segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Alcides: ostracismo!





Política & Justiça


Alcides a caminho do ostracismo
Cientista político e professor da PUC, Wilson Ferreira Cunha acredita que governador será relegado ao esquecimento

Márcia Abreu

“O futuro do governador pepista Alcides Rodrigues é o ostracismo político e foi ele mesmo quem plantou”, avalia o cientista político Wilson Ferreira da Cunha, professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Embora considerado antidemocrático, o ostracismo político surgiu junto com a democracia no século VI a.c em Atenas, na Grécia, ainda na Antiguidade. 

O mecanismo era usado para banir de Atenas cidadãos considerados perigosos ao bem comum e ao regime democrático (baderneiros, agitadores, tiranos e generais desonrados). O povo era quem decidia a pessoa que seria ostracizada. A sentença era dez anos de exílio. 

De acordo com o cientista, o governador, que termina seu mandato no dia 31 de dezembro deste ano, embarcou em uma canoa furada. “Entrou de gaiato (na briga entre PMDB e PSDB, influenciado por companheiros), tentou denegrir Marconi (Perillo, PSDB, eleito governador) e se deu mal. Levou o troco do eleitor goiano nas urnas. Alcides não teve presença durante seu governo. Não se portou como governador nem como estadista. Parece que nem é do ramo (político).”  

Wilson acredita que o atual governador encontrará dificuldades para se eleger novamente em Goiás, caso dispute cargo eletivo. “Não conseguirá. Aliás, creio que ele não tem interesse de entrar nessa aventura. Acredito que não terá coragem nem de se apresentar como representante de sua cidade natal (Santa Helena). Afinal, qual a marca do governo Alcides? Nenhum. Não existe. Será um ex-governador que ninguém lembrará”, pontua. 

Assim como Wilson, o cientista político Itami Campos também acredita que Alcides não disputará cargo eletivo nos próximos anos. Ressalta, todavia, que é difícil prever nesse momento o desempenho futuro do atual governador nas urnas. 

“(Alcides) podia ter disputado uma vaga ao Senado ou até mesmo uma cadeira no TCE (Tribunal de Contas do Estado), mas não quis. É difícil prever o que vem pela frente em 2012 e em 2014 (próximas eleições municipais e estaduais, respectivamente). Acho que o rompimento dele com Marconi pode criar problema porque o tucano está no poder. Mas não é fácil prever o futuro agora. Temos um enigma que permanecerá pelo menos até 2012 quando as coisas começam, de certo modo, a se definir.” 

Alcides foi vice de Marconi durante oito anos, de 1999 à 2006. Apoiado pelo tucano, se elegeu governador e assumiu o Executivo Estadual em janeiro de 2007. Poucos meses depois rompeu relações com Marconi, rachando a base aliada PP-PSDB. Na avaliação do professor Wilson, quem mais perdeu com o racha foi o pepista. 

“Alcides plantou sua própria caveira, seu próprio túmulo. Romper com Marconi foi sua pior estratégia política. Sai de cena como o governador ingrato, talvez até como desonesto já que todos se perguntam: por que não rompeu com Marconi quando era vice? Seria mais honesto, não?”, indaga. 

Segundo o professor, um governador em exercício tem de ser estadista, não pode se ater à picuinha política. “Alcides dedicou os quatro anos à picuinha, à nada”. O cientista enfatiza que o governador perdeu força até dentro do PP. “Saiu enfraquecido do próprio partido. Balestra será de agora em diante a bola da vez. É atuante e trabalha quase que como oposição a Alcides”, diz, completando que o atual governador sairá com a cabeça baixa do Palácio das Esmeraldas. 

Alcides tem 60 anos, 20 dedicados à política. Foi deputado estadual em 1990; prefeito de Santa Helena por dois mandatos (1993 a 1996); vice-governador de Goiás no governo Perillo (de 1998 a 2006) e atualmente cumpre os últimos meses de mandato (faltam 39 dias para acabar) de governador. Formado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais e especializado em Ginecologia e Obstetrícia em um hospital do Rio de Janeiro, o pepista já exerceu a profissão em Brasília e no Sudoeste Goiano. 

Segundo pessoas próximas a ele, depois que terminar o mandato deve passar uma temporada de descanso em sua fazenda no Pará e, em seguida, voltar aos afazeres da medicina em Santa Helena, cidade onde nasceu e onde a esposa Raquel Rodrigues (PP) é prefeita.


Reaproximação com Marconi é improvável
Os cientistas políticos Itami Campos e Wilson Ferreira da Cunha veem como remota, além de negativa para Marconi Perillo (PSDB, governador eleito), uma reaproximação entre o atual governador Alcides Rodrigues (PP) e o ex, Marconi. Para Itami, o nível intenso de trocas de acusações entre os dois, que marcou o governo, dificulta a rearticulação. 

“Em política tudo é possível. Mas o nível de desentendimento entre os dois nos leva a crer que uma reaproximação é muito difícil. Parece que há uma questão pessoal na briga deles. É uma questão difícil até de tratar. Alcides foi vice de Marconi e, depois de eleito, rompeu com ele. A gente não sabe de fato o que aconteceu e a ruptura repercutiu no governo.” 

Já Wilson avalia que “Alcides exagerou na dose”. Ele acredita que uma possível reaproximação seria negativa para Marconi. “(O governador) exagerou nos ataques. Por isso, acho que ele não vai querer dar a mão a Marconi e nem Marconi a ele. Politicamente, um bom relacionamento entre os dois não é bom para o PSDB. A aliança entre tucanos e pepistas pode ser boa a nível menor, de deputados. No mais, a política do PSDB deve ser superior a que o atual governador fez. O povo rejeitou Alcides”, finaliza.

Um comentário:

  1. Adeus adeus.. já vai tarde...
    médico??? fez o que pela saúde???? foi embora sem me pagar safado...

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