segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Anápolis: bons nomes para a SIC






Reportagens

                                                   Jornal Opção
Deocleciano Moreira, da Facieg; Jânio Darrot, deputado eleito aceita; Ubiratan Lopes, da Acia; Ridoval Chiareloto, ex-secretário

Governo Marconi

Quem será o titular da SIC?
Governador eleito deve dar de novo a Anápolis a indicação do secretário da Indústria e Comércio. Ubiratan Lopes, Deocleciano Moreira e Francisco Pontes são nomes especulados, mas pode haver surpresa 
 
Cezar Santos

Passada a eleição, com o tucano Marconi Perillo se consagrando vencedor nas urnas, o mundo político anapolino vive a expectativa de saber quem o próximo governador indicará para a Secretaria da Indústria e Comércio. Que a pasta ficará com Anápolis parece ser fora de dúvida, uma vez que Marconi reiterou seu compromisso com a cidade, o que foi confirmado por ocasião de sabatina realizada pela Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), no dia 22 de setembro. 
 
O presidente da Acia, Ubiratan da Silva Lopes, lembra que o então candidato Marconi Perillo realmente disse que o processo de escolha do futuro secretário de Indústria e Comércio passaria pela entidade e pelo Fórum Empresarial de Anápolis. “Estamos no aguardo do perfil que o governador eleito quer, para podermos tirar aí três nomes e indicarmos a ele. Mas a diretoria da Acia não tratou disso ainda. Só nesta semana deveremos conversar sobre esse assunto. Temos vários companheiros que, sem dúvida, reúnem condições de auxiliar bem o governador e fazer um bom trabalho na Secretaria de Indústria e Comércio”, disse Ubiratan.
 
Tomando ao pé da letra o que o governador eleito disse na sabatina do dia 22 de setembro, sobre o processo de escolha passar pela Acia e pelo Fórum Empresarial de Anápolis, fica aberta até mesmo a possibilidade de que o nome escolhido por Marconi não seja exatamente de Anápolis, mas que conte com a aprovação das lideranças empresariais anapolinas. Aí o leque de opções do governador se abre. Se for esse o caso, um nome evidente é o do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fieg), Paulo Afonso Ferreira, líder classista muito ligado a Marconi. Paulo Afonso teria a aprovação da Acia? Certamente que sim. 
 
O deputado eleito Jânio Darrot, segundo mais votado para a Assembleia, também entra nas especulações. Empresário do ramo de confecções, radicado em Trindade, Darrot certamente também seria aprovado pelas lideranças anapolinas se seu nome fosse apresentado por Marconi. A ideia agrada a Darrot. “Se o governador me convidar eu aceito”, disse o empresário e deputado eleito ao Jornal Opção. 
 
Na verdade, desde seu primeiro governo, Marconi nomeou empresários de Anápolis para dirigir a SIC. Primeiro foi Vilmar Guimarães, da área de comunicação (fundador da TV Tocantins), depois Mozart Soares Filho e Ridoval Chiareloto — Luiz Medeiros Pinto, que ficara como interino com a saída de Ridoval, assumiu a titularidade em agosto de 2008, no governo Alcides.
 
Auxiliares mais próximos de Marconi dizem que o governador eleito não tem falado em nome para nenhuma pasta — neste momento, apenas Giuseppe Vecci teria endereço definido, o Planejamento. “Ainda está muito cedo para isso. Qualquer nome para qualquer pasta neste momento é apenas especulação”, diz o anapolino Fernando Cunha, um dos mais ativos colaboradores de Marconi. 
 
E especulações estão sendo feitas. Dos anapolinos, um nome quase natural neste momento, até pelo cargo que ocupa e pela liberdade de movimentação no meio, é o do próprio presidente da Acia, Ubiratan Lopes. Outro que está nos murmúrios de bastidores é o 2º-vice-presidente da Acia e presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), Deocleciano Moreira Alves. O empresário tem grande poder de articulação, característica que evidentemente credencia um bom titular para a Secretaria de Indústria e Comércio. Outro nome citado pelas bocas de matilde políticas é o do industrial Francisco Pontes, da empresa Estrutural, no Distrito Agroindustrial (Daia). 
 
E os bastidores da política estão fervendo, neste momento pós-eleição, e dão conta que Ridoval Chiareloto também está no páreo. Ele ocupou a SIC por um bom tempo, tendo realizado trabalho elogiado — embora isso até pese contra, pois parece que Marconi não quer bisar nomes nas mesmas pastas em sua futura equipe. Ridoval é um marconista de quatro costados, como se diz. Foi candidato a deputado estadual, não se elegeu, mas teve boa votação em Anápolis.
 
Os nomes apontados são representativos e certamente contam com a aprovação do setor empresarial anapolino, uma vez que reúnem experiência e capacidade de articulação. Marconi já deu a senha sobre os critérios para a nomeação: ser ficha limpa e competnete. E para escolher, o senador certamente vai conversar muito com as lideranças políticas e partidárias que o ajudaram a ter em Anápolis uma das vitórias mais expressivas no Estado (ver reportagem abaixo).
 
O futuro governador pode indicar qualquer um dos nomes ventilados até o momento ou nenhum deles, seja filiado ou não aos partidos de sua base. Não seria ineditismo Marconi surpreender na montagem de seu secretariado. Para a primeira equipe ele convidou nomes de fora do mundo político. Foi assim na Secretaria da Educação, quando ele chamou a professora da UFG Raquel Teixeira — que só se filiou ao PSDB quando decidiu disputar a eleição para deputado federal em 2002.
 
A Secretaria de Segurança Pública ficou com o ex-procurador-geral de Justiça Demóstenes Torres, que também não tinha filiação partidária. Igualmente aconteceu com o professor da UFG Nasr Chaul, que ocupou a pasta da Cultura. Especificamente sobre a SIC, em 2001, Marconi tirou da Câmara de Vereadores de Anápolis um nome que naquele momento foi considerado uma surpresa, Mozart Soares Filho, o Mozarico (atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Anápolis), para substituir Vilmar Guimarães. Será que dessa vez haverá surpresa?
 
 
Faça sua aposta. 
 
Alguns compromissos de Marconi com Anápolis 
 
Ampliação do Daia 
 
Ampliar o Distrito Agroindustrial de Anápolis, uma vez que, pelo menos, 40 empreendimentos estariam na fila de espera por falta de áreas. Firmou o compromisso de que acionará a Goiasindustrial para identificar áreas próximas ao Daia a fim de que o governo possa adquirir e fazer a infraestrutura necessária para receber os empreendimentos. 
 
Plataforma Multimodal 
 
Devolver a administração da Plataforma à pasta de Indústria e Comércio. Lembrou que o projeto se iniciou em sua gestão no governo estadual, com a aquisição da área e a implantação da infraestrutura. Finalizar a infraestrutura e buscar as empresas.
 
Aeroporto de Cargas
 
Resolver as pendências junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e fazer a obra.
 
Centro de Convenções
 
Marconi Perillo lembrou que, no final de seu governo, fez a transferência para a Acia, de um imóvel do Supermercado Marcos que foi repassado ao Estado numa negociação. O governo deveria, também, fazer um convênio de R$ 1 milhão para as obras de adaptação do prédio. "Deixei para o meu vice [Alcides Rodrigues], que não o fez como também revogou a doação", disse, acrescentando que, eleito, iria revogar o decreto e fazer novamente a transferência do imóvel para a Acia. "Vamos ajudar também a fazer o Centro de Convenções", disse o então candidato.
 
Anel Viário

Efetivar a obra. Lembrou que havendo a ampliação do Daia, o projeto do anel viário poderá sofrer alteração.
 
Zona Franca

Destravar a questão e viabilizar o entreposto da Zona Franca de Manaus.
 
Polo farmacêutico

Fazer grandes investimentos em pesquisa e inovação tecnológica. Criar o fundo vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) que já existe. Fazer os estudos necessários na legislação de incentivos fiscais para a capitalização desse fundo, ou seja, buscar as alternativas viáveis.
 
UEG 
 
Garantir maior autonomia financeira e administrativa para a instituição e, também, garantir que seja feito o repasse legal de 2% das receitas. Melhorar o Plano de Cargos e Salários, apoiar a pesquisa e a extensão universitária, assim como a realização de concurso para a contratação de professores. 
 
Ensino Profissionalizante 
 
Implantação de 100 colégios tecnológicos com a estrutura já existente da rede da educação no Estado, em regiões estratégicas de Goiás. Anápolis terá unidades para atender as suas demandas. Fazer parceria com o Sistema Fieg para fazer a bolsa de qualificação.
 

Máquina de votos de Marconi atropela ainda mais no 2º turno 
Trabalho do prefeito Antônio Gomide e do deputado federal reeleito Rubens Otoni rende menos de 4 mil votos, contra quase 12 mil do tucano 
 
Cezar Santos
 
O peemedebista Iris Rezende teve em Anápolis, em 31 de outubro, menos de 4 mil votos a mais em relação ao primeiro turno da disputa eleitoral ao governo do Estado. É este o resultado do trabalho do prefeito Antônio Gomide, do deputado federal reeleito Rubens Otoni e companhia em favor do candidato da coligação PMDB-PT. Foi pouco, muito pouco.
 
Para o leitor lembrar os números, no primeiro turno Iris teve 38.706 votos (22,41%), contra 112.283 (65,01%) de Marconi. Uma diferença de 73.577 sufráfios para o tucano, ou 42,6%. O resultado no segundo turno: Marconi 124.173 (74,41%), Iris 42.701 (25,59%), uma diferença de 81.472 votos pró-tucano. Marconi conseguiu acrescentar 11.890 votos no segundo turno, enquanto Iris conseguiu acrescentar apenas 3.995 votos. A diferença é muito grande, considerando o universo de votos válidos de 166.874 votos.
 
Na noite de 31 de outubro, os números foram um verdadeiro balde de água fria no PT de Anápolis. Gomide e Rubens esperavam muito mais. Esperavam um equilíbrio. Nos últimos dias falavam até em virada, escorados numa pesquisa do manjadíssimo Ibope, divulgada no jornal “O Popular” no dia 28, que dava Iris com 44% contra 43% de Marconi. Os petistas acreditaram no instituto que tem um alentado currículo de erros e distorções em pesquisas eleitorais em Goiás e, animados, faziam contas, projetando que com os 9% de indecisos Iris poderia alcançar mais de 85 mil votos na cidade. Abertas as urnas, o peemedebista teve metade disso.
 
O equilíbrio em Anápolis era tido pelos estrategistas de Iris como um fator preponderante para a virada no segundo turno, já que tinham certa a vitória irista em Goiânia e Aparecida de Goiânia, respectivamente o primeiro e o segundo maiores colégios eleitorais do Estado. Com o jogo equilibrado no terceiro maior colégio eleitoral, Anápolis, a virada estaria assegurada, pensavam os estrategistas do PMDB-PT. 
 

 
Por isso Gomide e Rubens foram à luta. Trabalharam como leões, é verdade. Promoveram diversas atividades, trouxeram Iris várias vezes a Anápolis. Na antevéspera da eleição, Gomide e Rubens promoveram uma grande caminhada com Iris Rezende pelas ruas centrais da cidade. Nessa caminhada, até Alcides Rodrigues participou. Seria o fecho de ouro da virada irista para equilibrar, talvez até mesmo virar, o jogo na Manchester goiana,  fazendo Marconi engolir a humilhação que ele impusera a petistas e peemedebistas no primeiro turno.
 
Ocorre que do outro lado os parceiros de Marconi também foram à luta. O vereador Fernando Cunha Neto (PSDB), coordenador da campanha tucana, conta que foi feito um trabalho para solidificar os votos conquistados no primeiro turno e, depois, mapeamento dos votos que o republicando Vanderlan Cardoso recebeu na cidade. “Fomos buscar os votos do Vanderlan, trabalhamos em cima disso. Aumentamos mais de 9% os nossos votos do primeiro turno, enquanto nossos adversários cresceram 3%.” Os números mostram que o trabalho deu certo.
 
No domingo, 31 de outubro, terminada a apuração, viu-se que Marconi saiu mais uma vez consagrado das urnas anapolinas. O tucano ampliou a surra nos adversários. Não adiantou governos municipal, estadual e federal se juntarem. Os 65% do primeiro turno viraram mais de 74%. Os 112 mil votos subiram para 124 mil. No linguajar do povo, se diz que Marconi fez cabelo, barba e bigode. Algum gaiato poderia acrescentar: cavanhaque também.
 
A importância que os estrategistas de PMDB-PT davam para a virada em Anápolis tinha razão de ser. Iris ganhou de Marconi no segundo turno no maior colégio eleitoral do Estado, Goiânia (367,1 mil votos válidos), por uma diferença de 70.861 votos. Marconi ganhou de Iris em Anápolis por diferença de 81.472 votos. Ou seja, a vantagem irista em Goiânia foi derrubada com sobra de 10 mil votos por Marconi em Anápolis.
 
Interessante observar que o vereador Carlos Antônio (PSC), eleito deputado em 3 de outubro, logo declarou apoio a Marconi no segundo turno, disse que o tucano iria aumentar a vantagem na cidade e que ele, Carlos, estaria trabalhando para isso. “Marconi vai ter 75% dos votos válidos de Anápolis”, vaticinou. Convencido pelo prefeito Gomide, Carlos Antônio “desapoiou” Marconi e foi para Iris. Como Marconi teve 74,41% dos votos válidos, faltou 0,59%, exatos 985 votos, para o tucano chegar ao porcentual previsto pelo vereador.  Fica a pergunta, se Carlos Antônio tivesse apoiado Marconi, o tucano teria chegado aos 75%?

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