terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Marconi: funcionalismo valorizado!

Diário da Manhã

Marconi Perillo: um divisor de águas na história do funcionalismo estadual

O serviço público, desde a chegada de D. João VI ao Brasil e até bem pouco tempo, tinha o seu quadro de servidores preenchido sempre pelo protecionismo, apadrinhamento e nepotismo escancarado.

Tal situação que perdurou por quase dois séculos, considerando como marco inicial a chegada da família real, praticamente excluía todos os que não tinham acesso às lideranças políticas ou, então, parentes em cargo que lhe permitisse fazer indicações.

Distorções e desequilíbrios na absorção de mão de obra pelo serviço público, que por si só já o era além de injusta e de privilégios, se patenteavam ainda mais, quando uma liderança regional era alçada a um cargo estratégico, pois o inchaço de novos servidores, inevitavelmente, se consolidava com pessoas oriundas dos municípios que integravam os colégios eleitorais daquele que foi ungido governador, secretário de Estado ou cargo equivalente.

Tanto assim o é que os mais gozadores nominavam, de forma jocosa, várias “repúblicas” como se existentes dentro do nosso Estado, tanto dos municípios que tiveram filhos da terra exercendo o cargo de governador, como de diversas outras localidades que tiveram eminentes e poderosos representantes em postos-chaves do governo estadual, que procuravam atender a grande demanda por um emprego no serviço público, agasalhando aos seus apaniguados às custas do erário.

Esse mecanismo de preenchimento, por si só, por não valorizar ou avaliar a competência do escolhido, já era um demérito, trazendo, assim, em contrapartida a esse processo ilegal e canhestro, um menosprezo por parte da classe política, que, por encarar o servidor público como massa de manobra, chegava até mesmo ao cúmulo de dizer publicamente que dar aumento para o funcionalismo era gastar sal em carne podre, generalizando até para com aquela parcela de servidores, a minoria, que teve que enfrentar um árduo concurso público para integrar os quadros estatais.

Tripudiar de uma soma tão grande de eleitores é arrogância e desprezo a um contingente que, direta ou indiretamente, pode oferecer duzentos mil votos de frente para um candidato em uma eleição majoritária no Estado de Goiás, assim podendo influenciar, e muito, a soma total de votos e o destino de uma candidatura.

Evidenciando ainda mais o tratamento discriminatório, os governantes não tinham responsabilidade ou compromisso com os milhares de pais de famílias que laboram no serviço público, pois não dar aumento e atrasar pagamento não raros três, quatro, cinco meses eram coisas rotineiras, e não lhes tiravam sequer um segundo de sono, pois, afinal, qual era mesmo, para eles, o valor dos servidores? Carne podre, oras!!!

Aí entra Marconi Perillo na história, jovem e de mente inovadora e arrojada, levado também pela nova situação de que o serviço público agora quase sempre tem que ser exercido por funcionários concursados(quase sempre, porque ainda existem excrescências como a de se admitir por prazo temporário, uma das brechas que a constituição federal prevê para se continuar uma forma de apadrinhamento); pela lei de responsabilidade fiscal e tantos outros mecanismos, fazendo com que a situação apresentada a ele já tivesse um novo aspecto e tratamento.

Não obstante isso, governantes existem que passam por cima de muitos desses preceitos legais e os descumprem de forma afrontosa, principalmente no que diz respeito a uma remuneração condizente com as necessidades dos servidores. Com Marconi, se deu o contrário, pois, além de atender a todas as normas, ainda fez mais, passou a quitar a folha dentro do mês vincendo; a pagar o décimo terceiro salário no mês de aniversário do servidor, além, é claro, de inúmeros benefícios sociais que contribuíram e muito para a melhoria da qualidade de vida dos goianos e o crescimento do nosso Estado, redundando tais medidas na valorização do profissional e principalmente como ser humano, e a elevação de sua autoestima, fazendo com que ele possa se orgulhar de pertencer aos quadros do Estado.

Foi muito importante para os servidores públicos estaduais esse despertar de consciência, decorrente de uma política de valorização propiciada pela administração de Marconi, porque, ao se estabelecer esse marco divisor no tratamento ao funcionalismo, o livre exercício da cidadania aflorou em cada um, e a grande maioria viu ali o momento de agir com independência e dignidade, expressando, quando do chamamento às urnas, o seu contentamento e liberdade, mostrando que nós somos empregados do poder público e não dos governantes de plantão, que podemos e temos o direito de ser tratados com respeito e jamais como subclasses ou massa de manobra eleitoreira e subserviente como muitos e muitos políticos ainda pensam e assim agem.

Isso fez a diferença quando, em 2006, Marconi buscou e conquistou com facilidade um mandato de senador da República, pois foi mandado pelo goianos para o congresso nacional, em cima de uma montanha de mais de dois milhões de votos, com certeza um expressivo percentual dessa quantidade adveio do funcionalismo público. Prova disso é que a quase totalidade dos sindicatos de servidores aderiram a sua campanha e manifestaram incondicional apoio à sua eleição.

Que ele, quando de novo eleito, não se esqueça da continuidade dessa relação de respeito, de compromisso e de valorização dos servidores públicos, que nessa condição não são apenas cidadãos e eleitores, mas também interessados e fiéis partícipes da construção da história do nosso Estado.

José Domingos é bacharel em Direito, pós-graduado em Direito Tributário e História do Brasil, ex-tesoureiro do movimento Pró-cidade de Goiás Patrimônio da Humanidade, ex-tesoureiro da Amar (Associação Mossamedina para o Avanço Regional) ex-presidente do conselho fiscal do Sindifisco, auditor fiscal, professor universitário e escritor.
(josedomingosmossamedino@hotmail.com)

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