quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Popular

CAIXA DE PANDORA

PSDB decide por saída do governo
Recém-filiado ao partido em Goiás, Valdivino Oliveira deve deixar cargo na secretaria da Fazenda do DF

Fabiana Pulcineli

Na tentativa de não contaminar o PSDB pelo escândalo do mensalão envolvendo seu principal parceiro, o DEM, a executiva nacional do partido determinou ontem o afastamento imediato de todos os tucanos da equipe do governador José Roberto Arruda (DEM-DF). A decisão atinge o secretário da Fazenda, Valdivino Oliveira, recém-filiado ao PSDB de Goiás, depois de deixar o PMDB. No cargo desde o governo do antecessor de Arruda, Joaquim Roriz (PSC), Valdivino saiu do PMDB de olho na candidatura a deputado federal por Goiás e após articulações da dupla Arruda e senador Marconi Perillo (PSDB) – pré-candidato ao governo goiano –, que pretendiam fazer campanha conjunta no Entorno do Distrito Federal. A reportagem não conseguiu ouvi-lo ontem, mas, segundo aliados, Valdivino cumprirá a determinação da cúpula do PSDB.

Em nota, os dirigentes tucanos classificaram como “gravíssimas” as denúncias de corrupção no governo Arruda. Eles não se manifestaram, porém, sobre o suposto envolvimento do presidente do PSDB no Distrito Federal, Márcio Machado – secretário de Obras – no esquema de propina investigado pelo Ministério Público. O tucano que não entregar o cargo deverá ser expulso do PSDB. A cúpula tucana acredita que a decisão de retirar o apoio ao governo de Arruda elimina a versão de que o partido poderia ter uma posição dúbia, o que o levaria a ter o mesmo destino do DEM: o sangramento em praça pública.

A nota foi a primeira manifestação oficial do PSDB desde que a Operação Caixa de Pandora foi deflagrada, sexta-feira. O comando nacional decidiu endurecer depois que o escândalo começou a respingar no partido, postura que teve o aval do governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato à Presidência em 2010.

“O que queremos evitar com essa posição é a contaminação do PSDB com esse escândalo”, resumiu o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), integrante da executiva. Antes da reunião, um grupo de dirigentes tucanos esteve com Márcio Machado, quando se confirmou que praticamente toda a executiva do partido no DF está acomodada no governo de Arruda, e saiu do encontro acreditando que o secretário deverá continuar na equipe do governador do DEM.

A executiva evitou se posicionar publicamente sobre Márcio Machado, mas já avisou que, caso ele decida permanecer no governo de Arruda, será aberto um processo de expulsão na comissão de ética do PSDB. “Quem quiser ficar no governo com Arruda está fora do partido. Ou seja, será automaticamente expulso. A determinação é para se afastar do governo. Agora, quem estiver envolvido no escândalo e decidir permanecer no partido, vai para o Conselho de Ética”, avisou o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), integrante da executiva.

Em nota assinada pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a executiva nacional disse esperar que “as denúncias sejam apuradas com toda a energia”. Segundo depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, o presidente do PSDB local, Márcio Machado, era “responsável pelo pagamento de outros grupos de apoiadores do candidato Arruda”. Além de Machado e Valdivino Oliveira, outro tucano está no primeiro escalão é o secretário de Governo, José Humberto Pires. O partido também tem cerca de cem cargos em segundo e terceiro escalões, como o comando de estatais e quatro administrações regionais de cidades satélites.

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