quarta-feira, 27 de maio de 2009

Diário da Manhã

Política e Justiça

Braga responde críticas de deputado

Secretário da Fazenda classifica acusações de Carlos Leréia como levianas e diz que governo tira leite de pedra

27/05/2009

O secretário estadual da Fazenda, Jorcelino Braga, classificou as acusações feitas a ele pelo deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB) como “levianas”. Ele chamou o parlamentar de “menino de recado”. “A pessoa pode falar o que quiser porque ele tem imunidade parlamentar. Nem judicialmente pode ser interpelado. Aí, fica fácil fazer essas acusações”, disse, durante entrevista coletiva ontem em seu gabinete, na sede da Sefaz.
Na manhã de segunda-feira (25), Leréia deu entrevista à Rádio CBN Anhanguera, ao site do PSDB e ao Diário da Manhã. Dentre outras acusações, afirmou que Braga estava a serviço do PMDB e questionou o endividamento do Estado. “Esse governo está fazendo aquilo que é possível fazer. Está tirando leite de pedra. A situação que esse governo encontrou foi de terra arrasada. Agora, estamos buscando soluções sem acusar ninguém. Estávamos ontem (segunda-feira) trabalhando no Rio de Janeiro e quando fomos surpreendidos com fofoca aqui. Com conversas que não tem procedência.”
Estavam no gabinete do secretário da Fazenda no momento da entrevista o presidente da Agência Goiana de Comunicação (Agecom), Marcus Vinícius Faria Felipe, o secretário de Infraestrutura do Estado e presidente do PP, Sérgio Caiado, o secretário extraordinário Roberto Balestra, o proprietário do Instituto Exata, Adilson Katatau, além do diretor do Centro de Reabilitação Henrique Santillo (Crer), Fause Musse.
O deputado Carlos Alberto Leréia insinua que o endividamento da Celg serviu à campanha do então candidato a governador Alcides Rodrigues.
Jorcelino Braga – O deputado é tão mal informado – ou quem mandou ele falar isso é tão mal informado – que o presidente da Celg, nessa época, era o senhor André Lins, homem do grupo de Marconi Perillo, da intimidade de Marconi. Quem pegar o mapa de endividamento da Celg vai saber quando começou o endividamento, tá lá... é só vocês buscarem na Celg. 2004, 2005 e 2006 dá um pique muito grande, porque foi remontando dívidas. Peço uma coisa ao senhores: em vez de falar só com a gente, vão a Brasília. Vai na Eletrobrás, na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), no STN (Secretaria do Tesouro Nacional), vamos ver o que o pessoal fala... o que era a Celg e o que ela é hoje. Vocês precisam ajudar a gente. A pessoa pode falar o que quiser porque ele tem imunidade parlamentar. Nem judicialmente pode ser interpelado. Aí, fica fácil fazer essas acusações...
Quem mandou o deputado dizer isso?
Braga – Tem um grupo do PSDB, existe um grupo de pessoas. Tem que deixar bem claro, não são todos. Tem pessoas do PSDB por quem eu tenho respeito e amizade e que ajudam o governo. Mas há um grupo do PSDB que, desde o início do mandato, trabalha incansavelmente para desestabilizar este governo. E o governo faz o quê? Além de cuidar das dificuldades que tem, trabalhar, mostrar serviço e cuidar dessas fofocas que surgem todo dia, toda hora.
Este grupo a quem o senhor se refere é liderado pelo ex-governador Marconi Perillo?
Braga – Não vou nominar, não vou ser leviano como são. Não vou fazer isso. Estou dizendo que existe um grupo que trabalha incansavelmente para desestabilizar este governo. Agora, o que este governo fez até o momento? Trabalhado. Este governador vai ficar na história. E quando as pessoas falam no caráter desse governador, dói na gente, que está com ele 24 horas por dia. Este governador só faz arrumar tudo que você leva nele, que é para o bem do Estado e tem de ser resolvido. Ele não titubeia. Na hora diz assim: “Resolva!” O que nós estamos fazendo? Resolvendo. Só que os problemas são tão grandes, são enormes, que ainda estamos buscando solução. E tem gente que ainda diz que esse governo é lento. Que esse governo não faz isso, não faz aquilo. Este governo está fazendo aquilo que é possível fazer. Está tirando leite de pedra. A situação que esse governo encontrou foi de terra arrasada. Agora, estamos buscando o quê? Buscando solução, sem acusar ninguém. Estávamos ontem (segunda-feira) trabalhando no Rio de Janeiro e quando fomos surpreendidos com fofoca aqui. Com conversas que não tem procedência.
O deputado acusou o senhor de agir “a serviço do PMDB” e de ser dono de uma produtora de vídeo que possui contrato com prefeituras administradas por peemedebistas.
Braga – Tenho amigos no PMDB, PT, PSB, PCdoB, no DEM, em tudo quanto é lugar. Eu não sou filiado a lugar nenhum. Fui filiado uma vez na minha vida no PFL, do Ronaldo Caiado (deputado federal e líder do DEM na Câmara), que é meu amigo. Fui filiado e não sou mais.
O senhor tem contrato com prefeituras do PMDB?
Braga – As empresas estão lá. Vão lá fiscalizar. Vai no Ministério Público verificar se há contrato ou não. Se as minhas empresas têm contrato com eles, eles não têm nada a ver com isso. A empresa está lá trabalhando. Agora, se eu liberar dinheiro aqui da Fazenda para uma prefeitura dessas, aí tudo bem. Vai lá ver se foi liberado. Vê se tem dinheiro liberado para prefeitura do PMDB. Agora, se fez o serviço ou não, tem que ver. Estou afastado da administração das empresas. Eu, como gestor público, não posso geri-las. Não tenho como fazer isso. Posso ser sócio, mas não posso gerir.
Deputados da base aliada decidiram que a partir de agora vão defender com unhas e dentes o senador Marconi Perillo.
Braga – Olha, esse é assunto político... Eu sou um técnico do governo, procuro cuidar das missões técnicas. De assuntos políticos quem cuida é o presidente do PP, Sérgio Caiado, o Roberto Balestra, que é o articulador político, os deputados estaduais e o governador. Politicamente, eu não decido nada. O que eu procuro é defender o governo das mazelas públicas. Falaram que eu sou agiota, não sei o quê... Eu aprendi a trabalhar no mercado financeiro. Fui bancário por muitos anos da minha vida. Agora, aprendi a segurar o dinheiro para que ele não saia do ralo como saia. O que nós estamos fazendo é segurar despesas. Agora, politicamente eu não vou trabalhar. Se não for pra construir, eu não vou atrapalhar. Estou fazendo o meu serviço. Ok, podem e devem questionar se o que estamos fazendo é o melhor para o Estado ou não. Mas só isso.
Hoje o governo não trata com a discrição de antes o fato de ter herdado um deficit de R$ 100 milhões do governo anterior. Esta impressão é real?
Braga – Esse negócio de duvidar que houve deficit, isso é a maior piada que eu já ouvi na minha vida. Enquanto o Estado apresentava um balanço com R$ 900 milhões de restos a pagar, tinha gente dizendo que no Estado havia superavit. Isso é a maior piada. Os números estão aí. O balanço do Estado está aí. Vai lá no STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e pega o balanço. De quatro em quatro meses, o Controle Interno apresenta na Assembleia o balanço financeiro do Estado. Quem fala disso (que não existia deficit) é porque fala por maldade, ou por falta de conhecimento de causa ou por falta de caráter.
O senhor acionará o deputado na Justiça?
Braga – Eu não quero falar sobre esse indivíduo (Leréia) até porque ele tem imunidade parlamentar. Foi uma coisa bem-feita. Na verdade, ele é menino de recado. Alguém mandou ele falar, ele foi lá e fez o serviço dele.
Esta política de terra arrasada promovida por governos anteriores se resume à Celg ou se estende a outras empresas do Estado, como a Saneago?
Braga – Todas as empresas do Estado tinham problemas. Saneago, Iquego (Indústria Química do Estado de Goiás), Metrobus. O Estado pagou R$ 252 milhões de multa por não-recolhimento de imposto de 2001 a 2005. R$ 252 milhões.
A dívida da Celg veio do governo Marconi?
Braga – Eu não estou afirmando. Eu sempre digo que veio de governos anteriores, até porque se você for na companhia, pedir o mapa de endividamento, você vai ver que, de 2004 a 2006, há um crescimento maior da dívida da companhia. Os números mostram.
O senhor acredita ser possível corrigir todo o prejuízo que o PSDB causou até o final deste mandato?
Braga – Quem fala de PSDB é você. Eu falo de gestões anteriores... Evidentemente que nós avaliamos que, para o Estado de Goiás chegar onde a gente quer, serão precisos pelo menos mais dois mandatos.
Como é sua relação com o senador Marconi Perillo?
Braga – Ela é como sempre foi. Ele pra lá, e eu pra cá.
“As pessoas precisam trabalhar em vez de ficar 24 horas achincalhando”
Secretário Jorcelino Braga rebate acusação de que governo “traiu” o PSDB, antigo aliado.
Braga – Traidor e ingrato é quem deixa as coisas de forma onde as pessoas têm que dar sangue dia e noite para arrumar. E não adianta ir pra jornal dizer: “eu estou sendo traído”, “é ingrato comigo”. Deixando a gente ralar 24 horas por dia pra resolver problemas nossos. As pessoas tinham de ter a decência de dizer como fez as coisas ou porque não fez. Nós, quando deixarmos o governo, teremos a decência de dizer: “Acertamos nisso, erramos naquilo.” Ninguém no mundo é obrigado a acertar ou errar, mas falar a verdade, sim. Todos nós, como cidadãos, temos que cobrar essa posição. Fica fácil dar uma de bonzinho toda hora dizendo que as coisas estão... dizer que são isso, aquilo, que estão sendo feridos, não sei o que, e mandar, por trás, os pistoleiros bater na calada da noite. Isso precisa acabar. Precisa parar com isso. As pessoas precisam aprender a trabalhar em vez de ficar 24 horas por dia achincalhando os outros, xingando os outros. Esse governo não tem esta prática.
“Fizemos 20% ou 30% do que precisava”
Braga – Se você perguntar assim: vocês fizeram tudo o que precisava ser feito? Eu acho que a gente fez 20 ou 30% do que precisava ser feito até pelas dificuldades do Estado. Agora, estamos trabalhando e fazendo um planejamento correto pro futuro. Os rumos da administração independem de quem sentar na cadeira. O sujeito que sentar na cadeira tem que fazer as coisas dentro de um planejamento que seja interessante para o Estado. Não é porque sentou o cara do PMDB, o cara do PT, que tem que mudar as coisas. Se está bom, que continue assim. O problema é que as pessoas não pensam tecnicamente, pensam politicamente. O Estado precisa funcionar independente de política.
Oposição
O senhor acredita que essa política de “terra arrasada”, conforme o senhor próprio disse anteriormente na entrevista, se deu porque acreditava-se na vitória da oposição nessa última eleição. Esperava-se que o PMDB vencesse Alcides?
Braga – Acredito que, na verdade, foi feito um trabalho de administração, e o planejamento não deu certo. Só pode ser isso. Eu só quero... arrumar o que aconteceu. Alguém deve ter planejado de uma forma e não deve ter acontecido.
O senhor teme que esta crise política possa inviabilizar o governo de Alcides Rodrigues?
O governo precisa da Assembleia Legislativa, precisa se viabilizar politicamente, para avançar em questões técnicas.
Braga – Os deputados que eu conheço na Assembleia estão comprometidos com o governo, com o Estado, com as coisas corretas. É logico que ninguém vai deixar de aprovar uma coisa correta. Como é que deixa isso? Aí, não é serviço de deputado, aí é serviço de... Mas deixar uma questão política prejudicar a população, quem é que faz isso? Eu acho um absurdo, mas tudo bem.
Bancada de Marconi pronta para agir

Deputados decidem revidar qualquer ataque ao patrimônio do senador. Parlamentares se reúnem hoje com Alcides
Deputados do PSDB se reuniram ontem à tarde na Assembleia com parlamentares do PR, PTB e DEM que possuem estreita ligação com o senador Marconi Perillo (PSDB) para discutir a melhor estratégia para preservar a sua imagem em meio ao fogo cruzado que vive a base aliada nos últimos dias. Parlamentares presentes relatam sentimento unânime de indignação frente ao desgaste a que o governo expõe o senador, acusando-o até de promover política de “terra arrasada” antes de entregar o governo ao seu sucessor.
A bancada marconista decidiu que fará de tudo para preservar a imagem do senador, mas, antes, quer observar o posicionamento do governador Alcides Rodrigues (PP) frente à crise para saber se o rompimento é fato consumado.
O DM apurou que os deputados ou os líderes governistas serão recebidos hoje por Alcides no Palácio após assinatura de ordem de serviço para obras na Universidade Estadual de Goiás (UEG), marcada para as 10 horas.
O encontro de ontem teria reunido 12 deputados, segundo Daniel Goulart (PSDB). Não participaram Laudeni Lemes (PSDB), que é suplente e que depende de Alcides para continuar com o mandato, Evandro Magal, que, apesar de tucano, é líder do governo, e Helder Valin (PSDB), por ser presidente da Casa. Padre Ferreira e Iso Moreira, ambos do PSDB, Wellington Valim (PTdoB) e Cristóvão Tormim (PTB) também não foram, uma vez que estavam viajando. Mas, por telefone, concordaram com os colegas.
Por volta das 16 horas, Jardel subiu à tribuna e fez discurso de reverência ao senador. O deputado exaltou feitos da administração de Marconi e afirmou que o tucano administrou Goiás sem jamais “lamentar problemas”, sem “reclamar do passado”.
Dois marconistas fizeram aparte ao discurso de Jardel: Nilo Resende (DEM) e Daniel. “Estamos preocupados em preservar a imagem de Marconi, que é o nosso patrimônio político, a principal liderança do Estado. E ficamos imbuídos de mostrar a todos o que Marconi representa. Não queremos briga, mas não vamos permitir que alguém dilapide a imagem do senador”, disse Jardel, após descer da tribuna.
Na opinião do ex-presidente da Casa, o estremecimento nas relações entre PP e PSDB não significa o fim da base aliada. “Divergências acontecem, mas não devemos debater com companheiros, debates são com a oposição. Nosso projeto do Tempo Novo tem de ser maior que qualquer divergência pessoal.”
Nilo pediu a palavra ao ser informado de que a bancada do PMDB seria toda recepcionada pelo governador no Palácio. “Acho estranho, porque não foi esse pessoal que pediu votos para Alcides nas eleições. Foi o PSDB. Até ofensas pessoais o PMDB fazia contra o governador”, disse.
Daniel já defende abertamente que o PSDB assuma “trincheira da oposição”, mas admite que os companheiros pediram a ele cautela. “Não permitiremos que ninguém cometa atentado ao patrimônio construído por Marconi.
Deputados do partido dizem que o PSDB não garantirá mais quórum para votações do governo. O presidente da Casa, Helder Valin (PSDB), esteve no plenário, na abertura da sessão ordinária, mas não comentou o assunto.
Em defesa do governo, Magal criticou a antecipação do debate eleitoral, que, segundo ele, ameaça a “governabilidade” de Alcides. “Cada um responde pelo que fala e assume seus erros. São ataques desnecessários, inconsequentes e exagerados. O governo sempre tratou todos bem.”
“Bombeiros” escalados para falar com Braga
Os deputados Helio de Sousa (DEM), Cláudio Meirelles (PR) e Honor Cruvinel (PSDB) foram “escalados” durante reunião pelos demais parlamentares para conversarem com o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, antes dele dar entrevista coletiva à imprensa sobre as declarações do deputado federal Carlos Alberto Leréia. O objetivo era tentar amenizar a tensão entre governo e deputados da base.
O democrata afirmou que a base está preocupada com as “intrigas” que surgiram esta semana e com os desdobramentos que poderiam acontecer após as declarações do secretário. Segundo Helio, Braga não garantiu nenhum posicionamento e afirmou que os deputados teriam que aguardar suas declarações após entrevista coletiva. Nos bastidores, fala-se que o secretário ainda estaria ofendido com as afirmações de Leréia e que estaria “ciente” de seu pronunciamento.
