quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Marconi Perillo: respeito à memória de Henrique Santillo!

 POLÍTICA
Pesquisas ainda acirram os ânimos
Serpes foi quem mais se aproximou das urnas. Diretores dizem que levantamentos apontam tendências
 
Carla Borges
 
A comparação do resultado das eleições em Goiás com as últimas pesquisas divulgadas mostra que a sondagem realizada pelo Instituto Serpes foi mais acertada do que a do Ibope. O Serpes, na pesquisa divulgada pelo POPULAR no sábado, mostrava Marconi Perillo (PSDB) com 54,03% dos votos válidos, mais de oito pontos porcentuais à frente de Iris Rezende (PMDB), que aparecia com 45,7%. A diferença entre eles foi de quase seis pontos porcentuais.
 
A pesquisa Ibope/TV Anhanguera divulgada na quinta-feira trouxe resultado de empate técnico entre os candidatos. Considerando apenas os votos válidos, o Ibope apontava vitória de Marconi com 51%, dois pontos à frente de Iris, que aparecia com 49%. Para presidente, o Ibope mostrou Dilma Rousseff (PT) com 57% dos votos válidos e José Serra (PSDB) com 43% e se aproximou do resultado oficial.
 
A pesquisa Serpes foi realizada entre os dias 26 e 29 de outubro e ouviu 1.001 eleitores em todo o Estado, com margem de erro de 3,1 pontos porcentuais, para mais ou para menos. A pesquisa Ibope ouviu 1.204 eleitores em Goiás, no período de 24 a 26 de outubro e teve margem de erro de três pontos porcentuais, para mais ou para menos. A boca-de-urna divulgada às 17 horas pelo Ibope - o Serpes não realizou boca de urna - apontou 52% para Marconi e 48% para Iris.
 
O diretor do Serpes, Antonio Lorenzo, creditou o índice de acerto do instituto à metodologia de trabalho e ao controle dos entrevistadores. "Temos nossa própria metodologia e escolhemos as cidades, bairros e casas onde encontramos os eleitores que chamamos de representativos estatisticamente para pesquisa", explicou Lorenzo.
 
A diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, afirmou ao POPULAR que a diferença entre os resultados apurados pelos pesquisadores e os das urnas encontram-se dentro da margem de erro da última pesquisa, de dois pontos porcentuais. "Na boca-de-urna nos aproximamos ainda mais e ficamos a um ponto porcentual do resultado das urnas", observa Márcia. Ela explica que não houve mudança metodológica do primeiro para o segundo turno e diz que o grande aprendizado é que as pesquisas apontam tendências. "Elas nunca substituirão as urnas."
 
 
DESCONTENTES
 

"Toda vez que divulgarmos uma pesquisa haverá descontentes, porque só um estará na frente. Normalmente, quem está atrás reclama", relata Márcia Cavallari. "Em Goiás, se quem apoia o vencedor também reclamou, é porque a expectativa era de que a diferença de seu candidato fosse maior."

 
A diretora do Ibope comenta que as pessoas tendem a acreditar muito na capacidade das pesquisas de influenciarem o voto. "Não há nenhum estudo no mundo que nos mostre influência direta da pesquisa no voto", esclarece. Por outro lado, as pesquisas têm reflexo direto no espaço que a campanha ocupará na mídia, na formação de coligações e, principalmente, no ânimo da militância. "Há uma interpretação errônea de que as pessoas serão influenciadas a votar sempre em quem está na frente e a própria eleição presidencial mostra o contrário", diz Márcia, lembrando que no início Dilma aparecia atrás de José Serra (PSDB).
 
O diretor do Serpes Antonio Lorenzo também aponta os reflexos das pesquisas em uma campanha. "O dinheiro vai mais fácil para quem tem mais votos e a militância também tem mais ânimo e disposição com os resultados", enumera. Lorenzo ressalta que a responsabilidade dos institutos de pesquisa é imensa.
 
 
Números são questionados por políticos

Três dias depois do segundo turno da eleição para presidente da República e governador do Estado, as pesquisas de intenção de voto divulgadas ao longo do processo eleitoral, especialmente no segundo turno, ainda provocam discussões acaloradas de ambos os lados, não apenas dos correligionários do candidato derrotado Iris Rezende (PMDB). A avaliação é de que resultados não tão próximos dos das urnas prejudicariam algumas candidaturas.
 
No domingo, logo depois do anúncio oficial, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), da eleição de Marconi Perillo (PSDB) para o governo de Goiás, com 52,99% dos votos, um dos coordenadores da campanha, Antônio Faleiros, reclamou da pesquisa Ibope/TV Anhanguera, divulgada no dia 27, que apontava empate técnico entre os dois, com Marconi com 46% das intenções de voto e Iris, 45%. "As pesquisas do Ibope têm de ser repensadas", disse Faleiros, durante a festa da vitória, na Praça Cívica. "Toda vez o Ibope erra e sua metodologia tem de ser repensada", defendeu o tucano.
 
