segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Marconi: compromisso com a modernidade!

Diário da Manhã

Opinião

Olhos de esperança e fé no futuro

A 15a. Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), organizada pela ONU e que se realiza sob os intensos holofotes da imprensa mundial em Copenhague, na Dinamarca, coloca um grande dilema aos 192 representantes do países que a integram: há ainda chance para um consenso que limite a emissão de gases causadores do efeito estufa e salve o planeta Terra? A COP-15 talvez seja a última oportunidade para que os líderes mundiais se redimam das agressões ao meio ambiente e definam um novo modelo de desenvolvimento. Tornou-se inadiável barrar o aquecimento global, contemplar a biodiversidade e garantir a vida, sobretudo depois do fracasso da Eco-92 e do Protocolo de Kyoto.

Embora alguns setores minimizem a importância do debate sobre o efeito-estufa e afirmem que o risco da catástrofe climática está superestimado, o fato é que, desde que físico sueco Svante Arrhenius (1859-1927) constatou em 1896 que a liberação de móleculas de gás carbônico (CO2) aumentava a temperatura média da Terra, não restam dúvidas de que o problema existe, é muito grave e podem comprometer a vida em escala planetária.

De acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), formado por 2,5 mil cientistas, a temperatura passou a subir com o advento da Revolução Industrial e se elevará pelo menos 1,8º Celsius até o final do século 21, consequência também da multiplicação da população mundial, estimada para alcançar 9,2 bilhões de pessoas em 2050. Pelo peso econômico e pela liderança que exercem entre as nações em desenvolvimento, Brasil, China e Índia têm um papel decisivo na pactuação de um nova ordem no mundo. Os países emergentes geram mais da metade dos gases do efeito-estufa e é fundamental conciliar a agenda ambiental com as necessidades do crescimento econômico.

O Brasil carece de adotar uma posição afirmativa, ser mais ousado e deixar as bravatas de lado. Os erros e a falta de profissionalismo da diplomacia nacional, cuja credibilidade ficou abalada após o episódio de Manuel Zelaya em Honduras, não podem se refletir na posição do país em Copenhague. A delegação brasileira precisa aumentar a meta de redução de gases, mas deve negociar investimentos e transferência de tecnologias como medidas compensatórias, mesmo porque ainda há a questão da preservação da Amazônia, considerada o pulmão do planeta.

Diante da emergência que o debate ambiental impõe, minha posição política é clara no Senado: o governo federal, os Estados e os municípios devem se mexer com ações concretas e remar na mesma direção. Estamos muito atrasados com a nossa agenda e já passa da hora de começarmos a fazer a lição de casa. Cabe aos governos – União, Estados e Municípios – assumir a liderança e induzir o segmento empresarial, notadamente o setores da indústria, da pecuária e da agricultura, a acompanhar esse esforço mundial.

Não podemos mais tolerar a falta de compromisso com a defesa das riquezas naturais, como as matas e os manaciais hídricos. É essencial a implementação de políticas ambientais sérias e consistentes, que deixem o campo do discurso demagógico e produzam resultados palpáveis e duradouros. Para Goiás, que ainda permanece alheio debate ambiental, o desafio é ainda maior pela ausência de um grande projeto estadual que tenha conteúdo verde e priorize o desenvolvimento sustentado. Apesar do ceticismo geral, vejo a Conferência de Copenhague com olhos de esperança e fé no futuro. Como o cientista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sempre serei otimista quando o assunto é a defesa do meio ambiente. Afinal, apesar de tantos desencontros, ainda acredito que o respeito à vida e o compromisso com as futuras geracões vai acabar prevalecendo.

Marconi Perillo é senador da República (PSDB) - Perfil no Twitter @marconiperillo

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