Novamente? Chega, já bastou
Após 34 anos em redações de jornais, algumas poucas revistas, emissoras de televisão e rádio, além de seus respectivos microfones e câmeras, confesso que não tenho mais tanta paciência como antigamente. Não sei exatamente até que ponto é experiência acumulada ou rabugice da idade que beira meio século. Talvez ambos.
Ontem, ao ler o Diário da Manhã pela internet ainda no início da madrugada, como sempre costumo fazer, me deparei mais uma vez com um artigo cuja essência era uma nova tentativa de ataque à minha postura profissional. Admito ser uma pessoa emocional. Minha primeira reação foi a de duelar pelas páginas da pior e mais dura forma possível. Cheguei mesmo a abrir o processador de texto de meu computador para redigir uma resposta. Ao fim de não mais que um minuto, percebi que não teria paciência para raciocinar e escrever pelo ódio. Não, não mais.
O que acrescentaria na minha vida pessoal e na minha conduta e carreira profissional alimentar situação como essa? Vá lá, é óbvio que conheço o teor crítico das análises que faço. E admito que sinto satisfação em vê-las publicadas, e gerarem debates, discussões e posições entre aqueles que as leem ou as escutam. Não sou o único a sentir isso. Todos os jornalistas são movidos por essa paixão. Todos, sem qualquer exceção.
Mas não existe, para mim, nenhuma forma de prazer em deixar a análise crítica sobre atos e fatos e queimar neurônios e experiência para xingar alguém. Não me traz qualquer forma de compensação emocional, e muito menos profissional. Portanto, apesar de descontentar eventualmente este ou aquele, continuarei fazendo o que sempre fiz: análises.
E, a despeito de uma ou outra acusação, digo apenas que as ideias que escrevo são minhas, e não de Marconi, Alcides, Braga, Caiado ou quem quer que seja. Permito, evidentemente, que sejam discutidas, debatidas e invariavelmente melhoradas, mas não aceito que as creditem a outros autores. Afinal, boas ou ruins, bem temperadas ou insossas, só cheguei a elas após 34 anos de muito esforço. Então, creio ter direito a esta pequena rabugice. Se você, leitor, entender que não o tenho, releve.
Afonso Lopes é jornalista
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