segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PP autêntico





Política & Justiça

Braga tem desejo mórbido de ser governador”
Na visão de um dos fundadores do PP, Alcides errou ao dedicar mandato a desconstruir imagem do senador tucano 

Taynara Borges 

Felisberto Jácomo, uns dos fundadores do Partido Progressista (PP) em Goiás, diz que Alcides Rodrigues (PP) dedicou seu mandato como governador para “atrapalhar” a carreira política do senador Marconi Perillo (PSDB). Para ele, questões como a reforma administrativa por qual passou o Estado, e dívida da Celg foram manobras políticas originadas pelo “desejo mórbido de Jorcelino Braga de ser governador de Goiás”. 

Em entrevista ao Diário da Manhã Felisberto classifica o apoio do PP ao PMDB de Iris Rezende como “não autorizado”, e coloca Braga como causador de “detonar” o seu partido. Ele aponta o empréstimo do governo federal concedido para sanar as dívidas da companhia energética como “acordo obscuro” e diz que o governador teve a oportunidade de recuperar a Celg em oportunidades passadas, mas não o fez por causa de uma “disputa de egos” com o candidato tucano. 


Diário da Manhã – O senhor afirma que Alcides Rodrigues usou o governo para prejudicar Marconi, por quê? 

Felisberto Jácomo – Toda movimentação política do governo do Estado, cujo comando cabia ao governador, ao secretário da Fazenda e ao presidente do PP, destinava-se a atrapalhar a vida politica da base aliada ao senador Marconi. Um exemplo é a Agência de Comunicação do governo do Estado, que foi usada durante todo esse tempo para comprometer a imagem do governo anterior, do qual Alcides tinha participado no primeiro mandato, como vice-governador, no segundo mandato como vice-governador e durante oito meses como governador, de mãos dadas com Marconi Perillo. E em seguida, depois da chegada de Jorcelino Braga ao governo, começou uma campanha que continua até hoje, de comprometimento da imagem pública de Marconi. Até a candidatura do Vanderlan [Cardoso (PR)] tem este escopo. Achavam que, se levassem a disputa para o segundo turno, retirando da base da aliada um pedaço originariamente seu, levariam a eleição para o segundo turno. 


DM – Como o senhor, que foi membro do Conselho Fiscal da Celg, analisa os caminhos da resolução do caso da dívida da companhia? 

Felisberto – O governo de Goiás deixou de lado uma reestruturação engendrada pelo então presidente Enio Branco, com o conhecimento e participação discreta do secretário da Fazenda. A recusa desta negociação e a desqualificação da engenharia financeira ali montada gerou para o governo do Estado uma crise enorme. Porque a Celg precisou, depois de algum tempo, reter o fundo dos impostos estaduais para que não tivesse sua falência decretada por falta de pagamento. Com a saída de Enio, foi nomeado o Carlos Silva, que fez um esforço importante na administração doméstica da Celg. Entretanto, as decisões estratégicas foram totalmente transferidas para o secretário da Fazenda, dizendo ter muita ligação no governo federal e tendo como ‘abridor de portas’ Olavo Noleto, passou a anunciar, com frequência, uma nova negociação com o Tesouro e a Eletrobrás para sanar os problemas da companhia. 


DM - Na sua opinião, por que o governador recusou a proposta defendida por Enio, já que adotaria uma semelhante, anos mais tarde? 

Felisberto - No dia 4 de fevereiro de 2009, Enio deu uma entrevista no Palácio, ladeado pelo secretário da Fazenda e pelo governador do Estado, no qual anunciou os princípios dessa negociação. No dia seguinte, dia 5 de fevereiro, durante entrevista, o senador Marconi elogiou a negociação e lembrou que Enio tinha vindo para Goiás durante o seu governo, como diretor de relações com acionistas da Celg, e que a autorização legislativa que ensejava essa negociação era aquela concedida durante o seu mandato. Bastou isso para que, à noite, o governador desqualificasse a operação do Enio e passasse o comando efetivo, com as decisões estratégicas, para a secretaria da Fazenda. Não foram, com certeza, sentimentos nobres que esmeraram essa decisão. 


DM - Por que o senhor é tão categórico ao afirmar que Alcides dedicou todo seu mandato para prejudicar Marconi? 

Felisberto - As razões dessas atitudes, ou desse rancor explicito, nunca foram mostradas. Pode ser disputa de ego. Porque no caso da Celg, da negociação do Enio, foi só o senador aparecer que a negociação, considerada ótima, como de fato era, foi deixada de lado e nunca foi explicada. Isso na verdade eu não sei. Quem deve essa explicação é ele mesmo. A reforma administrativa, que foi anunciada como um esforço de racionalização da administração pública e dos gastos, na verdade tinha como objetivo concentrar poderes na mão do secretário da Fazenda, esvaziando as atividades das demais secretarias, ficando sob a deliberação direta do governador apenas as áreas de construção de estrada e outras edificações que o governador apenas definia quais seriam feitas e quando seriam feitas. Ao secretário da Fazenda, que tem um desejo mórbido de ser governador de Goiás, ficou a tarefa de definir o que os outros secretários poderiam fazer, segundo a sua avaliação pessoal e segundo o seu querer. Isso paralisou o governo do Estado. Retirou dos secretários o entusiasmo, a capacidade administrativa. Porque qualquer iniciativa, para ser levada a cabo, precisava do autorizo do secretário da fazenda, Senhor Jorcelino Braga.

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