segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Garcita Balestra: Roberto Balestra merece a vitória!





Política & Justiça

“Meu filho sabe que não se ganha uma eleição sozinho”
Em campanha pelo interior ao lado da ex-primeira-dama Valéria Perillo, mãe do deputado federal Roberto Balestra (PP) lamenta fim da base aliada e afirma que Marconi vencerá eleição ao governo no primeiro turno

Márcia Abreu

Filha, esposa e mãe de político, Garcita Soyer Balestra participa aos 87 anos intensamente do processo eleitoral e não abre mão de ir às urnas no dia 3 de outubro para votar em um deputado estadual e um federal; dois senadores, governador e presidente da República, todos já escolhidos. Filiada ao Partido Progressista (PP) goiano, dona Garcita recebeu a reportagem do Diário da Manhã em sua residência em Inhumas e explicou por que segue caminho distinto de sua legenda (que está coligada ao PR, de Vanderlan Cardoso) e por que apoia e considera o candidato Marconi Perillo (PSDB) a melhor opção para o Estado de Goiás. Leia a seguir trechos da entrevista.


Diário da Manhã - De onde vem o interesse de participar com tanta intensidade da campanha eleitoral aos 87 anos?

Dona Garcita - Como cidadã, tenho a certeza de que é muito importante a participação de cada um no processo político. Aprendi isso com os meus pais. É um exemplo que vem de dentro da minha casa. Eu ainda não tinha completado 9 anos quando meu pai foi eleito prefeito pela primeira vez aqui em Inhumas. Minha mãe sempre gostou de política e fazia expressivo trabalho social. Então tenho essas duas bases e a política me envolve muito.


DM - Como surgiu o apoio à candidatura tucana?

Dona Garcita - Roberto (Balestra, deputado federal pelo PP e filho de dona Garcita) sempre foi um deputado municipalista e mais de 100 prefeitos declararam apoio a Marconi. Meu filho sempre teve na cabeça que campanha não se ganha sozinho, portanto, ele é político parceiro. Assim, juntou-se aos demais companheiros. Fizeram uma reunião para ver quem seguia com o candidato do PP (PR) ou do PSDB e mais de 100 prefeitos votaram na cédula que ficariam com Marconi. O voto foi secreto. Só teve um que votou em branco, mas os outros estão todos com ele. Foi assim que decidimos apoiá-lo. Municipalista que é, Balestra acredita que eleição só se ganha com companheiros, ninguém ganha eleição sozinho. Eu, graças a Deus, vejo no meu filho uma pessoa equilibrada, honesta e leal aos princípios de família, políticos. Então eu não podia de maneira nenhuma deixar de segui-lo. E eu vejo também no Marconi esse governador que tirou tanta gente da miséria. Eu, como fundadora de uma Organização Não Governamental, tenho de pensar nisso.


DM - Qual é a ONG da senhora?

Dona Garcita - É a ONG dos idosos, de pessoas com o poder aquisitivo baixíssimo. Muitas pessoas já foram beneficiadas. Então, antes de tudo a gente tem de pensar em um todo, não só na gente, mas principalmente nas pessoas que dependem da ajuda dos irmãos. Por isso eu e minha família apoiamos Marconi: porque sabemos que ele ajudará os mais necessitados. Apoiamos e trabalhamos. Não tenho nada contra o outro candidato (Vanderlan). Aliás, eu nem o conheço pessoalmente. Porém, pensando nos meus irmãos mais necessitados, eu não poderia deixar nunca de acompanhar o Marconi. Me veio agora à cabeça a lembrança de um dia importante na minha vida com a presença de Marconi.


DM - Qual?

Dona Garcita - Foi em 1999, a primeira vez em que ele foi eleito governador de Goiás. Ele foi num almoço ou jantar na casinha do meu filho e foi dada a palavra a algumas pessoas, dentre elas, eu. Disse a ele: ‘Olha, governador, para mim o senhor está devolvendo a cidadania às pessoas que a perderam e fazendo com que tenham cidadania aquelas que ainda não tiveram. Para mim é como se o senhor fizesse obras faraônicas no Estado de Goiás, porque o mais importante de tudo na vida é o ser humano.’ E o Roberto também toda vida é assim. Gosta de povo. Muitas pessoas vão falar que falo isso porque sou mãe, mas ele sempre gostou dessa convivência com o povo, assim como seu pai e Marconi, que, não digo que é povo, mas é gente como eu, que também gosta do povo.


