quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mauro Borges: "Marconi!"





Opinião

Mauro Borges não vai votar

Rodrigo Borges

Após 60 anos de vida pública, 70 anos acompanhando as eleições, Mauro Borges, 90 anos, não votou no primeiro turno nem votará no segundo. Não que não queira, ele quebrou a perna. Fraturou a tíbia e nos deu um grande susto. Graças a Deus, está recuperando. Vale uma expressão muito própria dele. “Rapaz, eu fui um menino criado na beira do córrego do sapo”, referindo-se a sua infância de aventuras em Rio Verde, nos idos de 1930.

Fiquei olhando meu pai, deitado em seu quarto, em uma cama hospitalar que alugamos, com o pé apoiado em alguns travesseiros olhando para cima, absorto. Pensei comigo que não deve ser fácil para alguém que já enfrentou tantas lutas, realizou tantas coisas e, agora, nesta fase da vida, ter de ficar lá deitado, esperando melhorar.

Nós, da família, sempre procuramos preencher seu tempo, mantê-lo informado das coisas que gosta, mas até para ele, que sempre foi muito forte, a idade pesa. Procuro conversar com ele não só as coisas do passado, mas também as atuais, e percebo nas respostas que, deitado naquela cama, ainda está o velho meu pai.

Ontem fui visitá-lo com meu filho João Pedro, 8 anos, e comentei: “Se o seu avô fosse votar, você iria com ele para ajudá-lo com os botõezinhos da máquina.” E o João retrucou: “Em quem ele iria votar?”

Aproveitei que ele estava acordado e cheguei perto do ouvido que escuta melhor e perguntei. “Pai, em quem o senhor queria votar?”. “Marconi”, respondeu na hora. Insisti: “É por que ele é seu amigo?” Resposta: “Também, mas Goiás não pode parar.”


Rodrigo Borges é ex-prersidente da Agetur e filho do ex-governador Mauro Borges

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