terça-feira, 5 de outubro de 2010

Marconi Perillo: consolidar vitória!





Política & Justiça

Cientistas não acreditam em virada
Para especialistas, Marconi leva vantagem por ter sido o mais votado na primeira etapa. Votos dos eleitores de Vanderlan poderão migrar para os dois candidatos. Campanha deve se tornar mais agressiva entre concorrentes

José Cácio Júnior

Faltando 26 dias para a eleição do segundo turno, o Diário da Manhã ouviu cientistas políticos sobre a possibilidade de virada na eleição ao governado do Estado. Mesmo que Marconi Perillo (PSDB) tenha tido 300 mil votos de frente para Iris Rezende (PMDB), os três cientistas ouvidos pelo jornal explicam que a vitória de Marconi ou de Iris depende da capacidade dos candidatos na formação das novas alianças e da forma como a campanha dos dois será apresentada à população. Entretanto, acreditam que não devem acontecer muitas mudança radical no cenário político.

É o que explica o cientista político da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Luiz Carlos Fernandes. Para ele, o eleitor tende a ser “pragmático” e pode votar no candidato que considera “menos ruim” no segundo turno. Luiz Carlos conta que o eleitor decide o voto dessa forma pela polarização entre duas candidaturas, modelo de campanha do segundo turno. Ele lembra a eleição para presidente de 2006. Naquele ano, o presidente Lula (PT) concorreu à reeleição, mas seu governo estava manchado pelo escândalo do mensalão – pagamento de propina para os deputados federais aprovarem projetos do Palácio do Planalto no Congresso. “Quem estava insatisfeito com o Lula, votou na Heloísa Helena (PSol) no primeiro turno. Mas, no segundo turno, grande parte desses votos de protesto voltou para Lula”, completa o cientista político, explicando a teoria do pragmatismo do eleitor.

Luiz Carlos também acredita que os eleitores que votaram em Vanderlan Cardoso (PR) – mais de 502 mil –, podem decidir a eleição no segundo turno. Ele lembra que o candidato que conseguir o apoio de Vanderlan também terá que conquistar os votos do ex-prefeito de Senador Canedo. Para que isso aconteça, Luiz Carlos explica que o eleitor que votou em Vanderlan, no segundo turno, pode aliar o voto ao currículo de Marconi ou de Iris. “Se parte do eleitor do Vanderlan for funcionário público, pode votar em Marconi. Agora, se parte do eleitorado de Vanderlan for de Goiânia e foi beneficiado com asfalto no seu bairro, pode votar no Iris.” A valorização do funcionário público foi uma das marcas de Marconi quando foi governador do Estado. Por sua vez, algumas das realizações de Iris quando governador e prefeito de Goiânia foram os programas de pavimentação de ruas e construção de casas e parques.

Esses dois fatores que o eleitor usa para escolher seu voto são também considerados como teorias pelos cientistas políticos: a ficha prestada do candidato, seu currículo como agente público; e a “renda de utilidade”, os benefícios que o político pode oferecer para o eleitor ou algum grupo social. Luiz Carlos disse que não tem pesquisas qualitativas que detalham o perfil do eleitorado de Vanderlan, mas fez algumas considerações sobre as pessoas que votaram nele. “Parece-me que boa parte dos eleitores de Vanderlan vem dos evangélicos, os apoiadores do governador Alcides Rodrigues (PP) e pessoas que o conhecem de Senador Canedo”, cidade que Vanderlan governou por dois mandatos.


Discurso

Luiz Carlos acredita que o discurso dos candidatos durante o segundo turno não deve fugir do que eles apresentaram à população durante toda a campanha. “O Iris deve continuar falando que tem o apoio do governo federal, por isso poderá fazer mais pelo Estado. E o Marconi deve dizer que hoje tem mais experiência política e que por isso pode governar de forma melhor.”

