segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Marconi e Goiânia!


O Popular

Artigo

Marconi Perillo

A trajetória de Goiânia

Goiânia completou 76 anos. Concretamente, nasceu nos anos 30 do século passado, com o processo revolucionário de então, que colocou no comando Getúlio Vargas, em nível nacional, e Pedro Ludovico Teixeira no controle da política goiana.

Marconi Perillo

A ideia de mudança da capital é antiga, veio dos séculos 18 e 19, mas foi efetivada somente no burburinho de transformações dessa tempestuosa década. Pedro Ludovico Teixeira empalmou as mudanças, retomou a ideia de transferir a capital e deu ao tema novos tons políticos e econômicos.

Construir Goiânia era, para Pedro Ludovico, o sonho de uma capital moderna, planejada, coerente com os novos tempos que se anunciavam no País e encontravam ecos em Goiás.

Pedro Ludovico é uma das faces dessa jovem e ousada capital. Mais de 4 mil trabalhadores somaram-se a ele, além dos geniais urbanistas Atílio Corrêa Lima e Armando Augusto de Godói, engenheiros do gabarito dos irmãos Coimbra Bueno e uma sociedade sedenta de transformação que completava a rede de anseios da época.

A construção de Goiânia seguia seu rumo indiferente aos embates. Problemas de ordem financeira eram resolvidos através do Tesouro estadual, da venda de lotes ou por meio de apólices e empréstimos do governo federal. Pedro Ludovico não queria saber de gastos, mas reforçava a ideia de que estava fazendo um grande investimento. O tempo mostrou suas razões, seus sonhos, sua ousadia.

Goiânia representaria o trampolim para novos e arrojados projetos, como a construção de uma nova capital federal, Brasília, e a rodovia Belém-Brasília. A inauguração oficial ocorreu em julho de 1942 sob o signo da modernidade e da cultura, no chamado Batismo Cultural.

Goiânia nasceu plural, cosmopolita, altamente moderna, com prédios públicos em art déco, cravada no interior, Campinas. Daí também sua mesclagem entre o urbano e o rural, o campo e a cidade. Foi ambiciosa para a época. Projetou-se para 50 mil habitantes e hoje conta com cerca de 1,1 milhão de trabalhadores que a constroem diuturnamente.

Bonita, altaneira, capital do verde e do acolhimento, a Goiânia de Pedro Ludovico e de todos nós, moderna, cosmopolita, contrasta em seu seio com inúmeros problemas, cobrando a atenção vigilante de todos os goianos: os avanços da medicina de Primeiro Mundo e a fragilidade das políticas públicas de saúde; a beleza de suas ruas e o caos do transporte coletivo urbano; a força trabalhadora de seu povo e um sistema de tráfego sem o menor planejamento e, por isso, problemático; a qualidade de vida de parcela da população e a inexistência de políticas públicas municipais de inclusão social; além de tantos outros problemas que reclamam da administração local uma atuação mais ampla e de resultados.

Assim é que, ao completar 76 anos, Goiânia nos leva a refletir sobre sua trajetória histórica, seus problemas e possíveis soluções. Enche-nos de orgulho ao mesmo tempo em que nos cobra saídas. Duas vezes governador de Goiás, ajudamos, ao lado de tantos outros governantes, a enfrentar os problemas dessa metrópole em formação e projetar seu futuro com obras definitivas nas áreas de saúde, cultura, saneamento, infraestrutura, modernização administrativa e políticas sociais. São obras e serviços que atestam nosso compromisso permanente com Goiânia.

Por isso a louvamos e nos preocupamos com sua trajetória, entendemos sua formação multicultural e apoiamos sua diversidade em todos os campos do saber.

Goiânia aos 76 anos merece não só os parabéns, mas solicita o conhecimento sobre sua história como forma adequada de reconhecer suas tradições, sua importância patrimonial, seu povo e, por fim, para firmar o compromisso de cada um de nós com sua preservação, sua memória e sua identidade.

Marconi Perillo (PSDB-GO) é vice-presidente do Senado

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