quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Maguito quebrou a CELG

Diário da Manhã

Opinião

Carlos Alberto Leréia (PSDB)

Quem quebrou a Celg: Maguito

Os leitores do Diário da Manhã acompanharam nos últimos dias a polêmica que travei com o prefeito de Aparecida, Maguito Vilela. Infelizmente, apesar de ter coisas muito mais importantes para fazer, fui obrigado a perder tempo com essa lamentável figura da política de Goiás, ex-parlamentar apagado e ex-governador que não deixou marca alguma no Estado – a não ser a criminosa venda da Usina de Cachoeira Dourada e o sumiço dos recursos arrecadados nessa que foi a mais danosa operação de privatização da história do Brasil.

Conhecido pela fraqueza de caráter, pelo despreparo pessoal e pela eterna subserviência a Iris Rezende, esse Maguito Vilela representa o contrário de tudo o que se espera de um homem público. A venda da Cachoeira Dourada é a prova maior da irresponsabilidade de Maguito. Tratava-se do maior patrimônio físico do povo goiano, uma obra construída por gerações de abnegados. Pois Maguito resolveu jogar a usina pelo ralo: privatizou, sem sequer dispor de um projeto para a aplicação do dinheiro recebido, de forma a compensar o prejuízo com algum impacto positivo no desenvolvimento do Estado.

Economistas, que analisam o quadro econômico da época, afirmam que o valor arrecadado com a venda de Cachoeira Dourada seria suficiente para gerar um aumento de até 2% nos índices de crescimento anual do PIB estadual, caso houvesse uma aplicação séria e consequente. Não houve. E o pior: o dinheiro, na época quase US$ 1 bilhão de dólares, que poderia ter iniciado uma revolução na economia goiana, praticamente desapareceu. Do pouco que se sabe, apurado em auditorias realizadas posteriormente, constatou-se que grande parte acabou sendo pulverizada, centavo por centavo, em obras de pouca importância e até inúteis, sem falar da utilização com gastos de custeio do Estado.

Como se não bastasse o desperdício de todos os recursos advindos da privatização da usina, o Governo Maguito Vilela ainda assinou com a empresa chilena Endesa, compradora de Cachoeira Dourada, um contrato extremamente lesivo aos interesses de Goiás. Esse contrato é a verdadeira razão pela qual a venda da usina de Cachoeira Dourada comprometeu, irreversivelmente, o futuro da Celg, naquele instante, ferindo os interesses de Goiás e onerando duplamente os goianos, ao prejudicá-los como contribuintes e como consumidores. Os prejuízos da Celg decorrentes desse contrato ultrapassaram hoje os bilhões de reais, induzindo o crescimento explosivo da dívida da empresa.

Maguito Vilela, um governador de Estado que passou o mandato sonhando com a presidência da Confederação Brasileira de Futebol, torrou centavo por centavo do dinheiro obtido com a venda da usina. Uma auditoria localizou recursos de Cachoeira Dourada aplicados na construção de ginásios de esportes, paisagismo de rodovias (com destaque para Jataí, terra de Maguito) e até pagamento de diárias e outras despesas de manutenção rotineira de qualquer administração. O fato é que o Governo Maguito estava a caminho da falência e a privatização acabou servindo para cobrir o rombo das contas públicas. O ex-governador utilizou recursos da  venda de Cachoeira Dourada para manter o Estado funcionando, ocultando essa situação calamitosa da população e ainda assumindo uma posição ridícula ao alegar, depois, que vendeu a usina por ordem do governo Fernando Henrique Cardoso - argumento pueril, já que outros governadores preservaram as usinas que controlavam, o que apenas comprova que o próprio Maguito admite que foi um governador fraco. O então governador de Minas Gerais, Itamar Franco, não se vergou e não privatizou a Cemir, por exemplo.

Segundo uma matéria pormenorizada do Jornal Opção, escrita pelo brilhante jornalista José Maria Silva, até a Supergasbrás, com seu modesto gás de cozinha, abocanhou uma pequena fatia do dinheiro de Cachoeira Dourada – R$ 9.524, relativos ao fornecimento de gás para o Hospital de Urgências de Goiânia. É provável que sem a privatização de Cachoeira Dourada, os pacientes da rede pública em Goiás iriam morrer não só por falta de atendimento, mas também de fome. Porque a usina de US$ 1 bilhão de dólares virou alface - o dinheiro da privatização subsidiou até compra de verdura. Conforme um relatório do Tribunal de Contas do Estado, citado pelo jornalista, a Distribuidora de Verduras Neiva Ltda., mediante três ordens de pagamento, recebeu do Estado, via dinheiro da privatização de Cachoeira Dourada, R$ 50.777, referentes ao fornecimento de produtos hortifrutigranjeiros, para diversas unidades de saúde, durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 1998.

Milhares e milhares de despesas comezinhas do Governo foram pagas com recursos de Cachoeira Dourada. Maguito ainda armou uma espécie de bomba-relógio para os Governos que viriam: não se limitou a gastar todo o dinheiro – também deixou licitadas ou inacabadas centenas de obras que somavam praticamente o dobro do que foi obtido com a privatização de Cachoeira Dourada. Centenas de obras supérfluas, sem nenhuma utilidade, em todo o Estado, das quais os ginásios de esporte foram o melhor exemplo. Ele, Maguito, queria construir, reformar ou ampliar 773 ginásios de esporte, uma loucura que só não foi adiante porque o arcebispo de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, com a sua autoridade moral inquestionável, veio a público para condenar a intenção do governador, alertando para o abandono das escolas estaduais, na ocasião.

Lula, em Goiânia, perguntou sobre quem são os culpados pela difícil situação financeira da Celg. A resposta  segundo o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que é do PMDB, estava a menos de dez passos dele, logo ali atrás, no palanque armado na Praça Cívica, onde Maguito Vilela aplaudia freneticamente o presidente, ao lado do prefeito Iris Rezende (sobre as responsabilidades deste, detalharei em meu próximo artigo). O ministro Lobão está certo: a venda de Cachoeira Dourada e o contrato impositivo de compra de energia a preços superfaturados, imposto à Celg após a privatização, comprometeram irreversivelmente a maior empresa do Estado de Goiás.

 Carlos Alberto Leréia é deputado federal

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