quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Marconi na visão de Ridoval

Tribuna de Anápolis

Quarta-feira, 9 de Setembro de 2009

Entrevista
 
“Quem está com Marconi não o abandona” Ridoval Chiareloto

Ex-secretário da Indústria e Comércio (Governo Marconi Perillo) e candidato a prefeito de Anápolis na última eleição em 2008, o tucano Ridoval Chiareloto é um dos quadros do PSDB na política e na economia. Conhecido por suas declarações polêmicas ele não foge da briga entre tucanos e o atual governo e nega que seu partido tenha deixado uma herança maldita para o governador Alcides Rodrigues. Chiareloto lança dúvidas sobre as candidaturas de Henrique Meirelles e também de Iris Rezende, ao afirmar que o primeiro não tem pleno conhecimento sobre a maioria das cidades, seus políticos e principais lideranças e, o prefeito de Goiânia, por causa de sua avançada idade e falta de vigor físico para enfrentar uma pesada campanha eleitoral.

Ferreira Cunha,
Allyson de Sousa

O senhor saiu de uma disputa eleitoral recente na qual foi alvo de muitas acusações que culminaram com sua derrota. O senhor guarda alguma mágoa da campanha?

Não. Quando se entra numa eleição tem que estar preparado para a vitória e também para a derrota, ou melhor, para tudo, menos para o que aconteceu comigo. Fui alvo de muitas calúnias, mas em política às vezes temos que fazer uma reflexão para entender que existem pessoas que não pensam duas vezes para atacar a honra e a dignidade do adversário. Passam por cima de tudo e de todos por causa do poder e do cargo. Esse não é o meu estilo, embora faça críticas porque sou franco. Mas jamais sou capaz de caluniar qualquer pessoa, de fazer acusações sobre as quais não tenho conhecimento. A campanha começou bem, cheguei a ter 42% das intenções de votos e apenas 3% de rejeição. Mas aquela planfletagem que fizeram na cidade, me acusando de pedofilia, um pai de família como eu que sempre zelei pelos bons costumes e pela moralidade, acabou deixando as pessoas na dúvida. Isso aumentou minha rejeição para 23% e a queda nas intenções de voto. Mas isso sempre ocorre em Anápolis em épocas de eleições. Moro na cidade há 38 anos e em todos os pleitos aparece essa tropa de vagabundos para fazer intrigas. Acho que o Ministério Público e a justiça têm de serem rápidos nestas questões. Nas últimas eleições demoraram muito para agir. Mesmo assim não guardo mágoas, exceto com duas pessoas que não perdôo que foram os cabeças dessa calúnia, um jornalista da cidade e o meu adversário Frei Valdair.

Essa foi sua primeira experiência eleitoral. O senhor tem outros projetos políticos para as próximas eleições?

Hoje sou o presidente do Diretório do PSDB. Acho que o partido tem grandes possibilidades de eleger o próximo presidente da República e de reconduzir Marconi Perillo ao governo de Goiás. Marconi está muito bem, melhor do que setores da imprensa possam imaginar. Está bem avaliado porque foi um grande governador e, por isso, será o próximo governador porque o povo está esperando para elegê-lo novamente. Mas não tenho nenhum projeto político pessoal. Meu projeto político é o do PSDB porque sou um homem a serviço do partido. Posso até ser candidato, mas neste momento, estou me dedicando aos meus negócios e à minha família. Graças a Deus eles estão bem organizados apesar de ter ainda algumas pendências de campanhas para serem acertadas.

Mas essa divisão da chamada base aliada não pode comprometer o que o senhor garante de vitória antecipada do senador antes mesmo da disputa eleitoral?

Acho que não. A vitória de Marconi vai se dar pelo que ele fez pelo Estado, pelas transformações que seu governo realizou em Goiás. Nós assumimos o governo com o Estado na 13ª posição no ranking dos mais desenvolvidos e o entregamos na 9ª colocação. Pegamos um PIB de R$ 17 bilhões e o entregamos a R$ 50 bilhões, uma exportação de R$ 370 milhões para R$ 3 bilhões. Em 16 anos, o Fomentar, aprovou 680 projetos industriais para o Estado. Em cinco anos, como secretário de Indústria e Comércio, foram 1.300 projetos, ou seja, fiz neste período quase o dobro de toda a existência do Fomentar. A dívida do Estado que hoje falam muito, não foi feita apenas no governo de Marconi. Ela é uma herança muito antiga, que não surgiu nem no primeiro governo de Iris Rezende. Quando um governador escolhe um secretário ele fica com a atribuição de resolver problemas em sua área de atuação e não para ficar reclamando. Hoje quem está no governo é pelo esforço de todos os partidos coligados. Mas acho que é preciso também reconhecer que quem fez a campanha do governador Alcides em Anápolis fui eu. Conseguimos 78% dos votos, a segunda maior em todo o Estado. Os auxiliares do governador precisam saber que o eleitor de Anápolis não votou em nenhum deles e que a votação que o dr. Alcides conquistou foi fruto de um grande trabalho. Como ser humano gostaria de ser reconhecido por isso.

O PSDB de Anápolis coloca hoje com muita veemência que, passadas as eleições, teria havido uma ingratidão do governador com a cidade...

Do governador não houve, mas sim de pessoas que estão ao seu lado, que não faziam parte da política e que de repente ganharam uma secretaria.

O senhor se refere especificamente ao secretário Jorcelino Braga, da Fazenda?

Não é preciso nem falar. Nem quero citar o nome, porque esse é um fato de conhecimento de todos. Por respeito à hierarquia, ele não poderia falar mais alto que o governador.

O senhor acha então que o secretário Jorcelino Braga tem mais poderes que o próprio governador?

Pelo que sinto e a convivência que tivemos no governo, a percepção é muito clara que ele tem mais poderes que o próprio governador. Só que em política, seja a, ou seja b, todos são passageiros. Ninguém fica no poder eternamente. Por isso, as pessoas precisam ter cuidado porque amanhã as coisas mudam. Eu mesmo já ocupei funções importantes, desde dirigente de entidades de classe até secretário de Estado. Mas não é por isso que perdi a humildade ou vou falar mal e desrespeitar quem quer que seja. Sei que tudo isso que já fiz foi passageiro.

Mas o atual governo reclama muito do que chama de herança maldita que recebeu da administração do PSDB...

A verdadeira herança maldita vai aparecer um dia. O déficit do Estado nunca foi o que eles falam. Veja o que está acontecendo no governo do PT. É mentira atrás de mentira. Por isso não dá para acreditar no que falam. Pra que fazer palanque com o pré-sal dizendo que vão acabar com a pobreza, que vão resolver os problemas da saúde, da educação, da segurança. Os resultados práticos do pré-sal vão aparecer daqui a mais de 20 anos, o que equivale a mais de cinco presidentes da República. Então pra que mentir para o povo. Se o pré-sal resolvesse todos os problemas, a Venezuela seria um país rico. Dizer também que a Dilma não recebeu a secretária da Receita Federal é outra mentira. Aliás, a mentira é o verdadeiro dom do PT. Vejam vocês o que o Lula falava do Collor, do Sarney e de tantos outros com os quais ele hoje vive abraçado, mesmo sabendo o tanto que o PMDB aprontou. Presidente da República não pode mentir, senão perde o respeito da população. E eu preciso acreditar no presidente, desde que ele seja correto, honesto e não um mentiroso. Aqui em Goiás, está havendo uma inversão de valores. Autoridades hoje no Estado são José Dirceu e Delúbio Soares, entre outros, que são recebidos com honra a qualquer momento, enquanto que quem trabalha por Goiás não o é.

Muitos segmentos políticos e comunitários reclamam do esquecimento do governador com Anápolis, que não tem sequer uma obra em andamento na cidade. Na sua visão ele realmente se esqueceu de Anápolis?

Realmente ele tem vindo muito pouco à cidade, que também está sem obras do governo. Eu gostaria vê-lo com mais freqüência na cidade, que retribuísse a votação que teve aqui. A votação do dr. Alcides em Anápolis, com 78% dos votos, ficou atrás apenas de Santa Terezinha.

O senhor acha então que o governador não está reconhecendo esta votação?

Acho que ele tem de estar mais presente na cidade, reconhecer seus amigos e retribuir tudo o que a cidade já fez por ele. O dr. Alcides foi interventor em Anápolis e sua expressiva votação se deu porque o povo acreditava que iria retribuir. O povo tem razão de reclamar. Eu fui candidato a prefeito de Anápolis depois de ser um dos secretários do governador. Não tive o apoio do governador, mas não recebi críticas dele. Mesmo assim me considero seu amigo. Por isso me sinto no direito de afirmar que ele precisa melhorar sua relação com a cidade, primeiro ouvindo os verdadeiros amigos e não apenas aqueles que enterram qualquer governo. Sua administração caminha para o fim e sem ouvir os amigos, para saber o que está errado, com certeza que as críticas vão aumentar ainda mais.

Qual a sua avaliação sobre os primeiros meses da administração do prefeito Antônio Roberto Gomide?

Ainda é cedo para uma avaliação, mas acho que algumas coisas já merecem críticas, como, por exemplo, o inchaço de pessoal que o prefeito está fazendo na prefeitura. Se tivesse sido vitorioso, meu estilo de administrar seria diferente. Mas não posso ainda fazer uma avaliação profunda porque ainda é cedo.

Caso se confirme a candidatura de Henrique Meirelles ao governo estadual, existe risco de alguns partidos que hoje sustentam a candidatura de Marconi se migrarem para apoiar a do atual presidente do Banco Central?

Isso não vai acontecer. Pelo contrário, quem está com Marconi não o abandona. E é bom que a imprensa se prepare porque vocês terão muitas surpresas. Também não acredito que Henrique Meirelles seja candidato a governador. Se ele vier para disputar com Iris e Marconi já antecipo que ficará em terceiro lugar. Eleição para governador é muito diferente de uma para deputado. Tem que saber o que ocorre e ocorreu em todo Estado, o nome de prefeitos das cidades e de suas principais lideranças, onde elas ficam e o Meirelles não sabe nada disso. Sei que ele é um grande homem, mas qual a benfeitoria que já fez para o Estado, a não ser os juros altos de sua política monetária no Banco Central?

O senhor acha então que o senador Marconi ganha fácil esta eleição?

Não tem eleição fácil. E não vai ser fácil para o Marconi ganhar esta eleição, embora ele tenha apenas 45 anos e o Iris, 77 anos. Então, entre os dois, há uma diferença muito grande, de idade e de vigor físico para enfrentar uma disputa como essa. Acho que por essa razão ele pode até não ser candidato e encerrar sua carreira política com uma grande aprovação popular, por ter feito uma boa administração em Goiânia. Sair candidato e, se vencer, ele terminar o mandato com 82 anos, o que vai ser muito difícil. Até porque não terá mais saúde para encarar uma campanha que vai exigir sua presença em todas as cidades goianas, as vezes até mais de uma por dia. Essa é a realidade porque não somos super-homens.

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