Política & Justiça
Único instituto a apontar vantagem menor para Marconi, Ibope já errou feio em Goiás
Histórico de equívocos inexplicáveis levanta suspeitas sobre trabalho do instituto. Iris se agarra a números questionáveis para manter viva a campanha
Alexandre Bittencourt
O PMDB tem se apegado ao resultado da pesquisa Ibope/TV Anhanguera, que aponta diferença de apenas 4 pontos percentuais entre seu candidato Iris, e o governadoriável da coligação Goiás Quer Mais, Marconi Perillo (PSDB), para dizer que uma virada está prestes a acontecer no Estado. O que o partido não diz, no entanto, é que o Ibope tem um histórico complicado em Goiás e que, em 1998, ano em que Marconi chegou ao Palácio das Esmeraldas, desapeando o grupo irista do poder, o instituto errou vergonhosamente a favor do PMDB.
Às vésperas da realização do primeiro turno naquele ano, o Ibope publicou pesquisa garantindo a vitória de Iris com 550 mil votos de frente – Iris teria 53% dos votos totais, contra apenas 33% de Marconi. Abertas as urnas, o resultado foi bem outro: o jovem Marconi teve nada menos de 48,59% dos votos válidos contra 46,91%, vencendo o primeiro turno.
Como na época a apuração era lenta – já que eram computados votos de urna eletrônica, e também de papel, no dia 6 de outubro –, o jornal O Popular publicou entrevista do diretor do Ibope, Carlos Montenegro, justificando os contrastes gritantes entre os números do instituto e o resultado das urnas, não somente em Goiás, mas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Segundo ele, era preciso esperar o final da apuração para dizer se o Ibope realmente errara. Não deu outra.
Curiosamente, nos informes publicitários em que Iris dava como certa a sua vitória retumbante em 1998, os adjetivos associados a ele eram experiência e competência, os mesmo com que o seu atual marqueteiro e homem forte do governo Alcides, Jorcelino Braga, tenta cavar uma vitória do peemedebista.
Se naquele momento histórico da política goiana o Ibope sustentou enquanto pode uma vitória de Iris já no primeiro turno com enorme frente – o que não ocorreu –, o Serpes, já na reta final do primeiro turno, mostrava que as chances de um segundo turno de disputa entre os candidatos do PMDB e do PSDB eram cada vez maiores.
O vexame foi tamanho que, no segundo turno daquela eleição, o Ibope nem chegou a fazer pesquisas de intenção de votos para o governo de Goiás.
A tática de usar pesquisas completamente dissonantes das dos demais institutos também foi usada pelo PMDB, neste ano, no primeiro turno da disputa pelo governo de Goiás. Às vésperas de 3 de outubro, o governadoriável do PMDB passou a divulgar com estardalhaço pesquisa realizada pelo Instituto Brasmarket, que apontava virada sobre o líder em todas as demais pesquisas, Marconi Perillo. Pelo levantamento, que contrariava vergonhosamente todos os institutos goianos, Iris teria 42% dos votos totais, contra apenas 40% do tucano. Abertas as urnas, Marconi teve mais de 46% dos votos válidos, contra somente cerca de 36% do peemedebista.
Ibope prejudica adversários de Lula
Neste ano, o Ibope errou feio em suas previsões para as disputas regionais, especialmente contra adversários do presidente Lula. Pesquisas do instituto divulgadas às vésperas da eleição davam como certa a realização de segundo turno em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
Abertas as urnas, foram confirmadas as respectivas vitórias de Geraldo Alckmin, Antonio Anastasia, Beto Richa (os três do PSDB) e Raimundo Colombo (DEM). Em São Paulo, o Ibope também cometeu um erro crasso em relação à disputa pelo Senado, dando como certa as vitórias de Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PC do B). Candidato apoiado por Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes (PSDB) venceu com folga, com votação bem superior aos líderes da pesquisa.
O Ibope também apostou na vitória de Agnelo Queiroz (PT) para o governo do Distrito Federal no primeiro turno. De acordo com o instituto, quando se levava em consideração somente os votos válidos, o candidato do PT tinha votação maior que a soma de seus adversários. Mulher do ex-governador e ex-senador Joaquim Roriz, no entanto, Weslian Roriz conquistou vaga no segundo turno.
Os Erros do Ibope
Goiás, 1998
Ibope TSE
Iris Rezende 53% – 46,92%
Marconi 33% – 48,59%
Envergonhado, Ibope não fez pesquisa em Goiás para segundo turno naquele ano
Goiás, 1998
Ibope TSE
Iris Rezende 53% – 46,92%
Marconi 33% – 48,59%
Envergonhado, Ibope não fez pesquisa em Goiás para segundo turno naquele ano
Brasil, 2010
Senado – São Paulo
02/10 TSE
Marta Suplicy (PT) 39% – 22,61%
Netinho de Paula (PC do B) 38% – 21,14%
Aloysino Nunes (PSDB) 28% – 30,42%
Governo – São Paulo
02/10 TSE
Geraldo Alckmin (PSDB) 45% – 50,63%
Aloízio Mercadante (PT) 29% – 35,23%
Governo – Paraná
02/10 TSE
Beto Richa (PSDB) 45% – 52,44%
Osmar Dias (PDT) 45% – 45,63%
Governo – Minas Gerais
02/10 TSE
Antonio Anastasia (PSDB) 46% – 62,72%
Helio Costa (PMDB) 33% – 34,18%
Governo – Santa Catarina
02/10 TSE
Raimundo Colombo (DEM) 41% – 52,72%
Angela Amim (PP) 27% – 24,91%
Governo – Distrito Federal
02/10 TSE
Agnelo Queiroz (PP) 44% – 48,41%
Weslian Roriz (PSC) 27% – 31,50%
Fontes: site do Ibope / TSE
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