segunda-feira, 8 de junho de 2009

Notícias e notas nos jornais

07/06/2009

O Popular


Mudança climática: decisão já!


A profundidade da crise financeira global foi tão grande que tem sido quase imperativo concentrar as atenções em suas consequências. Mas há crises mais sérias e de consequências mais duradouras. Tudo somado, a economia brasileira está se saindo melhor em comparação não só com os países ricos, mas também com os emergentes. O mesmo não se pode dizer sobre a crise prenunciada pelo aquecimento global: ainda são muito tímidas as medidas tomadas para contê-lo, seja no exterior, seja no Brasil.

Fernando Henrique Cardoso

Apesar dos esforços e do trabalho de muita gente na sociedade civil e no governo, ainda não se dá a atenção devida ao tema. José Goldemberg, Washington Novaes e Xico Gaziano, nesta mesma coluna, não se cansam de advertir para a necessidade de o Brasil dispor de uma política ambiental consistente. E na Folha, Marina Silva, da mesma maneira grita, contra os desmatamentos, amazônicos e outros mais; assim como Fabio Feldmann, há anos, incentiva os Fóruns sobre Mudança Climática. Mas nem mesmo a maioria das pessoas atua, no dia-a-dia, de modo consequente com a necessidade de preservar o ambiente para obter melhor qualidade de vida. Colaborar individualmente implica em novos hábitos de comportamento, que requerem muita determinação. A solução mais simples é responsabilizar os governos ou “os outros”. E os governos em matéria ambiental, em geral, se movem lentamente, postergando decisões ou sendo complacentes com interesses contrários ao que proclamam.

Escrevo isso sob o impacto de dois encontros de que participei recentemente. Um, em Marrakesch, no Marrocos, na reunião de um grupo criado por Nelson Mandela, os Elders (os Veteranos em tradução benevolente), composto por pessoas como Jimmy Carter, Kofi Annan, Gro Brutland, Mary Robinson e mais meia dúzia de líderes que deram sua contribuição nacional e ora se ocupam de problemas globais. Este grupo cuida de interferir em áreas de tensão política para criar condições que levem à reconciliação. Mas, os grandes desafios mundiais, como as questões climáticas, não são alheios a suas preocupações e atividades. Com o incentivo de Gro Brutland (que foi coordenadora do informe da ONU sobre Um Futuro Comum, no qual se difundiu a noção de desenvolvimento sustentável) os Elders insistem na urgência de se efetivarem políticas que reduzam o aquecimento global.

Não foi outra a pregação recente de Bill Clinton em sua estada em São Paulo. Com senso de estadista, Clinton proclama que a hora é agora: na reunião que haverá em Copenhague em dezembro próximo deverá ser aprovado um documento que complementará a Convenção do Clima. Espera-se que o novo documento represente uma evolução em relação ao Acordo de Kyoto, que prevê mecanismos para reduzir as emissões de gases de estufa. Estes gases, formam uma película que envolve o Planeta e impede a dispersão do calor gerado pela atividade humana. A anterior posição dos países em desenvolvimento era a de que, sendo dos países desenvolvidos a “responsabilidade histórica” pelo efeito estufa, eles deveriam reduzir as emissões que o ocasionam e que têm como fonte geradora principal a energia produzida por combustíveis fósseis. Tudo isso é certo, mas com o crescimento das economias emergentes, especialmente China, Índia e Brasil, estes países agravam a situação.

O Brasil pode aceitar metas de redução da emissão dos gases de estufa mais facilmente do que a China e a Índia pela simples razão de que nossa matriz energética é mais limpa, utilizando fundamentalmente fonte hidráulica. A contribuição brasileira para o aumento das emissões de gases de estufa (como o CO-2) decorre basicamente da queima das florestas e não primordialmente de emissões originadas pelas indústrias e pelos transportes. Sendo assim, por que o Brasil não assume uma posição mais audaciosa e aceita participar da redução vigorosa de emissões de gases de estufa, posto que dispõe de meios para reduzi-los sem comprometer seu crescimento econômico? O tema é de vontade política. Se assumisse esta postura o Brasil talvez levasse a China e a Índia a o acompanharem. Os EUA até hoje, a despeito das boas disposições de Obama, relutam em assumir metas de redução. Com uma posição brasileira mais radical na questão e, sobretudo, se China e Índia nos acompanhassem, teríamos cacife para, junto com a Europa, forçar os EUA a assumir compromissos maiores.

Deveríamos adotar a posição aparentemente radical, mas salvadora, da meta de desmatamento zero, pois não se trata apenas de queimar menos árvores, mas de derrubá-las menos, dado o efeito positivo que as florestas exercem sobre o clima. Para que esta meta não venha a ser considerada instrumento contrário ao desenvolvimento econômico, o governo deveria fixar um zoneamento agro- pastoril transparente. Temos abundância de terras aráveis e de pastoreio cujo uso é suficiente para o plantio da cana e da soja e para a criação de gado sem ameaçar a Amazônia, o Pantanal ou os demais biomas.

Colocar a questão em termos de oposição entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental é mera cortina de fumaça, seja para continuar a desmatar sem cautela, seja para travar uma luta “pseudoprogressista” contra a agricultura. Por outro lado, é um despropósito proclamar que o plantio da soja ou da cana necessariamente se dá em prejuízo da alimentação humana e do meio ambiente. O plantio da cana para produzir etanol, respeitado o zoneamento ecológico, permite substituir petróleo e, portanto, reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O importante é não desmatar onde não se deve e cultivar a terra de modo adequado.

O certo é que não haverá desenvolvimento algum no futuro se continuarmos a agir predatoriamente, pois o aquecimento global se encarregará de transformar áreas chuvosas em desertos e fará inundações onde antes isso nunca ocorreu. A hora das decisões é agora, em Copenhague.

