terça-feira, 19 de outubro de 2010

Iris e Alcides: estranha união!





Política & Justiça 

Iris e Alcides se culpavam por caos no transporte
Governador e ex-prefeito protagonizavam jogo de empurra para justificar crise no sistema. Agora aliados, se elogiam 

José Cácio Júnior 

Apesar da recente aliança entre o governador Alcides Rodrigues (PP) e o candidato da coligação Goiás Rumo ao Futuro Iris Rezende (PMDB) no segundo turno, os dois trocavam farpas a até pouco tempo. Durante troca de acusações realizada no final do ano passado, Alcides e Iris culpavam um ao outro pela dificuldade para renovar a concessão do Eixo Anhanguera, que vale até o final do ano, por mais 20 anos. 

Do lado da prefeitura, era o próprio Iris quem sempre dirigia as principais críticas a Alcides. Já no Palácio das Esmeraldas, pessoas próximas ao governador rebatiam as críticas do peemedebista. Na campanha eleitoral de 2004, Iris prometeu que iria resolver os problemas do transporte público em seis meses. O peemedebista não conseguiu cumprir a promessa e, quando candidato à reeleição, em 2008, foi questionado por não ter resolvido o problema do transporte coletivo na Capital, disse que aquela situação era culpa de Alcides. 

Iris alegou que o governo do Estado não realizava os investimentos que eram de sua responsabilidade no setor. Em reportagem divulgada pelo Diário da Manhã no dia seis de outubro do ano passado, Iris cobrava do governo do Estado garantias de investimentos no transporte público, como renovação da frota de ônibus e reforma de terminais do Eixo Anhanguera, como o da Praça A, da Bíblia e Dergo. Essa mesma reportagem conta que Alcides havia firmado um pré-acordo com o ministro de Cidades, Márcio Fortes, que previa um financiamento de R$ 160 milhões para investimentos no setor. De posse dos recursos, a Metrobus, que administra a linha no Eixo, realizaria as reformas. 

A renovação da concessão dependia de uma conversa entre Alcides e Iris. Em reportagem divulgada pelo DM no dia nove de outubro de 2009, o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Marcos Massad, tinha a expectativa de que prefeitura e Estado encontrassem uma solução para o caso em 30 dias. No entanto, lembrava da proximidade do período eleitoral. “2010 é ano eleitoral. E se o ministro (de Cidades) sair do cargo ou o governador não eleger sucessor? Quem vai garantir recursos para as obras?”, questionou Massad. Além disso, a prefeitura ainda exigia que a Metrobus ampliasse a linha do Eixo até Trindade, Senador Canedo, Vila Mutirão pela GO-070, e a construção de duas outras estações, o que nunca aconteceu. 

A primeira crítica de Iris a Alcides foi realizada no dia 11 de outubro de 2009. O então prefeito alegava que não tinha sido procurado pelo governador e por isso suspendeu as negociações na Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC), que conta com representantes do Estado, Capital e cidades da região metropolitana. “Vou falar com Alcides quando eu for chamado. Depende dele. Na Câmara Deliberativa eu vou pedir que se suspenda o pedido de concessão até que eu tenha um encontro com o governador, porque é necessário injetar recursos”, disse Iris na época. 


Resposta 

Coube ao então presidente da Metrobus, Francisco Gedda, responder Iris. À coluna Fio Direto do dia 18 de outubro do ano passado, Gedda disse que a “parceria corria risco”, pois sem o acordo, o Estado não teria condições de continuar oferecendo subsídio de 50% do preço da passagem. “Quem vai bancar o subsídio de R$ 60 milhões por ano para que a passagem seja de apenas R$ 1,15?” Na mesma nota, Gedda acusa Iris de ter oferecido condições precárias aos usuários do Eixo. “Ele (Iris) tratou os usuários do Eixo Anhanguera com desrespeito e já está admitindo que não pode prorrogar a concessão. E aí é que está o perigo, pois o prefeito tem o controle de seis dos nove votos da Câmara Deliberativa.” 

Jogando a bola para a prefeitura, Gedda também disse que Iris e a CMTC não faziam sua parte. “O prefeito está cobrando melhorias nos teminais, quando sabe que o serviço era de responsabilidade da CMTC há mais de 12 anos, e não da Metrobus, que assumiu há apenas 120 dias e já reformou todas as plataformas.” 

Dois dias depois de Gedda ter criticado a administração de Iris, foi a vez de o peemedebista cobrar ações de Alcides nas áreas de transporte, saúde, educação e saneamento. “Há dois meses pedi audiência com o governador e disse: a qualquer momento a rede de transporte incendeia. A população está indignada. O povo está sendo transportado como gado, porque falta muito ônibus. Sem compromisso do governo eu não assino a concessão.” As críticas foram além dos problemas com o transporte coletivo. Segundo Iris, a deficiência na rede de saneamento básico e distribuição de água atravancavam o desenvolvimento da cidade. “Isso me deixa mal com os donos de loteamento, porque fica parecendo que é o prefeito que não quer assinar (liberação de novos loteamentos)”. Faltando dois meses para o término da concessão do Eixo Anhanguera, Estado e Prefeitura de Goiânia ainda não chegaram num consenso sobre as negociações.

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