quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nos jornais - 27 de maio de 2009

O Popular

Política


BASE DIVIDIDA

Braga evita ampliar críticas ao PSDB

Secretário rebate deputado e insiste sobre herança de dificuldades financeiras

Fabiana Pulcineli

A ordem do governo ontem foi esclarecer cada uma das acusações do deputado federal Carlos Alberto Lereia (PSDB), mas sem polemizar com mais denúncias nem muita agressividade. Em entrevista coletiva para responder o tucano, o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, insistiu nos ataques relacionados às dificuldades financeiras herdadas pela atual gestão – disse que a situação era de “terra arrasada” – e atribuiu as declarações do deputado a “um grupo do PSDB que trabalha 24 horas por dia para desestabilizar o governo”.
Antes de conceder a entrevista, em seu gabinete, Braga se reuniu por cerca de meia hora com o governador Alcides Rodrigues (PP). O pepista deu aval para que o secretário respondesse e disse que aguardaria os acontecimentos para se manifestar “no momento oportuno”. Depois do encontro com Alcides, Braga recebeu deputados estaduais e auxiliares do governo que pregaram “uma resposta equilibrada e com bom-senso” para evitar a oficialização do rompimento entre PP e PSDB.
A tese defendida pelo secretário da Fazenda é de que o grupo do PSDB – ele se recusou a citar nomes – tentou comandar o Estado após a posse de Alcides e, diante do insucesso, trabalha para desestabilizar o governo (veja quadro). Lereia é um dos mais fiéis aliados do senador Marconi Perillo (PSDB).
Em entrevista à CBN Goiânia na segunda-feira, o deputado chamou o secretário de “agiota”, acusando-o de ter laranjas em suas empresas e de atuar a serviço do PMDB. Disse ainda que Alcides não tem caráter e traiu Marconi.
Braga respondeu que aprendeu no mercado financeiro a “não jogar dinheiro pelo ralo” e que tem amigos em todos os partidos. Sobre traição, elevou o tom, afirmando que trair é deixar um governo que exige “sangue dia e noite para arrumar”. Disse ainda que “dói” ouvir declarações sobre o caráter de Alcides e criticou acusações feitas por quem tem imunidade parlamentar. “É fácil falar assim.”
Inicialmente, durante a coletiva, Braga afirmou que ninguém tem a ver com os contratos de suas empresas – das quais ele ressaltou estar afastado. Mais tarde, ao POPULAR, disse ter conversado com o filho Danilo, um dos sócios da produtora Kanal Vídeo, e que o proibiu de fechar novos contratos com qualquer órgão público. “Eu pessoalmente sou contra. Não acho legal”, disse. A empresa tem também como sócio Alberto Araújo.
Segundo ele, a produtora fechou apenas um contrato com prefeitura, a de Aparecida de Goiânia, no valor de R$ 54 mil. “Como gestor público, não posso gerir as empresas. Não estou acompanhando o trabalho. Vou lá aos sábados para tocar violão, mas só isso.” O secretário sugeriu ainda que o Ministério Público investigue favorecimento a qualquer prefeitura na Sefaz.
Sobre as dificuldades financeiras, Braga disse que a atual gestão encontrou problemas em todas as estatais, além do déficit de R$ 100 milhões mensais do Estado. Segundo ele, seriam necessários ao menos mais dois mandatos para resolver todos os problemas financeiros do governo.
Ao comentar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), enviada à Assembleia, Braga disse que o Estado não brinca na hora de elaborar o Orçamento e não faz “planejamento pirotécnico”. “O Orçamento de Goiás no passado era considerado o pior pelo governo federal. Hoje é respeitado, é técnico”, afirmou.
No gabinete de Braga, os secretários pepistas Sérgio Caiado (Infraestrutura) e Roberto Balestra (Extraordinária) acompanharam a entrevista, além do presidente da Agência de Comunicação, Marcus Vinicius de Faria Felipe.

Alcides pede respaldo a bancada do PMDB

O governador Alcides Rodrigues (PP) pediu ontem à bancada do PMDB respaldo na Assembleia às ações do governo para se blindar das pressões dos deputados ligados ao senador Marconi Perillo (PSDB). Reunidos por uma hora no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, oitos deputados do PMDB ouviram de Alcides reclamações sobre o clima insustentável dentro da base e o desejo de se aproximarem mais politicamente, visando, sobretudo, assegurar a governabilidade.
“Vamos manter a nossa postura de oposição propositiva, mas estamos dispostos a ajudar nas votações de interesse do governo. Só queremos que o Estado funcione bem”, afirmou após o encontro a líder da bancada, Mara Naves. “Com certeza, após esses últimos episódios, estamos mais próximos politicamente do governador”, enfatizou o deputado José Nelto.
Nem todo o PMDB avalizou a aproximação imediata com o governador. O presidente da legenda, Adib Elias, mostrou contrariedade com a reunião. Achava que ainda era muito cedo para o partido escancarar uma maior proximidade com o Palácio das Esmeraldas.
O prefeito Iris Rezende, no entanto, apoiou a iniciativa. Ele e Alcides têm mantido, em reservado, diálogo frequente nas últimas semanas. A avaliação da bancada peemedebista após a conversa com Alcides é de que o rompimento oficial da base é iminente e a perspectiva é de acirramento dos ataques.
Além dos peemedebistas, Alcides procurou ontem deputados da base menos ligados a Marconi. Age abertamente para garantir um grupo político fiel na Assembleia. Os governistas acreditam que terão também o apoio da bancada do PT.
Membros da base aliada mais próximos ao Palácio das Esmeraldas contam que a estratégia dos marconistas será de travar os trabalhos na Assembleia. “Vão paralisar as votações de interesse do governo, fazer corpo mole, mas sem ir para o confronto direto”, conta um parlamentar próximo a Alcides.
Questionado pela imprensa ontem sobre a crise na base aliada, o prefeito Iris Rezende (PMDB), em visita à 64ª Exposição Agropecuária, frisou sua condição de “apenas um observador” do processo, mas reclamou de críticas que tem sofrido de aliados do governador.
“Mantenho uma relação cordial com eles (governo), mas aí aparece alguns falando que sou eu o inimigo. Não sei o que se passa na cabeça deles”, reclamou. Consultado por José Nelto sobre a reunião que teriam com Alcides, Iris disse que não opinaria e que cabia ao governador se posicionar. O pepista disse aos deputados que não autorizava ninguém a criticar o prefeito. (B.R.L.)
Embate domina discursos de aliados na Assembleia