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, é ex-presidente da República

O Popular

Marconi: “Goiás sabe que deixei as contas em dia”

Em evento no interior, senador tucano defende finanças de sua gestão e diz que atritos entre PSDB e PP se restringem a “um deputado e um secretário”.

Fabiana Pulcineli

O senador Marconi Perillo (PSDB), que se mantinha em silêncio sobre a crise na base governista, defendeu ontem as finanças de sua gestão (1999-2006) e buscou afastar do PSDB a responsabilidade pelos atritos com o PP. “Goiás inteiro sabe que fui o primeiro governador a deixar o cargo com a folha do funcionalismo, as obrigações com o Tesouro Nacional e os programas sociais rigorosamente em dia”, afirmou em entrevista durante visita a São Luís de Montes Belos (a 135 quilômetros de Goiânia).

Marconi disse que o PSDB não tem interesse no “quanto pior, melhor” e que o partido apoia o atual governo. “Quando apoiamos o governador Alcides (Rodrigues, PP), que já tinha sido meu vice duas vezes, o fizemos pensando que ele pudesse continuar o esforço e o trabalho que tivemos ao longo de quase oito anos, superando as dificuldades e buscando, com criatividade, atender as demandas do povo.”

Questionado sobre o relação com o governador, o senador disse que “está como sempre esteve”. “O PSDB e os aliados nunca deixaram de apoiar um só projeto do governo que fosse em benefício da sociedade. Somos um partido responsável, temos compromisso com a governabilidade, mas, acima de tudo, temos compromisso com os goianos”, afirmou, para completar: “Nossa marca é do trabalho, da disposição para a luta, do diálogo, da modernidade”.

O senador disse que acompanhou “à distância” os ataques do deputado federal Carlos Alberto Lereia (PSDB) ao governo e as reações. Segundo ele, a discussão envolve “um deputado e um secretário” (da Fazenda, Jorcelino Braga) e que a questão deve ficar restrita aos dois. “Da minha parte, sempre tenho feito de tudo para apoiar e colaborar”, afirmou. No dia 25 de maio, em entrevista à CBN Goiânia, Lereia fez denúncias, chamou Braga de agiota e disse que o governador não tem caráter.

O senador recebeu homenagem do Sindicato Rural do município, em evento no Parque de Exposições Agropecuárias. Lereia acompanhou o senador, além dos deputados estaduais Nilo Resende (DEM) e Tiãozinho Costa (PT do B). Segundo a assessoria do senador, oito prefeitos prestigiaram o evento.

Em discurso, Nilo disse que o Estado quer o retorno do senador ao governo. “Por mais que eu respeite o governo atual, vejo que Goiás está com muita saudade do Marconi. Esta é que é a verdade”, disse o democrata, para completar que “o povo de Goiás não trai Marconi”. Lereia também elogiou as gestões do senador e disse ser “natural” o desejo pelo retorno do tucano ao cargo.

Marconi disse que tem sido homenageado em visitas a cinco cidades por semana. “Recebo isso como um estímulo, um chamado para que o trabalho continue”, afirmou. “A cada dia me convenço mais de que vale a pena plantar, trabalhar, se esforçar para fazer o bem”, disse o tucano.

Na sexta-feira, o senador esteve em Jussara, onde recebeu título de cidadão, e Valparaíso, no aniversário da cidade. Ontem foi a Pirenópolis, além de São Luís.

O Popular

Giro - Jarbas Rodrigues Jr.

PSDB antecipará campanha pró-Marconi para governador
O PSDB goiano pretende antecipar para agosto o ritmo de campanha eleitoral para a sucessão de 2010. O objetivo é manter a unidade da base aliada nos municípios, numa tentativa de evitar que as cúpulas do PP e do DEM, principalmente, possam avançar no projeto de formar uma chapa ao governo de Goiás independente do PSDB. Uma das estratégias é aumentar ainda mais a presença do senador Marconi Perillo (PSDB) no interior, como já vem sendo feito há dois meses, com entrega de títulos de cidadão e outras homenagens ao tucano pré-candidato a governador. “Vamos intensificar, depois de julho, para mostrar que a base aliada quer Marconi candidato único para enfrentar Iris Rezende (PMDB)”, diz um deputado tucano. O PSDB está preocupado com a imagem do senador por conta dos recentes conflitos com o governo de Alcides Rodrigues (PP) e vê como fator de grande risco crescimento de uma candidatura de Iris para 2010. Outro risco para os tucanos é o racha na base, com efeitos negativos à estrutura e ao tempo no horário político para a campanha do PSDB.

Difícil missãoO PSDB quer antecipar a campanha de 2010, mas sem causar atritos com a cúpula alcidista. Ou seja: mostrar à base no interior que Marconi Perillo trabalha pela unidade.
Pílulas polêmicas
As novas inserções do PSDB no horário político causam o frisson do momento. Defendem um “novo tempo novo” (nova base aliada?) e que Goiás quer mais (Marconi).

2010 é agora
As pílulas tucanas têm um único objetivo: antecipar a campanha pró-Marconi. O senador teve direito até a mosaico de fotos.

Diário da Manhã

Marconi rompe silêncio e fala sobre crise
Senador afirma que PSDB não torce pelo quanto pior, melhor: “Queremos que Alcides realize um bom governo”
07/06/2009


Walter Alves

Senador Marconi Perillo (PSDB) sorri ao receber homenagem do prefeito de São Luís de Montes Belos, Sandoval da Mata, ontemO senador Marconi Perillo rompeu ontem, em São Luís de Montes Belos, o silêncio em relação aos últimos acontecimentos na base aliada. Marconi disse que o PSDB não quer o “quanto pior, melhor” e que o partido torce para que o governador “acerte, cumpra os compromissos, realize um bom governo, porque isso é bom para a sociedade”. “Quando apoiamos o governador Alcides, que já tinha sido meu vice duas vezes, o fizemos pensando que ele pudesse continuar o esforço e o trabalho que tivemos ao longo de quase oito anos”, assinalou.

