segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Marconi larga na frente!

Diário da Manhã

Opinião

Afonso Lopes

Pesquisa Ecope/DM: desse jeito, Marconi ganha no 1º turno

31/08/2009

A pesquisa Ecope/DM, publicada quarta-feira, 26, mostra claramente que o senador Marconi Perillo, do PSDB, já reúne viabilidade técnica do ponto de vista estatístico para vencer as eleições do ano que vem no 1º turno. Não houve qualquer surpresa nessa informação. Apenas confirmou-se o que é possível perceber no ar: existe toda uma forma de conspiração popular neste momento favorável a Marconi. Aliás, isso nem é de agora. Vem desde o dia em que ele deixou o Palácio das Esmeraldas para se candidatar ao Senado Federal.

Isso significa que as eleições do ano que vem estão previamente definidas? Longe disso. O que a primeira grande pesquisa Ecope/DM revelou de forma inquestionável é que o trabalho a ser desenvolvido por cada pretendente deverá ter formatações diferentes. Marconi, por exemplo, deve objetivar a manutenção de sua situação. Em tese, ele não precisa de mais nenhuma intenção de voto nova para ganhar no 1º turno. Quanto aos demais, especialmente o prefeito Iris Rezende Machado e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, será necessário fazer com que a água corra morro acima.

O prefeito está vivendo um período de instabilidade administrativa extremamente perigosa. Seu governo vem caindo pelas tabelas desde a reeleição, no final do ano passado. Isso foi captado por outra pesquisa Ecope/DM destacando apenas o universo eleitoral de Goiânia, publicada no dia 21 – o que, aliás, só reforça a boa imagem que esse instituto tem em pesquisas eleitorais no Estado. Iris perdeu o apoio de 4% do eleitorado que admitia votar nele. Aparentemente, é um índice baixo. Na realidade, é coisa demais. Esses 4 pontos percentuais representam quase 10% de todos os eleitores pró-Iris, que soma agora, em Goiânia, 43,7% de intenções de voto. E o que deve incomodar a candidatura de Iris é que ele perde eleitores dentro de seu principal território. Pior do que isso: ele cai antes de deixar o cargo. É uma soma de fatores explosivos e negativos.

Há razões para essa desilusão de parte do eleitorado de Iris tão precocemente? Há. O Iris deste segundo mandato nem de longe se parece com o primeiro. Desde o início deste ano, inúmeras notícias ruins vêm pontuando o governo de Goiânia. A última é essa carnificina que se observa no Jardim Zoológico. Isso parece ser uma coisa banal, que não incomoda o dia a dia do goianiense. Não é banal. É claro que a população está muito mais preocupada com a expansão da gripe A, que assusta cada vez mais pela sua (sempre desmentida pelas autoridades sanitárias) agressividade, mas é óbvio que todos percebem que há algo muito errado numa administração municipal que não consegue sequer manter vivos os animais do zoo. Mais do que isso, até: é assustador o fato de que nenhuma medida de impacto foi adotada para mudar esse circo de horrores.

Igualmente pesa de maneira muito negativa o abandono das políticas de proteção social de crianças de rua e em situação de rua. Não há muito o que se discutir sobre a decisão administrativa que acabou com a ONG Cidadão 2000. O que se questiona é o sintoma visível nas ruas de que as estruturas imaginadas para substituí-la simplesmente não deram o resultado esperado.

Talvez o grande problema da Prefeitura seja a falta de dinheiro, que anda mais curto por inúmeras razões. Mas pode ser que a perda de ritmo seja algo muito mais sério e profundo, como a abertura administrativa resultante da coligação eleitoral de 2008. Iris pode ter perdido o controle rigoroso que mantinha sobre toda a máquina administrativa. Se for esse o motivo, então ele terá enormes dificuldades para remar tudo de novo e recuperar terreno entre os eleitores.

Já o presidente do BC, Henrique Meirelles, não tem muito o que fazer para mudar uma situação francamente desfavorável. Seus 5 pontos de intenção de voto representam menos da metade do universo que diz rejeitá-lo para o governo de Goiás, 11,1%. Meirelles teria que contar com anabolizantes eleitorais que não lhe pertencem para, quem sabe, aumentar mais um pouco seu limite atual. Aparentemente, ele pretende ser candidato com o apoio do Palácio das Esmeraldas. Se for isso mesmo, coitado, suas chances vão continuar do mesmo tamanho. Atualmente, o Palácio mal consegue se manter com a cabeça acima da linha d’água.

Marconi Perillo só precisa manter a imagem que construiu em seus sete anos de governo. E, quanto a isso, não parece ser uma tarefa tão dura. Depois de apanhar feio de peemedebistas e dos palacianos durante quase 3 anos, sua rejeição apontada pela pesquisa Ecope/DM é de 8,3%, a menor entre todos os concorrentes. E sua aprovação está acima dos 50% das intenções de voto válidas. Melhorar o que neste caso?


Afonso Lopes é jornalista

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