O embate na base aliada dominou ontem as discussões no plenário da Assembleia Legislativa. A opção pelo discurso mais brando ou explícito que deveria ser adotado pelos aliados do senador Marconi Perillo (PSDB) dependia das declarações do secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, segundo aliados do tucano.
Sem fazer nenhum tipo de ataque ao governador Alcides Rodrigues (PP), Jardel Sebba (PSDB) relembrou a história do senador tucano e teceu elogios à sua administração no governo. “Venho para reverenciar o maior patrimônio que o PSDB tem no Estado, que é Marconi Perillo. Existe anseio para o retorno dele ao governo”, disse. Daniel Goulart (PSDB) também elogiou Marconi. Depois, disse que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, traiu o PSDB ao deixar o partido para integrar o governo Lula.
No embate dentro da base aliada, o PMDB ganhou destaque nos pronunciamentos de ontem. O deputado Nilo Rezende (DEM) insinuou que o PMDB mudaria de posicionamento da Assembleia, deixando de ser oposição para se tornar mais um aliado do governo. A líder do PMDB na Casa, deputada Mara Naves, negou que haja este direcionamento. (Erika Lettry)

Presidente do PP aponta “desespero” no PSDB

Presidente do PP estadual, o secretário de Infraestrutura Sérgio Caiado atribuiu os ataques do PSDB às articulações do PP para lançar candidatura ao governo em 2010. “Me parece ser desespero. Há muita preocupação com o fato de que vamos ter um nome na disputa”, afirmou o pepista.
Sérgio diz que o PP está convencido de que a manifestação do deputado federal Carlos Alberto Lereia (PSDB) não foi isolada. “Temos a mesma opinião do secretário Jorcelino Braga, de que isso foi orquestrado por um grupo do PSDB”, disse, após acompanhar a entrevista de Jorcelino Braga na Sefaz.
Embora tenha criticado a postura de tucanos, Sérgio disse que ficará comedido neste momento. “Não quero agir como o deputado Lereia. É um ano de trabalho e o acirramento não traz benefícios a ninguém. Estou me resguardando porque na hora que eu soltar os cachorros vai ser pior”, afirmou. “Temos sido atacados e provocados o tempo todo, mas vamos nos concentrar em nosso trabalho.”
Sérgio disse que o PP é solidário ao secretário e ao governador e que as declarações de Lereia demonstram que ele não conhece bem Alcides. “Quem o conhece, não fala isso.” (Fabiana Pulcineli)

Giro
Jarbas Rodrigues Jr.
Bancada marconista enaltece senador para mostrar força
A bancada marconista na Assembleia mandou recado para o governo de Alcides Rodrigues (PP): adotará linha de oposição caso continue a desconstrução da imagem do senador Marconi Perillo (PSDB). Na Assembleia, os deputados Jardel Sebba (PSDB), Daniel Goulart (PSDB), Nilo Rezende (DEM) e Misael de Oliveira (PDT) se revezaram em longos discursos de elogios ao senador. De Jardel: “Marconi foi eleito governador aos 35 anos, sem experiência, mas fez duas gestões ousadas, corajosas e com determinação”. De Nilo para Mara Naves, líder do PMDB: “A senhora poderia me dizer quem mudou? O governo Alcides ou o PMDB? Fomos nós que erramos ao apoiar o governo ou vocês que estavam equivocados na oposição?”. De Daniel Goulart: “Henrique Meirelles traiu o PSDB ao participar do governo Lula”. Antes dos discursos, os deputados se reuniram na Assembleia. Detalhe: apenas Luis Cesar Bueno (PT) defendeu o governo. E tudo isso aconteceu momentos antes de iniciar a coletiva de Jorcelino Braga (Sefaz), que prometia ser bombástica. Não foi bem assim.

Entrevista/Jardel Sebba, deputado do PSDB

A bancada marconista vai partir para o ataque contra o governo Alcides?
Nós temos acordo de não permitir que desconstruam a imagem do senador Marconi Perillo. Não só os deputados do PSDB, mas boa parte da base aliada na Assembleia fez compromisso de defender nosso maior patrimônio político no Estado. Cada dia terá um deputado na tribuna da Assembleia para defender a imagem de Marconi.
ARREMATE

Gilvane Felipe: “Alcides não tem expressão”

Presidente do PPS goiano, Gilvane Felipe é mais um marconista a atacar diretamente o governador: “Alcides não tem expressão política e deve sua reeleição ao senador Marconi. O déficit fiscal, se um dia existiu, acabou há um ano e até agora este governo não fez nada além de agir como traidor nos bastidores”. Gilvane esteve segunda-feira à noite em evento do setor turístico com Marconi.


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