sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Popular

Alcides rejeita imposição do PMDB
Governador repreendeu a cobrança para que seja oficializado o rompimento com o PSDB

Fabiana Pulcineli

A boa relação que mantém com o PMDB não abre espaço para imposições, sinalizou ontem o governador Alcides Rodrigues (PP) ao responder cobranças do presidente do diretório estadual do partido, Adib Elias, reeleito ontem. “É claro que não vamos atender imposição de quem quer que seja. Temos uma conduta e vamos seguir nesta direção”, afirmou o pepista.

O “chega pra lá” no dirigente peemedebista foi em resposta à exigência de que o governador oficialize o rompimento com o PSDB, que tem como pré-candidato o senador Marconi Perillo. Em entrevista publicada ontem no Giro, Adib disse que Alcides deveria anunciar romper com o PSDB e mostrar problemas herdados da gestão tucana, sob condição de manter o apoio do PMDB na Assembleia.

“Tenho como conduta a boa convivência com todos os partidos e lideranças. Defendo uma convivência respeitosa”, afirmou Alcides, durante evento para liberação de recursos para o Crer (leia reportagem na página 3).

O governador disse que as posições políticas devem ser definidas só ao final do primeiro semestre, mas reforçou a busca por uma candidatura alternativa à polarização entre PMDB e PSDB. “A convenção é em junho. Lá é que vamos olhar o caminho a seguir. Hoje é sabido por todos que temos em mente o lançamento de um candidato que tem projeto. E outras lideranças comungam este desejo.”

Depois de repreender o PMDB, Alcides evitou falar, em evento à tarde, da cobrança dos próprios aliados – partidos que fazem parte das articulações da frente governista –, DEM, PR e PSB, pelo afastamento de tucanos do governo. “É época de Natal, confraternização, de comemorar o final de ano feliz que tivemos. Não quero entrar nessa discussão. Vamos deixar para o ano que vem”, desconversou.

Alcides disse não ver problemas na indefinição do nome para a disputa ao governo. Segundo ele, o importante é que haja vários pré-candidatos à disposição. “O que muita gente pensava que não ia acontecer, está acontecendo. É uma realidade”, provocou.

O governador voltou a dizer que a eleição só é definida nos últimos meses de campanha para afirmar que não há pressa na definição do nome.

Questionado sobre o peso dos investimentos previstos para 2010 na sucessão, o governador disse que “pode contribuir”, mas não é este o objetivo. “Não estamos pensando só em eleição, mas em apresentar bons resultados na administração pública.” O Orçamento do Estado, aprovado na quarta-feira pela Assembleia, prevê investimentos de R$ 1,5 bilhão em obras. Alcides tem repetido em eventos que, com a ajuda do governo federal, os gastos chegarão a R$ 4 bilhões no próximo ano.

O governador teve dois compromissos públicos à tarde: um almoço oferecido a evangélicos e a entrega de veículos e móveis ao Ipasgo. Para a manhã de hoje, o governo prepara grande evento para lançar os programas sociais Renda Cidadã mais Educação e mais Saúde, no Centro de Convenções.

CELG

O presidente da Celg, Carlos Silva, disse ontem que “basta andar pela empresa, da portaria às diretorias”, para comprovar que sua gestão tem sito técnica e comprometida com interesses exclusivos da companhia.

O POPULAR publicou ontem que o presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Paulo Afonso Ferreira, cobrou uma melhor gestão e o fim de ingerências políticas na empresa. Ele reclamou ainda que as falhas no sistema energético travam o desenvolvimento industrial do Estado.

Carlos Silva disse que tem buscado parcerias com o setor produtivo na busca de apoio para uma solução para a dívida de R$ 6 bilhões da Celg. “Este governo, sim, está buscando uma solução. Pela primeira vez, tem-se uma proposta de recuperação da Celg, por problemas gerados ao longo da história. Não é algo que ficou difícil ontem. Temos coragem para enfrentar.”

O secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, que comanda as negociações com o governo federal para equilibrar as contas da companhia, disse acreditar que Paulo Afonso tenha sido genérico nas declarações. “Ele não criticou a atual gestão. Até porque estamos sempre em contato e ele, como técnico, tem elogiado nossa determinação em buscar o fim dos problemas. Ele tem dito que estamos no caminho certo”, afirmou.

Discurso de Requião causa desconforto

Bruno Rocha Lima

A reeleição de Adib Elias para o comando do Diretório Estadual do PMDB foi marcada ontem por um certo desconforto da cúpula do partido com a tônica do discurso do governador do Paraná, Roberto Requião.

Convidado de honra para a ocasião, Requião, que se lançou pré-candidato à Presidência da República pelo PMDB, tem como foco as críticas à política econômica do Banco Central, presidido pelo neo-peemedebista Henrique Meirelles.

“Temos de fazer o desligamento da política macroeconômica do Banco Central que, na verdade, só defende os interesses do capital financeiro e não os interesses do povo”, afirmou Requião em entrevista à imprensa. Antes, no discurso, também atingiu Meirelles.

“O presidente Lula nos propôs uma listra tríplice para a vice da Dilma. Tenho uma proposta melhor. Que nos apresentem uma lista sêxtupla para nossa chapa e que dela não faça parte nenhum membro do Banco Central”, propôs.

A necessidade do PMDB de fugir da órbita da candidatura petista e assumir candidatura própria defendida pelo governador também teve de ser contornada pelos goianos, que têm interesse em assegurar o apoio do PT na disputa pelo governo do Estado. Os comentários e discursos dos peemedebistas foram, em geral, evasivos.

No palanque, o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), se esquivou de apoiar ou condenar a pré-candidatura do governador. “Seus projetos são encarados por nós com muito carinho, respeito, de forma que ano que vem tomaremos a posição que for melhor para o Brasil”, afirmou, dirigindo-se a Requião.

Após o discurso, em entrevista à imprensa, Iris foi mais direto na sua posição e alertou para as perdas que o partido teria caso decidisse pela candidatura própria. “O PMDB tem um compromisso hoje com o PT a nível nacional e aqui praticamente a nível estadual e municipal”, lembrou.

“Não podemos em hipótese nenhuma embarcar em qualquer projeto que possa tumultuar o processo no qual estamos todos aí comprometidos, tanto aqui quanto no Paraná e Brasil afora”, disse, lembrando os cargos que o PMDB ocupa no governo federal.

No palanque, Adib Elias disse que o PMDB não teria mais “como explicar aos brasileiros” o fato da sigla não ter candidato a presidente pela terceira eleição consecutiva. No entanto, afirmou depois que nem todo o PMDB pensa igual. “Mas o PMDB de Goiás não poderia de forma alguma deixar de dar oportunidade do governador vir colocar seu posicionamento.”

Na cúpula nacional da sigla, a avaliação é de que são quase nulas as chances da iniciativa de Requião prosperar. Além da fragmentação nos estados e da falta de um nome competitivo, uma candidatura avulsa colocaria a perder os espaços do PMDB no governo federal.

Fontes do partido acreditam que Requião busca na verdade espaço para se inserir no debate para a eleição presidencial, além de se fortalecer politicamente para tentar fazer como seu sucessor o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB).

Sucessão

Sem a presença de Meirelles no evento peemedebista, Iris foi o nome defendido por todos para disputar o governo do Estado em 2010. Além das lideranças goianas, Requião disse que estava convicto de que o prefeito concorreria o governo. Iris, no entanto, evitou falar sobre a sucessão estadual.

Recuperando-se de uma cirurgia, ficou pouco tempo no diretório. Segundo a discursar no palanque – explicando ao público que estava lá descumprindo recomendação médica – foi embora logo em seguida. O presidente do Banco Central, contou Adib, justificou sua ausência por telefone, alegando compromissos em Brasília.

Da bancada federal, compareceu apenas a deputada Iris Araújo, presidente nacional do partido. O deputado Marcelo Melo chegou após o término do evento. A bancada reclama da concentração de poderes nas mãos de um pequeno grupo do partido ligado a Iris, principal apoiador da reeleição de Adib, e de não ser consultada nas decisões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário