terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tribuna do Planalto
Sábado, 12 de Dezembro de 2009

Entrevista

‘A base do PP quer caminhar conosco’ Daniel Goulart

Deputado estadual pelo PSDB, Daniel Goulart tem sido um dos maiores críticos do governo Alcides Rodrigues na Assembleia Legislativa. Também é um dos principais defensores da candidatura do senador Marconi Perillo ao governo do Estado. Em visita à Tribuna, na quarta-feira, 9, Goulart afirmou que o PSDB tem, ao seu lado, as bases do PP, DEM e PR, ou seja, dos partidos que formavam a antiga base aliada. Segundo Goulart, os prefeitos e vereadores destes partidos querem permanecer aliados a um governador até o final de seus mandatos e veem a candidatura de Marconi como a mais viável. Sobre as eleições de 2010, o parlamentar disse ainda que o principal adversário de seu partido será o PMDB.

Anapaula Hoekveld e Lis Lemos

Tribuna do Planalto – Como é que o partido está se preparando para as eleições de 2010?

Daniel Goulart – O PSDB tem uma boa estrutura em Goiás. Nós temos dezenas de prefeitos, centenas de vereadores e uma estrutura no Estado. Temos uma trajetória que nos credencia para o embate eleitoral. O governo do PSDB, comandado por Marconi Perillo, foi aprovado pela sociedade e nós conseguimos conquistar, no debate político, ao longo dos últimos anos, muita credibilidade na discussão de projetos alternativos para Goiás. Os projetos que nós colocamos em prática no governo Marconi foram copiados por várias unidades da federação, inclusive pelo governo federal. São projetos de inclusão social. Não estamos preocupados com quem será o nosso adversário. Estamos preocupados em trabalhar um projeto com a sociedade, para que, no momento oportuno, possamos apresentá-lo. Um projeto que faça com que Goiás avance ainda mais que nos sete anos e três meses do governo Marconi. Queremos trabalhar projetos consistentes, exequíveis, sérios e inovadores para ajudar a amenizar ou resolver os principais gargalos, como a Saúde. A Saúde em Goiás está na UTI. Sabemos que esse é um problema do Brasil, porém , em Goiás, é mais acentuado. A qualquer hora que você for nos Cais existem filas. O processo de municipalização da saúde me parece que tem muitas falhas. É preciso ter um pacto maior pela saúde pública. Vamos trabalhar um projeto para a saúde e já temos muitas ideias. Temos técnicos respeitáveis filiados ao nosso partido ou membros de partidos parceiros, muitos gestores preparados, qualificados. Para a área de segurança é necessário um outro projeto muito arrojado. Para a área da Educação, da mesma forma. Os indicadores educacionais mostram Goiás numa situação delicada. A evasão escolar e a repetência voltaram a aumentar. Temos 75 mil crianças e jovens de 6 a 17 anos fora da escola. Esses índices voltaram a aumentar, principalmente depois da suspensão do Salário Escola pelo governo Alcides Rodrigues. Lamentamos isso porque havia um compromisso de manter o Salário Escola, inclusive com metas de reajustá-lo. O senador Marconi, que é o nosso líder natural, o candidato do PSDB e de partidos parceiros, nunca deixou de interagir com a sociedade. Em Goiânia, já fizemos dezoito encontros colhendo sugestões para o exercício do seu mandato no Senado. Muitas dessas sugestões vão servir para o ano que vem. Temos um desafio que é fugir desse movimento que tenta dilapidar, arranhar o patrimônio político do nosso partido e do líder maior do nosso partido, que é o senador Marconi Perillo. Esse é o desafio que temos. E é um desafio grande, que não é fácil, porque os nossos adversários deixam de discutir projetos e querem discutir a desconstrução da imagem de um líder que chegou ao governo do Estado aos 35 anos de idade, derrotando até então a maior hierarquia política do Estado. E ele deu conta do recado. Quem duvidar é só buscar os indicadores econômicos e sociais e verificar o que era Goiás antes e hoje. Temos muitos segmentos importantes aliados e a grande maioria dos servidores públicos estão conosco, porque conseguimos resgatar a autoestima do servidor.