Ao comentar o relacionamento com o governador, Marconi disse que “está sempre onde esteve”, visto que o PSDB apoiou o pepista na campanha e vai continuar apoiando o governo. Disse que, de sua parte, tem feito tudo para apoiar, para colaborar com o governo, como senador da República. Segundo Marconi, o PSDB e os aliados nunca deixaram de apoiar sequer um projeto do governo que fosse em benefício da sociedade.

“Somos um partido responsável, temos compromissos com a governabilidade, mas, acima de tudo, temos compromissos com os goianos”, ponderou. Marconi afirma que, politicamente falando, o PMDB é o adversário tradicional da base, muito embora tenha trabalhado sempre pensando na unidade dos goianos, em cima de grandes propósitos.

Durante entrevista, ao falar das finanças do Estado, um dos motivos das brigas entre alcidistas e marconistas, o senador falou que “Goiás inteiro sabe” que ele foi o primeiro governador a deixar o cargo com a folha de pagamento, as obrigações com o Tesouro Nacional, o décimo-terceiro proporcional e os programas sociais “rigorosamente em dia”.

Perguntado a respeito do episódio envolvendo o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB) e o secretário Jorcelino Braga, de Fazenda, Marconi disse que acompanhou a distância, mas que, pelo que viu, foi uma discussão que envolveu um secretário e um deputado federal, “e isso fica restrito aos dois”.

Marconi comentou ainda que tem pregado a unidade de todos os goianos para superação da grave crise financeira pela qual o País passa e para dar condições a que os prefeitos realizem grandes administrações, que possam beneficiar o povo e melhorar a vida de toda a sociedade.

São Luís

O tucano foi homenageado ontem pelo Sindicato Rural de São Luís de Montes Belos em evento no Parque de Exposições Agropecuárias. Na comitiva de Marconi estavam os deputados Leréia (PSDB), Nilo Resende (DEM) e Tiãozinho Costa (PTdoB). O prefeito Sandoval da Mata (PRTB) recepcionou Marconi no aeroporto da vizinha Sanclerlândia. De lá seguiram para o Parque de Exposições, onde aproximadamente 300 produtores rurais aguardavam o senador. Entre os presentes estavam os prefeitos de Edeia, São João da Paraúna, Firminópolis, Cezarina, Cachoeira de Goiás, Turvânia, Moiporá, Amorinópolis, ex-prefeitos e vereadores de vários municípios da região. O empresário Zé Garrote, de Itaberaí, proprietário da Superfrango, também se juntou à comitiva que recepcionou Marconi.

O discurso mais enfático coube ao deputado Nilo: “Por mais que eu respeite o governo atual, vejo que Goiás está com muita saudade do Marconi, essa é que é a verdade”, sublinhou Nilo. Segundo ele, “o povo de Goiás não trai Marconi”. Leréia enfatizou a “ligação umbilical” de Marconi com o municipalismo e que o senador escreveu “história muito bonita” na administração de Goiás, e, por isso, é natural que os companheiros queiram novamente entregar o futuro de Goiás para o senador.

Apoio ao agronegócio

Durante discurso em São Luís de Montes Belos, o senador Marconi Perillo elogiou a atuação do Sindicato Rural de São Luís, destacando o trabalho do presidente da entidade, Hélio Ferreira, do prefeito Sandoval da Mata e do vice-prefeito, Padre Joaquim (PT). O tucano fez referência à força do agronegócio e destacou que o Brasil vai produzir este ano uma safra de 200 milhões de toneladas, o que revela a força do setor. Lembrou que, quando governador, posicionou-se a favor da luta dos produtores, que no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso fizeram um caminhonaço em direção a Brasília.

“Eu sempre ajudei o agronegócio não no discurso, mas na prática”, assinalou o tucano, para quem “o líder que é líder não se acovarda na defesa dos interesses da sociedade”. Na época, disse Marconi, muitos o chamavam de louco por bater de frente com o governo do presidente FHC, um dos principais líderes do PSDB.

1,5 mil lideranças prestigiam entrega de título de cidadão

Em sua passagem por Jussara, sexta-feira (5) à noite, o senador Marconi Perillo (PSDB) foi homenageado com título de cidadania pela Câmara de Vereadores. O plenário ficou lotado de populares que prestigiaram a entrega do título ao líder tucano. A homenagem foi aprovada por unanimidade pelos vereadores e articulada também pelo prefeito Paulo Carvalhaes (PR). Os organizadores estimaram em 1,5 mil pessoas o público presente.

Entre os convidados estavam os prefeitos de Fazenda Nova, Santa Fé, Novo Brasil, Montes Claros e Jaupaci, e até um prefeito de um partido de oposição ao PSDB, Pedro Vicente (PMDB). Também, dezenas de vereadores e pelo menos dez ex-prefeitos.

Na comitiva de Marconi estavam os deputados federais Roberto Balestra (PP) e Leonardo Vilela (PSDB) e os estaduais Hélder Valin, presidente da Assembleia Legislativa, Cláudio Meirelles (PR), e Daniel Goulart (PSDB), que representa o município na Assembleia Legislativa. Entre os presentes também estava o ex-presidente da AGM Joaquim de Castro, prefeito de Jussara por dois mandatos consecutivos.

