segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Marconi:em defesa dos poupadores!



Diário da Manhã

Economia

Iris Bertoncini

Marconi quer impedir taxa em rendimentos sobre poupança

Senador apresenta proposta no Congresso contra cobrança de Imposto de Renda em contas com mais de R$ 50 mil, como quer o governo federal

O senador Marconi Perillo (PSDB) apresentou proposta no Congresso Nacional para impedir a taxação sobre rendimentos da poupança. A medida vai contra a proposta do governo federal que permite a cobrança de 22,5% sobre a renda mensal das contas a partir de R$ 50 mil.

A cobrança de Imposto de Renda na poupança atingirá a classe média e provocará queda nos financiamentos imobiliários. “Esperamos que o inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal possa elevar ao nível constitucional, com a merecida proteção”, diz. Segundo ele, a PEC preserva a confiabilidade conferida às contas de depósito de poupança e o direito líquido.

O parlamentar alerta que poupadores com mais de R$ 50 mil depositados não podem ser considerados como “abastados”. “Mesmo sem considerar a variação da TR, uma família ou uma pessoa que economiza e guarda R$172 por mês desde o Plano Real teria exatamente R$50 mil em conta, como observou Roberto Zentgraf, na coluna Dinheiro em Caixa, do jornal O Globo.”

Com o novo imposto, a classe média arcaria com novo fardo tributário para financiar o aparelhamento político do Estado, segundo o senador eleito pelos goianos. “Será que o governo não tirou qualquer lição da desoneração tributária de alguns setores? Não enxergou o caminho para estimular a economia e promover o crescimento sustentável na trilha da redução da carga de impostos?”, questiona Perillo.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os financiamentos de imóveis cresceram 24,7% de maio para junho, o que equivale ao montante de R$ 2,976 bilhões. O bom desempenho está ameaçado caso a proposta do governo seja aprovada. Para Perillo, haverá impacto significativo na liberação de recursos, com alta de 5,1% em relação ao ano passado. Ele cita ainda que as operações dos últimos 12 meses subiram 26,3%, frente ao mesmo período anterior.

“As autoridades precisam entender que mexer na poupança é mexer com um símbolo nacional. Significa desestabilizar um setor sensível da economia, inclusive com a possibilidade de gerar pânico, exatamente pela falta de critérios claros e lógicos.” Alerta que o cidadão ao depositar suas economias na poupança abre mão de ganhos maiores em outros tipos de aplicação em favor da segurança. “Em particular quando o intuito é garantir o futuro dos filhos, os maiores beneficiados com os dividendos.”

O governo argumenta que a tributação na caderneta conterá especulação de grandes aplicadores, que estariam deixando a Bovespa e fundos de renda fixa, aproveitando os atuais bons rendimentos da poupança. Mas Perillo discorda. “Não houve a temida fuga, ao menos ao ponto de representar desequilíbrio para o mercado financeiro.”

Confisco

“Muitos poupadores tradicionais já estão planejando comprar bens, com medo de um confisco pelo governo Lula”, avisa Marconi Perillo. A atitude deve-se ao trauma no governo de Fernando Collor de Mello. “Ainda está latente no inconsciente coletivo a forma arbitrária como se confiscaram os recursos da caderneta e da conta-corrente à época da ministra Zélia Cardoso.”

O parlamentar compara as épocas, quando o valor base escolhido para o “confisco” é o mesmo de hoje. “Cinquenta mil cruzados novos foi o limite máximo que ficou disponível aos correntistas e poupadores, após o confisco.” De acordo com ele, não explicam como chegaram ao patamar de R$ 50 mil como gatilho do imposto.

Outro ponto que o governo não leva em consideração é o tempo de existência da poupança. “Não seria justo tratar o especulador da mesma forma que o poupador assíduo e depositante ao longo de anos ininterruptos”, explica Marconi.

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