Apesar do estremecimento, governo aprova matérias
A tensão existente entre a base aliada não impediu que matérias do governo fossem aprovadas em primeira votação, ontem, na Assembleia Legislativa, durante sessão extraordinária. O projeto que trata da mudança na regulamentação do Conselho Deliberativo do Índice de Participação dos Municípios (Coíndice) foi uma das matérias aprovadas. Atualmente, o Coíndice é composto pelo secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, pelo superintendente executivo e superintendente de Gestão da Ação Fiscal da Sefaz.
Com o projeto aprovado, sai o superintendente e entra o chefe da assessoria geral; sai o superintentende de Gestão da Ação Fiscal e entra o superintendente de Administração Tributária. Outros projetos do governo aprovados ontem dizem respeito ao crédito especial de R$ 23 milhões, destinados à Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), e de R$ 140 milhões, ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Também foram aprovados, em segunda votação, os projetos que tratam do Estatuto e Plano de Cargos e Vencimentos do Magistério, em que uma parcela dos quadros de professores será colocada à disposição da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectec). Outro projeto institui, na Sectec, os Centros de Educação Profissional.
PMDB agora é governo na Assembleia

Partido garante a Alcides que “não tem com que se preocupar” e promete votar matérias de interesse do Estado
Deputados peemedebistas se reuniram ontem à noite com o governador Alcides Rodrigues (PP). O conteúdo da conversa, segundo o deputado José Nelto, foi o respaldo que o PMDB dará ao governador a partir de agora na Assembleia Legislativa. Os únicos peemedebistas que não participaram da audiência foram Thiago Peixoto e Wagner Guimarães. A deputada Vanuza Valadares (PSC), de oposição, também compareceu à reunião.
Nelto começou a articular os colegas em prol de Alcides já na noite de segunda-feira (25) – período do dia em que ele ficou sabendo das declaração do deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB), que fez acusações contra o governo Alcides e o secretário estadual da Fazenda, Jorcelino Braga. Nelto, que estava viajando, verificou o aparelho de telefone celular e constatou várias ligações do Palácio Pedro Ludovico.
Já na manhã de ontem, ele propôs reunião da bancada do PMDB com o governador. Comenta-se que até o presidente regional do partido, Adib Elias, estaria envolvido com o encontro. O interlocutor do governo foi o presidente regional do PP e secretário de Infraestrutura, Sérgio Caiado.
Nelto disse que a reunião durou cerca de uma hora e aconteceu no 10º andar do Palácio. Na ocasião, o governador demonstrou que está preocupado com o clima político que se deflagrou no Estado. Ressaltou também que possui relação de cordialidade com o PMDB.
O partido, como contrapartida, garantiu que continuará com a mesma postura e assegurou a Alcides que o governo não deve se preocupar. “Foi o governador quem teve interesse de se reunir com o PMDB e não o partido. Alcides frisou a boa relação que mantém com o PMDB e nós garantimos o respaldo em matérias que são de interesse do Estado.”
Após a reunião, Nelto disse que teve conversa rápida com o líder do governo, deputado Evandro Magal (PSDB), e já na Assembleia se reuniu mais uma vez com a bancada do PMDB. “Na reunião avaliamos que não queremos o caos na administração.”
O encontro causou mal-estar entre os parlamentares da base. O deputado Misael de Oliveira (PDT) disse no plenário que ainda não acreditava que o governo teria solicitado reunião com o PMDB. “O Palácio teria que chamar primeiro os deputados da base, chamar o pessoal dele, que sempre esteve ao lado de Alcides, e não o PMDB.”
Um deputado peemedebista afirmou que a reunião do governador com parlamentares da base não ocorreria, porque já não existe “mais clima”. “O PMDB tem garantido quórum na Casa, tem votado a favor do governo em matérias de interesse do povo. Já não existe mais clima entre a base aliada. O governador solicitou nossa presença, não tem como negar”, apontou.