O fato de o PSDB possuir um candidato e não ter os adversários definidos dificulta a vida do partido, já que não sabe quem vai enfrentar?

Não. Isso não dificulta. Não temos tradição de salto alto e vamos continuar calçados com as sandálias da humildade. Vamos respeitar todos os candidatos. Sabemos que tem um pessoal que tem um candidato anunciado, que acho que é o Fraga (Washington Fraga, PSOL) que terá todo o nosso respeito. Agora, é claro que para enfrentar Iris Rezende é uma estratégia, para enfrentar Henrique Meirelles é outra estratégia. Para enfrentar Rubens Otoni apoiado por Alcides é outra mais diferente. Mas, a estratégia maior são os projetos para fazer com que o Estado se desenvolva e tenha os seus indicadores econômicos, sociais e culturais impulsionados cada vez mais. Acredito que o nosso adversário verdadeiro virá do PMDB.

Por outro lado, o fato de ter um candidato definido e que já está trabalhando pode garantir uma dianteira para o PSDB, que já está buscando apoios, enquanto os outros partidos ainda estão tentando definir as estratégias e um nome?

Por um lado é positivo você ter um candidato natural, forte, com uma trajetória aprovada, como foi o senador mais votado na história política de Goiás e o mais votado proporcionalmente no Brasil. Ele saiu com aprovação de um pouco mais de 90% do governo. Isso, por um lado, é positivo e, por outro, é uma vidraça. Ele está sendo testado a todo o momento. E a todo o momento também tentam jogar pedra nesta vitrine. É complicado, principalmente no momento em que temos como adversários representantes do governo federal. Não é novidade para ninguém que o presidente Lula quer a derrota de Marconi. O Lula não perdoa Marconi por ter contribuído com a derrota da CPMF. O Lula não perdoa Marconi por ter colocado o dedo na ferida do mensalão. E é isso. Está sendo orquestrada uma traição do atual governo do Estado e de representantes palacianos. A grande maioria do partido do governador não concorda com isso e quer continuar caminhando conosco. Acho até que na convenção regional nós temos grandes chances de ganhar. Temos os prefeitos e a grande maioria dos vereadores quer continuar com o Marconi, mas eles abriram a dissidência. Isso não é uma terceira via, isso é uma dissidência. É um grupo que não discute projetos com a sociedade e conseguiu abrir uma dissidência da base. Então, têm os pontos positivos e os negativos, mas vamos ganhando resistência também. Agora há pouco fizeram uma denúncia requentada daquela história da UniRio, que é um processo totalmente improcedente que já foi julgado e arquivado. Reeditaram a mesma apelação. O deputado José Nelto usou o seu amigo Fernando Krebs para articular com gente do governo federal, publicando no Estadão esta denúncia e o que pleiteavam já caiu por terra, porque queriam a indisponibilidade de bens do Marconi e a Justiça não deu. Então, é uma denúncia requentada. Também estou sabendo que tem jornalista da revista Exame procurando informações sobre créditos outorgados da Caoa. A Caoa só veio para Goiás com o protocolo de intenções de ter créditos outorgados para construir a sua empresa. É uma operação em que abre-se uma conta na Secretaria de Indústria e Comércio, a Celg repassa o dinheiro, cobra 5% e aí a empresa é construída. À medida em que compra produtos e serviços, a empresa apresenta nota e tem os créditos outorgados de ICMS. É uma empresa que devolveu um valor incalculável em termos de impostos e geração de empregos para o Estado. Inventaram a retórica do déficit, orquestrada por um secretário que tinha vontade de se lançar candidato e agora já vê que não tem chance. Tentaram criar um clima de terra arrasada para aparecer como salvador da pátria, não colou. E não colou porque Marconi, quando saiu do governo, deixou os servidores recebendo no mês trabalhado, o décimo terceiro sendo pago no mês do aniversário, os programas sociais em dia. O meu partido, sob a liderança de Marconi, cumpriu todos os compromissos de campanha. Nossos adversários não levantam uma vírgula de compromisso de campanha que não foi cumprida. Existem articulações de todas as ordens, mas não tem combate. Parece que quanto mais batem, mais o Marconi se consolida, e tem sido um crescimento sustentável. Temos avaliações internas que mostram que a base de apoio do Marconi é consistente. Vamos ter muitas adesões de peso. Dentro do PMDB nós já temos uma dissidência muito representativa sob a liderança de Marconi, Juarez Magalhães Júnior, ex-prefeito por três mandatos por Cristianópolis, o ex-prefeito de Caiapônia e o ex-prefeito da minha cidade natal, Rubiataba. Acho que no momento em que o PMDB decidir a sua candidatura, a sua dissidência aumenta. Temos dentro do PR a grande maioria dos prefeitos. Os prefeitos querem ter o governador para encerrarem seus mandatos em 2012, e eles veem viabilidade em Marconi. O nosso partido tem uma credibilidade muito grande com as lideranças e acredito que eles terão muita influência em partidos como o PR, DEM e o PP. O DEM já começa a se aproximar muito. O senador Demóstenes Torres, hoje, tem uma liderança muito superior a de Ronaldo Caiado na direção nacional. Demóstenes, mesmo com esse problema do DEM no Distrito Federal, tem sido reconhecido entre os cem mais influentes do País, segundo avaliações da mídia, de alguns segmentos. E por ser reconhecido como um dos senadores mais atuantes, ele tem muita força, muita credibilidade e sabe que a sua reeleição só acontecerá se estiver caminhando ao lado de um candidato a governador que tenha viabilidade, que tenha projetos, credibilidade e toda chance de sucesso. Caminhar com o PMDB é como tentar misturar água e óleo. Lá na base isso não funciona. Não existe outro caminho para o Demóstenes voltar ao Senado a não ser esse.

O sr. tem sido muito crítico com o governo. O PSDB não tem que amenizar o discurso para ter o PP e a antiga base aliada unida em 2010?

O nosso problema não é com o PP e, sim, com meia dúzia de pepistas palacianos, inclusive novos pepistas, como o Braga, que se filiou recentemente. São pepistas palacianos. Nosso problema não é com o partido. A grande maioria do partido tem acenado que quer caminhar conosco, como já relatei aqui. Se não usarem de instrumentos truculentos, como usaram em Águas Lindas para intervir no diretório do PP porque o prefeito, que era o grande líder, manifestou de público que vai caminhar com o Marconi.

O partido, de modo geral, não tem medo de ficar isolado por essa base do Lula em Goiás?

Não existe isolamento de um partido que tem um candidato que está em primeiro lugar nas pesquisas, com avaliação positiva. Isso não é isolamento. Numa democracia, quem tem apoio popular não está isolado. Isolado está quem não tem apoio popular, quem tem avaliação de 2% nas pesquisas e 30% de rejeição.

E as articulações para a chapa majoritária? Ouvimos falar em nomes como Júnior do Friboi e Célio Silveira para a vice de Marconi. A dificuldade da senadora Lúcia Vânia de tentar uma vaga nesta chapa para o Senado. Como é que estão as discussões no partido por essas quatro vagas?

Existem muitas especulações. Essas definições vão acontecer no momento oportuno, no ano que vem, em maio ou junho, mas acho que o DEM teria a sua vaga garantida a senador, com o Demóstenes. A senadora Lúcia Vânia, se ela procurar o partido, os membros do diretório, seus principais líderes para uma conversa franca, e ela, que tem defendido muito mais os pepistas palacianos do que os líderes do nosso partido, acho que ela pode fazer uma limonada com esse limão e fazer com que a convenção do PP defina caminhar conosco, contrapondo a decisão da cúpula pepista. Ela precisa se movimentar, porque ela tem história, tem trabalho. O partido sempre dispensou muita atenção a ela, principalmente nas suas candidaturas ao governo do Estado, à Câmara Federal, ao Senado, à Prefeitura de Goiânia. Ela sempre contou com toda a atenção do partido, e só depende dela. Acho que ela é a candidata natural. Eu particularmente defendo que ela tenha essa vaga para disputar a reeleição. Pode até ser que não seja muito interessante a gente repetir a chapa de 2002. Marconi governador, Demóstenes e Lúcia senador. Pode ser que a gente sofra críticas de que não estamos inovando. E é uma crítica que a gente faz muito ao PMDB, que durante mais de 20 anos quando não é Iris é Maguito, quando não é Maguito é Iris. Mas, pelo valor dela, pela qualidade de seus projetos e atuação no Senado, pela sua vida pública, ela não teria dificuldades de obter essa vaga na chapa majoritária. Acho que PTB, PR e PP teriam aí também espaço para vice. Teriam de fazer um entendimento. A vice poderia vir entre esses três partidos: PR, PP e o PTB, que tem de ser bem-tratado, porque é o parceiro ideal. O Júnior da Friboi disse que não tem interesse em ser vice do Marconi, mas que quer ajudar o PSDB. O Júnior poderia ser um vice importante para Marconi. Caso essa dissidência da base liderada pelo governador Alcides lance candidato a governador, sobra espaço na posição majoritária e talvez o Júnior da Friboi seja vice. Tudo é possível.

‘Os membros da CPI não vão tirar férias’

E o PMDB, que não define logo candidato. Como o sr. vê isso?

Isso é um problema deles. Acho que o deputado Luiz Bittencourt está corretíssimo na avaliação de que o PMDB é refém de Iris. O estilo centralizador, autoritário do Iris, não permite o surgimento de novos líderes. Maguito só teve oportunidade quando Iris não pôde ser candidato. No mesmo ano em que se possibilitou a reeleição Maguito disse que iria para a reeleição e no mesmo ano Iris voltou como candidato, quando nós o derrotamos, em 98. Duvido muito que Iris tenha coragem de entregar quase três anos de mandato, num momento em que ele recebe verbas do governo federal para viabilizar a sua administração. Duvido que ele tenha coragem de renunciar o mandato de uma das maiores cidades do Centro-Oeste brasileiro. Acho que eles trabalham a dona Iris para o Senado. Ele poderia, caso eles tenham sucesso no plano federal, voltar e compor um cargo no governo federal. De forma que, ele ficando na prefeitura, teriam maior chance de eleger mais deputados estaduais e federais. Ele seria o grande comandante nas eleições. E ele também não confia no PT. Acho até que ele confia no Paulo Garcia, mas não confia no PT. O PT tem um pré-candidato que é o Rubens Otoni e que tem andado o Estado todo e o Iris não tem feito isso. O Iris não foi em 1% dos municípios que o Rubens Otoni foi. Ele tem o presidente da República, que é do seu partido, o irmão dele é prefeito de Anápolis e ainda tem uma vontade louca de ser candidato a governador. Acho que ele pode até vir a ser candidato a governador apoiado pelo Alcides, que lidera essa dissidência no PP e está procurando incentivar a dissidência também no DEM e no PR. Com essa missão de apoiar o PT, o DEM já sai da composição dessa articulação da dissidência. Acredito que o PMDB terá candidato, pela sua história, sua força, que é o maior partido político do País, tem um número grande de prefeitos no Estado. E seria quase um suicídio o PMDB não ter candidatura majoritária.

O sr. é candidato à reeleição?

