quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Diário da Manhã

Opinião

Marialda Valente

Marconi reincidente

A nuvem passageira da política no céu de Goiás sacramenta a comparação de Magalhães Pinto: “Política é como uma nuvem, você olha, vê um formato, mas quando olha de novo, já vê outro.” O formato que se via há poucos dias era de uma base aliada do governo estadual totalmente estraçalhada. Hoje, o desenho é outro. Cessaram as trocas de farpas entre os líderes que sustentaram as três vitórias do Tempo Novo ao governo do Estado, indicando possibilidade de união. A artilharia pesada redirecionou ao adversário histórico: o PMDB.Outro formato de nuvem sumindo no espaço é a tal filiação de Henrique Meireles ao PP do governador Alcides. A camada consistente de possibilidade de filiação do banqueiro ao PMDB surgiu mudando completamente o cenário político, levando embora o sonho de Alcides de indicar seu sucessor numa grande aliança, cujos caciques alimentam um sonho comum: desarticular Marconi Perillo.

Ocorre que partidos expressivos, como o DEM, PR e até os de menor expressividade, se recusaram a entrar em bola dividida e, se não for nuvem passageira, há indícios fortes de muita chuva na horta do senador Marconi. O apoio destes, somados ao apoio da dissidência do PMDB, que já surgiu com fortes trovoadas soando  festejos, consolida a reincidência de moço de camisa azul no Palácio das Esmeraldas.

A fragilidade do PMDB em Goiás, resultado da dissidência, e a orfandade provocada por Lula, deixa o prefeito Iris Rezende não tão seguro de sua candidatura ao governo. Iris, o único que poderia viabilizar uma disputa acirrada com Marconi, deverá se candidatar ao Senado, por sensatez, caso deixe a prefeitura para entrar na disputa eleitoral. Restaria, com isto, Meirelles encabeçando a chapa peemedebista, o que será difícil. Estaria Iris compensando a ingratidão do PT em duplicidade. Uma, ao deixar a prefeitura no comando do vice, Paulo Garcia. A outra, satisfazendo o desejo do presidente Lula – caso Meirelles se elegesse – em detonar Marconi.

Já o PT não tem um candidato que corresponda à expectativa. Deve apoiar o PMDB, por exclusão, mas sem encabeçar a chapa coligada. Por fim, percebe-se que o caldeirão da sucessão deve entornar o caldo do feitiço contra os feiticeiros, ou seja, o que foi feito para enfraquecer Marconi, acabou fortalecendo-o. E parece que é nuvem pra muita chuva.

Marialda Valente é advogada, jornalista e escreve semanalmente no DM (marialdarvalente@hotmail.com)

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