segunda-feira, 1 de junho de 2009

A pequena porta: Alcides e o equívoco do PMDB

A pequena porta: Alcides e o equívoco do PMDB

01/06/2009

Fonte: Diário da Manhã

A opção pela porta pequena parece ter sido o caminho escolhido pelo governador Alcides Rodrigues para o seu futuro político, ao corroborar a alternativa proposta pelos radicais da selvageria política do seu partido e do seu governo para promover, talvez em definitivo, seu afastamento do senador Marconi Perillo, ao aceitar a provocação de um dos radicais do PSDB. A semana foi pródiga em deselegância pessoal e em destempero político dos dois lados. Se tiver que haver algum entendimento político entre os dois ex-aliados, ele agora se situa no perigoso e minado campo das relações pessoais.
O prefeito Iris Rezende, que andava suspirando por uma sinalização favorável de um entendimento com o governador Alcides Rodrigues, não escondia sua alegria com os entreveros da base aliada do governo, fazendo coro com os radicais do seu campo, como o presidente do seu partido, Adib Elias, para quem vale tudo para vingar-se das derrotas impostas por Marconi Perillo e Alcides Rodrigues.
A crise desta semana começou com o deputado federal Carlos Leréia, que criticou o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, e não poupou o governador Alcides Rodrigues, em quem desferiu duros golpes, sem se preocupar com o respeito ao cargo que Alcides Rodrigues ocupa no Estado de Goiás. A reação oficial foi a pior possível, tendo o secretário Braga enveredado igualmente pelo caminho da deselegância pessoal e do despreparo político, deixando pouco espaço para a mediação dos sensatos.
O pano de fundo da política regional não autoriza nenhum dos dois campos a enveredar por escolhas definitivas a quase um ano e meio das eleições. O atual ocupante da casa verde não está em condições de desprezar aliados responsáveis por sua eleição e com quem partilhou sete anos de poder, assim como o prefeito Iris Rezende não tem coisa alguma para comemorar. Vejamos: essa situação de crispação política teria sido provocada pelo suposto crescimento do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no cenário político goiano. O governador Alcides Rodrigues, de fato, não esconde que gostaria de vê-lo como candidato à sua sucessão, porque poderia contar com o explícito apoio do presidente Lula. A olho nu, os fatos não comprovam crescimento algum do presidente do BC em Goiás, a não ser nas colunas políticas da imprensa da Capital, abastecidas por sua assessoria.
A ajuda financeira de que o governador tanto precisa para começar seu governo ainda é uma incógnita que está se transformando numa verdadeira novela de baixo nível. Meirelles não tem força e nem cacife para tanto: para ser candidato a cargo indefinido e para resolver problemas que não são de sua alçada. Ou seja, o governador está desprezando seus aliados tucanos, que controlam a Assembleia e o TCE, por exemplo, sem ter certeza do que encontrará no lado dos seus velhos e conhecidos adversários do PMDB e do PT.
A satisfação manifestada por Iris Rezende e demais dirigentes do seu partido não tem coerência com a realidade. Vejamos: se Brasília está inflando o nome de Meirelles em Goiás, sem fazer reparos à sua aproximação com o governador, é porque tem jabuti no topo da árvore; o prefeito Iris Rezende é apenas uma possibilidade de candidatura nos planos do PT. O deputado federal Pedro Wilson, que não apoiou a aliança de parte do partido com o PMDB, é claramente favorável à candidatura de Meirelles.
Enquanto isso, o presidente do partido, Rubens Otoni, continua falando em candidatura própria, ao mesmo tempo em que posa de mediador oficial do presidente Lula em Goiás, tanto junto ao prefeito quanto junto ao governador.
Para piorar, o prefeito de Goiânia ainda não disse a que veio como prefeito reeleito: patina nas principais iniciativas, reclama da queda da arrecadação (o que é real) e a população da cidade parece pouco interessada em conceder-lhe mais crédito sem ver o que ele pode fazer. A campanha eleitoral, de fato, ficou distante e a população cobra as promessas de palanque.
O pano de fundo da política estadual continua sem alterações concretas.
Foi, no entanto, uma semana emblemática, por ser reveladora e pedagógica.
Diante do desatino dos radicais e da realidade dos fatos, nada autoriza as possíveis opções em tela (governador e aliados) e tampouco os entusiasmos dos espertos de plantão (PMDB e Cia.).
Joãomar Carvalho de Brito Neto é jornalista e professor
Artigo publicado no jornal Diário da Manhã - 01 de maio de 2009 - Opinião

Um comentário:

  1. É incrível,mas o governador Alcides Rodrigues, ao se aliar aos seus antigos detratores, está fazendo o jogo daqueles que sabem do seu pouco apetite político e quase nulo futuro eleitoral.

    O PMDB e o PT estão fazendo algo de extremamente nocivo à política goiana e à auto-estima de todos nós, ao atrelar as decisões locais ao interesses do presidente Lula, que não visa fortalecer nosso estado, mas tão-somente ampliar seu poderio pessoal, indiferente aos partidos e peculiaridades de cada estado.
    Goiás, como prova esse episódio das sedes da Copa do Mundo, nunca foi considerado nas grandes decisões nacionais e, toda vez que os goianos se apresentam divididos frente às grandes discussões nacionais, isso tende piorar.

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