quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Marconi Perillo: propostas como alternativas ao ataque!





Política & Justiça

Projeto era transformar Goiás num grande centro de formação de atletas”, afirma Sebba
Ex-presidente da Agel afirma que demolição do Estádio Olímpico aconteceu no segundo semestre da gestão Alcides
 
José Barbacena
Editor-Assistente de Política & Justiça 

No debate de segunda-feira (18), na TV Record, o candidato Iris Rezende (PMDB) acusou Marconi Perillo (PSDB) de ser o responsável pela demolição do Estádio Olímpico Pedro Ludovico e pela paralisação das obras do Centro de Excelência do Esporte, na região central de Goiânia. Marconi respondeu ser o governador Alcides o responsável pela demolição. O Diário da Manhã procurou o então presidente da Agência Goiana de Esporte e Lazer (Agel), César Sebba. Na entrevista, Sebba disse qual foi a motivação. “Demolimos o Estádio Olímpico para construir outro muito melhor, como fizeram com Wembley, onde os ingleses haviam sido campeões do mundo. Era um estádio que tinha história”, justificou. 

Ele explicou que a construção de um novo estádio fazia parte de um grande projeto de transformar Goiás em um polo de formação de atletas, por meio da construção do Centro de Excelência do Esporte. Disse, ainda, que temia algum acidente no estádio, por causa de problemas estruturais. Sebba informa que a demolição do estádio, feita pela empresa Eletroenge Engenharia e Construções, foi realizada no segundo semestre de 2006, já na gestão de Alcides. À época, ele ainda comandava a Agel. Sobre a paralisação da construção do Centro de Excelência, informou que um dos donos da Eletroenge, em conversa recente com ele, atribuiu a suspensão do trabalho à falta de diálogo com o Governo de Goiás. “É só sentar e conversar”, reproduziu Sebba à justificativa da empreiteira. 


DM – Porque decidiram demolir o Estádio Olímpico? 

César Sebba – Tínhamos receio de acontecer algum acidente lá. Os Bombeiros chegaram a proibir uma partida entre Vila e Goiás no estádio, receosos de um iminente problema nas arquibancadas. Tenho guardada uma barra de ferro da estrutura totalmente corroída pela ação do tempo. A demolição evitou acidentes como o acontecido em 2007, no Estádio da Fonte Nova, na Bahia, onde sete pessoas morreram e 30 ficaram feridas. 

DM – O Estádio Olímpico não estava em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)? 

César Sebba – Era algo que chegou a ser cogitado. Na época, antes de demolição, consultei o Iphan sobre o assunto. Recebi parecer do órgão, assinado pela arquiteta Maria Cristina Portugal Ferreira, onde não havia dúvidas de que o Estádio Olímpico jamais seria objeto de tombamento, porque não preenchia os requisitos para tal. Contudo, acatando recomendação do Instituto, incluímos no projeto um museu que vai abrigar não apenas a memória do estádio, mas também dos grandes eventos esportivos e sociais realizados nele. 

 DM– Qual é o projeto para o novo estádio? 

César Sebba – O estádio tinha o “olímpico” apenas no nome, já que não possuía sequer pista de atletismo. A ideia era construir um estádio moderno, com capacidade para 25 mil pessoas, com área de alimentação, amplo estacionamento, versátil. Um lugar digno de ser palco de grandes eventos. Quando o Olímpico foi construído, Goiânia não tinha mais que 300 mil habitantes. Hoje somos mais de 1 milhão, o que justifica um novo projeto, que suporte eventos importantes com segurança e conforto para os espectadores. 

DM – E o Centro de Excelência. Por que ainda não foi concluído? 

César Sebba – Projetamos a obra para ser realizada em quatro fases. A primeira foi a reforma do Ginásio Rio Vermelho, que foi concluída. Aliás, o ginásio está em estado de abandono, com teia de aranha no placar eletrônico, com problemas no piso e na tabela de basquete. Na segunda etapa estava prevista a construção do laboratório de excelência, que abrigará alojamento para os atletas, área de lazer, restaurante, lanchonete, academias, teatro, consultórios médicos, além de locais para aulas de ginástica e judô. Deixamos o laboratório 95% concluído, restando apenas o acabamento, mas o atual governo, na tarefa de desconstruir o capital político de Marconi Perillo, simplesmente abandonou a obra. Dia destes liguei para um diretor da Eletroenge e ele me relatou que para continuar a obra dependia apenas de “sentar e conversar”. Um absurdo, se considerarmos que o Centro de Excelência poderia estar pronto há mais de quatro anos, formando atletas goianos para as Olimpíadas de 2016, no Rio. 

DM – O ministro do Esporte, Orlando Silva, elogiou a estrutura... 

César Sebba – O ex-ministro Agnelo Queiroz e o atual, Orlando Silva, são entusiastas do projeto. O Orlando, em visita a Goiânia, disse que por causa da envergadura da obra, que terá capacidade de atender 6 mil crianças e adolescentes e 3 mil atletas de alto rendimento, teríamos de chamá-lo de Centro de Excelência Nacional do Esporte. É importante lembrar que 90% da obra é custeada pelo governo federal e apenas 10% é de responsabilidade do Estado. 

DM – E as outras duas fases? 

César Sebba – A terceira fase é a reconstrução do Estádio Olímpico, cuja obra de fundação já está completa. A obra ficaria completa com a reforma total do Parque Aquático, na quarta e última fase do Centro de Excelência. 

DM – Pela sua experiência como desportista (Sebba foi atleta da Seleção Brasileira de Basquete por mais de 10 anos) e gestor, em que patamar o Esporte em Goiás poderia estar, caso o Centro de Excelência estivesse pronto há quatro anos, como foi projetado? 

César Sebba – Goiás é um celeiro de atletas. Quando Marconi criou o programa Pró-Esporte, que dava incentivos fiscais às empresas que patrocinavam esportistas; quando criou a Bolsa Esporte, que ajudava financeiramente atletas com R$ 500 mensais; quando criou os Jogos Abertos de Goiás, que em 2005 contou com 46 mil participantes; revelamos atletas para o Brasil e para o mundo. Exemplo disso são as primas Janildes e Clemilda Fernandes, ciclistas mundialmente reconhecidas, com vários títulos internacionais. Podemos citar o jogador Dante, campeão olímpico pela Seleção Brasileira de Vôlei. Ele disputou os Jogos Abertos. Podemos falar de tantos outros, como o Guilherme, da seleção brasileira de handebol, também formado em Goiás. 

Nesse sentido, caso tivéssemos com um trabalho de quatro anos com o Centro de Excelência funcionando de maneira plena, Goiás seria um dos principais Estados brasileiros na formação de atletas olímpicos. Fico triste só de pensar que a obra ficou paralisada por causa da oposição estabelecida contra Marconi Perillo. 

DM – Por que Goiás não sedia  grandes eventos esportivos ? 

César Sebba – Não sei responder, até porque não faço mais parte do governo. Na gestão de Marconi, Goiás fazia parte do calendário de eventos nacionais e internacionais, como os mundiais de futsal, caratê, vôlei e futevôlei. Sem contar que sediamos várias etapas do Brasileiro de Vôlei de Praia e os Jogos da Juventude, com a participação de 5 mil atletas. O esporte de Goiás tem saudades de Marconi Perillo.

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