Ao discursar, Marconi falou de suas ligações com Jussara, terra que, segundo ele, historicamente tem oferecido a Goiás grandes administradores, como o prefeito Paulo Carvalhaes e Joaquim de Castro.
Valparaíso

Depois da solenidade, o senador foi de avião para Valparaíso, no Entorno de Brasília, a tempo de participar das festividades de aniversário da cidade. Ontem, Marconi recebeu homenagem em São Luís de Montes Belos e ainda foi a Pirenópolis para cumprimentar o aniversariante Olímpio Jaime, primo de sua mulher, Valéria Perillo.

É a primeira vez que Marconi recebe homenagem em Goiás na condição de presidente em exercício do Senado. É que o presidente José Sarney (PMDB) dedica-se à recuperação da filha, Roseana Sarney, governadora do Maranhão, que passou por cirurgia para correção de aneurisma cerebral.


Diário da Manhã

Fio Direto - Ivan Mendonça

Candidatura de Marconi ao governo é irreversível, afirma Leonardo Vilela
07/06/2009
Presidente regional do PSDB, o deputado Leonardo Vilela confirma a candidatura de Marconi Perillo ao governo, independente da decisão do PP em lançar candidato ao governo em 2010, conforme prometeu Sérgio Caiado. “Essa decisão é irreversível e já corre de boca em boca na base aliada”, acrescenta ele, antecipando coligação com o PTB de Jovair Arantes e o PPS de Gilvane Felipe: “A expectativa é de aliança também com o DEM, já acertada nacionalmente, e que deverá ser repetida nos Estados.” Leonardo reconhece dificuldades entre Marconi e Alcides Rodrigues, a partir do affair Jorcelino Braga x Carlos Leréia, mas lembra que em política nada é impossível. “O DEM esteve afastado da base e tudo caminha agora para que Demóstenes Torres dispute novamente o Senado na chapa de Marconi Perillo”, diz ele, imaginando reação das bases pela unidade. “Respeitamos a força política do governo, mas será muito difícil arrancar as raízes da base aliada no interior.” Sobre a candidatura de Henrique Meirelles, com apoio de Alcides, Leonardo mostra pessimismo com a terceira via: “A votação de Barbosa Neto em 2006, respaldado pelo PT e presidente Lula, não chegou a 180 mil votos, enquanto Demóstenes Torres recebeu 85 mil votos. Em miúdos, a bipolarização sempre prevaleceu em Goiás e vai dar com os burros n’água quem apostar em projetos alternativos.”

Diário da Manhã

Poteiro, o “Mestre das Cores”
07/06/2009

Nasr Fayad Chaul

Cirandas, cavalhadas, girassóis, procissões, carnaval, futebol, bichos e gentes navegam entre passagens da Bíblia e crianças voando livres... Em tudo, a imensidão das cores capaz de causar espanto e emoção ao mesmo tempo. Você acha simples e único, difícil de ver igual. Você se sente inundado de tons fortes sobre fortes tons. Você está diante de uma tela de Antônio Poteiro, o mestre de todas as cores. As passagens por sobre a história de Goiás são de livre interpretação do artista. Tornam-se um imenso mosaico de luz para os olhos na sensibilidade das sensações. Não se pode definir ao certo uma tela de Poteiro, pois as palavras não encontram uma exata definição.

Poteiro veio lá do Minho, de Santa Cristina, Província de Braga, Norte de Portugal, onde veio à luz em 1925. A região é bonita e plena de religiosidade. Quem observa uma foto mais geral da região do Minho pode ver um ajuntamento de casas coloridas que, na imaginação, se forem trocadas por figuras humanas, bichos e passagens bíblicas, resulta numa tela de Poteiro. Do Minho veio pra Goiás, perambulou por cidades e campos, arranchou em Goiânia nos anos 1950 e virou fazedor de potes surreais carregados de imagens sacras ao seu livre estilo. Daí, o Antônio Baptista de Souza, o oleiro, virou o Antônio Poteiro. O passo seguinte para as artes plásticas seria questão de tempo e incentivo.

Desde muito foi estimulado por Siron e Cléber, dois gênios das Artes Plásticas, a desenvolver seu talento também como pintor. Desde sempre teve a presença amiga de Gravatá, que, naquela sagrada cobertura da Barão da Torre em Ipanema, guarda os primeiros quadros do mestre, que ele chama carinhosamente de o “Velho”. As primeiras telas das quais ele tanto se orgulha dividem espaço com inúmeros Sirons do começo da carreira num painel de causar inveja aos simples mortais e encanto aos que podem contemplar. Sonho um dia em ver o Museu Gravatá de Obra e Beleza.

Pintando, Poteiro tornou-se único, o que na linguagem dos estudiosos significa ser primitivista, aquele que tem a si mesmo como referência, o que possui suas próprias características e se mira no próprio espelho, um narciso sem ser narciso. Poteiro é assim, autodidata, livre, sem seguir regras ou tradições, sem se preocupar com escolas, escalas ou críticos. Representa seu próprio universo mental e cultural, sua forma de ver o mundo, traduzindo sempre em denúncias as ações do homem contra a natureza, em amor e beleza em forma de arte numa profusão de cores.

Sempre o admirei em profundo silêncio e no III Fica escolhemos uma de suas obras para ilustrar o festival. Pude acompanhá-lo à cidade de Goiás para sessões de fotos e materiais de divulgação. Foram momentos de singeleza e sensibilidade, únicos na vida de um grande admirador. Brincava com ele numa paródia do cartunista Jorge Braga em que Jorge imitava a poeta Cora Coralina namorando Poteiro no pé da Serra Dourada, causando crises de ciúmes em Bartolomeu Bueno. Morríamos de rir e era o máximo ver sua barriga balançando de alegria com tanta bobagem, adorando a brincadeira surrealista e carinhosa, uma criança na totalidade. Todas as vezes que nos encontramos, tenho que repetir o texto, imitando a voz de Cora chamando Poteiro....

Seus oitenta anos foram devidamente comemorados entre festas e homenagens. O então governador Marconi Perillo dedicou-lhe um jantar no Palácio das Esmeraldas, somando seu carinho e admiração a tantos outros amigos. Recebeu comendas e medalhas e, recentemente, o deputado Thiago Peixoto entregou-lhe a Comenda Pedro Ludovico Teixeira, numa noite de justas causas e muitas ausências. Mas ainda é muito pouco pelo tanto que Goiás lhe deve, pela dimensão de sua obra, pela projeção que dá ao Estado, aqui e no exterior. Muito ainda deve ser feito pra elevar seu nome ao lugar que merece. Afinal, Poteiro desde os tempos imemoriais da exploração aurífera, das bandeiras com suas cobiças e matanças indígenas, foi, sem dúvida, o melhor presente que Goiás recebeu das terras d’além-mar. Obrigado, Portugal, pelo “Mestre das Cores”.

Nasr Fayad Chaul é ex-presidente da Agepel, professor titular da Faculdade de História da UFG, doutor pela USP e compositor

Folha de Notícias

Discussão sobre metas f iscais reabre polêmica entre PP e PSDB Apesar do esforço de bombeiros da base governista em amenizar a crise entre PP e PSDB, a discussão sobre o cumprimento de metas fiscais do Estado provocou mais polêmica ontem. Pela manhã, em evento na Iquego, o governador Alcides Rodrigues (PP) disse que “a matemática não mente” e adiantou que a Secretaria da Fazenda (Sefaz) se manifestaria a respeito do relatório da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) apresentado por tucanos sobre a gestão de Marconi Perillo (1999-2006), hoje senador. À tarde, técnicos da Sefaz contestaram o relatório, afirmando que os dados são parciais e omitem detalhes sobre o não-cumprimento de metas e consequentes punições ao Estado nos anos de 2001, 2002 e 2004. Segundo os auxiliares da pasta, o Estado foi penalizado com o pagamento de R$ 35,71 milhões a mais na dívida porque não alcançou as metas estabelecidas. O documento dos tucanos, assinado pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Agustinho Filho, foi apresentado pelo deputado federal Carlos Alberto Lereia e lido na Assembleia Legislaiva pelo deputado Daniel Goulart. O relatório da evolução fiscal diz que o resultado primário do Estado (cálculo da receita da administração direta menos as despesas) cresceu de R$ 29 milhões para R$ 751 milhões. Afirma ainda que a relação dívida/receita caiu de 3,13% em 2000 para 1,82% em 2006.

(Fonte: Rádio Paranaíba)

Jornal Opção

Editorial
Lu­la quer man­ter po­der na Cor­te e dei­xar pro­vín­cias pa­ra o PMDB
Mais pre­o­cu­pa­do em ele­ger Dil­ma Rous­seff, o pre­si­den­te pe­tis­ta pre­pa­ra um gran­de pac­to com o PMDB, que am­pli­a­ria seus es­pa­ços nas pa­ró­quias es­ta­du­ais.

O pre­si­den­te Lu­la da Sil­va de­fi­niu os três pro­je­tos do PT pa­ra 2010. A pri­o­ri­da­de nú­me­ro um é a can­di­da­tu­ra de Dil­ma Rous­seff a pre­si­den­te. A pri­o­ri­da­de nú­me­ro dois é, pa­ra o ca­so de a mi­nis­tra ser elei­ta, a cons­tru­ção da go­ver­na­bi­li­da­de, quer di­zer, a for­ma­ta­ção de uma mai­o­ria con­fi­á­vel no Se­na­do. A ter­cei­ra pri­o­ri­da­de — ou se­ja, a úl­ti­ma — é a elei­ção de go­ver­na­do­res.

A ali­a­dos, so­bre­tu­do a pe­e­me­de­bis­tas, Lu­la em con­fi­den­cia­do que o cres­ci­men­to rá­pi­do de Dil­ma nas pes­qui­sas o tem sur­pre­en­di­do. Os mar­que­tei­ros pa­la­cia­nos ava­li­am que o cres­ci­men­to tem a ver com a po­pu­la­ri­da­de do pre­si­den­te, que, mes­mo na cri­se, tem si­do am­pli­a­da. Lu­la es­tá “pu­xan­do” a mi­nis­tra, di­zem os nú­me­ros. Nu­ma das pes­qui­sas re­cen­tes, no le­van­ta­men­to es­pon­tâ­neo, a pe­tis­ta apa­re­ce tec­ni­ca­men­te em­pa­ta­da com o tu­ca­no Jo­sé Ser­ra. Pre­o­cu­pa­do com o cres­ci­men­to de Dil­ma, o go­ver­na­dor pau­lis­ta apro­xi­mou-se do go­ver­na­dor de Mi­nas Ge­ra­is, Aé­cio Ne­ves, com a in­ten­ção de re­e­di­tar a ve­tus­ta po­lí­ti­ca do ca­fé-com-lei­te, a que ge­rou a Re­vo­lu­ção de 1930.