DM - Já sofreu ou sofre algum questionamento pelo fato de ser pepista e apoiar o candidato de outra coligação?

Dona Garcita - Às vezes as pessoas questionam por que sou de um partido e apoio candidato de outro. Mas acho que na vida a gente tem de observar tudo e ver o que é melhor para nós, para nossa comunidade e para o Estado. Por exemplo: graças a Deus tenho a minha vida, não preciso de cestas básicas nem de subsídios para sobreviver, mas meus irmãos (pessoas humildes em geral) precisam e, na minha opinião, Marconi foi quem fez isso: facilitou quando governador (entre 1998 e 2006) a vida das pessoas mais humildes, sem contudo esquecer das que têm alto poder aquisitivo.


DM - Como é a relação entre Roberto Balestra e Marconi?

Dona Garcita - Ele vota no senador, não pode participar de nada porque a legislação não permite, mas a democracia é isso né? Por exemplo: aqui nós temos o nosso prefeito (Abelardo Vaz, PP), que tem feito um trabalho muito bonito. Ele tem o seu mérito. Também teve sorte porque Roberto trouxe verbas pesadas do governo federal. Mas ele é do nosso partido e apoia Vanderlan. É a democracia. Nem por isso deixa de ser um bom prefeito.


DM - Então é amistoso o relacionamento dos pepistas que apoiam Vanderlan com os que apoiam Marconi?

Dona Garcita - Sim, é. Não tem nada. Se nós não entendermos de democracia, vamos entender de quê? Porque acho que a pessoa que limita na política tem de entender tudo isso (posicionamentos divergentes). Cito minha filha como exemplo (Lúcia Balestra), que foi presidente do PP mulher nacional por nove anos e hoje está no QG de Marconi. Então a gente tem uma linha partidária, mas sabe respeitar as opiniões. Aqui o Roberto infelizmente não pode subir num palanque com o Marconi, mas nós fazemos um trabalho para o outro. Estive ontem em Silvânia, Pires do Rio, Orizona e assim eu tenho ido a muitas cidades, estou descendo e subindo em avião. Nasci em um ambiente político, estou acostumada.


DM - A senhora é udenista?

Dona Garcita - Sou sim e nunca perdi a linha. Nem eu nem minha família. Meu esposo deu um exemplo de democracia e tanto quando ele era prefeito (de Inhumas). Juscelino Kubitschek era do PSD, partido diferente do nosso, e quando foi candidato a senador por Goiás veio aqui e meu esposo o recebeu; ele jantou conosco. Mas foi um descontentamento total dos companheiros de política dele sabe, assim aconteceu com Mauro Borges, que era de outro partido quando meu esposo foi prefeito. O Mauro Borges era do PSD e nós da UDN. Quando ele vinha a Goiânia, ao invés de ficar na casa do político do lado dele, vinha para a nossa casa. Teve uma ocasião, não me recordo a data, em que ele iria conceder uma verba ao meu esposo e um vereador companheiro dele disse que se ele passasse a verba para a cidade administrada por meu marido, ele deixaria de acompanhá-lo, tão ferrenha era a política aqui, mas à época nós demos um jeitinho. Então eu gosto desse contato também, aprendi com a minha mãe que era uma política quase sem escolaridade, mas que foi primeira-dama, e à época ninguém nunca tinha ouvido falar em primeira-dama, mas ela fez um trabalho social maravilhoso aqui. Então graças a Deus, eu, aos 87 anos, tenho saído pelos municípios afora.


DM - Como foi a viagem que fez com a ex-primeira-dama Valéria Perillo, na quarta-feira?

Dona Garcita - Fomos a Pirenópolis, Silvânia, Vianópolis, andamos toda a estrada de ferro, fiz a carreata e o povo de lá, principalmente da zona rural, os fazendeiros, fez uma carreata para ele, idêntica à da Valéria, que tinha pessoas de muitos municípios. Foi muito bonito. Eu gosto e acho que temos de ir. A pessoa fala que vai votar em branco, pelo amor de Deus. Será possível que não tem vontade própria, não sabe o que quer? Tem de querer, tem de saber o que quer. Mas um fato curioso em Orizona é que as mulheres de lá estavam desanimadas com a campanha e eu chamei a atenção delas. Lembrei que somos a maioria, segundo a estatística, e que a nossa obrigação é bem grande no momento da eleição. Porque os filhos chegam perto da mãe e dizem que estão precisando de emprego; pedem ajuda para falar com os políticos; diz que a escola está precisando disso e daquilo: então a mãe é que escuta isto. E nós temos os candidatos bons, então vamos lutar. E a luta não precisa ser necessariamente sair de casa em casa, mas na sua casa vai gente, você mora numa cidade pequena, senta na porta da rua passa uma pessoa, você conversa. Não adianta, daqui em diante é política cedo e à noite. O Roberto, ontem, lá em Orizona, foi convidado por um grupo de alunos para participar da formatura deles num colégio. Disse pra eles que precisam sonhar porque nessa idade ele sonhava com um Brasil melhor, com um Goiás cada vez melhor e uma Inhumas cada vez melhor. Tenho muito esse tipo de sonho, eu não deixo de sonhar não, eu vou em frente.


DM - Qual o candidato da senhora à Presidência da República?

Dona Garcita - José Serra, PSDB. Já li muito sobre ele, converso com as pessoas que o conhecem, o meu filho mesmo tem bastante conhecimento sobre ele. O Marconi também tem muito conhecimento sobre ele e acredito que as propostas dele para o Brasil são as melhores. Também acho que ele tem mais condição. Não estou querendo diminuir os outros, mas eu e minha turma somos todos Serra.


DM - A senhora acredita na vitória do PSDB já no primeiro turno?

Dona Garcita - Acredito muito. Não estou de salto alto não, estou de salto baixo. Mas isso vamos ver quando contar o último voto, quando for 19 horas a gente já está sabendo. Agora, uma coisa que gostaria de ressaltar na caminhada do PSDB é o trabalho de Valéria na campanha. Já dizia o ditado que o homem que tem ao seu lado uma mulher corajosa constrói um jardim no deserto. Esta mulher é Valéria, corajosa. Admiro-a pela sua valentia e admiro Marconi também. Fui à formatura dele, do curso de Direito, e fiquei impressionada como que uma pessoa que já foi governador duas vezes, senador da República e achou que ainda precisava estudar. Olha que beleza! Ele que nos deu a faculdade estadual (refere-se à Universidade Estadual de Goiás - UEG). Então um homem que não tem uma mulher firme ao lado dele tem muita dificuldade. Eu e meu esposo iríamos fazer 63 anos de casados, sempre um ao lado do outro em tudo, nas horas difíceis e nas horas fáceis. Então a Valéria é uma grande primeira-dama. Sou amiga da Raquel (Rodrigues, atual primeira-dama), ela também faz um trabalho bom, mas acho que agora é a vez de Valéria voltar. Não estou desfazendo do doutor Alcides Rodrigues e da dona Raquel, somos amigos particulares, mas eles preferiram não partir para cá, e eu preservo a democracia. Meu filho Roberto sempre defendeu que os companheiros deveriam continuar com aquela coligação que deu vitória ao Tempo Novo. Não foi fácil para nós tirar o governo da mão do PMDB, só quem estava engajado na política sabe, quem vai lá só votar não sabe não. Mas com a democracia, cada um fez sua escolha. Eu desde o começo acompanhei Marconi e Valéria, agora não poderia ser diferente.


Diário da Manhã - Acha Valéria uma exceção por percorrer o Estado em busca de apoio assim como o marido?

Dona Garcita - Acho. Ontem mesmo em Orizona eles lembraram de minha participação na campanha passada e me chamaram para falar porque as esposas dos postulantes a mandato eletivo estavam desanimadas, não queriam participar da política. Disseram que algumas mulheres ficam olhando muito para seus maridos e também que eles ficam muito fora de casa. Então eu disse a elas: ‘Escuta, vida a dois é vida a dois. Por que não vão à luta com eles? Não gostam? Fazem de conta que gostam. Vocês põem eles na bandeja e dão para as outras.’Elas pegam, muitas pegam.’ (Risos). A mãe de um doutor que foi prefeito lá não me esquece por conta dessas palavras que eu disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário