quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Roberto Balestra: PP precisa de renovação!





Política & Justiça

“Companheiros querem intervenção no PP”
Deputado condena aproximação de Alcides com Iris e afirma que maioria da legenda quer aliança com Marconi

Da Redação

Crítico assíduo da cúpula do PP, o deputado federal Roberto Balestra alerta contra o que considera “último erro” desta eleição: a declaração de apoio do partido à candidatura de Iris Rezende (PMDB). Balestra lembra divergências históricas do grupo com o irismo e afirma que existe, entre a maioria dos companheiros de partido o sentimento de que o melhor a fazer é intervir no comando do diretório. Veja a entrevista do deputado à Radio Mil, ontem.


Que lições o senhor tira dessa eleição?

Roberto Balestra - Mais uma vez, ficou claro para mim que não se faz política sem valorizar os amigos. Se eu não tivesse os amigos que cativei ao longo da vida, jamais eu teria conseguido me reeleger pela sétima vez, dadas as circunstâncias que marcaram esta minha candidatura. Primeiro, veio o embate da convenção. Depois, disseram que eu havia anunciado minha desistência em concorrer à reeleição por conta apenas do resultado da convenção, que decidiu pelo apoio a Vanderlan, e não a Marconi, o que não é verdade. Então, tudo isso contribuiu negativamente para minha candidatura. Mais uma vez, se não fossem os meus amigos, eu jamais teria sido reeleito pela sétima vez.


O senhor fez uma campanha solo, desgarrada da cúpula do seu partido, o PP, pela primeira vez. Foi mais difícil?

Balestra - Sim. Eu tive que lutar contra os candidatos que o governo queria eleger. O governo forçou a barra para emplacar os seus candidatos nos municípios em que eu havia sido mais votado em eleições anteriores. Posso citar o exemplo de Santa Helena: eu estava disputando votos contra um candidato que tinha o apoio do governador, da primeira-dama e prefeita do município e de todos os vereadores, sem exceção.


O senhor trabalhou contra o apoio do seu partido, o PP, a Vanderlan, mas foi derrotado. E agora, que análise faz da performance do seu partido nestas eleições?

Balestra - Está mais do que claro que nós estávamos com a razão, porque hoje, a maioria absoluta do partido está com Marconi, apesar de raríssimas exceções. No final da semana passada, recebemos o apoio do prefeito de Inhumas e coordenador da campanha de Vanderlan, Abelardo Vaz. Com ele vieram outros vários companheiros do PP.


O senhor encara a sua vitória como uma espécie de resposta da base à cúpula do PP, às lideranças do partido?

Balestra - Encaro sim, até porque todos acompanharam a forma agressiva como a cúpula me tratou. Foram até desrespeitosos, porque afinal de contas eu tenho uma história de respeito no partido. E esta história não foi construída por acaso, e sim com dedicação, com muito amor, em uma época em que o partido não existia, era desconhecido, e nós estávamos lá, ajudando a construí-lo. Foi assim que chegamos ao governo.


O partido do governador conseguiu eleger apenas um deputado estadual. É muito pouco, não?

Balestra - Cantamos a pedra com antecedência. Foi assim quando Alcides assumiu e agora novamente, com ele no cargo há cinco anos. A forma de se fazer politica não muda. A roda já foi inventada há muitos anos, não precisa ninguém querer inventar a forma de fazer política. Política é dedicação, amor, renuncia e humildade. Não se faz política contra inimigos, e sim contra adversários. Se você tem inimigos, não pode ser um bom político.


O que significa a derrota de Sérgio Caiado, dentro deste contexto de escolhas que o partido fez?

Balestra - Eu e muitos outros companheiros pedimos, diversas vezes, para que a cúpula do partido promovesse reuniões, ouvisse os parceiros, afinal de conta nós temos quase 50 prefeitos e a opinião deles precisa ser levada em conta. Ninguém foi ouvido, ninguém foi consultado. Nós temos companheiros da época do PDC, que estão conosco desde muito tempo, mas eles não foram ouvidos. Ninguém foi. O presidente do PP, Sérgio Caiado, assumiu uma posição que divergiu da opinião da maioria, que partiu da cabeça dele ou foi motivada pelo governador, não sei. Fato é que esta atitude fez com que os companheiros se rebelassem.


Na sua opinião, o que resume a decisão da cúpula do PP de não seguir o leito natural e apoiar a candidatura de Marconi, a exemplo do que ocorreu nas últimas três eleições?

Balestra - A decisão, tenha sido ela bancada pelo Sérgio ou pelo governador, foi motivada por um sentimento de ser contra o Marconi. Agora, as razões para que eles sejam contra Marconi não foram apresentadas. Se tivessem sido e fossem razões justas, talvez estivéssemos unidos agora. Acontece que isso nunca foi dito, a não ser por metáforas, que foram feitas na tentativa de criar uma imagem negativa do Marconi. Nós ficamos aí esperando que esta divergência fosse posta de forma clara, transparente, da forma como agimos durante toda a vida.


O PP, na sua opinião, continua dividido neste segundo turno?

Balestra - Eu acho que o partido já cometeu muitos erros nesta eleição, e não deveria cometer o último, que seria declarar apoio ao PMDB. Que fique claro que, se houver, não será uma declaração de apoio de todo o PP. Eles podem até usar o nome do partido, mas o partido não declara apoio ao PMDB. Se o PP for convocado a opinar, garanto que 99,9% dos seus militantes vão opinar pela aliança com Marconi e repudiar qualquer ato de apoio à candidatura de Iris.


Passada a eleição, que rumo o senhor acha o PP vai tomar em Goiás?

Balestra - A maioria do partido quer que tomemos iniciativa de ir a Brasília conversar com o Dornelles (senador Francisco Dornelles, do Rio de Janeiro, presidente nacional do PP) para discutir uma intervenção no diretório. Eu ponderei com os companheiros que o momento não e agora, e que o ideal é que busquemos a solução para o partido após a eleição do dia 31. Todos estão assinando um documento pedindo esta mudança no comando da legenda, para que o PP volte a ter vigor e não seja o partido de apenas alguns companheiros.


Que analise o senhor faz da participação de um membro da executiva, o ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga, na coordenação de marketing da campanha de Iris?

Balestra - Quando a imprensa anunciar a presença do marqueteiro Jorcelino Braga, do PP, na campanha do Iris, peço para ele diga que é apenas um marqueteiro vendendo o seu serviço ao PMDB. Não inclua o PP nisto porque o PP não tem nada a ver com isso.


Na sua opinião, o que representou a candidatura de Vanderlan para governador?

Balestra - Olha, eu acho que ele se apresentou de forma coerente, e para confirmar a sua coerência ele deveria se posicionar neutro na campanha. Se declarar apoio a A ou B, estará sendo incoerente em tudo que ele disse durante a campanha para governador.

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