Eu ainda não defini o meu projeto. Confesso que o fato de não ter acontecido a reforma política trouxe uma frustração muito grande. Esse problema nosso, essa traição anunciada, da cúpula do governo Alcides e de alguns membros do governo, essa traição liderada pelo próprio governador me desmotivou muito. Eu vou para oito anos na Assembleia e acho que é tempo suficiente. Estou no meu segundo mandato e muitos projetos que tinha em mente consegui colocar em prática. Existem alguns deles, nos quais trabalho, como a questão do ICMS ecológico, que consegui emplacar uma emenda constitucional aprovada pela maioria. Há mais de dois anos está no âmbito do governo que, talvez por picuinhas políticas, não o regulamenta. Agora é iniciativa também do governo encaminhar à Assembleia projeto de Lei Complementar criando critérios sobre o funcionamento do ICMS ecológico. No meu entendimento é a grande oportunidade que os municípios têm para cuidar das suas matas ciliares, aterro sanitário, enfim, assumir mais a responsabilidade socioambiental, porque o município que fizer esses investimentos na defesa e preservação do meio ambiente poderá apresentar a fatura na Secretaria de Estado da Fazenda para reaver parte desses investimentos. O ICMS ecológico tem funcionado bem em vários Estados, inclusive no Estado do Tocantins. Sou autor de vários projetos interessantes, mas não me sinto motivado. Me sinto motivado a fazer política 24 horas por dia, discutindo os meus projetos com o meu partido, isso me dá motivação. Eu vou decidir o meu projeto político no mês de fevereiro ou março. A única coisa que está decidida é que eu não serei candidato a deputado estadual. Não tenho nenhuma motivação e não ajudo o projeto maior. Se tiver oportunidade, buscarei o mandato de deputado federal.

E a CPI da Celg? O PMDB critica o governo do PSDB por ter feito propaganda de uma empresa que não tem concorrentes. Qual a sua opinião sobre isso?

Quando tínhamos a geradora nós tínhamos concorrente. Tínhamos Furnas como concorrente, tínhamos a Eletronorte. Com relação à Celg a concorrência praticamente não existe, mas essa é uma crítica muito simplista. De fato, a Celg gastou com propaganda e outros projetos, como patrocínios de atletas, por exemplo. Isso, realmente, pode gerar algumas críticas. Acontece que ela teve uma guinada muito positiva na gestão do PSDB e passou a ser muito assediada, muito cobrada, e contribuiu. Ela investiu em mídia, contribuiu com muitos atletas, com eventos importantes, com algumas igrejas tombadas pelo patrimônio histórico. Isso é verdade.

E o relatório da CPI da Celg, tem previsão? Vai ficar para 2010, ano de eleição?

São 25 anos investigados. Um volume muito grande de documentos. Seríamos irresponsáveis se fizéssemos um relatório num tempo curto, a toque de caixa. Não dá. Temos que trabalhar neste final de ano. Os membros da CPI não vão poder tirar férias. A Assembleia entra de recesso nessa semana. Acho que o relatório final não deve sair antes de março. Temos que analisar carretas de papéis. É muito papel. Tenho procurado, dentro de toda limitação, me inteirar. Mas não é fácil. De 1994 para cá a leitura dos números é fácil, porque está em Real. Antes tivemos uma série de moedas. Temos que trabalhar os cálculos dessa conversão. E não é qualquer técnico que sabe fazer. Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro e outros indexadores. Os membros da CPI poderão ser sacrificados em período eleitoral. Podem perder apoios importantes. Mas assumimos a responsabilidade e temos que ir até o final.


Tribuna do Planato
Sábado, 12 de Dezembro de 2009

Política

Estratégias de Alcides e Marconi
Governador adota discurso otimista com liberação de recursos

Investimento será a tática de Alcides

Bruno Hermano

Agenda apertada, como muitas visitas a municípios, reuniões políticas, confraternizações, inaugurações de obras e entregas de benefícios. Essa tem sido a rotina do governador Alcides Rodrigues, desde que chegou da viagem à Europa, na qual acompanhou a comitiva do presidente Lula. Com a agenda intensa aliada a um discurso otimista, através do qual passa a mensagem da responsabilidade com as finanças públicas e a disponibilidade de recursos que o Estado terá para investir em 2010, o governador trabalha para melhorar a imagem do governo e se fortalecer junto ao meio político e perante a população.

Uma mensagem de um governo que vai investir muito em obras em 2010, que arrumou a casa e, mais que isso, que tem um projeto de poder. Esse trabalho político que tem como objetivo imediato fortalecer o governo e o grupo que o apóia, visa as eleições de 2010.

Fazer com que o governo tenha maior aprovação e demonstrar força política, sobretudo com anúncios de que o Estado terá mais recursos para investir – são R$ 4 bilhões a mais de investimentos do BNDES – é seguir a cartilha já propalada por analistas políticos e adversários quando Alcides anunciou que o PP e seus aliados teriam uma candidatura própria para o governo em 2010. Todos diziam que governo teria que se fortalecer para bancar uma candidatura.

