Política
CPI DA CELG
TCE aponta déficit com usina
Erica Lettry
Avaliação feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) nas contas da Celg entre 1983 a 1990 revelou déficit de US$ 4,896 milhões após transferência da Usina de Corumbá 1 para Furnas Centrais Elétricas. O dado foi mostrado ontem pelos técnicos do órgão durante reunião fechada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga o endividamento de R$ 6 bilhões da estatal.
Para chegar ao valor do déficit, foi considerado o volume de investimentos realizados para a construção da Usina de Corumbá 1, ainda no governo Ary Valadão, em relação ao valor do tombamento quando da transferência, entre 1984 e 1986 – já com atual prefeito Iris Rezende (PMDB) como governador.
O presidente da CPI, Helio de Sousa (DEM), diz que falta agora ao PMDB justificar a necessidade desta transferência para Furnas, algo que ainda não teria sido esclarecido. “Ainda não está bem definido, com os documentos que estão na CPI da Celg, como foi feito o convênio para a transferência”, completa.
O peemedebista José Nelto, que é titular da comissão, defende o partido e diz que os dados do TCE não revelam prejuízos com a transação. Segundo ele, esta informação teria ficado explicitada ontem na reunião.
José Nelto alega que a Celg não tinha condições de construir a Usina de Corumbá 1 e por esta razão ela foi transferida para Furnas. Depois disto, a central elétrica teria deixado a obra paralisada por três anos. “O que o TCE colocou é que houve depreciação do patrimônio, porque as obras ficaram paradas por três anos. Se houve prejuízo, foi por causa de Furnas. Mas que interesse o governo federal teria em dar prejuízo para o Estado? Não tem prejuízo, é depreciação. Não foi dinheiro desviado.”
A análise preliminar do TCE também levou em consideração os créditos que a companhia tem a receber e que ainda não foram levantados pela comissão. “Sempre perguntamos o quanto a Celg está devendo, mas temos de saber o que ela tem de receita a receber. O valor de créditos devidos à Celg pelos governos federal e estadual, prefeituras, Eletrobrás e Saneago representa uma parcela significativa do déficit atual”, avalia Helio de Sousa.
O democrata disse que, durante a reunião de ontem, também foi perceptível que a empresa enfrenta problemas financeiros há muito tempo. “O que a gente precisa saber é se esta situação que a Celg chegou foi causada no intuito de fomentar o Estado, devido à situação econômica de época, ou por outros fatores. Em 1988 foram transferidas várias hidrelétricas para o Tocantins, que pertenciam à Celg. Mas o ressarcimento disso não foi para a estatal, mas para Goiás”, exemplifica.
De acordo o deputado Daniel Goulart (PSDB), que também é titular da CPI, outros dados do período de 1983 a 1990 ainda serão mostrados pelo TCE. Os membros da CPI, com base nas informações disponíveis até agora, já terão condições de fazer as convocações para depoimentos.
Enquanto isso, o TCE vai se debruçar sobre os dados do período de 1991 a 1994. Estes relatórios preliminares serão somados ao da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), vinculada à Universidade de São Paulo, que deve ser entregue em meados do mês. A queda na geração de energia por parte de usinas da Celg é um dos aspectos que serão apreciados no relatório elaborado pela Fipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário