domingo, 14 de novembro de 2010

Marconi Perillo: governador eleito já trabalhando!





Política & Justiça


A volta de Marconi: Governador eleito defende fim do desperdício e “choque de gestão
Em entrevista concedida ontem na redação do Diário da Manhã, tucano revela plano de adotar meritocracia no serviço público e parceria com a iniciativa privada com objetivo de gerir rodovias


Alexandre Bittencourt, José Barbacena e José Cácio Júnior 

Horas depois de proclamado governador eleito de Goiás pela terceira vez, Marconi Ferreira Perillo Júnior, 47 anos, se lançou em uma missão espinhosa. Acostumado a se defender de saraivadas de ataques e críticas direcionadas pelos adversários, que ao longo dos últimos três meses haviam tentado demovê-lo da liderança das pesquisas de intenção de voto, Marconi agora iniciava um trabalho que pretendia ser ainda mais penoso: lançar as bases para a execução do melhor governo da vida de todos os goianos. 

Em 12 dias de trabalho intenso, e com a ajuda de uma equipe formada por técnicos e políticos de alta categoria, é possível dizer que já se formou na cabeça de Marconi o que ele imagina ser o esboço para os alicerces de sua administração, que começa no dia 1º de janeiro. O governador eleito foi buscar em Minas Gerais e São Paulo exemplos de choque de gestão que deram certo, e ao se propor a adaptar novos mecanismos administrativos em nosso Estado, reposicionou Goiás nos trilhos do futuro e do desenvolvimento. 

Na primeira grande entrevista concedida ao Diário da Manhã após a sua eleição, Marconi revela o desejo de adotar medidas que resultem no corte de gastos e no aumento da arrecadação – algo indispensável para quem se propõe a executar projetos tão portentosos, como o Credeq, o Hospital da Mulher e os 100 Centros de Ensino Tecnológico, em tão pouco tempo. 

Consta nos planos do governador eleito a implantação da meritocracia no serviço público, com o objetivo de valorizar funcionários do Estado que se empenham mais na execução de metas setoriais, e uma reformulação – de dimensões ainda desconhecidas – na estrutura administrativa do governo, que hoje é diferente da que ele deixou ao se desincompatibilizar do poder Executivo, em 2006. 

Marconi esteve ontem por volta das 11h30 no Diário da Manhã. Antes, esteve na residência do editor-geral do DM, Batista Custódio, onde conversaram em reservado. Abaixo e nas páginas que seguem, conheça as ideias do futuro governador do Estado. 


Diário da Manhã – Dentro de poucos dias, o senhor parte em viagem a Jerusalém. Esta viagem tem propósitos religiosos? 

Marconi Perillo – É uma viagem de fé. Sempre tive, como referencial, Cristo e a sua história de vida. Sua história relacionada aos seus compromissos com Deus. Ao mesmo tempo, tenho também o interesse de ir por onde passou Jesus, por onde Ele padeceu. Como cristão, desde a infância tenho o desejo de conhecer esta terra sagrada. Vou até lá agradecer a Deus pela eleição, pela graça obtida e principalmente pedir sabedoria para fazer o melhor governo da vida dos goianos. 

DM – O que nos serve de garantia de que esse vai ser o melhor dos três mandatos que o senhor conquistou? 

Marconi – A minha experiência, maturidade, boa equipe, aliado à ousadia, garra, determinação com que eu sempre encarei desafios e projetos de grande magnitude. Além disso, ferramentas que nós vamos incorporar à gestão estadual. Metodologias que deram certo em outros Estados brasileiros e que serão importadas. Nesta semana (quinta-feira), me reuni com o Instituto do Desenvolvimento Gerencial (INDG) em Belo Horizonte (MG). Este mesmo instituto serviu de base para que empresas como a Gerdau e a Ambev pudessem se transformar em grandes empresas no Brasil e no mundo. Também deu suporte às administrações de Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Estou muito confiante no potencial da equipe e no aprendizado que podemos absorver dos encontros com estes consultores. No mundo moderno, essas ferramentas são não só necessárias, como absolutamente indispensáveis. E o contrato de gestão com foco no resultado, em metas que serão atendidas semestralmente, anualmente. Tudo isso será agregado ao nosso governo.

