quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Debandada no PMDB





POLÍTICA    


Casal Santillo puxa a fila de desfiliações no PMDB
Bloco de ex-peemedebistas afirma que apesar da existência de convites, nenhuma nova sigla foi escolhida  

Marcos Aurélio Silva   

Adhemar e Onaide Santillo deixaram o PMDB de Anápolis e juntamente com o casal saíram do partido cerca de 70 militantes. A oficialização da decisão foi durante na última segunda-feira (22). Dizendo-se desprestigiados por Iris Rezende (PMDB) durante a campanha do ex-prefeito para o Governo de Goiás, o presidente do diretório municipal peemedebista, Adhemar Santillo, e a ex-deputada Onaide Santillo, entregaram seus pedidos de desfiliação. O bloco de ex-peemedebistas afirma que, apesar dos diversos convites, ainda não há acerto para filiação a nenhum partido.  

Fundadores do extinto MDB anapolino, o casal Santillo já estava no PMDB há mais de 40 anos. A decisão de deixar o partido veio no início da campanha do 2º turno, e como prometido, a saída não foi solitária. Consigo os peemedebistas históricos levaram outros nomes, causando uma baixa significativa na militância da sigla. Entre os que abandonaram, 52 eram membros da executiva do partido, e 39 eram filiados sem cargos no diretório.   

Após não lograr êxito na disputa para uma vaga na Assembleia Legislativa, Onaide, juntamente com o presidente de seu diretório, decidiu se afastar da campanha de Iris e declarar voto ao tucano Marconi Perillo no 2º turno. O desconforto em caminhar junto ao PT de Anápolis também contribuiu para que o casal tomasse a decisão. “Não foi um episódio apenas. O PMDB tem tido uma prática política que nós sentimos que não é possível mais existir”, disse Adhemar ao se queixar do perfil “centralizador” de Iris Rezende e dos apoios a candidatos a deputado, que segundo ele, são apenas da capital.    

Adhemar destacou que o PMDB perdeu 20% do espaço na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal devido a uma prática política equivocada de Iris Rezende. “Ele ficou atrelado ao PT desprestigiando o seu próprio partido e o interior. Não dá para fazer política numa sigla que é concentrado apenas em Goiânia”, ressaltou.    

Sobre ter sofrido pressão para abandonar a legenda, Adhemar afirma que não houve essa prática, e que inclusive existiu um movimento para garantir sua permanência no PMDB. “Houve um trabalho incessante do comando da Comissão de Ética do partido, na pessoa de Enio Salviano, para que continuássemos”, revelou.    

Onaide Santillo relatou que sua decisão de abandonar o PMDB foi tomada com muita calma, já que para ela, o partido vem se descaracterizando há um longo tempo. “Percebemos que uma das situações que deixou o PMDB acéfalo é a tomada de decisões que colocam os interesses pessoais acima do interesse da militância e da própria população”, observou.   

Segundo Onaide, houve um ato de autoritarismo na escolha de Iris Rezende como candidato ao governo. “A chapa foi de minuta e prestigiou apenas Goiânia. Um partido que não se abre, e que ao contrário, apenas vai se fechando cada vez mais, fica impossível de atrair novos militantes que possam se revelar novas forças”, criticou.   

Sobre a qual partido devem se filiar, Onaide disse que ainda não há nenhuma definição, e que a decisão deve ser acertada com todo o bloco que abandonou o PMDB. A ex-deputada avaliou que a nova legenda tem que praticar uma política independente e que tenha capacidade de atrair novos nomes e valores.   

De acordo com Adhemar, convites não faltam para que o grupo possa se agremiar. “Eu prefiro não citar os nomes ainda, mas são partidos ligados tanto a Iris, como a Marconi. Claro que tudo nos faz crer que iremos para um partido que seja da base de Marconi”, expôs. Ele observa que seria um ato de incoerência filiar-se a um partido que esteja ligado ao grupo de Iris Rezende. “Não queremos relacionamento com esse grupo”, enfatizou.    

Adhemar assegura que ainda não conversou com Marconi Perillo, a respeito de sua saída do PMDB, mas deu a entender que esse contato pode influenciar na escolha de uma nova sigla. “Ele não tem nenhum compromisso conosco, mas como militante é certo ele vai conversar com a gente. Nós não temos área de atrito com nenhum partido de Anápolis ligado a base de Marconi, então nós, por certo, estaremos militando em um deles”, anunciou.   


Futuro   

Com a saída de Adhemar, quem assume a presidência do diretório anapolino do PMDB é Air Ganzaroli. Já há 15 anos no partido, caberá a ele conduzir a sigla, que ficou descaracterizada com a perda de seus maiores líderes e de um significativo número de filiados. 

Ao receber o pedido de desfiliação do casal Santillo, Air disse respeitar o posicionamento deles e que o partido deve seguir a mesma linha que vinha sendo conduzida. “No primeiro momento eu não vou reunir o diretório para tomar qualquer decisão. Talvez isso se dará somente em janeiro, onde vamos recompor o diretório e buscar novas adesões. Nesse momento é melhor esperar a poeira baixar”, avaliou. 

Sobre a aliança realizada com o PT durante a campanha, Air disse que vai discutir com os militantes como será o relacionamento futuro entre as legendas. O novo presidente do PMDB anapolino revelou que pretende buscar contato com o prefeito Antônio Gomide e demais lideranças do Partido dos Trabalhadores. “Também tenho que sentir e saber o ponto de vista deles [petistas] sobre essa aliança”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário