sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Popular

Aécio desiste de disputar pré-candidatura à Presidência
Com saída do governador de Minas seu colega José Serra passa a ser a única opção dos tucanos para enfrentar candidato do presidente Lula nas eleições do próximo ano

Agência Estado

Belo Horizonte – O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, anunciou ontem oficialmente que desistiu de disputar com o governador de São Paulo, José Serra, a indicação do PSDB para ser o candidato à Presidência da República no ano que vem. Com isso, pelo menos por enquanto, José Serra é o único candidato tucano, embora ainda não admita oficialmente. Em carta entregue ao presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e lida à tarde no Palácio da Liberdade, Aécio Neves anunciou que desistiu de concorrer ao Planalto, sem citar José Serra. Mais tarde disse que disputará o Senado no ano que vem, embora seu nome esteja à disposição do partido, em caso de um recuo de José Serra.

A forma como o comunicado foi feito, na ausência de José Serra e sem qualquer referência a ele, constrangeu líderes tucanos, que esperavam um gesto de unidade. O pronunciamento de oito minutos foi feito após reunião com Sérgio Guerra e o secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro, um de seus principais aliados. Nela, o governador expôs os motivos de sua decisão, que teria sido tomada entre segunda e quarta-feira, embora, em declarações ao longo do mês, ele já desse sinais de sua desistência. Aécio Neves disse que defendeu as prévias como instrumento de escolha do candidato, mas que, por dificuldades operacionais ou opção da cúpula partidária, não conseguiu realizá-las. Ele citou os apoios de líderes e militantes do PSDB, colhidos ao longo de encontros pelo País.

Mas justificou que, se levasse o projeto presidencial adiante, perderia o timing para construir um amplo arco de alianças em torno de sua candidatura, em contraponto à polarização entre petistas e tucanos. “Devemos estar preparados para responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o País ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres”, disse no pronunciamento. “O que me propunha tentar oferecer de novo ao nosso projeto, no entanto, estava irremediavelmente ligado ao tempo da política, que, como sabemos, tem dinâmica própria. Sempre tive consciência de que uma construção com essa dimensão e complexidade não poderia ser realizada às vésperas das eleições”, afirmou.

Em entrevista Aécio Neves citou o desempenho de José Serra nas pesquisas eleitorais como um dos motivos de sua escolha. “Senti que havia certa preferência, a partir de indicadores de pesquisa, em torno do governador José Serra”, disse, descartando ser vice do paulista e prometendo trabalhar para que não haja racha. Mudanças O gesto do governador de Minas Gerais contraria as pretensões de José Serra, que desejava levar até março o impasse sobre a candidatura. Até lá, poderia se decidir, com base no comportamento das pesquisas, entre concorrer à Presidência ou à reeleição para o governo de São Paulo. A renúncia de Aécio foi vista por aliados como “investimento futuro”. A interlocutores Aécio admitiu que no atual cenário não teria chances de ser escolhido como candidato. Saindo da disputa, cria a polarização entre Serra e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Se a ministra crescer, Serra poderá acabar preferindo a reeleição em São Paulo. Assim, estaria criada a oportunidade para que Aécio fosse chamado de volta para a corrida sucessória.

Serra elogia grandeza e desprendimento

Agência Estado

São Paulo - O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), elogiou ontem o mineiro Aécio Neves (PSDB), que anunciou a desistência à pré-candidatura à Presidência. Aécio disputava com Serra a indicação para a encabeçar a chapa tucana de 2010. Em nota, Serra disse que Aécio tem todas as condições para ser candidato a presidente.

“O governador Aécio Neves tem todas as condições para ser o candidato do nosso partido a presidente, por seu preparo, sua experiência política, sua visão de Brasil e seu desempenho como governador eleito e reeleito de Minas Gerais.”

O governador de São Paulo elogiou ainda o desprendimento de Aécio. “Os termos em que ele se manifestou confirmam a afinidade de valores e as preocupações que inspiram nossa caminhada política”. Em sintonia com Aécio, que criticou a proposta de eleições plebiscitárias e a propagada do PT que divide os eleitores entre ricos e pobres, Serra diz que o PSDB não é “semeador da discórdia e do ressentimento”. “Nem estimuladores de disputas de brasileiros contra brasileiros, de classes contra classes, de moradores de uma região contra moradores de outra região. Trabalhamos, ambos, sempre, pela soma, não pela divisão. Somos brasileiros que apostam na construção e não no conflito.”

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