quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Maria Antonieta Alessandri!

Diário da Manhã

Morre aos 91 anos Maria Antonieta Alessandri

Mãe da deputada federal Raquel Teixeira foi fundadora da Irradiação Espírita Cristã e gerou projetos filantrópicos

Goiânia perdeu uma benfeitora e exemplo de vida. Faleceu Maria Antonieta Alessandri, aos 91 anos. Dona Antonieta sofreu enfarte em casa pouco antes da meia noite da segunda-feira. O corpo foi velado e sepultado no Cemitério Jardim das Palmeiras, às 18 horas de ontem.

Dona Antonieta era mãe da deputada federal Raquel Teixeira; do médico oftalmologista Eurípedes Figueiredo Alessandri; do professor do Conservatório de Música de Colônia na Alemanha Clóvis Figueiredo Alessandri; e do terapeuta Marcus Figueiredo Alessandri. Viúva do médico Clóvis Figueiredo, primeiro cardiologista de Goiás, deixa os quatro filhos, oito netos e cinco bisnetos.

A dedicação de Maria Antonieta às obras educativas e sociais começou na juventude. Junto com outros abnegados espíritas, fundou a Irradiação Espírita Cristã que gerou uma rede de projetos filantrópicos. Entre outros, a Creche Dorothéa Ribeiro Guimarães, a Escola Espírita Tenda do Caminho, o Pré-Escolar Bezerra de Menezes, o Pré-Escolar Humberto de Campos, o Instituto Educacional Emmanuel, o Solar Colombino Augusto de Bastos e a Casa da Pequena Costureira.

Na segunda-feira, Dona Antonieta participou de almoço de confraternização do segmento espírita com o governador Alcides Rodrigues no Palácio das Esmeraldas. No domingo, dia 6, tinha recebido homengem, junto com a irmã, Sílvia, de 90 anos, na sede da Irradiação Espírita durante o Natal Integrado das Obras Assistenciais da instituição. Estiveram no velório o Governador Alcides Rodrigues, o prefeito Iris Rezende, o Senador Marconi Perillo e a Senadora Lúcia Vânia.

Dedicação

Maria Antonieta Alessandri nasceu na cidade de Monte Alegre, Triângulo Mineiro, no dia 20 de maio de 1918, filha do dr. Vitório Alessandri e dona Isoleta Vilela Alessandri. Cursou o 1º grau na cidade natal e concluiu o Magistério em Uberlândia. Aperfeiçoou-se em Educação e Pedagogia em Belo Horizonte e estagiou no Instituto Pestalozzi, cuidando de crianças portadoras de necessidades especiais, sob a orientação da professora Helena Antippof. Foi professora no Grupo Escolar Tancredo Martins e exerceu o cargo de diretora de 1935 a 1940. Posteriormente, ela também se formou em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, e em Filosofia, na cidade de São Paulo, sob orientação do professor Huberto Hoden.

Enquanto trabalhava no Instituto Pestalozzi e nas campanhas para a criação da Fazenda do Rosário, em Minas Gerais, ela sempre ouvia a professora Helena, a quem muito admirou, dizer: “Maria Antonieta, você não vai viver uma vida fútil, você irá ajudar a muitos necessitados”. Foi assim que sentiu o despertar pelo interesse nas crianças que sofrem no convívio com uma sociedade tão desigual.

Em 1943 prestou concurso no Rio de Janeiro para inspetora federal de ensino, sendo nomeada para exercer o cargo em Uberlândia. Casou-se em 1945 com o médico cardiologista Clóvis Figueiredo e mudou-se para Goiânia. Quatro filhos enriqueceram o lar de Dona Antonieta e dr. Clóvis. Ela permaneceu na função de inspetora federal de ensino até 1967, quando se aposentou.

Dona Antonieta foi integrante de várias associações e clubes de serviço, onde sempre era requisitada como oradora. Realizava palestras em vários núcleos espíritas da Capital e do interior, bem como em outras unidades da federação e até no exterior. Recebeu inúmeros convites para participar das administrações municipal e estadual, sempre declinando dos mesmos, para dar continuidade ao seu trabalho espiritual e social independente. Recebeu várias comendas concedidas pelos governos do município de Goiânia e do Estado de Goiás.

