sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Marconi no entorno do DF


Depois da visita de Lula, as coisas melhoraram para nosso grupo, porque virou briga entre PP, PT e PMDB. Parece que a confiança acabou. E, em política, quando acaba a confiança, é complicadíssimo” Célio Silveira, prefeito de Luziânia


Diário da Manhã

Política e Justiça

 “Marconi terá 80% dos votos do Entorno”
Prefeito de Luziânia diz que saída de Roriz do PMDB enfraquece peemedebistas goianos e amplia força de Marconi

Ex-deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e prefeito de Luziânia pela segunda vez, o tucano Célio Silveira é hoje uma figura central no cenário estratégico da sucessão estadual de 2010. Tanto é verdade que seu nome frequenta as especulações nos bastidores políticos como possível candidato a senador pelo PSDB. Célio Silveira é uma espécie de vice-rei do Entorno de Brasília. Reeleito com quase 80% dos votos e com domínios políticos que se estendem por toda a superpopulosa região que envolve Brasília, ele não admite que será candidato e assegura que seu objetivo imediato é contribuir para o fortalecimento do projeto tucano de fazer o próximo governador de Goiás. Célio Silveira afirma que a saída de Joaquim Roriz do PMDB enfraquece os peemedebistas goianos e garante que, se as eleições fossem hoje, o senador Marconi Perillo teria 80% dos votos na região. Em entrevista à Rádio Mil, ele disse que não acredita na candidatura de Henrique Meirelles e prevê muitas dificuldades para Iris Rezende caso o prefeito de Goiânia decida ser candidato a governador.

O senhor chegou a almejar uma possível candidatura a vice na chapa de Marconi Perillo. Continua com esse pensamento ou a configuração mudou muito para que isso se concretize?

Célio – Estou muito bem trabalhando na Prefeitura de Luziânia. Sou fiel ao meu grupo político e, se for para ajudar, cumprirei a missão que for destinada. No momento, estou empenhado em somar com o projeto do senador Marconi Perillo, que hoje tem 80% em todas as pesquisas do Entorno, porque foi o único governador que trabalhou pela nossa região. Marconi tem expressivo apoio popular no Entorno porque atendeu e continua atendendo muito bem pela nossa região, que foi esquecida nos governos do PMDB de uma forma brutal. Não tínhamos nada na nossa região antes de Marconi Perillo.

Joaquim Roriz, ex-governador de Brasília, desfiliou-se do PMDB. Qual o reflexo político desta decisão no Entorno de Brasília?

Célio – Roriz é forte no Entorno de Brasília porque quando foi governador sempre manteve as portas do Distrito Federal abertas para a região. Hoje, o governador Arruda faz isso num grau bem intenso, fazendo convênios e ajudando as prefeituras. O governador Roriz tem densidade eleitoral. Agora, certamente, a saída dele do PMDB e uma eventual filiação ao PSC enfraquecem a sua postulação.

A saída de Roriz do PMDB é um golpe na intenção dos peemedebistas de Goiás de fazer uma política de parceria eleitoral no Entorno de Brasília?

Célio – A única porta de entrada do PMDB de Goiás na região do Entorno de Brasília seria através de Roriz. Essa porta agora se fechou. O PSC não tem expressão na nossa região. Para o senador Marconi Perillo, isso é muito bom e fortalece bastante sua candidatura a governador.

Favorece a aliança de Marconi Perillo com José Roberto Arruda e, por extensão, com o DEM?

Célio – O governador Arruda tem sido um parceiro muito presente de Marconi Perillo, tem atendido muitos prefeitos da região do Entorno através dos pedidos do senador. Nunca vi Marconi conversando sobre aliança política com Arruda, mas vejo que dia após dia está se fortalecendo um projeto comum pelo carinho com que o governador Arruda tem tratado Marconi Perillo e seus aliados. Uma parceria entre os dois parece-me natural.

O senhor é muito ligado ao deputado Marcelo Melo (PMDB). Acha que esse episódio com Joaquim Roriz pode levá-lo a integrar a dissidência que já existe no PMDB de Goiás?

Célio – Respeito o deputado Marcelo Melo e não posso falar por ele, mas se estivesse na posição do deputado Marcelo Melo, se ele fosse prefeito e eu deputado, aproveitaria essa abertura que esse episódio deu para fazer uma reflexão política. Acho que ele deveria pensar os últimos acontecimentos e escolher o melhor caminho. Mas pela questão do nosso grupo ser muito forte em Luziânia e no Entorno, acredito que, se ele estiver num partido aliado ao senador Marconi, a sua reeleição seria bem mais facilitada.

Em Luziânia, PSDB e PMDB rezam na mesma cartilha. Dizem em Brasília que, se por acaso Dilma Rousseff (ministra-chefe da Casa Civil) não decolar como candidata do PT na base do presidente Lula, os petistas (Nota -tenho a impressão que a repórter queria dizer peemedebistas) podem até apoiar a candidatura de José Serra ou Aécio Neves. Acredita nessa possibilidade de união, já que o senhor tem uma relação de confiança muito grande com o PMDB em Luziânia, é possível PMDB e PSDB juntos para a sucessão presidencial e com extensão aqui para Goiás?

