sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Tiro pela culatra III

Diário da Manhã

PMDB prefere aguardar fim da CPI
Líder do partido na Assembleia, Mara Naves diz confiar na lisura do TCE e evita comentar declarações de José Nelto

A bancada do PMDB na Assembleia Legislativa decidiu não manifestar apoio público ao deputado estadual José Nelto, que acusa o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de agir a serviço do PSDB na CPI que investiga o endividamento da Celg. A crise começou porque o TCE produziu relatório que aponta deficit de receita de US$ 4,8 milhões na transferência do controle da usina de Corumbá I para Furnas, em 1986, durante mandato do então governador Iris Rezende (PMDB).

A líder da bancada, deputada Mara Naves, disse ontem que o PMDB só deve se manifestar oficialmente após o término das investigações. “Nós, colegas de partido, respeitamos a decisão dele (José Nelto) de se contrapor ao Tribunal. É ele quem nos representa na CPI. E ninguém mais, além dos deputados-membros, tem participado das reuniões (os encontros da comissão são realizados a portas fechadas)”, afirma.

Na sessão plenária de quarta-feira, no momento em que Daniel Goulart (PSDB), José Nelto, Humberto Aidar (PT) e Jardel Sebba (PSDB) se enfrentavam na discussão sobre esta polêmica, Mara já havia deixado transparecer discordância com a posição adotada pelo colega de partido. “Ele, agora, terá de provar as suas acusações contra os conselheiros do Tribunal. Eu, particulamente, confio na lisura do corpo técnico do TCE. Mas só vou me posicionar no final”. Publicamente, o único a se solidarizar com Nelto foi o deputado Samuel Belchior (PMDB), mas Nelto garante que já recebeu o apoio de toda a bancada. Ele promete convocar a imprensa na segunda-feira para apresentar novas denúncias de irregularidades referentes à Celg. Adianta que apresentará documentos comprovando superfaturamento na contratação de advogados em 1987 – portanto, durante o mandato de Iris – e de uma empresa prestadora de serviços.

O peemedebista diminuiu o tom dos ataques, dizendo ontem que criticou só uma parte, e não todo o TCE. Afirmou ainda que alguns conselheiros do Tribunal precisam “se tocar” de que não trabalham mais para o “ex-patrão”. Disse que estes conselheiros – Nelto não quis nominá-los – terão de se explicar com a corregedoria, caso “continuem agindo como cabo de chicote do PSDB”.

COTOVELOS

Daniel Goulart espera que os deputados membros da CPI analisem, no próximo dia 18, o requerimento apresentado por ele que pede a convocação de cinco servidores que prestavam serviços à Celg no período em que Corumbá I foi transferida para Furnas. No mesmo dia, deve ser apresentado o relatório da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) sobre o objeto de investigação da Comissão.

O tucano reclama do colega peemedebista e diz que José Nelto tem o costume de sempre politizar discussões das quais participa, mesmo que sejam eminentemente técnicas – como, por exemplo, a tentativa de atribuir os resultados do parecer do TCE à ligação dos seus conselheiros com o PSDB. Afirma que o parlamentar “fala pelos cotovelos”, e diz que a avaliação do TCE poderia ser ainda mais danosa à imagem do PMDB, uma vez que ele desconfia que o valor gasto na indenização paga pela Celg por conta das áreas inundadas na construção de Corumbá I não foi incluído no cálculo do Tribunal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário