sábado, 4 de dezembro de 2010

Armadilhas armadas!





Política & Justiça

A bomba-relógio da Celg
Ninguém sabe o que está por trás do empréstimo, diz Marconi

Em entrevista à Rádio 820 AM, governador eleito afirma que gestão atual nunca teve interesse de sanear contas da empresa e revela que as primeiras informações são de que o Estado enfrenta um “furo” de R$ 1 bi na contabilidade

Alexandre Bittencourt

Envolvido nas articulações para a formação da equipe de governo e na busca de um acordo com o Ministério Público para viabilizar a utilização do Centro Cultural Oscar Niemeyer visando a realização, naquele local,  de um show musical e de uma exposição de obras do artista plástico Siron Franco, o senador e governador eleito de Goiás, Marconi Perillo, acompanha de perto o trabalho que vem sendo realizado pela equipe de transição comandada pelo vice-governador eleito, José Eliton, com atenção especial para a crise da Celg. 

Marconi mantém o discurso que defende desde a campanha e que coloca em dúvida os reais objetivos do governo ao contratar empréstimo junto à Caixa Econômica Federal, supostamente para “salvar a empresa da federalização”, como alega a atual administração do Estado. Ontem (sexta-feira 3), em entrevista aos jornalistas Cassim Zaidem e Divino Olávio no Jornal 820 da Rádio Jornal de Goiás, o  senador voltou a questionar a operação. "Eu nunca tive dúvidas, e hoje tenho menos ainda, de que o governo atual nunca teve interesse em resolver o problema da Celg. O interesse dele é resolver problema de caixa para pagar empreiteiras e outras finalidades”. 

Na avaliação de Marconi, “o atual governo jamais se preocupou com a Celg. Essa transação é obscura. Ninguém, nem o governador eleito nem uma pessoa do povo, nenhum jornalista tem informação sobre o teor do empréstimo. Como podemos aceitar que o Estado de Goiás arque com um ônus desse tamanho sem saber o que está por trás disso? É chegada a hora de dar um basta à irresponsabilidade e, principalmente, ao descompromisso em relação a Goiás. O nosso governo vai colocar um fim a esse estado de coisas. A grande preocupação de quem está no governo é o patrimonialismo e não os interesses maiores da coletividade”. 

Quanto à futura equipe de governo, Marconi disse ser preciso conciliar ética, honestidade e integridade com iniciativa, capacidade de gestão e competência. “Minha maior preocupação nesse momento é encontrar quadros que possam me ajudar a tocar o governo nas áreas de gestão e planejamento, Fazenda, educação, saúde, segurança e meio ambiente entre outras. É encontrar gestor que possa me ajudar a resolver o problema da Celg e viabilizar investimentos em outras áreas, principalmente na infraestrutura”, salientou. 

Marconi falou também do compromisso que tem com um governo que vise única e exclusivamente os interesses maiores do povo. “Em hipótese alguma eu vou misturar interesse partidário, político, pessoal ou financeiro com o interesse de Estado. Aqueles que imaginarem que vão ocupar cargos no governo para roubar, para atender aos interesses político-partidários ou pessoais em detrimento do povo, vão cair do cavalo. Eu não titubearei. Qualquer deslize de qualquer pessoa que venha a ocupar funções no governo significará demissão imediata”. 

Sobre a Reforma Administrativa que pretende implantar logo nos primeiros dias da nova gestão, o senador disse que ela visará refazer o que foi desfeito. “Nós fizemos uma Reforma Administrativa profunda no início de 2000. Infelizmente ela foi deteriorada. Precisamos agora recompor as coisas. Vamos implantar planos de metas e busca de resultados, valorizando os servidores através da meritocracia”. 

Marconi afirmou também que em seu governo haverá enxugamento de despesas: “O importante é que a máquina tenha condições de funcionar e bem. Estamos fazendo sérios estudos para que tenhamos uma reforma nos moldes daquelas existentes em Estados muito adiantados na questão da gestão. Temos o próprio modelo e a experiência nossa implantada em 2000”. 

Na entrevista, o governador eleito Marconi Perillo reafirmou sua disposição de enxugar, racionalizar e cortar todo tipo de desperdício. E fez um alerta: “O prenúncio do que vamos receber é muito sombrio. (Estou informado que) há a possibilidade de termos um furo no caixa do governo, só na administração direta, de mais de R$ 1 bilhão. Isso é muito sério para um governo que propalou aos quatro cantos que só gastava o que podia pagar. Eu recebi um governo em condições precárias em 99 e, graças a Deus, consegui honrar todos os compromissos, colocar a casa em ordem e fazer talvez o mais dinâmico governo da história de Goiás. Vamos fazer a mesma coisa. Vamos enfrentar os desafios dos primeiros meses e depois colher os frutos de um governo planejado e eficiente”. 

Depois de afirmar ser provável que a Assembleia Legislativa seja convocada nos primeiros dias de janeiro para a aprovação da Reforma Administrativa e de projetos importantes para o Estado, Marconi manifestou sua preocupação com os incentivos que foram concedidos pela atual administração no apagar das luzes do atual governo. “Neste final de mandato, o governo tem procurado fazer uma grande farra de benefícios e favores à iniciativa privada. Nós vamos estudar todos esses casos para que de forma justa e correta possamos atender a partir de janeiro esses pleitos. O que é inaceitável é que o governo, que podia ter feito tudo isso ao longo dos cinco anos, resolva fazer agora”. 

Marconi reafirmou ainda que pretende colocar para funcionar o que existe para só depois iniciar novos projetos. Ele citou obras inacabadas como o Centro de Excelência Esportiva, pavimentação do viaduto do Madre Germana, Centro Cultural Oscar Niemeyer dentre outras. “E assim vamos fazer na saúde, na educação e segurança pública. Estamos identificando os problemas e esperamos que em seis meses tenhamos uma série de questões resolvidas”. 

Sobre o modelo de gestão do futuro governo, Marconi garantiu que ele se dará de forma descentralizada. “Quem governa o Estado é o governador. Eu não vou abrir mão da minha responsabilidade e da minha competência para ninguém. O que ocorreu aqui é que o governador transferiu o governo para o secretário da Fazenda. Cada secretário terá suas funções, suas metas e objetivos a serem cumpridos e terá, acima de tudo, autonomia para cumprir sua função de acordo com o nosso plano de governo”. 

Ao falar dos concursos públicos realizados pela atual administração neste último ano de governo, Marconi disse que eles serão todos examinados. “Os concursos foram realizados sem que nos editais se estabelecesse o número de pessoas que seriam recrutadas. Precisamos estudar e convocar os concursados de acordo com as necessidades do Estado. Eu nem sei se vai ser preciso. O governo atual contratou nesses últimos dias mais de seis mil concursados. Espero que isso tenha sido feito de forma criteriosa”. 

Quanto à manutenção e até incremento dos programas sociais, o senador declarou que haverá um choque de gestão nesta área. E lamentou: “Nossos programas sociais foram destruídos pelo atual governo. A Bolsa Universitária praticamente acabou. O Banco do Povo está em frangalhos. Destruíram o programa do Salário Escola. O Renda Cidadã foi completamente retalhado. O que nós vamos fazer é retomá-los para que as famílias possam, sobretudo, ter condições de colocar seus filhos na escola”.

Marconi falou ainda do horário e local para a posse e transmissão de cargo. “A posse depende de um acerto da minha equipe de transição com a Assembleia Legislativa. Ela não depende do governo do Estado. A única questão que precisa ser resolvida é a transmissão de cargo, que é algo desnecessário do ponto de vista legal. Isso é apenas uma formalidade que eu pretendo que seja cumprida. Eu já designei uma comissão para preparar a posse, que é presidida pelo ex-secretário Carlos Peixoto”. 

No encerramento da entrevista, Marconi informou que esteve reunido por mais de duas horas com o governador eleito de Brasília, Agnelo Queiroz, com quem tratou de assuntos administrativos e de projetos importantes para Goiás e para o Distrito Federal, principalmente para o Entorno. “Estabelecemos uma relação que será muito produtiva daqui pra frente. Nesta relação inclui-se também a participação do governo federal”, disse.

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