segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Marconi - Artigo no Diário da Manhã

Diário da Manhã

17 de agosto de 2009

Opinião



Marconi Perillo

Ninguém é dono do Brasil. E nem de Goiás

17/08/2009

O presidente Lula esteve em Goiás na semana passada e, para decepção de quem esperava que trouxesse benefícios para o nosso Estado, só se preocupou em fazer política, atacar quem não reza na sua cartilha e acusar sem provas. O trabalho de um estadista não é definir inimigos em cada canto do País. Um presidente da República precisa ter um comportamento sereno e equilibrado. Não é seu papel ficar cultivando brigas com as pessoas somente porque elas discordam dele. Isso é mesquinharia.

Infelizmente, a visita do presidente foi marcada pelo rancor. Graças a Deus, não trago ódio no coração. Jamais fiquei um minuto com ressentimento de quem quer que seja, mesmo dos que traíram a minha confiança. Não é da minha natureza. Vivo com a bandeira da paz permanentemente hasteada. Sou conciliador e trabalho por ideais nobres que signifiquem conquistas coletivas.

Respeito a biografia do presidente Lula, mas não posso aceitar que ele venha a Goiás fazer acusações infundadas contra a minha pessoa. Não aceito mesmo. O presidente foi injusto e deselegante. Os goianos me conhecem e sabem da seriedade com que me comporto na vida pública. Como o presidente, sou oriundo de uma família humilde, passei por muitas dificuldades e nunca pisei em ninguém para subir na vida. Sempre me conduzi com muita responsabilidade e honradez.

Ao longo dos anos, o metalúrgico Lula construiu um perfil democrático que agora, quando chegou ao governo, caiu por terra. Quando estavam na oposição, o presidente Lula e o PT eram arautos da liberdade, do debate franco e aberto. Pregavam o respeito absoluto às manifestações de opinião, à divergência, ao contraditório. De repente, aboletados no poder, rejeitam as regras da democracia e passam a perseguir, chicote em punho, quem pensa diferente e não compartilha do seu credo político.

O presidente Lula não é o dono do Brasil nem tampouco de Goiás. Ninguém é. O tempo do autoritarismo já passou. A nação e o Estado pertencem ao povo. Não há mais lugar no País para os coronéis, sejam de chapéu e bota, sejam de macacão de operário.

As bravatas do presidente não me intimidam. Os poderosos e suas ameaças não me amedrontam. Nunca me intimidaram. Ao contrário, reforçam o meu posicionamento pessoal e as minhas convicções políticas de não me calar diante dos desmandos e da bandalheira. Nada me afastará do cumprimento rigoroso das obrigações do mandato que os goianos me conferiram no Senado Federal.

Se o presidente não gostou do alerta que fiz sobre o mensalão ou se sente incomodado com a minha atuação como senador, paciência. Ninguém vai me tirar do meu caminho. Jamais conseguirão. Podem tirar o cavalo da chuva. Como disse certa vez Alfredo Nasser, que nunca vergou a espinha na luta oposicionista em Goiás, “comigo não!”.


Marconi Perillo é senador e ex-governador de Goiás

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