sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Marconi não teme adversário!



Diário da Manhã

Política e Justiça

Alexandre Bittencourt

Marconi x Iris

Com Meirelles na disputa pelo Senado ou vice de Dilma, tucanos e peemedebistas se armam para novo confronto

O acordo que resultou na filiação ao PMDB impôs sacrifícios ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Foi um acordo costurado a várias mãos, do qual tomaram parte o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, o presidente Lula, o próprio Meirelles e a cúpula do PMDB. De imediato, Meirelles concordou em priorizar o seu projeto político nacional. Trabalha para ser alternativa à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que não decola nas pesquisas, ou na pior das hipóteses, candidato a vice na chapa do PT. Com Meirelles fora de cena, palco se arma para o confronto aguardado com ansiedade desde as eleições de 1998. Os fatos convergem para que ocorra o novo embate entre Iris e o senador Marconi Perillo (PSDB).

Embora digam que não estão em campanha, a candidatura dos dois já está nas ruas. Aos poucos, os carros que circulam na Capital se colorem com adesivos azuis e amarelos que trazem a sigla do partido da social-democracia brasileira. Outros, brancos-vermelhos-amarelos, exibem o nascer do sol que ilustra a bandeira do PMDB. O Twitter inaugurou o debate eleitoral mais democrático dos últimos tempos. Políticos, jornalistas e eleitores dividem a mesma arena e discutem pontos positivos e negativos das pré-candidaturas de Marconi e Iris de forma absolutamente democrática. Em questão de segundos, a movimentação de cada um destes dois políticos atinge proporções infinitas com ajuda da internet. E tudo isso colabora para aumentar a expectativa da população.

Desde Pedro Ludovico Teixeira, o fundador de Goiânia, não houve, na história de Goiás, dois políticos que conseguiram reunir tantos simpatizantes quanto Iris e Marconi. Houve apenas uma única vez em que os dois disputaram o mesmo cargo. O encontro ocorreu nas eleições de 1998. A disputa daquele ano para governador tornou-se rico material de pesquisa para centros de estudo de política e para jornalistas especializados. A vitória de um jovem deputado federal sobre Iris, que na época possuía um capital inigualável, provocou comoção. Pela primeira vez o peemedebista foi suplantado por uma oposição que, até então, não existia. Marconi entrou para a história.

Em 2002, o tucano entrou no páreo pela reeleição contra a mais bem-sucedida aposta de Iris: o ex-governador e então senador Maguito Vilela (PMDB). Maguito entrou na campanha com ampla vantagem sobre o tucano, mas o apelo do discurso de Marconi deu suporte à segunda virada consecutiva do candidato do PSDB sobre o favoritismo do PMDB. Quatro anos depois, o tucano bancou a candidatura do vice-governador Alcides Rodrigues (PP) sobre o mesmo Maguito. O resultado foi o mesmo: virada da turma do chamado Tempo Novo sobre o PMDB.

As derrotas consecutivas obrigaram Iris e seus seguidores a se reciclarem. Os peemedebistas compreenderam bem a necessidade de se reiventar e, com Iris à frente, conduziram a Prefeitura de Goiânia por quatro anos e conquistaram elevado nível de aprovação. A receita: investimento acima da média em meio ambiente e cultura, duas áreas marginalizadas por prefeitos e governadores que antecederam a passagem de Iris pelo Paço Municipal, além, é claro da pavimentação asfáltica. PMDB se reergueu em função do bom desempenho de seu líder maior e elegeu 54 prefeitos em 2006, marca que ajudou a preservar a posição de protagonista no cenário político goiano.

Sem Meirelles no páreo, Iris e Marconi desde já capitalizam as apostas para 2010. É possível que esta seja a última vez que o peemedebista concorre ao principal cargo executivo do Estado – a não ser que a boa forma física insista em acompanhá-lo, apesar da idade cada vez mais avançada (75). E para esta última disputa não existe favorito. Melhor mesmo que seja assim.

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