Nas con­ver­sas pa­la­cia­nas, Lu­la su­ge­re que é pos­sí­vel pas­sar Ser­ra, en­tre de­zem­bro de 2009 e abril de 2010, an­tes mes­mo de a cam­pa­nha co­me­çar. O pe­tis­ta-che­fe sa­be, po­rém, que sua for­ça de pre­si­den­te-cha­pa (aque­le que car­re­ga) tem li­mi­te e que é fun­da­men­tal sus­ten­tar Dil­ma nos Es­ta­dos. Nou­tras pa­la­vras, é fun­da­men­tal apo­i­ar a cam­pa­nha de Dil­ma nas es­tru­tu­ras de al­guns par­ti­dos ali­a­dos, no­ta­da­men­te o PMDB. Es­te par­ti­do, en­ten­deu Lu­la, se­rá o fi­el da ba­lan­ça em 2010. O pre­si­den­te tem da­do mos­tras de que fa­rá o pos­sí­vel e, mes­mo, o im­pos­sí­vel pa­ra agra­dá-lo. O or­ça­men­to fi­nan­cei­ro do PMDB no go­ver­no Lu­la equi­va­le ao or­ça­men­to da Ar­gen­ti­na. O PMDB “pre­si­de” uma Ar­gen­ti­na den­tro do Bra­sil.

O pre­si­den­te per­ce­be que o PMDB, sa­ben­do-se de­ci­si­vo, quer mais. Mui­to mais. En­quan­to Lu­la quer man­ter a Pre­si­dên­cia da Re­pú­bli­ca, pa­ra ele pró­prio ou pa­ra Dil­ma, o PMDB quer man­ter e am­pli­ar as es­tru­tu­ras es­ta­du­ais. Por en­quan­to, o as­sun­to é tra­ta­do mui­to mais nos ga­bi­ne­tes, en­tre as­tu­tos pe­tis­tas e as­tu­tís­si­mos pe­e­me­de­bis­tas. No fun­do, es­tão de acor­do: o PT fi­ca com o po­der cen­tral e o PMDB am­plia seus na­cos de po­der nas pro­vín­cias.

Au­xi­li­a­res de proa de Lu­la têm di­to a pe­tis­tas go­i­a­nos, den­tro do Pa­lá­cio do Pla­nal­to, que o pre­si­den­te não es­tá mui­to in­te­res­sa­do em ele­ger go­ver­na­do­res. Es­tá mui­to mais pre­o­cu­pa­do em ele­ger Dil­ma, pa­ra pre­si­den­te, e uma for­te ban­ca­da de se­na­do­res. Por­que en­ten­deu, an­te a re­bel­dia da ban­ca­da atu­al, que o Se­na­do com­pli­ca a vi­da do go­ver­no fe­de­ral, co­mo no ca­so da CPMF e da CPI da Pe­tro­brás. Lu­la tem jo­go de cin­tu­ra e ar­ti­cu­la com ra­ra ha­bi­li­da­de. Ima­gi­ne Dil­ma, pre­si­den­te e sem jo­go de cin­tu­ra, ne­go­ci­an­do com se­na­do­res ex­pe­ri­men­ta­dos. Mui­tos não ima­gi­nam, mas Lu­la é uma ra­po­sa po­lí­ti­ca, pro­fun­da­men­te in­tui­ti­va. Lu­la é um Ma­qui­a­vel que, em­bo­ra não te­nha es­tu­da­do, tem mais sor­te e, na prá­ti­ca, ca­pa­ci­da­de de ar­ti­cu­la­ção. En­ten­deu que, na po­lí­ti­ca, a au­sên­cia de prin­cí­pios ele­va­dos é a lei que fun­cio­na. É ju­ris­pru­dên­cia. Por is­so, no seu go­ver­no, não se pre­o­cu­pou em aper­fei­ço­ar de­ter­mi­na­dos me­ca­nis­mos de cor­re­ção po­lí­ti­co-ad­mi­nis­tra­ti­va (o pe­tis­ta, por cer­to, não fa­ria a Lei de Res­pon­sa­bi­li­da­de Fis­cal).

Ve­ja­mos, a se­guir, al­guns exem­plos que de­vem tor­nar a ex­po­si­ção mais di­dá­ti­ca. O mi­nis­tro da Jus­ti­ça, o pe­tis­ta Tar­so Gen­ro, é fa­vo­ri­to pa­ra o go­ver­no do Rio Gran­de do Sul. Mes­mo as­sim, es­tá sen­do con­ven­ci­do por Lu­la a dis­pu­tar uma va­ga no Se­na­do e a fa­zer uma ali­an­ça com o PMDB do ex-go­ver­na­dor Ger­ma­no Ri­got­to e do pre­fei­to de Por­to Ale­gre, Jo­sé Fo­ga­ça. Jun­tos, PT e PMDB, ve­lhos e re­nhi­dos ad­ver­sá­rios, te­ri­am con­di­ções de der­ro­tar a al­que­bra­da go­ver­na­do­ra tu­ca­na Yê­da Cru­si­us. A ex­po­si­ção da ar­ti­cu­la­ção de Lu­la não sig­ni­fi­ca que o PMDB ga­ú­cho es­tá em su­as mãos. Te­o­ri­ca­men­te, es­tá pró­xi­mo do tu­ca­no Ser­ra.

Na Ba­hia, o go­ver­na­dor pe­tis­ta Ja­ques Wag­ner é can­di­da­to na­tu­ral à re­e­lei­ção. Não faz uma ges­tão re­no­va­do­ra, mas, com o apoio do go­ver­no de Lu­la, tem o que apre­sen­tar ao elei­to­ra­do. Mes­mo as­sim, o pre­si­den­te co­gi­ta re­ti­rar Wag­ner do pá­reo pa­ra im­ple­men­tar um acor­do com o mi­nis­tro Ged­del Vi­ei­ra. Não se­rá fá­cil, por­que Wag­ner e seus ali­a­dos que­rem con­ti­nu­ar no po­der, com o ar­gu­men­to de que só é for­te na Cor­te quem é for­te na Pro­vín­cia, no que são re­ba­ti­dos por Lu­la, que pro­va que, com a Pre­si­dên­cia, a Cor­te po­de mui­to bem con­tro­lar as pro­vín­cias, que es­tão sem­pre de pi­res nas mãos (ve­ja o ca­so de Go­i­ás com a Celg). O PT, com is­so, se tor­na­ria um par­ti­do ex­clu­si­va­men­te da Cor­te, com pre­si­den­te e se­na­do­res, e dei­xa­ria as pro­vín­cias pa­ra os ali­a­dos, co­mo Ged­del Vi­ei­ra, Jo­sé Fo­ga­ça, Iris Re­zen­de e Jo­sé Sar­ney.