O cientista político e professor de Sociologia da PUC-GO, Sílvio Costa, explica que a vitória de Marconi e Iris depende da capacidade dos candidatos na formação de alianças e “aglutinação” de forças para o segundo turno. Para ele, Marconi tem leve vantagem sobre Iris, pois foi o mais votado. “Quem teve mais votos possui uma certa vantagem psicológica junto à sociedade.”

O cientista também acredita que os candidatos não devem fazer mudanças “substanciais” no dicurso de campanha a partir de agora, mas disse que Marconi e Iris devem apostar na troca de críticas entre si para ganhar votos do adversário. Entretanto, ele alerta para os candidatos quanto ao teor da crítica realizada. Segundo ele, dependendo da acusação, o efeito pode ser o contrário do esperado. “O eleitor já está meio cansado e vacinado em relação às críticas que os candidatos fazem entre si. Mas, mesmo assim, ele tem a expectativa que elas sejam realizadas em meio às propostas dos candidatos.”

Para o cientista político Wilson Cunha, Marconi e Iris tendem a ser mais agressivos durante o segundo turno. Essa agressividade, para Wilson, será demonstrada na estratégia dos candidatos, e não nos ataques mútuos que são comuns nas campanhas eleitorais. “Tudo irá depender da postura e da atitude dos candidatos a partir de agora. Mas acredito que eles irão costurar uma estratégia bem consistente e agressiva para o segundo turno.” Wilson acredita que Marconi pode utilizar da força de políticos ligados a ele, como o senador Demóstenes Torres (DEM) – reeleito com mais de 2 milhões de votos – para ser eleito. Já Iris deve continuar pegando carona na popularidade do presidente Lula para tentar reverter o quadro e ser eleito no dia 31 de outubro.


Lula e Dilma podem intensificar apoio a peemedebista

Assim como aconteceu no primeiro turno, em que o candidato Iris Rezende (PMDB) utilizou da alta popularidade do presidente Lula (PT) para tentar liquidar a eleição, cientistas políticos acreditam que o petista e Dilma Rousseff (PT) devem intensificar o apoio aos candidatos que disputam eleição no segundo turno em Goiás.

Os cientistas políticos ouvidos pela reportagem afirmam que a intenção de Lula, além de eleger sua pupila Dilma, é fortalecer a aliança nos Estados que possui maiores chances de serem eleitos. Lula também conseguiu tirar de cenas importantes políticos que fizeram oposição ao seu governo, como Artur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissatti (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI), Mão Santa (PSC-PI) e Marco Maciel (DEM-PE). Todos eram candidatos à reeleição ao Senado.

Para o cientista político da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Luiz Carlos Fernandes, Lula quer derrotar Marconi Perillo (PSDB) pelo fato do tucano ter feito oposição ao seu governo. “Lula já conseguiu eleger a maioria do Congresso Nacional e vai tentar derrotar Marconi, como fez com vários adversários no Brasil.” Lula e Marconi se tornaram adversários políticos desde quando o escândalo mensalão foi divulgado. Marconi sustenta que alertou Lula sobre o esquema de pagamento de propina a parlamentares do Congresso antes do caso vir à tona.

O cientista político e professor de Sociologia da PUC, Sílvio Costa, também acredita que Lula e Dilma vão concentrar esforços para a campanha em Goiás pois “são menos estados para visitar no segundo turno”. “O programa eleitoral de Iris deve dar continuidade ao apoio que Iris tem recebido do presidente Lula e da candidata Dilma. Já o cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Wilson Cunha, acredita que a presença de Lula em Goiás demonstra que Iris está a “reboque” do governo federal e que o PMDB coligou com o PT por causa do apoio de Lula. O colunista do UOL e da Folha de S.Paulo, em Brasília, Fernando Rodrigues, disse ontem em comentário no site da Folha que “o mapa das eleições dos candidatos aos governos estaduais traz mais cores, ou seja mais partidos. Segundo ele, isso mostra que “o eleitor não vota de maneira simétrica, ele vota de um jeito para presidente e de outro jeito para governador, senador, prefeito”, pontuou.

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