Romilton Moraes (PMDB) disse acreditar que o PSDB deve adotar posicionamento duro com o governo na Casa e ressaltou que o PMDB não será “cabo de chicote de ninguém”. “Queremos que o Estado funcione adequadamente. PSDB fará agora oposição fratricida. Nós votaremos a favor de matérias que sejam benéficas para a população.”
A reunião que era mantida em segredo foi alvo de críticas de Nilo Resende (DEM), que fez questão de anunciar a audiência quando fazia o uso da palavra no plenário. Principal voz opositora do partido, o deputado Thiago Peixoto considerou como “estranha” a reunião. Hoje, parlamentares da base devem se reunir com o governador pela manhã.
Prefeito
Indagado sobre a crise na base aliada e o novo posicionamento do PMDB na Assembleia, o prefeito Iris Rezende (PMDB), durante visita à Pecuária, disse que não se pronunciaria a respeito.
OS AUSENTES
“Nossa linha será a mesma. Uma oposição consciente”Após o PSDB ter se reunido no início da tarde de ontem com parlamentares da base, foi a vez de a bancada do PMDB se encontrar no gabinete do deputado José Nelto. A reunião durou mais de duas horas e a líder do partido na Casa, deputada Mara Naves, afirmou que dois assuntos imperaram na discussão.
A primeira foi o encontro regional do PMDB, que ocorrerá na próxima sexta-feira, em Goianésia. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) estará presente no encontro. A líder do partido na Assembleia também destacou que a reunião definiu que o PMDB continuará com a mesma postura de “oposição consciente” com o governo.
“Nossa linha continuará a mesma. O PMDB será oposição consciente ao governo, não vamos fazer oposição por oposição. Não temos nada a ver com a briga entre PSDB e PP. Essa é uma briga deles”, enfatizou.
Mara também não descartou que o PMDB passe a garantir de agora em diante a governabilidade na Assembleia junto ao Executivo. “Vamos aguardar os desdobramentos, vamos observar como o PSDB deverá agir, se deve adotar mais independência. O PMDB poderá dar apoio ao governo, dependendo das matérias apresentadas. O que for melhor para a população, nós daremos respaldo”, frisou.
FIO DIRETO
Ivan Mendonça
Na decisão de Alcides, o equilíbrio para base aliada e governabilidade
27/05/2009
Integrada por 26 dos 41 deputados, a base governista na Assembleia Legislativa se encontra hoje rachada exatamente ao meio e diante de um gravíssimo dilema, provocado pela troca de acusações entre o secretário Jorcelino Braga, da Fazenda, e o deputado Carlos Alberto Leréia, do PSDB: assumir a divisão ou manter aparências de um casamento de conveniências, apostando na reconciliação do governador Alcides Rodrigues com o senador Marconi Perillo. Nos bastidores, a avaliação preliminar é que neste jogo não tem vencedores, apenas vencidos.
Principalmente o governo, que pode ser paralisado pelo debate público de seus possíveis erros administrativos. E o que é pior: com reabertura de antigas cicatrizes. No PSDB, também é consenso que as lereias do deputado Carlos Alberto foram mal avaliadas, verdadeiro tiro no pé, sobretudo para o futuro do chamado Tempo Novo, podendo ser transformadas em testamento político em favor do PMDB, beneficiado pela divisão. Ontem à tarde, enquanto xiitas e “chaatos” se penitenciavam em busca de uma saída honrosa para a crise, o secretário da Fazenda voltou à cena política ao responder às declarações do parlamentar tucano. Qual será o próximo passo? Diante do silêncio de Marconi Perillo, a palavra está agora com Alcides Rodrigues, tido e reconhecido como ponto de equilíbrio para a base aliada e para a própria governabilidade.
NOTAS
Marconi na trincheira
Marconi Perillo passou o dia em Brasília, mas antenado com as notícias de Goiânia. Na sexta-feira, ele recebe homenagem em Corumbaíba e confirma presença nas cavalhadas de Jaraguá e Santa Cruz de Goiás, no sábado.
Os 13 escudeiros
No Hotel Crystal, 13 deputados da base governista assumiram pacto de união em caso de Alcides tomar iniciativa de rompimento com Marconi Perillo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário