânia (PSDB) disse que não mudará muito sua estratégia de mostrar aos eleitores o trabalho desenvolvido em oito anos. Com a experiência de já ter sido candidata à Prefeitura de Goiânia e ao governo, ela se mostra tranquila em relação às críticas de Lula e às rusgas públicas dentro de seu partido, em especial com Marconi Perillo. "Nossas divergências são aparadas a cada dia, a cada conversa." Confira a entrevista:


Muito se falou sobre o desgaste de sua relação com o senador e candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo (PSDB). Ficou alguma mágoa?

As divergências sempre existem. Sempre fui uma parlamentar que procurou defender meus princípios e meus valores. Estou dentro de um partido e sei que devo a esse partido fidelidade e apoio. Porém isso não quer dizer que tenho de perder minha identidade, minha forma de pensar. Acredito que o eleitor ao eleger um parlamentar quer esse político independente. Que tivemos divergência, tivemos. Mas por ser uma discussão que nunca ultrapassou o limite do respeito, a convergência se tornou mais fácil. Como nós temos um projeto em comum, que une toda a coligação, isso facilita a convivência e estamos tendo uma campanha agradável. Nossas divergências são aparadas a cada dia, a cada conversa.


A senhora acredita que o fato de ser mulher também pesou nessa divergência?

Claro que o universo feminino é sempre diferente do masculino e isso gera uma dificuldade de compreensão tanto de uma parte quanto de outra. É preciso que a gente aprenda a exercitar e respeitar essas diferenças. É isso que tem acontecido ao longo da minha carreira. Minha posição sempre foi muito inquieta, de muito questionamento. Até porque não é comum a mulher buscar uma atividade política, tida como eminentemente masculina.


Como a sra. justifica ao eleitor seu pedido de voto para ficar mais oito anos no Senado? O que faltou fazer ou o que precisa de continuidade?

O que me referenda a ser candidata à reeleição ao Senado é o trabalho que fiz, principalmente voltado para o desenvolvimento de Goiás, que tem minha marca na recriação da Superintendência do Desenvolvimento Sustentável do Centro-Oeste (Sudeco) e na luta pela implantação pelo Banco do Desenvolvimento do Centro-Oeste. Projetos que ainda não foram finalizados, mas que são instrumentos importantes para o desenvolvimento do Estado. Ao lado disso, tem os programas sociais que são o meu forte. Programas que ajudei a formatar no governo Fernando Henrique Cardoso, que tiveram continuidade no atual governo, mas que têm grandes desafios pela frente. É preciso equilibrar o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social no País. O desafio me motiva.


Qual vai ser sua estratégia de campanha nesta reta final?

A estratégia está definida no programa eleitoral. Procurei durante esse período todo mostrar o trabalho que realizei na minha trajetória política e, no final, nesses últimos dias, vamos intensificar o trabalho, reforçando as coordenações. Não há modificações profundas, apenas um arremate de todo trabalho.


Seu nome foi incluído numa lista de candidatos "ficha suja" pelo crime de peculato no caso Uni-Rio. O que aconteceu com esse processo?

Na verdade, é um inquérito sobre o caso Uni-Rio de 2000, que já foi arquivado aqui no eleitoral (TRE) e na ação civil pública. No próprio POPULAR, foi noticiado que o procurador (Fernando) Krebs denunciou algumas pessoas e me isentou completamente do processo. Por força da minha posição no Congresso Nacional, esse inquérito foi para Brasília e não anda porque ele já teve solução aqui. Havendo a solução, obviamente fará jurisprudência em Brasília.


O tema aborto não é novidade para os senadores. Nos últimos cinco anos, ele tem sido discutido e várias formas de tratar a prática têm gerado projetos de lei. Qual sua opinião sobre o aborto?

Tenho formação católica e obviamente tenho posição favorável à vida. Não acho que a descriminalização seja uma coisa para a mulher. Nós temos de prevenir para que isso não aconteça. O aborto é a mutilação física e psíquica da mulher.


A sra. votou contra a Emenda Sotero Cunha - que pretendia proibir o aborto em qualquer situação - na Constituinte em 1988. Acredita que em alguns casos ele se torna necessário e não é papel do Estado intervir?

Reconheço aquele que é feito de acordo com a Constituição, em casos de estupro e risco de morte materna. Agora, acho também que isso é uma coisa de foro íntimo. Eu, sendo católica, acredito que a pessoa que respeita a vida, enfrenta essa situação.


Os programas de transferência de renda do governo Lula talvez sejam os maiores responsáveis pela alta popularidade dele. Em Goiás, Lula disse que os senadores fizeram ele passar "um sufoco". Como a senhora, que trabalhou na relatoria de alguns projetos de leis que criaram programas sociais importantes do governo Lula, recebeu essa crítica?

Acho que isso é uma falácia de palanque. Na verdade, o presidente sabe que o quanto nós colaboramos com seu governo. Nós não fizemos uma oposição de ‘quanto pior melhor’, como fez o PT no passado. Não foram os senadores do PT que fizeram as relatorias dos projetos sociais do governo. Fui relatora do Minha Casa, Minha Vida, do Bolsa Família, do Projovem, do Primeiro Emprego, da Maria da Penha, entre outros. Todos esses projetos passaram pela minha mão, sofreram alterações propositivas da minha parte e articulei suas aprovações. Todos esses programas sociais, que eles usam hoje como bandeira de palanque, passaram pelas minhas mãos e tiveram minha contribuição. Em nenhum momento criei dificuldade.


A sra. acha que o presidente Lula está se comportando mal nessa campanha?

Eu não gosto dessa atitude dele porque acho que ela não constrói nada. Assim como sempre tive um comportamento de valorizar o trabalho do governo naquilo que considero justo, acho que ele deveria ser justo com os parlamentares de Goiás que nunca criaram dificuldades. O que ele chama de sufoco é a votação da CPMF. Mas ele querer que a gente vá contra a sociedade brasileira para agradá-lo é uma diferença grande. Isso nós não fizemos mesmo. Aprovamos a derrubada da CPMF porque entendíamos que não havia necessidade dela e isso ficou comprovado.


Qual a principal diferença entre a atual campanha e a disputa de oito anos atrás?

Estou motivada nessa campanha porque é muito bom você trabalhar e pedir o voto para uma situação que já conhece, domina, tem experiência e a certeza de que pode realizar. Na anterior, o Senado era uma coisa mais distante. Tinha passado por três mandados na Câmara, mas não sabia das possibilidades que teria no Senado. E são possibilidades muito mais fortes do que na Câmara. Fiquei entusiasmada com o Senado porque os resultados são muito bons quando você trabalha. Hoje quando peço voto para voltar, peço com tranquilidade. Essa campanha foi muito mais leve.


Médica e marqueteiro ocupam as suplências

A médica cardiologista Ione Borges Ribeiro, de Itumbiara, ocupa a primeira suplência na chapa da candidata à reeleição Lúcia Vânia. No Senado, Ione Borges diz que atuará ao lado de Lúcia Vânia por melhorias no sistema público de saúde. Uma das principais, segundo ela, é a descentralização do serviço de atendimento de emergência. A segunda suplência é ocupada pelo geólogo Carlos Maranhão Gomes de Sá, que ocupou cargos de primeiro escalão no governo de Henrique Santillo (1987-1991) e Nion Albernaz (Goiânia). Ex-secretário de diversas pastas nos governos de Marconi Perillo, Maranhão coordena o marketing do Tempo Novo desde 1998.

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