O governador tem deixado cada vez mais claro que é para valer o projeto de lançar uma candidatura que seja alternativa às postuladas pelo PMDB e pelo PSDB. Nas entrevistas e discursos, também não faltam referências ao projeto do governo e do PP, de juntamente com siglas aliadas, lançar um candidato a governador. Na última semana, o governador teve nova reunião com os presidentes do PP, DEM, PR, PSB e PTN para discutir o projeto. Neste sábado, 12, o governador comandou uma grande festa do PP, na cidade de Piracanjuba, que reuniu, também, lideranças aliadas de diferentes partidos.

Durante a semana, em meio às confraternizações de fim de ano, foi constatada a presença maciça de deputados tucanos e aliados em jantar oferecido pelo governador no Palácio das Esmeraldas. Embora tenham trabalhado para atrasar a votação de projetos do governo na Assembleia (leia mais na página P-8), deputados do PSDB compareceram em massa. A presença confirma, no mínimo, que estes deputados querem manter o bom relacionamento com o chefe do Executivo. Vale lembrar que muitos têm cargos no governo, que todos receberão pagamento pelas sessões extraordinárias e que também podem ter emendas ao Orçamento contempladas no ano que vem.

Candidaturas

No tradicional café-da-manhã que o governador oferece à imprensa nos finais de ano, a principal informação passada aos jornalistas foi de que o governo tem investido muito.

Alcides Rodrigues disse que, até final de 2009, os investimentos feitos com recursos do Tesouro do Estado devem alcançar R$ 1 bilhão. No café, realizado no Palácio das Esmeraldas, o governador fez um balanço das realizações, com ênfase neste ano e anunciou mais investimentos para 2010. “Para o próximo ano, esperamos uma realidade mais positiva ainda”.

No final de semana o governador Alcides Rodrigues cumpriu agenda de inaugurações em municípios do interior. No sábado, inaugurou a restauração da BR-452, no trecho que liga Itumbiara ao município de Bom Jesus. Neste domingo, inaugura a 2ª etapa do Centro de Convivência do Idoso e a iluminação de Natal em Formosa, no Entorno do Distrito Federal.

As ações do governador, na última semana, fizeram com que o tema da candidatura governista voltasse às páginas dos jornais. Durante sua viagem à Europa, as articulações esfriaram. Mais uma prova de que o principal articulador e fomentador de uma candidatura alternativa é Alcides Rodrigues. O que ainda falta para o grupo é a definição de um nome, mas isso não está impedindo o avanço das negociações. Os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM) e Sandro Mabel (PR) querem disputar o governo e trabalham para isso. Outra opção do governador, o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, também se coloca à disposição do PP para ser o candidato.

Tido como aquele que poderia aglutinar um frentão apoiado pelo governo federal, estadual e municipal nas eleições de 2010 em Goiás, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está em Goiânia há uma semana. Mesmo no PMDB, Meirelles poderia ser o candidato a governador apoiado pelos partidos que dão sustentação ao projeto de Alcides Rodrigues. Em sua estada em Goiânia, Meirelles tem sido discreto. Sabe-se que reuniu com deputados do PMDB, mas foram raras as aparições públicas e, mais uma vez, não deu nenhuma declaração que pudesse revelar seus planos para 2010.

Investimentos anunciados

Liberação de R$ 20 milhões para a Saneago.

Possibilidade de captar R$ 4 bilhões a mais que em 2009 junto ao BNDES no próximo ano.


Autorização para o aumento da capacidade de endividamento do Estado junto à União em R$ 280 milhões para investimentos em obras em 2010.

Renovação da frota do Estado, com aquisição de mais de 500 veículos.

Início da construção da Academia da Polícia Civil, obra de R$ 6,5 milhões.


Nova Frente é pra valer, afirma pepista


O presidente regional do PP, Sérgio Caiado, esteve na Assembleia Legislativa na quarta-feira, 9, para convidar os deputados para a festa do partido em Piracanjuba, que aconteceu no último sábado, 12. O convite do secretário de infra-estrutura foi dirigido aos correligionários e alcidistas de outras legendas. Evitando falar sobre política, Sérgio Caiado afirmou com veemência que o projeto do PP não é terceira via. “Via de governo é via preferencial”, brincou o secretário. Sobre as declarações de alguns tucanos que afirmam que as bases dos partidos da Nova Frente vão seguir Marconi Perillo, Sérgio respondeu “não posso impedir as pessoas de falarem besteira”.

A indefinição do candidato da Nova Frente é vista por muitos como perigosa, pois Marconi Perillo já está em franca campanha e o PMDB apesar de não revelar seu nome, tem dois pré-candidatos. No entanto, isso não parece assustar Sérgio Caiado que lembra que Alcides Rodrigues era um nome desconhecido meses antes das eleições. Na verdade, nem tão desconhecido assim, pois Alcides assumiu o cargo de governador ainda em 2006, quando Marconi se lançou candidato ao Senado.

Na quinta-feira, 10, o governador compareceu à abertura do Colóquio Atuação Consular Brasileira: Migração e Tráfico de Pessoas que contou com a presença de várias autoridades do meio jurídico. Apesar do grande número de cadeiras reservadas aos deputados, apenas a suplente de deputada Laudeni Lemes prestigiou o evento. A neo-pepista, que teve de deixar a vaga de suplência na assembleia para que o tucano Daniel Messac assumisse a cadeira, disse que confia na liderança de Alcides Rodrigues.

“Onde o governador for, os partidos aliados vão estar junto dele, eu não tenho dúvida”.

O vice-governador Ademir Menezes (PR) disse à reportagem da Tribuna que seu partido só deve tomar uma posição depois das convenções do próximo ano. “O PR vai decidir de forma colegiada o que for melhor para o partido, e eu vou seguir o que for decidido”, confirma Ademir, que já foi um nome citado para encabeçar a chapa alcidista. No entanto, sua aproximação com o senador Marconi Perillo inviabiliza seu nome. O ano de 2010 será decisivo para o PP, pois mostrará se o partido tem forças para seguir com a política em Goiás sem o PSDB e ainda tê-lo como adversário político. (Lis Lemos/ Estigiária Convênio Tribuna/UFG )


Marconi diz que decisão do PSDB é irreversível

Durante almoço do PSDB com a imprensa, na sexta-feira, 12, o senador Marconi Perillo falou sobre as eleições de 2010 e a frente articulada pelo governador Alcides Rodrigues.

Segundo ele, a decisão do PSDB de ser protagonista na eleição para governador do Estado é irreversível. O senador disse ainda que as bases dos partidos que compunham a base aliada querem a unidade e que o pensamento das cúpulas destes partidos não reflete o pensamento das bases. “O governador e seus aliados têm todo o direito de buscar seus espaços e o PSDB também. As bases querem a unidade, o pensamento da cúpula não reflete o pensamento da base, afirmou”.

Sobre a permanência do partido na base que apóia o governador Alcides Rodrigues na Assembleia, Marconi respondeu que cabe à bancada do partido na Casa decidir sobre seu posicionamento. “O PSDB ajudou na eleição e acha importante continuar colaborando com a governabilidade. Cabe à bancada estadual definir se fica na base do governo”, disse o senador. Marconi continua adotando discurso conciliatório ao falar sobre a relação do PSDB com o governador Alcides Rodrigues. Segundo o senador, os partidos que articulam a candidatura governista estão sendo chamados para o diálogo e seus líderes serão procurados no momento oportuno.

Questionado se não procuraria o governador ou o PP para reatar a aliança, Marconi disse que cabe ao partido essa aproximação. Segundo ele, março do ano que vem será o momento certo de consolidar as alianças. Para o senador, as bases dos partidos já estão decididas com relação a quem vão apoiar em 2010 e no momento certo irão anunciar essa decisão. “Se as bases tomarem uma decisão, elas irão demonstrar isso.

Às vezes, nós da cúpula, temos opiniões equivocadas em relação a nossos filiados”, declarou.

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