O trabalho social que realizou, juntamente com os seus companheiros de ideal, foi possível graças à compreensão, à boa vontade e ao imprescindível apoio de entidades governamentais, de empresas públicas e particulares e, acima de tudo, da generosa comunidade goianiense que sempre respondeu favoravelmente aos apelos da Instituição Filantrópica que participou. A frase de Thiago: “A fé sem obras é morta em si mesma” calava fundo no coração de Dona Antonieta que, desde a juventude, dedica-se a obras de promoção social.

Em parceria com um grupo idealista, Dona Antonieta foi uma das fundadoras em Goiânia de uma das mais importantes obras de cunho religioso e social: a Irradiação Espírita Cristã, que surgiu como Centro Espiritualista Eclético Tenda do Caminho e foi rebatizada por Chico Xavier, pois a casa é destinada a irradiar sua luz para o mundo inteiro.

Quando a Casa Tenda do Caminho ficou pequena para abrigar o número de pessoas que a frequentava, ela doou um lote na Rua Colombino Augusto de Bastos, Vila Nova, hoje Rua 201. Foi ali que construíram a nova sede da Irradiação Espírita. Em seguida, deram início à Obra do Berço, a Casa da Pequena Costureira. Logo após foram construídas a Creche Tenda do Caminho, hoje conhecida com Creche Dorothéa Ribeiro Guimarães, a Escola Espírita Tenda do Caminho, o Pré-Escolar Bezerra de Menezes, o Pré-Escolar Humberto de Campos, o Instituto Educacional Emmanuel, o Solar Colombino Augusto de Bastos, a sala de cura Eurípedes Barsanulfo e a sala de Meditação Allan Kardec.

A atual Irradiação Espírita Cristã é mantenedora de 16 obras filantrópicas educacionais e doutrinárias, profissionalizantes e de promoção social em Goiânia. Atinge direta e indiretamente mais de 8 mil pessoas carentes, desde recém-nascidos até idosos desamparados. Também cooperou na fundação do Clube da Pedra Verde para a confraternização dos casais médicos e participou da estruturação do intercâmbio entre estudantes goianos e estrangeiros. Hoje, a Irradiação Espírita Cristã é um ponto de referência para os outros centros espíritas do Brasil.

“Sua casa era abrigo para jovens”

Em artigo publicado no Diário da Manhã, no ano passado, quando dona Antonieta completou 90 anos, a deputada Raquel Teixeira (PSDB) deixou um depoimento emocionado e destacou o caráter solidário da mãe: “Sua casa era abrigo para jovens, sobrinhos ou não, de Monte Alegre ou Boa Esperança, que queriam estudar em Goiânia e precisavam de uma casa. E também não foi só na sua casa que ela acolheu pessoas. Minha mãe dedicou sua vida à causa solidária e fraterna de acolher pessoas fosse nas suas necessidades físicas, psicológicas ou espirituais. Participou da vida de muitos em momentos de comemoração como casamentos, abençoando os noivos com sua poesia das alianças, ou ajudou na despedida de entes queridos que na mudança de plano espiritual deixam os corações dos que ficam repletos de saudade. Com sua fé inabalável na continuidade da vida, ela foi um ponto de equilíbrio em momentos difíceis da vida de muitas pessoas.”

O deputado federal Luiz Bittencourt (PMDB) definiu Maria Antonieta como exemplo construtivo para a sociedade. “Era uma mulher moderna, dinâmica, corajosa, muito à frente de seu tempo. Deu a Goiás muita coisa e construiu uma família maravilhosa. O grande presente que ela nos deixou foi a deputada Raquel Teixeira.”

O vereador Gari Negro Jobs atribui a Maria Antonieta norte ético de sua vida. “Frequento a Irradiação Espírita Cristã desde criança. Aprendi muito com ela. É uma perda lamentável. Para mim, Chico Xavier e Maria Antonieta foram faróis que iluminaram meu caminho. Exemplos incríveis de solidariedade.”

O jornalista Ivan Mendonça disse que com a morte de Maria Antonieta Goiânia ficou mais triste. “Era uma mulher determinada. A vi ontem (dia 14) no Palácio das Esmeraldas. Estava disposta e bem humorada. Com ela, Goiânia perde um pouco da alegria de viver.”

A professora Maria do Rosário Cassimiro, ex-reitora da Universidade Federal de Goiás, destacou a dedicação de Maria Antonieta às pessoas. “Tinha um coração enorme. Era a encarnação da caridade. Era dessas pessoas que ajudam a construir, que melhoram a sociedade.”

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