Célio – Em política tudo é possível. O PMDB é um partido grande e tradicional, mas existem várias facções dentro do PMDB. O que a gente ouve de membros do PMDB é que dificilmente o partido deve apoiar uma candidatura de maneira fechada. Pela extensão e divisão do partido, sempre acabam aparecendo rachas. Um partido dessa dimensão nunca se fecha e isso já aconteceu em outras ocasiões. Em Goiás, há uma parcela do PMDB liderada por Ney Moura Teles e Juarez Magalhães Júnior que declarou apoio aberto a Marconi. Portanto, tudo pode acontecer.

Que quadro o senhor está visualizando para a eleição de Goiás?

Célio – Vejo que Marconi Perillo mais uma vez saiu na frente porque tem a certeza de sua candidatura hoje. O PSDB goiano, aliado com PTB, PPS e com tantos outros partidos, já definiu que nosso candidato é Marconi Perillo. Agora, o que tem de ser feito é traçar uma estratégia de campanha e ele continuar fazendo o que tem feito com muita humildade: visitando, olhando, debatendo com a comunidade as dificuldades do nosso Estado e esperar que venha o adversário. Em momento algum vamos escolher adversário, mas temos uma situação muito mais confortável. Porque até hoje não sabemos se nosso adversário é Henrique Meirelles ou Iris Rezende.

O senhor acredita que Henrique Meirelles será candidato?

Célio – Até hoje nunca vi ele falando nada. Acho muito difícil uma pessoa que fica trancada num gabinete refrigerado do Banco Central, em Brasília, chegar e falar que vai ser candidato a governador de Goiás, um Estado que praticamente é desconhecido para ele. Então, até agora não acredito na sua candidatura porque não vi nada de concreto a respeito, a não ser especulações. Só vejo terceiros falando por ele. Meirelles deve ter cuidado: as pessoas que estão falando por ele têm muito pouca capacidade de aglutinar votos.

Caso Henrique Meirelles não saia candidato, é possível reconstruir a base aliada que elegeu Marconi duas vezes?

Célio – Acredito que sim e todas as demonstrações do PSDB são nesse sentido. Tirando alguns poucos episódios isolados que já foram superados, nunca partiu do governador Marconi Perillo qualquer manifestação de hostilidade. É muito difícil o senador segurar o que um prefeito ou um deputado vai dizer. Nunca vi agressão por parte do senador ou do presidente do nosso partido, deputado Leonardo Vilela. O PTB, que é fechado com Marconi Perillo, é da base aliada desde o primeiro momento. Então, do lado do PSDB, queremos reconstruir a base e acho que as portas estão abertas.

Na sua opinião, o prefeito Iris Rezende vai ser candidato?

Célio – O quadro é muito difícil e complicado para ele. Eu, se fosse ele, não seria candidato. Ele administra bem uma bela cidade, a Capital de todos os goianos. Partir para uma candidatura com um candidato como Marconi e com tantos problemas à sua volta que vieram a público na visita do presidente Lula, acho que seria muito arriscado. Mas seria um candidato que tem história também e valorizaria nossa vitória.

Como o senhor vê essa realização da CPI da Celg?

Célio – A situação da Celg é difícil e precisa ser esclarecida. Acredito na seriedade da Assembleia Legislativa e espero que a verdade venha à tona. Particularmente, acredito que o que contribuiu mais para que nossa Celg chegasse aonde chegou foi a venda da Usina de Cachoeira Dourada, nos governos de Iris Rezende e Maguito Vilela. Concordo em gênero, número e grau com o que o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse: “Os problemas da Celg começaram com a privatização de Cachoeira Dourada.”

Muito se fala sobre a dívida da Celg e nunca se observa o outro lado. O que a empresa tem a receber, por exemplo, de prefeituras do próprio governo do Estado. O senhor não acha que é necessário fazer, antes de mais nada, um encontro de contas?

Célio – Sim, e tenho certeza de que todos os prefeitos querem fazer isso. A Prefeitura de Luziânia, por exemplo, já fez esse encontro de contas e acerta mensalmente a sua conta com a Celg. O prefeito que ainda não fez deve fazer o quanto antes. É desejo de todos os goianos que o caso da Celg tenha um bom final, que não seja federalizada, privatizada, porque é patrimônio do povo goiano.

O senhor já foi chamado para se reunir com o governador? E Luziânia já recebeu algum benefício do atual governo?

Célio – Ainda não. Nesses três anos nunca fui convidado para ir ao Palácio das Esmeraldas. Com certeza, o governador vai me chamar quando achar necessário. Respeito Alcides Rodrigues, ajudei a elegê-lo e torço muito para que a sua administração seja bem-sucedida.

O senhor não foi discutir o programa Paci (Programa Asfaltamento das Cidades), de asfaltamento da cidade?

Célio – Não. Estou correndo atrás de emendas e trabalhando muito para que possamos viabilizar recursos para fazer as obras e asfaltar os bairros de Luziânia que ainda não contam com esse benefício.

Que resultados políticos e administrativos o senhor depreendeu da visita do presidente Lula a Goiás?

Célio – Tenho grande respeito pelo presidente, pelo cargo que ocupa e pelo político que é, mas a visita dele a Goiás foi um desastre. Não rendeu nada. Só criou problemas. Pessoas que se diziam  muito chegadas ao Lula nem foram citadas por ele. Politicamente para nós, do PSDB, saiu melhor que a encomenda. É fato: depois da visita do presidente Lula, as coisas melhoraram muito para nosso grupo, porque virou uma briga entre PP, PT e PMDB. Parece que a confiança acabou. E, em política, quando acaba a confiança, é complicadíssimo.

Fonte: Da Redação
 

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