Lu­la quer ga­nhar so­bre­tu­do a Pre­si­dên­cia, pa­ra so­li­di­fi­car o po­der pes­so­al e o PT, com o ob­je­ti­vo de pre­pa­rar o re­tor­no, em 2014, nos bra­ços do po­vo. Não só. Lu­la quer le­var jun­to o Se­na­do. Ser­ra cer­ta­men­te per­ce­be o jo­go, não es­tá iner­te e nem é inep­to, mas não jo­ga tão bem quan­to Lu­la. Fal­ta-lhe a sim­pa­tia do pe­tis­ta-che­fe, mas a au­sên­cia de prin­cí­pios é se­me­lhan­te — tan­to que, se Lu­la tem os pe­e­me­de­bis­tas Jo­sé Sar­ney e Re­nan Ca­lhei­ros, Ser­ra co­mun­ga com o pe­e­me­de­bis­ta Ores­tes Quér­cia. Na po­lí­ti­ca, Lu­la e Ser­ra en­ten­de­ram, quem es­co­lhe co­mo ali­a­dos ape­nas os bons aca­ba per­den­do o po­der pa­ra os maus. Maus no sen­ti­do de re­a­lis­mo ab­so­lu­to, o da re­al­po­li­tik de Sar­ney, que, acu­sa­do de fi­car com a ver­ba de au­xí­lio-mo­ra­dia, ci­ni­ca­men­te dis­se que não sa­bia de na­da. Maus no sen­ti­do de não ter li­mi­tes. Por­que quem tem li­mi­tes, co­mo Hen­ri­que San­til­lo e Al­ci­des Ro­dri­gues, não fi­cam mui­to tem­po no po­der. O bur­ro in­te­li­gen­te é aque­le que, ape­sar de in­te­li­gen­te de fa­to, su­bes­ti­ma os ad­ver­sá­rios e pen­sa e age co­mo se to­dos fos­sem bur­ros. Fer­nan­do Col­lor, o tí­pi­co bur­ro in­te­li­gen­te, ava­liou, er­ra­do, que o pre­si­den­te, nu­ma de­mo­cra­cia, po­dia tu­do e ig­no­rou as eli­tes po­lí­ti­cas e fi­nan­cei­ras. Nis­to é pa­re­ci­do com Ser­ra, que acha que sa­be mais do que to­do mun­do e per­deu pa­ra Lu­la.

Den­tro do jo­go de Lu­la, o go­i­a­no Iris Re­zen­de se tor­nou uma pe­ça de­ci­si­va. Aque­les que con­ver­sam com Lu­la, es­pe­ci­al­men­te em Bra­sí­lia, em con­ta­tos mais de­mo­ra­dos, sa­bem que pre­fe­re Iris dis­pu­tan­do o go­ver­no de Go­i­ás do que Hen­ri­que Mei­rel­les. Lu­la não diz com as pa­la­vras a se­guir, mas su­ge­re que Mei­rel­les é um gran­de téc­ni­co, ca­paz de ajus­tar qual­quer po­lí­ti­ca mo­ne­tá­ria e in­ves­tir com cor­re­ção mi­lhões de re­ais, mas não tem sa­ga­ci­da­de po­lí­ti­ca, o que Iris tem de so­bra. Nu­ma ba­ta­lha con­tra Mar­co­ni Pe­ril­lo, na qual so­fres­se pe­sa­das crí­ti­cas pú­bli­cas, ain­da que in­fun­da­das, Mei­rel­les po­de­ria per­der o equi­lí­brio e, quem sa­be, até mes­mo de­sis­tir da po­lí­ti­ca. Iris, pe­lo con­trá­rio, não tem me­do de na­da. En­fren­tou Mar­co­ni uma vez, per­deu, mas deu a vol­ta por ci­ma e se ele­geu du­as ve­zes pre­fei­to de Go­i­â­nia, der­ro­tan­do can­di­da­tos apoi­a­dos pe­lo se­na­dor tu­ca­no.

Além da co­ra­gem pa­ra en­fren­tar Mar­co­ni, e de con­tar com uma es­tru­tu­ra par­ti­dá­ria en­ra­i­za­da em to­do o Es­ta­do, Iris tem ou­tro trun­fo: é do PMDB e tem in­flu­ên­cia na­ci­o­nal — tan­to que, em Bra­sí­lia, fa­la-se, in­clu­si­ve, que se­ria o vi­ce ide­al pa­ra Dil­ma. Mas Iris quer mes­mo fi­car em Go­i­ás, re­or­ga­ni­za­do a sua his­tó­ria po­lí­ti­ca e, co­mo quer, o de­sen­vol­vi­men­to do Es­ta­do. Lu­la sa­be dis­so, ou­viu-o do pró­prio Iris, e quer ban­car seu pro­je­to.

Há quem acre­di­te que Lu­la, im­pli­ca­do em ter­mos pes­so­ais, pen­sa ex­clu­si­va­men­te em der­ro­tar Mar­co­ni Pe­ril­lo. Não há dú­vi­da de que Lu­la quer im­por um mas­sa­cre elei­to­ral ao tu­ca­no. Mas, ha­bi­li­do­so co­mo é, pen­sa um pou­co além. O que Lu­la quer mes­mo, apoi­an­do Iris pa­ra go­ver­na­dor, é en­fra­que­cer o PSDB no Es­ta­do e for­ta­le­cer Dil­ma na­ci­o­nal­men­te. Go­i­ás en­tra no con­tex­to de uma po­lí­ti­ca mais am­pla do PT e de seus mar­que­tei­ros, que, em­bo­ra não tão su­til, não tem si­do as­si­mi­la­da nem mes­mo por al­gu­mas pe­tis­tas.

O de­pu­ta­do fe­de­ral Ru­bens Oto­ni se mo­vi­men­ta pa­ra dis­pu­tar o go­ver­no. Acre­di­ta, até, que, se Mei­rel­les não des­lan­char, o PP do go­ver­na­dor Al­ci­des Ro­dri­gues po­de­rá apoiá-lo. Mas o atu­an­te par­la­men­tar te­rá, cer­ta­men­te, de ce­der às pres­sões de Bra­sí­lia. Os lu­as-ver­me­lhas de Lu­la cos­tu­mam di­zer que vi­ce e na­da são a mes­ma coi­sa. Por­tan­to, pre­fe­rem Ru­bens dis­pu­tan­do man­da­to de se­na­dor, nu­ma com­po­si­ção com o PMDB.

Não há sa­í­da: o PT só te­rá can­di­da­to a go­ver­na­dor em Go­i­ás se o PMDB não lan­çar seu pró­prio can­di­da­to — o que, de­cer­to, é uma qui­me­ra. Nin­guém no PT, mas nin­guém mes­mo, tem tu­ta­no pa­ra en­fren­tar Lu­la, um pre­si­den­te que tem uma po­pu­la­ri­da­de aci­ma de 80%. O pe­tis­ta-che­fe é tão ha­bi­li­do­so que, por ve­zes, fi­ca-se a ima­gi­nar que faz o jo­go po­lí­ti­co da opo­si­ção, de Jo­sé Ser­ra, mo­ver-se ao seu bel-pra­zer. Ape­sar da CPI da Pe­tro­brás, que mos­trou-a re­la­ti­va­men­te acor­da­da, a opo­si­ção não con­se­gue, em ne­nhum mo­men­to, fa­zer a crí­ti­ca do go­ver­no Lu­la. A cons­tru­ção do neo-cur­ra­lis­mo elei­to­ral, com a Bol­sa Fa­mí­lia man­ten­do até 50% dos ha­bi­tan­tes de al­gu­mas ci­da­des, é cri­ti­ca­da pon­tu­al­men­te, mas de mo­do cui­da­do­so. Por­que, nes­te Pa­ís, não se po­de cri­ti­car po­bres. Ora, não se tra­ta de cri­ti­car po­bres, e sim de apon­tar que Lu­la cri­ou um elei­to­ra­do ar­ti­fi­cial em to­do o Pa­ís, e que é es­te elei­to­ra­do que, pos­si­vel­men­te, po­de der­ro­tar Ser­ra e en­tro­ni­zar Dil­ma, a cin­tu­ra mais du­ra da po­lí­ti­ca bra­si­lei­ra, na Pre­si­dên­cia da Re­pú­bli­ca.
Hoje
Goiânia - Edição: 963 Data:07/06/2009

Marconi diz que PSDB continua com Alcides
Da Redação
Ao romper o silêncio sobre a crise na base aliada, a partir das críticas do deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB) ao governador Alcides Rodrigues e ao secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, o senador Marconi Perillo (PSDB) disse ontem que o PSDB não quer o “quanto pior, melhor”. “Quando apoiamos o governador Alcides, que foi meu vice duas vezes, o fizemos pensando que ele pudesse continuar o esforço e o trabalho que tivemos ao longo de quase oito anos”, assinalou Marconi, em em São Luiz de Montes Belos, onde foi homenageado.

Ao comentar o relacionamento com Alcides, Marconi disse que “está sempre onde esteve”, visto que o PSDB apoiou Alcides na campanha e vai continuar apoiando o governo. E afirmou que de sua parte tem feito tudo para apoiar, para colaborar com o governo, como senador.

Ainda de acordo com Marconi, o PSDB e os aliados nunca deixaram de apoiar sequer um projeto do governo em benefício da sociedade. “Somos um partido responsável, temos compromissos com a governabilidade, mas acima de tudo temos compromissos com os goianos”, ponderou. E acrescentou que politicamente falando o PMDB é o adversário tradicional da base, muito embora tenha trabalhado sempre pensando na unidade dos goianos, em cima de grandes propósitos.

Na entrevista, ao falar das finanças do Estado, Marconi disse que “Goiás inteiro sabe” que ele foi o primeiro governador a deixar o cargo com a folha de pagamento, as obrigações com o Tesouro Nacional, o 13º proporcional e os programas sociais “em dia”. Sobre o episódio envolvendo o deputado Carlos Alberto Leréia e o secretário Jorcelino Braga, Marconi disse que acompanhou a distância, mas pelo que viu, foi uma discussão entre um secretário e um deputado federal. “Isso fica restrito aos dois”, afirmou.

Marconi disse que tem pregado a unidade dos goianos para superação da grave crise financeira do País e para dar condições a que os prefeitos realizem grandes administrações, que possam beneficiar o povo e melhorar a vida de toda a sociedade.

O tucano foi homenageado ontem pelo Sindicato Rural de São Luiz dos Montes Belos em evento no Parque de Exposições Agropecuárias. O senador também recebeu título de cidadania da Câmara de Jussara. O plenário ficou lotado de populares que prestigiaram a entrega do título ao líder tucano.

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