segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Leréia sem papas na língua

Diário da Manhã

Opinião

Carlos Alberto Leréia

O Presidente fanfarrão e sua trupe mambembe

A visita do presidente Lula a Goiás foi daquelas comédias do gênero pastelão, nas quais uma série de trapalhadas faz o delírio da plateia. Há quem desconfie que “el comandante en jefe” andou entornando uns goles a mais no regabofe palaciano que antecedeu o famoso discurso da Praça Cívica tamanha a confusão que provocou nos arraiais do PP, PT e, principalmente, do PMDB. A ressaca da passagem de Lula por Goiânia e Anápolis deixou de cama muita gente, a começar pelo prefeito Iris Rezende, que foi humilhado e tratado como um reles ordenança pelo presidente.

Quem esperava alguma coisa de concreto da hilariante passagem de Lula por Goiás, ficou mais uma vez a ver navios. Como sempre, o presidente só avançou na conversa fiada. Na maior cara-de-pau, jogou ao ar as mesmas promessas vazias que há sete anos faz em tom solene aos goianos, como o Aeroporto Santa Genoveva e a Ferrovia Norte-Sul, acrescentando agora a construção de 50 mil casas e o empréstimo da Celg. Um festival de enganação e falácias infantis, que agrediu a inteligência do povo goiano e expôs ao ridículo o governador e o prefeito de Goiânia.

O governo do Estado e a prefeitura gastaram um fortuna para armar um palanque eleitoreiro para o presidente Lula fazer política e promover abertamente Henrique Meirelles. Somente com o foguetório, shows, ônibus e o palco montado em Goiânia foram gastos mais de R$ 2 milhões de reais. Isso sem contar as despesas com propaganda, com contratação das bandas e toda parafernália logística mobilizada para o evento.

Esse dinheiro seria melhor gasto se fosse aplicado na resolução de problemas graves enfrentados pela população de Goiânia na área da Saúde, onde faltam tomógrafos e aparelhos de raio X, ou no setor da Educação, com a reforma das escolas que estão caindo aos pedaços pelo Estado afora.

Sem contar a enorme falta de respeito com nossas lideranças goianas, de todos os partidos, que foram colocadas em palanques separados (à exceção do deputado Helder Valin, por se tratar do presidente da Assembleia de Goiás) apenas para não se aproximarem do presidente poderoso. Prefeitos e deputados foram tratados como se não fossem políticos, tendo que se sujeitar a um esquema de segurança desnecessário, inclusive detectores de metais que foram usados sem clemência. Com quem os homens do presidente acham que estavam lidando? De quê o presidente tem medo? Nós goianos não somos bandidos, marginais. Somos gente pacata, presidente, não precisa se amendrontar diante de nós.

O presidente Lula demonstrou em Goiás que realmente fala pelos cotovelos e não controla a matraca quando está com um microfone nas mãos. Em Anápolis, chamou Meirelles de “filho da mãe”. Vejam só: um presidente da República! Já em Goiânia, desrespeitou milhares de mulheres trabalhadoras no Brasil ao dizer que o serviço doméstico é um “trabalho cretino”. E daí por diante, numa sucessão de gafes e situações constrangedoras que certamente vão entrar para a história com a visita mais atabalhoada de um presidente da República ao Estado de Goiás, se é que houve outra desse naipe.

Para completar, Lula cometeu a impostura de atacar o senador Marconi Perillo ao acusá-lo dos problemas financeiros da Celg. Ora, presidente, Goiás inteiro sabe que quem quebrou a empresa foram Iris Rezende e Maguito Vilela, que venderam as usinas de Corumbá I e de Cachoeira e torraram o dinheiro em obras inúteis.

Marconi fez um governo honrado e operoso que é reconhecido e aplaudido pelos goianos, tanto que elegeu com folga o seu sucessor, uma figura inexpressiva e apagada, que depois o traiu por ser fraco e não ter personalidade própria.

Que me desculpem o presidente fanfarrão e sua trupe mambembe em Goiás. O que os goianos assistiram na última quinta-feira foi a um embuste como nunca se viu na história deste Estado.


Carlos Alberto Leréia é deputado federal (PSDB)


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