DM – No serviço público, qual será a grande medida de impacto do seu governo? 

Marconi – Meu grande objetivo é implantar aqui a meritocracia. Os funcionários, gerentes, diretores, secretários que alcançarem as metas estabelecidas terão prêmios incorporados ao salário. Chegou a vez de Goiás aderir a esses mecanismos que conferem eficiência na prestação de serviços públicos. Em tempos atuais, a prioridade do governo deve ser a prestação de serviços de qualidade. 

DM – Podemos esperar grandes obras de infraestrutura entregues já no primeiro ano de governo? 

Marconi – Antes de construir uma estrada nova, vamos assegurar que as rodovias já existentes estejam em boas condições e bom estado de trafegabilidade. Antes de exigir que o governo construa um novo hospital, o povo quer ser bem atendido nos hospitais já existentes. Falei muito na campanha e repito, reitero: a nossa prioridade será colocar para funcionar bem o que já existe. Depois terminar o que está parado, inconcluso ou em andamento. Porque isso significa não desrespeitar o dinheiro público. E depois começar os novos programas, as novas obras, os novos projetos. 

DM – A equipe de transição destaca, como prioridade, encontrar caminhos que permitam o corte de gastos na administração. O senhor já tem ideia de qual caminho seguir? 

Marconi – Isso vai implicar em uma maior racionalidade no funcionamento da máquina pública. Infelizmente, no setor privado e no setor público, principalmente, existe muito desperdício. Essas metodologias novas, que resolvemos adotar, aferirão o que é que pode ser cortado do ponto de vista de desperdício. Os serviços essenciais continuarão. Os que não são tão essenciais serão repensados. O desperdício terá que ser cortado na raiz, terá que ser zerado. Só com isso nós já nós teremos uma economia grande. Por outro lado, nós vamos buscar, como fizemos nos outros dois governos, o incremento da receita. Vamos buscar parceiros na iniciativa privada. Vamos promover a concessão de serviços que hoje estão com o Estado, como acontece em outros Estados e países. Vamos chamar o setor privado para as parcerias público-privadas (PPP), para assumir determinados serviços que poderão ser melhor tocados pela iniciativa privada. E vamos deixar nas mãos do Estado apenas os serviços essenciais na vida do povo. O Estado não tem dinheiro para fazer tudo. É salutar que o governo tenha criatividade para definir áreas estratégicas onde devam entrar recursos privados. Quer através de concessões, quer através de parcerias. 

DM – Em alguns Estados, as PPPs são usadas para gerir rodovias. O senhor admite usar as PPPs para recuperar as estradas, ainda que isso implique em cobrança de pedágio? 

Marconi – As que tiverem viabilidade sim, eu não vejo problema. O que é preciso é fazer tudo com racionalidade. O motorista que trafega em uma rodovia não reclamará por pagar um pedágio pequeno se estiver a trafegar em uma rodovia de excelente qualidade. Agora, é preciso fazer todo um estudo de viabilidade. Nós pretendemos fazer algumas duplicações de rodovias, melhorar algumas estradas já existentes. Isso tudo dentro de um planejamento de curto, médio e longo prazo. Eu recuperei e reconstruí, por exemplo, 1,5 mil km de rodovias. Se você não tiver manutenção, conversa permanente e uma parceria para colaborar com essa manutenção, chegará um tempo que essa estrada precisará ser reconstruída novamente. E aí o Tesouro, o Estado não terá os recursos para isso. 

DM – Ainda falando em contas, o deputado estadual Daniel Goulart (PSDB) disse que o senhor deve buscar um encontro de contas do Estado com a União. Em que pé isso se encontra? O senhor já conversou com a presidente eleita? 

Marconi – Não conversei, isso foi uma ideia do deputado Daniel Goulart. Agora, é importante registrar que os governadores, de uma maneira geral, consideram necessário discutir o refinanciamento da dívida externa dos Estados. O último refinanciamento foi feito em 1997, há 13 anos. As taxas de juros praticadas naquela época são muito altas. Então é preciso rever isso, pois os Estados dispendem hoje entre 15 e 20% da arrecadação apenas com pagamento de serviços e juros da dívida externa. 20% da arrecadação é dinheiro para fazer investimentos muito importantes. 

Praticamente todo atendimento em saúde, educação, segurança pública, moradia, saneamento básico, rodovias, cultura, ciência e tecnologia é feito pelos Estados e municípios. No entanto, praticamente todas as receitas tributárias e não tributárias arrecadadas no Brasil ficam em poder do governo federal. Cerca de 73% de tudo o que se arrecada no Brasil hoje fica nas mãos do governo federal, restando apenas 27% para os Estados e municípios. Ora, se nós vivemos em uma federação, é natural que haja uma preocupação em refundar e fortalecer o pacto federativo, dando mais autonomia, mais força aos demais entes.


Vamos recuperar o tempo perdido nos últimos anos 
No governo, Marconi Perillo planeja estipular metas nas áreas econômica, de infraestrutura e de logística para que Estado consiga atrair investimentos. Tucano promete força-tarefa no Entorno 
DM – Além do choque de gestão, uma das prioridades anunciadas pela equipe de transição é encontrar caminhos para aumentar a arrecadação. Quais medidas práticas que o senhor pretende adotar para isso? 
Marconi – Conter os ralos de desvios de recursos e principalmente de sonegação. Eu acredito que quanto mais altos os impostos, maior é a sonegação. Então é preciso racionalizar e dar competitividade às empresas com uma carga tributária menor. E exigir do empresariado uma série de mecanismos, como a nota fiscal eletrônica, o cumprimento de suas obrigações. Ou seja, pagar um imposto menor, mas cumprir com suas obrigações tributárias.

DM – Várias vezes durante a campanha o senhor comentou que quer colocar Goiás como um dos cinco melhores do País. Quais as primeiras ações para que o Estado chegue nesse nível?
Marconi – Nós teremos que recuperar o tempo perdido nesses últimos anos. Definir uma agenda e estipular metas nas áreas econômica, de infraestrutura e logística, para que o Estado possa, de maneira agressiva, atrair investimentos novos. Nós não podemos esquecer que Estados como o Espírito Santo e Pernambuco estão no nosso calcanhar. Olhe lá se nesse ano já não nos ultrapassaram. A duras penas nós chegamos ao nono lugar no Produto Interno Bruto (PIB) e ao sétimo lugar em competitividade no Brasil. O meu grande receio é que, devido a uma falta de visão mais estratégica nesses últimos anos, o Estado possa ter perdido terreno em relação ao PIB, às exportações, à produção e à competitividade.  
DM – Qual a medida adotada em seus governos passados que lhe deu maior satisfação pessoal e política? 
Marconi – Eu diria que o Vapt-Vupt foi uma revolução no atendimento ao público. Nós temos 22 unidades hoje e vamos ampliar esse número de unidades pelo menos para as 30 maiores cidades goianas. A construção do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) é uma outra iniciativa que me dá muita satisfação pessoal. A criação de programas de inclusão social, de formação profissional, como a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e a Bolsa Universitária, também me dá muita satisfação pessoal. E o fato de ter empreendido obras estratégicas para Goiás, como a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Goiânia, a Barragem do João Leite, e outras 50 ETE's no Estado. Antes, ninguém gostava de construir rede de esgoto porque isso não é visível. A satisfação de ter duplicado as rodovias na saída de Goiânia, de ter construído rodovias importantes para Goiás, como as que ligam Pires do Rio a Caldas Novas, a rodovia que liga Cristalina a Brasília, a rodovia entre Paraúna e Montividiu. Ter concluído obras importantes, reconstruído o Palácio Pedro Ludovico, o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). Muitas são as obras e serviços que me dão orgulho e satisfação pessoal. 
DM – O senhor falou do Crer, que se tornou uma marca dos governos anteriores, e para o futuro o senhor fala bastante do Credeq. É possível que o projeto de construção do Centro já consiga avançar de forma substancial em 2011? Como o senhor planejou a construção do Credeq? 
Marconi – Olha, como eu já disse, e isso foi muito enfatizado nos debates e no programa eleitoral de televisão e rádio, a meta agora, nos primeiros meses, é colocar para funcionar bem o que já existe. Terminar o que está começado, e depois começar as obras novas. Primeiro, vamos planejar o conceito que queremos para o Credeq. Nesse sentido, vamos buscar especialistas das nossas universidades, especialistas de instituições de caridade e filantrópicas que atuam nessa área, empresários que também atuam voluntariamente e anonimamente nessa área. Então, vamos definir primeiro um conceito do que queremos para a recuperação de dependentes químicos. Depois dessa fase, vamos planejar a execução das obras necessárias. Nós vamos cumprir essa meta. E além disso, eu já conversei com alguns especialistas na área de saúde e nós concluímos que o melhor é partir da Agir, que é a entidade administradora do Crer hoje, para estendermos o modelo de gestão e de qualidade para as outras unidades de saúde do Estado.
DM – Durante a campanha, o senhor e o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), adotaram discursos parecidos, que pregavam parcerias para o desenvolvimento do Entorno do DF. O senhor já tem em mente algumas propostas para estas parcerias? 
Marconi – O Entorno é uma região que precisa de uma grande força-tarefa, envolvendo o governo federal, os governos de Brasília e de Goiás, as prefeituras da região, os senadores de Goiás e de Brasília, os deputados federais de Goiás e de Brasília, e os deputados estaduais. Esta força-tarefa, se bem entrosada, será capaz de avançar na prestação de serviços e na melhoria da infraestrutura da região. Eu diria que a maior demanda da região do Entorno de Brasília é segurança pública. Vou criar um subcomando para a região. Ou uma subsecretaria. Outra demanda é a questão da saúde pública. É mais barato para o governo do DF ajudar o governo de Goiás e as prefeituras com convênios do que receber as levas de pacientes que procuram os hospitais de Brasília. Se fizermos isso com inteligência, teremos a colaboração do GDF, do Ministério da Saúde, e com isso nós vamos minimizar as demandas por saúde sobre Brasília. Eu vou terminar o hospital municipal de Novo Gama, colocar para funcionar o hospital de Valparaíso, colaborar com o funcionamento do hospital de Cristalina, colaborar na construção do hospital Materno Infantil de Luziânia, colocar para funcionar, com bons equipamentos, o hospital de Santo Antônio do Descoberto, terminar um grande hospital que foi iniciado na cidade de Águas Lindas, colaborar, em parceria com Planaltina e Formosa, bem como com outros municípios, como Alexânia e Cidade Ocidental. 
DM – Prefeitos do Entorno do DF reclamam da escassez de investimento em saneamento básico na região. Dá para amenizar este problema a curto prazo? 
Marconi – Ainda existem demandas graves na área de saneamento básico, embora tenha havido muito avanço nessa área desde quando assumimos o governo, em 1999. Nós vamos ter que priorizar a questão do saneamento básico no Entorno. Como é muito caro, vamos precisar muito do governo federal e das parcerias com o governo de Brasília e prefeituras. Um outro gargalo do Entorno diz respeito à pavimentação de ruas, galerias. Essas são obras de responsabilidade das prefeituras, mas elas não têm receita suficiente para promover estes benefícios. Nesse sentido, nós teremos também que fazer uma força-tarefa: requerer a ajuda do governo federal, emendas dos deputados e senadores, apoio do GDF, governo de Goiás e prefeituras. Bom, outra área é a de lazer e esporte. Nós não temos muito lazer disponível para a população que vive ali naquela região. São mais de um milhão de brasileiros, goianos, que precisarão de forte atenção. Eu pretendo construir ali mais três unidades da UEG, três pistas pavimentadas para o tráfego de aviões, aviação civil, pretendo construir dois Institutos Médicos Legais (IMLs) para atender à região do Entorno-Sul e a região do Entorno-Norte.

Em nossa administração não haverá supersecretário”
Em entrevista ao DM, governador eleito Marconi Perillo afirma que planejamento administrativo será tão importante quanto execução orçamentária dos projetos e promete gestão “horizontal 


DM – A estrutura administrativa do Estado é diferente da estrutura que o senhor deixou quando se desincompatibilizou do governo. A estrutura atual, na sua opinião, é a melhor para gerir Goiás com eficiência? E quero fazer uma outra pergunta junto a essa: ao seu modo de ver, o ideal é que a Secretaria da Fazenda continue com as atribuições e a força que tem hoje? Ou o ideal é que volte a ser como antes, com uma Secretaria de Planejamento igualmente forte, que tenha força equivalente à Sefaz?

Marconi – A estrutura da Secretaria da Fazenda foi montada para funcionar como se fosse uma espécie de comando paralelo, como se o titular fosse um primeiro-secretário. Na nossa visão de governo, de gestão, o planejamento estratégico tem fundamental importância. As metas deverão ser definidas para cada uma das áreas de atuação do Estado. Vamos ter um processo de liderança horizontal. Nós não vamos ter um supersecretário em detrimento dos outros auxiliares. Todos terão força e metas a serem atingidas. Então, com certeza nós vamos reestruturar a administração, nós vamos recolocar as coisas no seu devido lugar.

DM – O senhor tem um esboço do que pode mudar, além da retirada de atribuições da Sefaz? Comenta-se, por exemplo, que o senhor planeja recriar a Secretaria de Administração. 

Marconi – Olha, já temos um esboço preliminar, mas ainda é cedo para falar concretamente do que vai ser proposto porque até o final de dezembro nós vamos discutir e debater bastante essa reestruturação para que, uma vez batido o martelo, nós tenhamos a convicção de que a estrutura a ser proposta para a Assembleia Legislativa será a mais adequada e eficiente para que o nosso plano de governo e os novos mecanismos de gestão sejam adotados com sucesso.

DM – O vice-governador eleito, José Eliton, trata a Celg como prioridade da equipe de transição. Foi uma ordem do senhor para que a equipe tratasse o assunto como prioridade já na transição? 

Marconi – Eu jamais ousaria dar ordens ao vice-governador. Ao convidá-lo para coordenar as duas equipes de transição, a política e a técnica, eu recomendei a ele, sugeri a ele, que desse ênfase à questão da Celg. E que dissesse à imprensa e à sociedade que esta será uma grande prioridade: solucionar o problema da companhia, sem demérito com as outras áreas da administração. Hoje mesmo devo assinar um ato determinando uma série de providências à comissão técnica, para que várias ações sejam tomadas.

DM – Mas o acordo com a Celg pode ser revisto?

Marconi – Não sei, eu não conheço as bases deste acordo. Se for um acordo bom ao erário, ao Estado, ao povo goiano, com certeza nós vamos apoiá-lo. Se for nocivo aos interesses do Estado, nós vamos tomar providências no sentido de questioná-lo.

DM – A eventual revisão deste acordo passaria pelo estabelecimento de padrões para o relacionamento do senhor com a presidente Dilma. Quais seriam as bases para tratar de temas tão delicados, como a Celg e outras obras imprescindíveis? Como deve ser o trato da presidente com o senhor e outros políticos que se alinham com o bloco de oposição? 

Marconi – Olha, todos nós que emergimos através do voto e, graças à democracia, chegamos aonde chegamos, temos que respeitar a vontade e a opinião do povo. A presidente Dilma certamente tem essa consciência, assim como eu e outros que passaram pelo crivo do voto popular. Eu já liguei para vários prefeitos de oposição aqui de Goiás, reafirmei a eles o que já havia dito na campanha: que procuraria estabelecer com todos eles uma relação sincera de parceria, buscando os melhores resultados para as populações que representamos. Em relação à presidente Dilma, eu não tenho dúvidas de que ela será extremamente respeitosa, colaborativa com todas pessoas bem-intencionadas, com todos os governadores que foram legitimamente eleitos no último pleito, independente de partido. E eu procurarei também fazer a minha parte. Ser colaborativo, ter um governo eficiente, moderno, justo e humano aqui em Goiás.

DM – E em relação ao governador Alcides Rodrigues? Ficou alguma mágoa em face de todo esse processo de desconstrução de sua imagem que ocorreu nesses últimos anos? 

Marconi – Eu não guardo mágoa, não guardo sentimentos ruins, acho isso muito mesquinho. Você agredir um adversário como se fosse um inimigo, apenas por ser seu adversário, me parece algo até infantil, para não dizer mesquinho... pequeno. É claro que a minha relação com o governador Alcides hoje é uma relação de distanciamento. Nós não somos mais companheiros, não somos mais amigos. Não por minha culpa, Goiás inteiro é testemunha disso. Mas, de qualquer maneira, ele vai seguir o caminho dele, eu vou seguir o meu, em um clima de respeito entre adversários. Jamais fui de perseguir as pessoas e não vou adotar essa prática. Agora, não vou querer mais nenhum tipo de relação amistosa com ele como tive no passado. Ele procurou esse caminho, ao se distanciar do nosso projeto e ao tentar desconstruir a minha imagem injustamente.

DM – Já se especula a respeito da disputa à Prefeitura de Goiânia, em 2012. O senhor apoiaria uma hipotética candidatura de Demóstenes Torres?

Marconi – É prematuro, e acho que esse não é o momento mais adequado para falar de 2012. A grande preocupação da minha vida é montar uma grande equipe e realizar um grande governo. Eu não tenho outro objetivo na minha vida a não ser cumprir todos compromissos e concluir o meu mandato como governador, daqui a quatro anos, deixando um marco na história de Goiás com uma administração que seja a melhor da vida de todos os goianos.

DM – O seu suplente, Cyro Miranda, ventila a possibilidade de o senhor tentar ser o candidato do PSDB à Presidência da República daqui a quatro anos. Como fica, portanto, o esboço do cenário para o próximo pleito presidencial? 

Marconi – O Cyro é muito generoso, muito meu amigo, acredita muito no meu idealismo e no meu trabalho, mas como eu já disse, meu foco é Goiás. Eu sei do meu tamanho em nível nacional, sei da minha liderança, o Brasil inteiro torceu pela minha vitória. Os formadores de opinião, a imprensa de modo geral, os companheiros de partido, empresários que acreditam em nossa capacidade, eu sei do tamanho que tenho em nível nacional. O meu partido me respeita, afinal sou governador do meu Estado pela terceira vez, sei da minha importância nas decisões do meu partido. Mas repito: meu desafio é fazer a melhor administração da vida do povo de Goiás. Não me preocupo com nada mais, a não ser concluir o meu mandato como um excelente governador. Um líder que possa interpretar os anseios do seu povo e se situar temporalmente, buscando, através de mecanismos, ações e resultados altamente significativos para a vida dos goianos.

DM – O senhor disse que, se eleito, faria também o governo da Educação. Apresentou uma série de projetos, como entrega de um computador para cada aluno e construção de 100 centros tecnológicos. O senhor já sabe de onde virá o recurso para implementação destas propostas? 

Marconi – Olha, a ênfase total será na educação. Nós vamos começar na escolha de quem vai comandar, gerir a educação em Goiás. Nós queremos colocar, na Secretaria de Educação, uma pessoa que tenha grande capacidade de gestão. A partir daí, nós já temos essas metas estabelecidas e vamos cumprir essas metas. O objetivo é melhorar a qualidade do ensino oferecido. E melhorar o aprendizado dos alunos, alcançando desempenho melhor no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e investindo em qualificação profissional. Nós falamos em 100 colégios tecnológicos. Hoje, nós achamos que podemos avançar além disso. Minas Gerais, por exemplo, definiu parcerias não só com as escolas estaduais para qualificação da mão de obra, mas também com instituições filantrópicas com escolas confessionais, com escolas privadas, escolas municipais... enfim, nós vamos abrir o portfólio na área da formação profissional para quem quiser colaborar com o Estado. Nós vamos definir um valor por aluno interessado na qualificação, e as escolas que quiserem aderir ao programa, disponibilizar vagas, vão firmar parceria com o Estado. Nós vamos definir que tipo de formação queremos, em que área queremos, por região, vamos estudar todo o conteúdo pedagógico que vamos oferecer, de acordo com a necessidade e a demanda desses cursos, e as instituições que quiserem conveniar com o Estado irão receber, da parte do governo, pagamento por aluno matriculado, em um valor que deverá ser estabelecido.

DM – Há a expectativa quanto ao apoio do governador para instalação da fábrica da Suzuki em um ou outro município goiano. Catalão, Itumbiara e Luziânia já manifestaram interesse. O senhor já pensou no assunto?

Marconi – Eu ouvi dizer pela imprensa. Ninguém me procurou para tratar desse assunto ainda, salvo dois ou três anos atrás, quando ainda tive a oportunidade de conversar sobre esse assunto na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). De lá pra cá, não toquei no assunto. Agora, como governador eleito, serei procurado e aí vamos tratar tecnicamente, sem politizar essa questão.

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