segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Marconi ou Íris?

Diário da Manhã

Opinião

Reynaldo Rocha

 O confronto esperado

A primeira pesquisa do Serpes em relação à disputa de 2010 trouxe números que dão consistência à estimativa geral acerca da polarização entre o prefeito Iris Rezende e o senador Marconi Perillo na corrida pelo Palácio das Esmeraldas. Neste momento, portanto, não há que se considerar outra alternativa, a se ver da intensidade das intenções do eleitorado em votar em Iris ou em Marconi. É fato que ainda falta um bom tempo para as eleições, que boa parte do eleitorado ainda não se ligou na disputa e que, em política e em eleição, tudo pode mudar até na última hora. Não há a lembrança de 1998, quando apenas três meses de campanha de Marconi foram o suficiente para ele reverter todas as tendências e vencer Iris na hora decisiva?

No cenário do momento os nomes a serem considerados são esses dois e mais nenhum outro. Aí, salta a primeira pergunta: Henrique Meirelles, agora filiado ao PMDB, não vai brigar para ser o candidato do partido a governador? O balanço político da semana que passou trouxe Meirelles de novo à tona, com o foco no Palácio das Esmeraldas, e com a garantia do pleno apoio do presidente Lula. Com a pertinente pergunta, uma outra análise: Iris deixaria a vaga para Meirelles, contentando-se com o Senado, e conforme está no seu próprio discurso, quando diz que o presidente do Banco Central sai para a disputa ao cargo que quiser? Será isso mesmo?

Voltando a Iris: ele não se declara candidato, mas não deixa dúvida de que gostaria de mais uma vez disputar o Palácio das Esmeraldas. Anda até dando prazo para essa definição: dezembro – daqui a pouco mais de mês, portanto. Sendo esta a vontade, o que mais poderia desestimular o prefeito? No PSDB se especula que ele deixaria a questão de lado se as pesquisas não lhe apresentarem perspectivas favoráveis. Por esse raciocínio, Iris não trocaria o restante do mandato na prefeitura pelo que poderia se apresentar como uma aventura.

De outro lado, entre os aliados do prefeito se defende, neste momento ainda de indefinição de Iris, a tese de que por enquanto há apenas um candidato a governador, Marconi. Já incomoda, sim, a intensa movimentação do senador, que já há meses vem correndo o Estado de ponta a ponta – e, por último, fazendo estratégicas incursões em Goiânia, onde é alta a potencialidade da candidatura de Iris. Como senador no pleno exercício do mandato, Marconi se vê, mais do que no direito, na obrigação de sair por aí. Não é – disse ele esses dias – o político Copa do Mundo, que só procura o eleitor de quatro em quatro anos.

Com a intenção de ser candidato a governador, e com muito pouco para tomar concretamente a decisão, Iris, com a boa experiência que carrega, vai imaginando o cenário de 2010. Vai se repetir o episódio de 1998, quando para a surpresa geral acabou perdendo para Marconi? Renascido politicamente depois da vitória em Goiânia, em 2004, e consagrado na conquista do segundo mandato na Capital, em 2008, Iris – e com razão – está novamente senhor do seu poderio eleitoral. Soma, de novo, as plenas condições para assumir uma candidatura efetivamente com chances de dar certo. Ao imaginar o cenário, ele visualiza um confronto a que dá o título de histórico, pois seria o momento de um acerto de contas entre o PMDB e o seu modo de administrar e de fazer política, e o PSDB e o estilo ousado de Marconi. Fixando-se nessa expectativa, Iris acha que o saldo do imaginado confronto tem tudo para lhe ser favorável – e em parte pelo processo de desconstrução da obra de Marconi, um ponto, aliás, que anda hoje preocupando o senador.

Pela manifestação mais recente do prefeito de Goiânia, o PMDB deve se definir até dezembro, e com a apresentação de chapa completa, incluindo Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Ou seja: o processo está em andamento. Como do lado do PSDB o que se vê é Marconi em plena corrida, visualiza-se o cenário imaginado por Iris. E, um ano antes, projetando o mais esperado confronto político da história de Goiânia nos últimos tempos.

Reynaldo Rocha é jornalista 

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