quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Diário da Manhã

Friboi quer ser fato novo da eleição
Rei do gado se reúne com Iris, Marconi, Alcides e Meirelles e se propõe a ser fator de consenso na disputa de 2010

O megaempresário José Batista Júnior, o Júnior da Friboi, quer ser o fato novo da eleição para governador de Goiás. Um dos donos do maior grupo processador de carne bovina do mundo, o JBS-Friboi, ele quer tentar conquistar para o agronegócio o governo do Estado de Goiás, seguindo os passos do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que chegou a ser o maior produtor de soja do mundo. Na semana passada, convicto de que vai abrir a picada para uma candidatura de consenso, Júnior se reuniu com o senador Marconi Perillo, o prefeito Iris Rezende, o governador Alcides Rodrigues e o secretário Jorcelino Braga. Para todos, repetiu a mesma argumentação: é preciso pacificar a política de Goiás e dar à administração pública o conceito da iniciativa privada e que ele, Júnior, é o único com capaciadde para encabeçar o projeto.

Ele argumenta que há 30 anos ajuda a carreira de Iris Rezende, que construiu bom relacionamento com Marconi Perillo nos dois governo do tucano e que tem o respeito do governador Alcides Rodrigues. Diz também que não tem área de atrito com qualquer grupo da política de Goiás e, por isso, é o nome mais viável para construir essa candidatura de consenso. Júnior é um financiador declarado de campanha e tem trânsito em todas as correntes. Em 2006, a empresa doou ao todo R$ 7,5 milhões, segundo o registro do Tribunal Superior Eleitoral ( TSE). fez doações para as campanhas de Lula e Alcides Rodrigues. Mas diz que só se interessa por candidatura ao governo.

O sucesso de Júnior na vida empresarial é notório. Hoje tem 48 anos e começou a trabalhar aos 14 anos com seu pai, na distribuição de carne. Cresceu com a empresa e, aos 20 anos, assumiu a presidência da organização (1980-2006). Em 2006, começou a comandar o conselho, transferindo a presidência da empresa para seu irmão Joesley Batista. Em 2007, o grupo JBS-Friboi tornou-se a maior multinacional do mundo no ramo de carne bovina ao adquirir a Swift & Company nos EUA. O grupo está presente em mais de 100 países nos cinco continentes. Desde 2 de janeiro de 2007, o rei do gado José Batista participa como acionista e membro do Conselho da JBS S.A., além de ser presidente do Bond USA.

A internacionalização da Friboi aconteceu em 2002. Atualmente, a JBS-Friboi é a maior multinacional brasileira na área de alimentos, faturando cerca de US$ 16 bilhões por ano. Com a aquisição recente de novas empresas dos Estados Unidos, o faturamento deverá atingir um volume de US$ 25 bilhões. A empresa possui 23 plantas industriais em diversos países, como Brasil, Estados Unidos, Argentina e Austrália, atua em 110 países e abate, por dia, 80 mil bois, 60 mil suínos e 15 mil ovelhas.

A JBS faturou 1,2 bilhão de dólares em 2004. De lá para cá, a empresa quase dobrou de tamanho a cada ano, em média. Além disso, a JBS representa um marco na história da economia brasileira. Nunca uma empresa local mergulhou no mercado internacional como a JBS. Há quatro anos, o Friboi comprou as operações da Swift na Argentina. Em 2007, a empresa deu o mais ousado salto e adquiriu a americana Swift e se tornou a maior processadora de carne bovina do mundo. Em 2008, mais um salto: o grupo comprou mais três empresas – nos Estados Unidos e na Austrália. Finalmente, as recentes aquisições da Pilgrim’s Pride, segunda maior processadora de carne de frango dos Estados Unidos, e do rival brasileiro Bertin, anunciadas em 16 de setembro – transformaram a JBS-Friboi na maior empresa do setor no mundo, à frente até mesmo da gigante americana Tyson Foods. O conglomerado acaba de adquirir a Tatiara Meat Company (TMC), por US$ 27,5 milhões.

Está é a segunda tentativa no meio político, depois do sucesso no mundo dos negócios. A primeira ocorreu em 2005. Ele entrou no PSDB, mas desistiu de tentar candidatura. Agora, ele se filiou ao PTB, em articulação do senador Marconi Perillo, e é cotado para candidato a vice ou ao Senado na chapa tucana. Mas o projeto de Júnior é mais ousado. Ele articula para reunir todas as forças políticas do Estado num palanque suprapartidário tendo ele próprio como candidato a governador. Assim, ele uniria as três correntes políticas de Goiás no momento. Publicamente, nenhum dos líderes das alas se pronuncia a respeito, mas, reservadamente, todos dizem que é um desafio muito difícil de ser materializado, mas ninguém fecha as portas às conversações.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, na semana passada, ele disse que “a disputa seria muito difícil para todas as partes que atualmente têm mandato” e que escolheu “o PTB justamente porque o partido pode compor com todos. Goiás pode caminhar para um grande consenso”. E alertou: “Se for para bater chapa com alguém, eu não vou entrar.”

Fonte: Da redação

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