quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Marconi é um líder nato!

Diário da Manhã

Opinião 

Nelson Soares dos Santos 


O líder Marconi Perillo (IV)



O ano de 2003 foi um ano triste em minha vida. Embora para muitos eu devesse comemorar o fato de ter concluído o mestrado em Educação pela Universidade Federal de Goiás, para mim, ver o Partido Comunista do Brasil dividido, perdendo suas lideranças e praticamente o rumo e os ideais foi umas das maiores tristezas e derrotas da minha vida. O motivo das dissidências internas do comunismo goiano repousava justamente na aparência e nas formas como se via o governo Marconi Perillo, na essência; vejo, depois de algum tempo passado, que era muito mais que percebia minha vã filosofia.

Defendi abertamente que, para o segundo mandato de Marconi Perillo, uma vez que havíamos participado do governo, apoiássemos já no primeiro turno; não via nisso nenhuma dificuldade, dadas as boas relações que havia entre PT e Marconi Perillo e a inexpressividade do candidato do PT ao governo. Aquele segundo mandato de Marconi era, para mim, plebiscitário, mas não foi esta a compreensão da maioria. No final, o partido apoiou Marconi no segundo turno e continuou a participar do seu governo até o último dia do seu segundo mandato. No entanto, a possibilidade de influenciar os rumos do governo foi se tornando cada vez mais frágil por parte da corrente progressista que atuava dentro da estrutura administrativa.

A escolha do sucessor de Marconi foi naturalmente desenhada na medida em que as forças conservadoras dentro da estrutura administrativa se alinharam e se uniram no mesmo propósito. Não foi apenas Marconi que escolheu Alcides sucessor, foi a incapacidade das forças progressistas de se tornar hegemônica em seu governo que fez com que, apesar das realizações no campo social e humano, a escolha enveredasse para o representante da antiga linhagem ditatorial e antipovo. Portanto, muito mais próximo de Iris Rezende que do próprio Marconi Perillo.

Mas por que o povo votou em Alcides se as políticas do governo Maguito eram muito mais próximas do governo Marconi do que o já conhecido Alcides Rodrigues? Penso que, em 2010, uma música será muito ouvida, principalmente se houver três candidatos: Marconi, Iris e um candidato do governo Alcides. A música será o jingle com o qual Marconi entrou na campanha de Alcides e o elegeu governador. Sim, não foi o povo que elegeu Alcides, foi Marconi quem elegeu Alcides; o povo apenas deu um voto de confiança a Marconi quando ele disse: “Votem em Alcides”, e a música tocava: “Alcides é  o nome, Alcides e Marconi”.

Muitos analistas tentam explicar a configuração política atual mostrando que poucas federações conseguem administrar sem o poder central. Eis um argumento verdadeiro que justifica muitos dos debates e a aproximação do governo Alcides do presidente Lula. No meu caso, o que me impressiona é ver o governo Lula fazer uso das fraquezas do Estado para tentar destruir e derrotar uma liderança que tanto fez por Goiás. Alcides só conseguiu se eleger por causa de Marconi e não consegue governar sem o apoio do Lula. Eis a espada sobre o pescoço do governador: deixando Marconi tornar-se um traidor; deixando Lula, não consegue governar. O que impressiona é que, mesmo aproximando do governo Lula, um governo que afirma e tem números que mostra um forte lado social em Goiás, a rede de proteção social se desvanece, por que é preciso fragilizar os maiores feitos de Marconi para derrotá-lo.

A liderança de Marconi é agora, mais uma vez, posta a prova. O elemento novo é a expressa vontade de um governante do poder central em derrotar uma liderança regional, já presente nos jornais de todo o País; de outro lado, as contradições entre as práticas políticas  do governo regional e o poder central. Na essência, o governo de Marconi ficou muito mais próximo de Lula do que o próprio governo Alcides. Resta esperar para ver como Lula transferirá votos para candidatos que, na prática, não pensam e não sentem o povo.

Por fim, uma palavra sobre os chamados partidos progressistas a nível nacional ( PT, PCdoB etc). Em Goiás, como se disse no início, mais do que as ideologias partidárias, tem pesado a prática política das lideranças e, neste sentido, por mais que alguns não queiram, continuará a existir apenas dois polos: Iris e Marconi. Os demais já estão todos aí representados. Não é demais lembrar que o que restou do PCdoB já é da base de apoio de Iris,  juntamente com o PT; e os progressistas destes dois partidos, ou o que restou, já é base de Marconi.

Eu chamaria Marconi de um democrata humano e Iris de um democrata tocador de obras. Só preocupa-me se, nesta disputa, não venha levar a melhor uma terceira via (o Financista e os conservadores), aqueles que representam a antidemocracia, o antipovo, herdeiros da velha ditadura, verdadeiramente oligárquica e coronelista. Se perder Marconi, o povo goiano terá perdido, e se perder Iris, o povo goiano terá perdido duas vezes, três vezes, um milhão de vezes.

Nelson Soares dos Santos é pedagogo, mestre em Educação Brasileira pela UFG, doutorando em Educação e Sociedade (UCG) e professor efetivo da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba

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