Do lado de Iris Rezende, as reclamações contra as pesquisas foram ainda mais intensas. Sem citar nomes de institutos, um dos coordenadores da campanha, Mauro Miranda, ponderou que há institutos que erram mais. "Não convém condenar nem aplaudir, mas seria necessária uma análise melhor", afirmou, com cautela. Procurado pelo POPULAR, o vereador Agenor Mariano (PMDB) afirmou que os institutos aproveitam as margens de erro das pesquisas. "A melhor coisa que deve haver é a margem de erro. Com ela, o instituto pode fazer o resultado que o freguês quer", ironizou.
 
"Em uma disputa acirrada, como a de governador no segundo turno, uma margem de erro de dois pontos porcentuais pode virar quatro pontos", diz o vereador. "Quando chega perto do dia da eleição, todos os institutos começam a apresentar dados mais reais." Mariano não afirmou que supostas manipulações de resultados seriam decisivas. "Uma derrota é composta por vários fatores", observou.
 
 
Marconi quer mais detalhes de acordo da Celg

O governador eleito Marconi Perillo (PSDB) usou o Dia de Finados para visitar túmulos de lideranças admiradas por ele. Pela manhã, o tucano foi ao Cemitério Santana reverenciar o ex-governador Pedro Ludovico Teixeira, fundador de Goiânia. À tarde, em Anápolis, no túmulo do ex-governador Henrique Santillo, Marconi dedicou a vitória deste ano ao seu ídolo maior na política goiana.
 
Sobre a equipe de seu próximo governo, Marconi disse que a definição deverá ser anunciada somente em dezembro. Serão analisados nomes de competência, eficiência e ficha limpa. "São requisitos fundamentais. A equipe terá de cumprir metas. Aqueles que não estiverem correspondendo, serão substituídos", ressaltou.
 
Em Goiânia, acompanhado do deputado estadual Daniel Goulart e do ex-deputado estadual Antônio Faleiros, ambos do PSDB, Marconi afirmou que sua equipe de transição deverá buscar também maior detalhamento do acordo feito entre os governos estadual e federal para sanear a Celg. "Se não houver boa vontade, vamos procurar meios judiciais", destacou.
 
Nos bastidores, acredita-se que a equipe de transição será formada por aliados como José Carlos Siqueira, Giuseppe Vecci e Carlos Maranhão. Por ora, Marconi diz apenas que a equipe será enxuta.
 
Mesmo com a vitória, Marconi ainda é levado a comentar suspeitas sobre as contas de seus governos. O tucano materializa na sua votação "a confiança do povo goiano" e continua a ressaltar que denúncias de déficit feitas pelo governador Alcides Rodrigues (PP) são falsas.
 
"Minhas contas foram todas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Comecei a receber críticas um ano e meio depois que eu tinha deixado o governo. E críticas por conveniência", destacou.
 
Marconi voltou a afirmar que o primeiro pronunciamento como governador será realizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer, deixando implícita a dúvida sobre a disposição de Alcides em ir até o monumento. "Se o governador quiser passar o mandato, receberei com prazer no Centro Cultural", afirmou.
 
 
DILMA
 

O discurso da união pelo bem de Goiás foi repetido ontem por Marconi. Em meio à estratégia de aproximação com a presidente eleita Dilma Rousseff (PT), sobrou uma alfinetada para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): "Percebo, por parte da presidente Dilma, equilíbrio e principalmente respeito às pessoas. O Brasil precisa de um presidente que não desça da sua autoridade de mais alto magistrado da República".
(Núbia Lôbo e Paulo Nunes Gonçalves)

 
Visita ao túmulo de Santillo
 
Em Anápolis, o governador eleito Marconi Perillo (PSDB) chegou ao Cemitério São Miguel às 16 horas e depositou um arranjo de flores sobre o túmulo do ex-governador Henrique Santillo. Depois de um breve silêncio, o tucano falou: "Estou aqui para dedicar essa vitória ao senhor".
 
Marconi aproveitou para agradecer a forma solidária com que foi recebido pela família no início de sua carreira, principalmente por Henrique Santillo. Adhemar Santillo, que ao lado da ex-deputada Onaide Santillo passou a apoiar a eleição de Marconi no segundo turno, agradeceu pela cordialidade da visita.
 
Entre as suas primeiras ações no governo, Marconi diz que vai agilizar as obras do viaduto do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), paralisada por suspeita de super-faturamento, e da pista do Aeroporto de Cargas, iniciada há cerca de um mês com os serviços de terraplanagem.

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